A gente nunca tocar na mesma agua duas vezes

Heráclito de Éfeso desenvolveu este pensamento há mais de 2.500 anos, no século VI a. C., na Ásia Menor. Seus estudos afirmam que tudo é “vir a ser”, e que tudo se transforma num processo permanente e constante.

O filósofo compara este pensamento como um rio “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas e o próprio ser humano já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos.

Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários.

O que mais encantava Heráclito eram as mudanças as quais tudo está submetido, pensamento descrito no conceito de devir.

Devir é o movimento contínuo do mundo e do universo, a mudança incessante. Dizer que algo está em devir é dizer que algo está em vias de se tornar outra coisa, ou seja, que está em transformação, em mudança constante.

No caso do mundo, da natureza, da vida, não existe nada estático, paralisado (nem mesmo a matéria sólida deixa de sofrer alterações, de modificar-se). A isto chamamos de devir: o estado de mudança permanente. O conceito de devir se opõe, na metafísica socrático-platônica, ao conceito de ser, sendo o ser aquilo que é eterno, imóvel e imutável.

Estamos no devir porque mudamos, porque as coisas mudam, mas algo em nós permanece o “mesmo”, e é esse “mesmo” é o que nos define.

O “mesmo” é o ser, a essência, ou seja, segundo esse filósofo, mudamos apenas na superfície, e não em profundidade. Isso quer dizer que nossa essência permanece a mesma e é ela que nos define como humanos.

O filósofo apresenta a causa e a lei deste pensamento, que é tida como princípios da mesma natureza. Heráclito pensava, ainda, que é o homem responsável pelo seu destino, e que poderá seguir uma das duas vias, sendo a ascendente a correta, e que no ato da morte, o homem retorna ao fogo eterno e tornando assim um imortal.

É claro que nem todos concordam com isso. Para Heráclito, o próprio ser é devir, ou seja, a verdadeira realidade das coisas é a mudança e não a permanência.

Retirando qualquer aspecto metafísico do termo devir (como movimento em si, puro), ousamos defini-lo como “matéria em movimento”, pois não existe movimento sem matéria, nem matéria sem movimento. Enfim, a ideia do devir e da diferença está para as filosofias nômades (pensador nômade / pensador sedentário), assim como a ideia de ser e permanência estão para a metafísica sedentária.

Parmênides de Eléia, século V a.C., foi o mais influente dos filósofos que precederam Platão, poeta de grande destaque escreveu o poema “Sobre a natureza”, composto de duas partes: Da verdade e Da opinião. Ele propôs que tudo o que existe é eterno, imutável, indestrutível, indivisível e, portanto, imóvel.

Ele sustenta a ideia do ser e o não-ser, dando destaque a realidade do ser. Contrariando o pensamento de Heráclito e afirmando que: “ou algo é ou não é”, e não há possibilidade de vir a ser, pois “se é não pode vir a ser, porque já é”. Afirmando essa ideia, ele explica que do nada não se tira nada, porque ela precisa existir, e está existindo.

Buscando a explicação lógica do ser, ele apresenta a relação entre o ser e o pensamento, e ambos são a mesma coisa, sendo assim, o pensar se encontra expresso no ser. Com esse pensamento, Parmênides comprova que o objeto do pensamento é o ser e que o não ser seria algo impossível.

Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio… pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem!… Heráclito de Éfeso.

Heráclito de Éfeso foi um pré-socrático, ou seja, um dos primeiros filósofos da humanidade, há mais de 2500 anos. Como todo bom filósofo da antiguidade, ele nos deixou muitas reflexões que são aplicadas ao longo da evolução humana.

Algumas pessoas acham um pouco estranho quando utilizo essa frase para explicar uma mudança de decisão, opinião ou até mesmo uma orientação técnica.

O fato é que estamos em aprendizado constante e isso pode nos permitir um entendimento diferente de algo que se repete, seja no ambiente de trabalho ou na nossa vida pessoal.

Entendo que precisamos sempre buscar novos conhecimentos, estar abertos a opiniões diferentes e, com o tempo, analisar todas as informações que vamos acessando no dia a dia. Assim, vamos amadurecendo o nosso senso crítico, capacidade analítica e interpretação de dados para uma tomada de decisão. Também aumentamos, através dos estudos, o nosso portfólio de argumentos sobre determinado assunto.

