Conforme o texto o Brasil tentou em vão ocupar uma vaga no conselho de Segurança da liga das Nações

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Este artigo trata da breve participação brasileira na Liga das Nações (ou Sociedade das Nações, como às vezes costuma ser grafado), abordando um período onde pela primeira vez a diplomacia brasileira buscou uma posição de protagonismo no cenário mundial, manobra que, analisada posteriormente, se mostrou bastante equivocada e fora da realidade política internacional à época.

Mesmo tendo participado timidamente da Primeira Guerra Mundial, na qualidade de país beligerante ao lado dos aliados, tal gesto permitiu que o país tivesse acesso às negociações de paz e consequentemente, às conferências responsáveis pela instituição da Liga das Nações, sendo portanto membro fundador da organização, a 28 de junho de 1919.

Este momento inicial de participação na Liga das Nações, onde o Brasil comporta-se de maneira dedicada e devota aos seus assuntos coincide com o governo de Epitácio Pessoa, que foi juiz da então Corte Internacional de Haia e chefe da delegação brasileira junto à Conferência de Versalhes (dedicada às condições sob as quais se daria a rendição da Alemanha). A maior participação de seu presidente em assuntos internacionais talvez explique esta atitude de euforia com relação à nova organização, ao contrário do que se daria logo depois, com a ascensão de Artur Bernardes à presidência, que não possuía tal experiência internacional e tinha uma visão bastante diferente de seu antecessor.

Bernardes via o Brasil como uma potência em crescimento, destinada a logo ocupar um lugar de destaque entre os países desenvolvidos da época, e o objetivo principal dos representantes brasileiros passaria a ser a conquista de um assento permanente no Conselho da organização (tal como hoje em dia, onde os líderes brasileiros buscam uma vaga como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, Organização das Nações Unidas, sucessora direta da Liga das Nações após a Segunda Guerra Mundial). Para conquistar um apoio em meio aos outros países, e como demonstração de capacidade e de prestígio à organização, o Brasil é o primeiro país a abrir uma Delegação Permanente junto à Liga, causando surpresa ante os outros países, tornando-se ainda o sétimo maior financiador da organização. Outra manobra com o mesmo objetivo foi a de se aliar à Espanha, também desejosa de uma vaga permanente no Conselho, e apresentar uma candidatura conjunta.

A política externa de Bernardes com relação à Liga das Nações era irredutível, onde não se cogitava a derrota. Era vencer, ou não perder. O problema com tal posição foi que o Brasil começou a se isolar diplomaticamente, ficando precária a partir dos acordos de Locarno, que buscavam suavizar as demandas oriundas do Tratado de Versalhes, que já na metade dos anos 20 começavam a se mostrar exageradas, desestabilizando não só a Alemanha como a Europa como um todo. Para evitar tal crise, e uma maior aproximação da Alemanha à União Soviética, que se esboçava com o isolamento alemão, os acordos de Locarno previam ainda uma reforma do Conselho da Liga, onde a Alemanha seria admitida como membro permanente. O Brasil se colocou contra tal arranjo, negando-se a dar seu voto positivo à admissão da Alemanha ao Conselho, lançando candidatura própria. Bernardes dá ordens expressas aos representantes na Liga para não ceder. Com tais posições extremadas, e o Brasil se isolando cada vez mais dentro da Liga, o país decide abandonar a organização a 10 de junho de 1926, ante um mal estar entre os integrantes e mesmo entre a opinião pública brasileira, ficando tal episódio ligado a um dos momentos mais negativos da diplomacia brasileira em toda sua história. O Brasil nunca mais voltará à Liga das Nações, que será reformada após a Segunda Guerra Mundial, dando origem à ONU.

Bibliografia:
CÉSAR, Susan . O Brasil e a Liga das Nações . Disponível em http://www.batalhaosuez.com.br/onuOBrasileaLigaDasNacoes.htm . Acesso em 19/06/2011.

