Como as condições de produção diferenciam a comunicação falada e a escrita?

            Essas caracter�sticas foram estabelecidas a partir de um ideal de escrita. A l�ngua falada era avaliada/olhada atrav�s de uma gram�tica elaborada para a escrita, surgindo da� uma vis�o preconceituosa em rela��o � fala. S� era considerado como �certo� o que a gram�tica normativa preconizava. Ora, sabemos que a gram�tica normativa e, conseq�entemente, a l�ngua padr�o, est� a servi�o do poder. E que poucos t�m acesso a essa gram�tica, porque foi elaborada para atender a classe dominante.

            Gnerre (1994, p.6) afirma que

 A l�ngua padr�o � um sistema comunicativo ao alcance de uma parte reduzida dos integrantes de uma comunidade; � um sistema associado a um patrim�nio cultural apresentado como um �corpus� definido de valores, fixados na tradi��o escrita.  

Al�m disso, a discuss�o da rela��o entre a fala e a escrita centrava-se apenas no c�digo, predominando a no��o de supremacia da escrita. Tanto � que nas sociedades modernas, a escrita se imp�s. Para Marcuschi (2001, p.17), �(...) ela se tornou indispens�vel, ou seja, sua pr�tica e a avalia��o social a elevaram a um status mais alto, chegando a simbolizar educa��o, desenvolvimento e poder�.

Apesar da escrita ter-se tornado imprescind�vel nas sociedades modernas, os estudos acerca da rela��o entre a fala e a escrita n�o davam conta da intera��o verbal que acontece com os indiv�duos em sua pr�tica discursiva, pois n�o consideravam as condi��es de produ��o do evento comunicativo. Ora, s�o as condi��es de produ��o que determinam as formula��es ling��sticas e apresentam os aspectos espec�ficos do tipo de texto produzido.

            A partir dos anos 80, houve uma mudan�a de perspectiva no modo de se examinar a oralidade e a escrita, at� ent�o predominava a no��o de superioridade da escrita.

Hoje, predomina a no��o de que oralidade e escrita s�o atividades interativas, complementares. O que determina a utiliza��o de uma ou de outra modalidade s�o as condi��es de produ��o e as forma��es discursivas em que o indiv�duo est� inserido.

            Mas, apesar de uma modalidade n�o ser superior � outra, conservam caracter�sticas inerentes. Na l�ngua falada a intera��o acontece face a face, o planejamento � simult�neo � produ��o; a cria��o � coletiva; n�o h� possibilidade de apagamento; torna-se dif�cil � consulta a outros textos; a reformula��o pode ocorrer tanto pelo falante como pelo ouvinte; o acesso �s rea��es do interlocutor � imediato, o que permite um redirecionamento do texto e o processo de cria��o � vis�vel.

            Na escrita a intera��o acontece � dist�ncia; existe um planejamento antes da produ��o; a cria��o geralmente � individual; h� possibilidade de revis�o e de consulta a outros textos. S� o escritor reformula o texto, n�o h� possibilidade de rea��o imediata do interlocutor, por isso o escritor elabora o texto a partir de poss�veis rea��es do leitor. Nesse sentido, o processo de cria��o � ocultado, apenas o resultado aparece.

            A posi��o de Marcuschi (2001, p.17) � a de que

                                      Oralidade e escrita s�o pr�ticas e usos da l�ngua com caracter�sticas pr�prias, mas n�o suficientemente opostas para caracterizar dois sistemas ling��sticos nem uma dicotomia. Ambas permitem a constru��o de textos coesos e coerentes, ambas permitem a elabora��o de racioc�nios abstratos e exposi��es formais e informais, varia��es estil�sticas, sociais, dialetais e assim por diante.

              Al�m disso, com o advento do computador, h� a possibilidade de entrecruzamento da fala com a escrita. A no��o da presen�a/aus�ncia do interlocutor passa a ser relativa. Torna-se poss�vel � utiliza��o de uma linguagem escrita com caracter�sticas t�picas da fala; podemos perceber, inclusive, o processo de constru��o do texto. Um exemplo dessa no��o � a comunica��o on-line (bate-papos).