Então, posso concluir que o conhecimento adquirido pode mudar o indivíduo e o seu entendimento do mundo e assim influenciar suas decisões futuras. Você concorda comigo?

Alinhado a isso, todos os dias, passamos por uma série de experiências: algumas positivas e outras nem tanto, alguns desafios e algumas oportunidades.

Falando somente dos desafios, quando nos deparamos com alguma situação adversa, que nos obriga a sair da zona de conforto, precisamos aprender coisas novas em um curto período de tempo,  somente assim conseguimos superar aquele desafio. Isso faz com que a nossa zona de conforto seja diferente da anterior e, nesse processo de aprendizagem, podemos ter adquirido uma nova habilidade.

Talvez eu pudesse aplicar aqui uma outra frase de um cara pouco conhecido.

\”A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original\” Albert Einstein

Habilidade é um termo que provém do latin habilĭtas e refere-se à capacidade e à disposição para (fazer) algo. De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, a habilidade é aquilo que uma pessoa executa com talento e destreza e o enredo disposto com engenho, artimanha e perícia.

Em outras palavras, a habilidade é o grau de competência de uma pessoa em relação a um determinado objetivo. Por exemplo: “ Pedro tem uma grande habilidade para operar uma máquina”.

Trazendo para o mundo da segurança do trabalho, após participarmos diretamente da orientação técnica e execução de um projeto de implantação de proteções de máquinas ou na construção de um grande telhado de uma fábrica, nosso conhecimento e habilidades com relação à gestão da NR 12 (Segurança de Máquinas e Equipamentos) e da NR 35 (Trabalho em Altura) não serão os mesmos.

Assim, uma decisão sobre algo, antes dessa experiência e estudo, tende a ser diferente da decisão atual. Não quer dizer necessariamente que lá atrás você tomou a decisão errada ou orientou de maneira equivocada.  Mas que você se aprimorou e entende que a decisão mais assertiva é diferente da primeira.

Devemos sempre estar envolvidos em um ciclo de aprendizado!

Com isso, espero que eu consiga ter explicado porque o homem não será o mesmo ao ter se banhado no rio pela segunda vez.

Já com relação ao rio, gosto de pensar que ele seria o cenário e ambiente nos quais estamos inseridos.

O mundo vem mudando cada vez mais rápido.

Assim como existiu a era dos impérios, do feudalismo e da indústria, hoje vivemos a era do conhecimento. A tecnologia e o mundo globalizado fazem com que as mudanças e descobertas sejam apresentadas, quase que diariamente em nossa sociedade.

Até mesmo a legislação tem dificuldade de acompanhar todas as mudanças que ocorrem. Hoje discutimos a questão do sigilo de dados nas redes, coisa que nem pensávamos há 3 anos.

Lembro-me que, quando comecei meu curso de segurança do trabalho, lá em 2007, comprávamos o livro com todas as NRS e passávamos o curso inteiro praticamente sem precisar se preocupar se alguma delas mudaria.

Hoje, mal terminamos de ler uma norma e já temos outra para começar.  Falamos de inteligência artificial e, ao que parece, o assunto já está ficando “ultrapassado”, pois o futuro será a inteligência aumentada uma combinação inteligente de homem e máquina.

Num dia estamos discutindo a compra de uma máquina para a empresa, na outra semana a construção de um galpão e logo a mudança do produto fabricado.

Então, como dizer que o rio será o mesmo?

Talvez com esse texto eu tenha conseguido explicar pra você o motivo de gostar tanto dessa frase e demonstrar que mudar uma decisão ou uma opinião não é uma anormalidade, pois a mudança é um fato natural.

A gente nunca tocar na mesma agua duas vezes

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É possível entrar no mesmo rio duas vezes?

“Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários”.

Porque a água que já passou nunca passará novamente?

Você nunca poderá tocar na mesma água duas vezes, porque a água que já passou, nunca passará novamente. Aproveite cada minuto de sua vida e lembre-se: Nunca busque boas aparências, porque elas mudam com o tempo. Não procure pessoas perfeitas, porque elas não existem.

Porque a vida é como um rio?

A vida é como um rio ... em cada curva, deixa pra trás aquilo que não precisa ou não merece seguir adiante, e ao longo desse curso, tudo, de algum modo, muda. Os sentimentos são voláteis, as vontades são supérfluas, o passado não volta, e o futuro está coberto pela neblina do tempo, o que nos impede de vê-lo.