RAMOS, Leonardo Berto de Almeida . Brasil, Primeira Guerra Mundial e Liga das Nações: Um Panorama Econômico e Político .Disponível em http://www.webartigos.com/articles/25226/1/BRASIL-PRIMEIRA-GUERRA-MUNDIAL-E-LIGA-DAS-NACOES/pagina1.html . Acesso em 19/06/2011.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/o-brasil-na-liga-das-nacoes/

País foi eleito para vaga rotativa, com mandato até o fim de 2023, no último mês de junho

Conselho de Segurança da ONU tem entre seus principais objetivos a manutenção da paz e segurança

O Brasil assume, a partir deste sábado, uma das vagas rotativas no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). O país reassume uma cadeira no colegiado de nações dez anos após sua última passagem pelo conselho, em 2011.

Além do Brasil, Albânia, Gabão, Gana e Emirados Árabes Unidos foram eleitos para participar do órgão da ONU. Os países ocupam cinco das dez vagas rotativas que têm direito a voto nas decisões tomadas pelo conjunto de nações.

O Conselho de Segurança da ONU tem, entre seus principais objetivos, a manutenção da paz e segurança internacional, podendo agir como intermediador, impor sanções e até mesmo autorizar forças de segurança a agir em situações de conflito internacional.

Durante o biênio de 2022-2023, o Brasil fará sua 11ª passagem pelo órgão decisor das Nações Unidas. Dos 15 integrantes do conselho, apenas cinco países têm assento permanente e poder de veto: Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China. Mas o Brasil, além de outras nações, tenta fazer parte do grupo permanente há anos. O embaixador Ronaldo Costa Filho,  aprovado pelo Senado em 2019 para ser o representante permanente do país junto à ONU, é quem vai participar das reuniões do conselho.

Em junho de 2021, quando foi eleita para a vaga rotativa, a candidatura brasileira não teve oposição dos países da América Latina e do Caribe, bloco do qual faz parte, e obteve 181 votos favoráveis na Assembleia-Geral da ONU, na qual estão representados os 193 Estados-membros da entidade. O país substitui São Vicente e Granadinas, que encerrou o mandato de dois anos em 31 de dezembro de 2021. O México, que entrou em janeiro do ano passado, continuará a ser o outro representante latino-americano ao longo de 2022.

“No biênio 2022-2023, o Brasil terá como prioridades a prevenção e a solução pacífica de conflitos, a eficiência das missões de paz e das respostas humanitárias às crises internacionais, a consolidação da paz mediante ações voltadas para o desenvolvimento, o respeito aos direitos humanos e a maior participação das mulheres nas ações de promoção da paz e da segurança internacionais. O país buscará também aprimorar a articulação do conselho com outros órgãos da ONU e com organismos regionais envolvidos na resolução de conflitos”, afirmou o Itamaraty em nota divulgada neste sábado.

Qual a relação do Brasil com o Conselho de Segurança da ONU?

O Brasil ocupará, em 2022 e 2023, assento não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), o mais importante órgão responsável pela manutenção da paz e da segurança internacionais.

Por que o Brasil tem interesse em ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU?

O Brasil estará em posição privilegiada para atestar o compromisso com a reforma do conselho, para resguardar a legitimidade da atuação das Nações Unidas diante dos múltiplos e complexos desafios enfrentados pela comunidade internacional. O Conselho de Segurança é formado por 15 países com direito a voto.

Quantas vezes o Brasil fez parte do Conselho de Segurança da ONU?

O Brasilfez parte do Conselho de Segurança da ONU nos seguintes biênios: 1946-47, 1951-52, 1954-55, 1963-64, 1967-68, 1988-89, 1993-94, 1998-99, 2004-05 e 2010-11.

Qual é a pretensão do Brasil perante o Conselho de Segurança da ONU?

Desde suas primeiras atuações no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) aos mandatos mais recentes, o Brasil intenciona integrar de forma definitiva nesse organismo e a partir desse status, elevar o seu prestígio e a sua influência no cenário internacional.