            Percebemos, ap�s essa breve explana��o, duas tend�ncias nos estudos ling��sticos quanto � no��o de l�ngua falada e l�ngua escrita: a primeira analisa as rela��es entre as duas modalidades, estabelecendo diferen�as de forma dicot�mica; a segunda considera que as duas modalidades se integram dentro de um cont�nuo de pr�ticas sociais.

            A tend�ncia de maior tradi��o entre os estudiosos � a primeira; nesta, a rela��o entre a fala e a escrita tem como par�metro a l�ngua escrita, tida como a modalidade superior, adquirida sistematicamente em contextos formais e institucionais � a exemplo da Escola.

Dessa maneira, na an�lise o que prevalece � o c�digo, as observa��es voltam-se para a iman�ncia dos fatos ling��sticos. Foi esta tend�ncia que deu origem ao prescritivismo da norma ling��stica tida como padr�o � a norma culta. A fala, tida como a modalidade inferior, adquirida de forma natural e informalmente nas rela��es sociais e dial�gicas do dia-a-dia, passa a constituir o lugar do erroe da desordem gramatical. E a escrita constitui o lugar da norma e do uso correto da l�ngua.

        Sendo assim, o indiv�duo vai para a Escola para aprender a escrever e adquirir conhecimentos da gram�tica normativa, s� ent�o estar� apto para usar a l�ngua corretamente. A Escola parece esquecer que fala e escrita n�o constituem dois sistemas ling��sticos diferentes, mas modalidades de uso da l�ngua diferenciadas. Fala e escrita n�o podem ser dissociadas, uma recebe influ�ncia da outra.

            A partir dessas considera��es, pretendemos verificar a no��o que os alunos, iniciantes do Curso de Letras, t�m acerca da rela��o entre l�ngua falada e l�ngua escrita.

            Para tanto, aplicamos um teste de sondagem no primeiro dia de aula, contendo cinco quest�es que contemplavam conceitos b�sicos do ensino de L�ngua Portuguesa, dentre as quais uma que visava � rela��o entre l�ngua falada e l�ngua escrita. A pergunta feita aos alunos foi: �H� diferen�as entre a l�ngua falada e a escrita? Explicite-as�.

Analisaremos o dizer dos alunos utilizando as no��es de interdiscurso e intradiscurso para compreender o que eles dizem. Orlandi (2001, p.59) define o interdiscurso como �o conjunto de dizeres j� ditos e esquecidos que determinam o que dizemos, sustentando a possibilidade mesma do dizer. Para que nossas palavras tenham sentido � preciso que j� tenham sentido�.

Todo dizer tem rela��o com essas duas no��es, portanto, a formula��o do sentido � o intradiscurso, est� determinada pela constitui��o do sentido � o interdiscurso. Sendo assim, no discurso do aluno podemos perceber um outro discurso, que est� na mem�ria discursiva do aluno � o discurso da Institui��o Escolar. O aluno ao formular seu discurso, o dito por ele, revela tamb�m um discurso maior que sustenta o seu.

        Verificaremos o discurso dos alunos em blocos de exemplos, separados por diferen�as apresentadas. Iniciemos citando respostas em que os alunos utilizam como crit�rio para essa diferen�a a obedi�ncia/desobedi�ncia �s regras gramaticais:

(1)

a)      �Sim, pois falamos de �qualquer jeito�, mas na hora de escrever devemos tomar cuidado com as normas cultas da l�ngua. Ex: Jamais devemos escrever do modo com que falamos com um amigo, exemplo, as girias�. (sic).

b)      �A l�ngua escrita se processa diferente da fala, porque requer a obedi�ncia de normas e regras, ou seja, nem sempre � permitido escrever como se fala.

Ex: �Eu vou pra cidade� (fala)

       �Eu vou � cidade� (escrita)

Por�m, ambas servem para comunicar-se�.

c)      �H� muita diferen�as entre lingua falada e lingua escrita, pois na lingua falada nos expressamos expont�neamente, sem nos preoculpar com regras, j� na lingua escrita � importante saber das regras e a forma culta da l�ngua�. (sic)

d)      �Sim. A l�ngua falada � bastante diferente da l�ngua escrita, apesar de terem o mesmo sentido, o de comunicar. Na l�ngua falada, n�s explicitamos aquilo que aprendemos dentro e fora de casa, muitas vezes uma linguagem chula e sem os devidos cuidados que a nossa l�ngua exige. J� a l�ngua escrita, exige um cuidado muito especial, pois, ao escrever, devemos ter a habilidade de passar para o papel, aquilo que pensamos, com o dever de obedecer as normas que a l�ngua portuguesa imp�e�. (sic)

Nesses exemplos, percebemos, claramente, a diferencia��o que os alunos fazem entre as duas modalidades. Para eles, � como se existissem duas l�nguas diferentes, uma que deixa o indiv�duo livre para falar �(...) falamos de �qualquer jeito�(...)�; �(...) na lingua falada nos expressamos expont�neamente, sem nos preoculpar com regras(...)�; �(...) sem os devidos cuidados que a nossa l�ngua exige�. E outra que exige cuidado, e obedi�ncia �s regras gramaticais e � forma culta da l�ngua, como nessas passagens: �(...) devemos tomar cuidado com as normas cultas da l�ngua�; �A l�ngua escrita requer a obedi�ncia de normas e regras�; �J� a l�ngua escrita, exige um cuidado muito especial�, o escritor tem �o dever de obedecer as normas que a l�ngua portuguesa imp�e�. (sic)

Visto dessa forma, a l�ngua escrita torna-se sin�nimo de norma culta.

Ocorre que apesar da escola priorizar o ensino da norma culta, e os alunos terem consci�ncia disso, o efeito n�o � t�o satisfat�rio. Percebemos isso na pr�pria produ��o dos alunos, na maneira como grafam as palavras: girias, expont�neamente, preoculpar, obedecer as normas. Outra coisa que chama a aten��o � o modo como os alunos se referem � modalidade falada: �(...) uma linguagem chula e sem os devidos cuidados que a nossa l�ngua exige�. � como se a l�ngua falada n�o tivesse nenhuma import�ncia, fosse menor e n�o tivesse tamb�m a sua gram�tica.

Vale ressaltar, entretanto, que, apesar das regras da gram�tica normativa, h� no exemplo dado uma passagem em que o aluno reconhece que em alguns momentos � poss�vel escrever como se fala. A resposta b exemplifica bem �A l�ngua escrita se processa diferente da fala, porque requer a obedi�ncia de normas e regras, ou seja, nem sempre � permitido escrever como se fala�. Entendemos que quando o aluno diz �nem sempre � permitido� est� querendo dizer que em algumas ocasi�es � poss�vel.

Em outras respostas, ainda se mant�m o crit�rio anterior ao qual um outro � acrescido: l�ngua falada heredit�ria e l�ngua escrita adquirida.

(2)

a)      �A l�ngua falada � passada de pai pra filho e adiquirida no meio em que se vive e a l�ngua escrita � mais formal adiquirida no meio escolar�. (sic)

b)      �Sim, a l�ngua escrita � bem mais rigorosa que a falada, pois exige muito mais esfor�o e imp�e regras. A l�ngua falada aprendemos naturalmente�. (sic)

Esta diferen�a parece ser consenso entre os estudiosos, realmente a l�ngua falada � adquirida naturalmente, em contextos informais e nas rela��es dial�gicas da vida cotidiana, no meio em que vive o indiv�duo desde o seu nascimento. J� a escrita � adquirida sistematicamente e em contextos formais e institucionais � na escola. Esta passagem exemplifica bem a aquisi��o da escrita: �(...) a l�ngua escrita � mais formal adiquirida no meio escolar�. (sic)

Dando continuidade � an�lise, encontramos respostas em que sobressai a distin��o entre pron�ncia (som) e grafia das palavras.

(3)

a)      �Sim. por ex. pronunc�amos eli, por�m escrevemos ele, pronunciamos campu, por�m  escrevemos campo�. (sic)

b)      �Certamente, h� diferen�a entre a l�ngua falada e a escrita. Enquanto que na falada o homem recorre do som da fala (linguagem oral) na escrita ele precisa e utiliza sinais chamados letras (linguagem escrita)�.

c)      �Sim. A l�ngua falada � mais simples, se formos escrever do jeito que falamos, faremos tudo errado. Por exemplo a maioria de n�s fala �Minina� e n�o �Menina� �. (sic)

d)      �H� muitas diferen�as, devido muitas pessoas saberem falar uma certa palavra, mas n�o sabe escreve-las. Ou ent�o palavras pronunciadas de um jeito e escritas totalmente diferentes.�(sic)

Verificamos, no dizer dos alunos, que a rela��o apresentada entre pron�ncia e escrita revela que a ortografia, ditada pela gram�tica normativa, � a forma certa de escrever as palavras, podemos comprovar com esta passagem �(...) se formos escrever do jeito que falamos, faremos tudo errado�. Eles t�m consci�ncia de que pensar a escrita como representa��o da fala traz bastante complexidade e uma superioridade da escrita em rela��o � fala �(...) devido muitas pessoas saberem falar uma certa palavra, mas n�o sabe escreve-las. Ou ent�o palavras pronunciadas de um jeito e escritas totalmente diferentes.�(sic). Ora, do ponto de vista da pr�pria evolu��o da escrita, tornou-se necess�ria uma formula��o homog�nea e unificada para padronizar a forma de se grafar as palavras, a forma de se escrever, porque sen�o ningu�m iria compreender a l�ngua escrita. Em outras palavras, como o sistemada escrita n�o � fon�tico, houve necessidade de uma sistematiza��o da pr�pria escrita. Dessa forma, o sistema ling��stico � regulamentado por um c�digo, e ele pr�prio � uma l�ngua escrita, imposta pela tradi��o gramatical que ditou/imp�s como n�s dever�amos grafar as palavras de tal forma e n�o de outra, mesmo que pronunciemos diferente. Al�m disso, a escola prioriza o ensino atrav�s de livros (l�ngua escrita), exigindo a aprendizagem e o uso de regras rigorosas de ortografia.

J� estas respostas distinguem a fala e a escrita pelo grau de formalidade:

(4)

a)      �Sim. A l�ngua falada pode ser mais informal. Ela � t�o flex�vel que cada dia aparecem palavras novas: g�rias, neologismos, etc. J� a l�ngua escrita requer mais formalidade, todas as palavras escritas corretamente. Tudo tem que estar em seu lugar�.

b)      �A l�ngua falada � mais informal e comunicativa e a l�ngua escrita exige mais formalidade�.

c)      �H� diferen�as, porque a l�ngua falada � mais f�cil e a l�ngua escrita precisa de regras da gram�tica.

Ex: A l�ngua falada � o cotidiano, experi�ncias.

      A l�ngua escrita � a linguagem da literatura, dos livros, textos, poesias, contos e Hist�rias�.

d)      �A fala � mais f�cil, al�m dos recursos da l�ngua, podemos usar gestos em determinadas situa��es. Outra facilidade da l�ngua falada � que pode ser realizada em forma coloquial. J� a escrita n�o. Ela requer cuidados especiais totalmente formal na produ��o de um texto usando todos os recursos da escrita como: Ortografia, pontua��o, concord�ncia e verbos, pois na escrita � fundamental que se tenha sentido para quem est� lendo.

� atrav�s da escrita que formamos um texto elaborando id�ias, conceitos e temos condi��es de finalizar um ponto de vista�. (sic)

O dizer dos alunos reflete uma no��o unilateral do grau de formalismo. Para eles, uma situa��o de formalidade s� pode ocorrer na l�ngua escrita, isso parece ser reflexo do ensino de l�ngua em que se utiliza apenas texto escrito e em uma �nica variedade (a padr�o). Para o aluno, � como se houvesse duas l�nguas: uma que se usa fora da escola, tida como inculta, informal; e outra que se usa na escola, a l�ngua correta e formal. Ou seja, nas palavras do aluno: �A l�ngua falada pode ser mais informal. (...) J� a l�ngua escrita requer mais formalidade, todas as palavras escritas corretamente�. Aqui, percebemos, tamb�m a id�ia de liberdade na fala e imposi��o de regras na escrita, quando o aluno diz que a fala �� t�o flex�vel que cada dia aparecem palavras novas: g�rias, neologismos, etc�; �(...) a l�ngua falada � mais f�cil (...)�. J� em rela��o � l�ngua escrita, afirma que: �Tudo tem que estar em seu lugar�; �(...) a l�ngua escrita precisa de regras da gram�tica�.

Visto dessa maneira � a exig�ncia de regras imposta pela gram�tica normativa que inibe a elabora��o de textos e dificulta o aluno de se comunicar atrav�s da escrita; enquanto que a fala possibilita e liberta o aluno para a comunica��o. No dizer dos alunos: �A l�ngua falada � mais informal e comunicativa�; �A fala � mais f�cil (...) pode ser realizada em forma coloquial�; �(...) a l�ngua escrita exige mais formalidade�; �(...) Ela requer cuidados especiais totalmente formal na produ��o de um texto�. Percebemos, tamb�m, que, apesar da dificuldade que eles demonstram em utilizar as regras impostas pela gram�tica normativa, acreditam ser a escrita que possibilita e que d� condi��es para �finalizar um ponto de vista�, como se a l�ngua falada tamb�m n�o possibilitasse.

Outra distin��o feita pelos alunos � quanto � presen�a do interlocutor, gestos e express�o facial.

(5)

a)      �Na l�ngua falada utilizamos pausa entoa��o, gestos e at� frases incompleta J� l�ngua escrita empregamos sinais de pontua��o e as frases s�o mais completas�. (sic)

b)      �A l�ngua falada expressa um certo tipo de emo��o do que a l�ngua escrita, que por sua vez � uma linguagem mais formal e denotativa. Por exemplo: Talvez voc� estivesse entendendo melhor o que eu quero dizer nessa resposta, se voc� estivesse falando comigo, atrav�s de gestos e express�es�.

c)      �Sim. Na linguagem falada, h� a possibilidade de explicar melhor o assunto em quest�o, onde podemos, com mais rapidez, sitar exemplos e discutir com outros o assunto.

Na linguagem escrita, temos que reduzir a explica��o, pois n�o h� com quem discutir o assunto em quest�o�.(sic)

d)      �Sim. Na l�ngua falada n�o h� grandes preocupa��es em sua formula��o, pois o locutor est� de frente para seu ouvinte que poder� perguntar-lhe o que n�o houver entendido.

J� na l�ngua escrita, precisamos obedecer regras, pois, se n�o houver essa preocupa��o, poderemos ser mal interpretados e n�o teremos como consertar isso�. (sic)

            Nessas respostas, a diferen�a mais marcante apontada pelos alunos � a presen�a do outro na comunica��o falada, que possibilita um melhor entendimento entre falante e ouvinte, sem grandes preocupa��es com a formula��o do texto, como neste exemplo: �(...) Na l�ngua falada n�o h� grandes preocupa��es em sua formula��o, pois o locutor est� de frente para seu ouvinte que poder� perguntar-lhe o que n�o houver entendido�. E a aus�ncia do outro na comunica��o escrita, dificultando a compreens�o entre ambos. No dizer do aluno: �Na linguagem escrita, temos que reduzir a explica��o, pois n�o h� com quem discutir o assunto em quest�o�. Para o aluno, devido � aus�ncia f�sica do interlocutor na l�ngua escrita, deve permanecer a preocupa��o com a obedi�ncia �s regras gramaticais para que o entendimento entre autor e leitor aconte�a. Este trecho exemplifica bem: �J� na l�ngua escrita, precisamos obedecer regras, pois, se n�o houver essa preocupa��o, poderemos ser mal interpretados e n�o teremos como consertar isso�. Apesar dele ter consci�ncia da aus�ncia do leitor, enquanto presen�a f�sica no momento da produ��o escrita, ele sabe que tem um interlocutor e se preocupa com ele. Podemos comprovar com esta passagem: �(...) poderemos ser mal interpretados e n�o teremos como consertar isso�.

            Outra distin��o marcante, nestas respostas, � que enquanto falamos, al�m da presen�a do interlocutor, podemos utilizar recursos extraling��sticos como: pausas, gestos, entona��o, express�o facial, etc., o que possibilita ainda mais a compreens�o. Estas passagens das respostas dos alunos s�o bem caracter�sticas: �Na l�ngua falada utilizamos pausa entoa��o, gestos e at� frases incompleta (...); Talvez voc� estivesse entendendo melhor o que eu quero dizer nessa resposta, se voc� estivesse falando comigo, atrav�s de gestos e express�es�.

            Em algumas respostas, os alunos diferenciam a l�ngua falada da l�ngua escrita pelas caracter�sticas de que uma � din�mica (vari�vel) e a outra � est�tica (invari�vel).

(6)

a)      �Sim. A l�ngua falada varia de regi�o para regi�o, enquanto que a escrita � uniforme seguindo o padr�o gramatical�.

b)      �A l�ngua falada � muito variada e a escrita � invari�vel�

c)      Sim, a l�ngua falada varia de regi�o para regi�o, j� a l�ngua escrita � igual em todas as regi�es�.

d)      Sim, estas diferen�as ocorrem principalmente provocado por quest�es regionais e principalmente por problemas hist�rico culturais da pr�pria l�ngua, os quais ao longo dos tempos acostumou-se a pronunciar palavras diferentes do que � escrito�. (sic).

e)      Sim. Na l�ngua falada geralmente ou as vezes usamos contextos bem diferentes da l�ngua escrita, existe coisas que falamos mas n�o tem necessidade de se escrever, observamos bem isso de regi�o para regi�o � o caso de sotaques regionalistas. Na l�ngua escrita tamb�m podemos expressar as formas de linguagem de uma regi�o, mas n�o com tanto �xsito, na escrita podemos ou n�o nos expressar formalmente�. (sic)

Nestas respostas, percebemos na diferencia��o que os alunos fazem entre as duas modalidades que: a l�ngua falada � din�mica, sujeita a mudan�as e a l�ngua escrita � uniforme, segue padr�es gramaticais r�gidos � o padr�o gramatical.

Mais uma vez o dizer dos alunos revela o jogo da liberdade da fala contra a castra��o da escrita,�(...) existe coisas que falamos mas n�o tem necessidade de se escrever,  observamos bem isso de regi�o para regi�o � o caso de sotaques regionalistas�.Ora, quando os alunos dizem isso, revelam que � permitido falar de qualquer jeito dentro de cada regi�o, mas n�o � permitido escrever. A escrita � a censura. � invari�vel, porque est� presa a regras e normas impostas pela gram�tica normativa.

� facilmente comprovado que, apesar da liberdade que a fala permite, o indiv�duo pode ser estigmatizado pelo seu modo de falar. Existe preconceito de uma regi�o para outra. Os centros mais desenvolvidos exigem uma uniformidade no falar, comparada � exig�ncia da escrita. Isso gera preconceito e discrimina��o. � uma cultura imposta por poucos a uma grande maioria. �(...) estas diferen�as ocorrem principalmente provocado por quest�es regionais e principalmente por problemas hist�rico culturais da pr�pria l�ngua,(...)�.

Ap�s a an�lise, percebemos que todas as respostas, sem exce��o, relacionam-se com a primeira tend�ncia exposta anteriormente, ou seja, estabelecem diferen�as de forma dicot�micas:

Como as condições de produção diferenciam a comunicação falada e a escrita?

A língua falada pode ser mais informal. Ela é tão flexível que cada dia aparecem palavras novas: gírias, neologismos, etc. Já a língua escrita requer mais formalidade, todas as palavras escritas corretamente.

Que diferenças básicas se podem estabelecer entre a comunicação oral e a comunicação escrita?

As modalidades oral e escrita constituem universos específicos de linguagem e, como tal, possuem características próprias. A modalidade escrita parece caminhar para o espaço da totalidade, do distanciamento máximo entre produtor e interlocutor, enquanto a oralidade pressupõe um envolvimento maior entre os falantes.

Qual a diferença da linguagem escrita para a falada?

A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias.

Qual a relação entre a comunicação escrita e a comunicação falada?

A língua escrita tende a ser mais formal do que a oral. A língua oral foi por muito tempo a única forma de comunicação humana e, por isso, é a que mais utilizamos e temos familiaridade. Vale dizer que a língua escrita costuma acompanhar as mudanças da língua oral.