Exemplos de uma área de grande adensamento populacional e outra de vazio demográfico em solo europeu

Resumos

O trabalho analisa um conjunto de expedições e viagens de pesquisas e estudos realizadas simultaneamente ao processo de colonização e desenvolvimento da região Sudoeste do Estado do Paraná, entre as décadas de 1940 a 1970. Procura-se mapear as diversas expedições e seu trabalho de diagnóstico e registro das características físicas e humanas da colonização e reocupação territorial intensificada após a década de 1940 com o incentivo governamental para a movimentação de levas populacionais do extremo sul do país (Santa Catarina e Rio Grande do Sul) para a região Sudoeste do Paraná. A história dessas expedições geográficas desvela um novo olhar sobre o processo de ocupação e exploração dos recursos naturais da região, ao passo que serviram para a construção de um conjunto de saberes espaciais divulgados através da principal revista geográfica científica daquele contexto: a Revista Brasileira de Geografia, ligada ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, órgão governamental de extrema importância na formulação de diagnósticos e planejamentos estratégicos voltados a soberania do território e proposição de soluções aos problemas nacionais.

Le travail analyse un ensemble d'expéditions et de voyages de recherches et d'études menées au cours du processus de colonisation et de développement de la région sud-ouest de l'État de Paraná, entre les décennies de 1940 à 1970. Il essaie de cartographier les diverses expéditions et leur travail de diagnostic et d'enregistrement des caractéristiques physiques et humaines de la colonisation et de l'intensification de la réoccupation territoriale après les années 1940 avec l'incitation gouvernementale au mouvement de population de l'extrême sud du pays (Santa Catarina et Rio Grande do Sul) vers la région sud-ouest du Paraná. L'histoire de ces expéditions géographiques révèle un nouveau regard sur le processus d'occupation et d'exploitation des ressources naturelles de la région, alors qu'elles ont servi à construire un ensemble de connaissances spatiales diffusées dans le principal magazine géographique scientifique de l'époque la Revista Brasileira de Geografia, lié à l'Institut brésilien de géographie et de statistique, une agence gouvernementale d'extrême importance dans la formulation de la planification stratégique et du diagnostic axée sur la souveraineté territoriale et proposant des solutions aux problèmes nationaux.

The text analyzes a set of expeditions and research trips s and studies carried out simultaneously with the process of colonization and development of the Southwest region of the State of Paraná, between the decades of 1940 to 1970. It tries to map the diverse expeditions and its work of Diagnosis and recording of the physical and human characteristics of colonization and intensified territorial reoccupation after the 1940s with the governmental incentive for the movement of population cams from the extreme south of the country (Santa Catarina and Rio Grande do Sul) to the Southwest region of Paraná. The history of these geographical expeditions reveals a new look at the process of occupation and exploitation of the natural resources of the region, while they served to construct a set of spatial knowledge disseminated through the main scientific geographic magazine of that context: the Brazilian Journal of Geography , Linked to the Brazilian Institute of Geography and Statistics, a governmental body of extreme importance in the formulation of strategic planning and diagnostics focused on territorial sovereignty and proposing solutions to national problems.

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“Todos os povos que apelaram para a terra nos dias difíceis de sua história, ressurgiram para a paz e para a prosperidade”. Romário Martins, Terra e gente do Paraná [1944]

  • 1 Data de 1881 a reivindicação oficial do território de Palmas pelo governo argentino. Segundo Adelar (...)

1No início do século XX, o Sudoeste do Paraná era um imenso território, que num primeiro juízo seria caracterizado pelo seu “vazio demográfico”. Essa constatação é reiterada por uma série de estudos historiográficos que tomam por lugar-comum o início da colonização e consequentemente da ocupação como intrínsecas às políticas governamentais dos anos de 1940 e 1950, ou melhor, da presença dos pioneiros nesse “início” da história. Com uma área de aproximadamente 12.000 km² e, em 1900, uma população de 6.000 pessoas, composta, principalmente, por “caboclos seminômades” (SWAIN, In: AUBERTIN, 1988, p. 23), a região oscilava entre uma “insipiente” ocupação, por um lado, e por outro, pela necessidade de uma maior atenção por parte do governo brasileiro, tendo em vista o interesse argentino por aquele território datar do final do século XIX1

2Em 1920 o sudoeste tinha aproximadamente, segundo Roberto Lobato Corrêa, 0,5 habitantes por quilômetro quadrado (CORRÊA, 1970, p. 88). Já em 1940 havia dois habitantes por quilômetro quadrado. Essa população era constituída, fundamentalmente, por caboclos: “esses pioneiros anônimos eram de origem luso-brasileira, tendo sido genericamente conhecidos como caboclos pela ocupação de colonos que mais tarde ocupou a região” (CORRÊA, 1970, p. 88).

  • 2 Segundo Rubem Murilo Leão Rego: “Já por volta de 1922, em decorrência do processo de formação de mi (...)

3A ocupação e colonização do sudoeste é um capítulo obrigatório nos estudos sobre a região. Isso se deve à construção mesma das pesquisas já realizadas. O tema central discutido por esses estudos é a luta pela posse da terra dentro do processo de colonização. Em sua maioria, esses estudos pouco se referem à vida na região antes de 1940, onde se iniciaria, a partir de então, a chamada ocupação intensiva da terra (GOMES, 1986, p.15), caracterizada pelo adensamento populacional proporcionado pela vinda de migrantes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina: “Já por volta de 1922, em decorrência do processo de formação de minifúndios, mais de 500 famílias de pequenos produtores, oriundos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, deram início ao movimento de colonização da região Sudoeste.”2

4Assim, o Sudoeste do Paraná foi historicamente cindido pelas questões de dominação, exploração e ocupação de seu território. O paradigma do império português de ocupação do território estabelecido através da exploração de recursos naturais demarcou as relações entre os projetos de colonização experienciados ao longo da história da região. Nem sempre afeitos as dinâmicas locais de organização das populações originárias, esses projetos por diversas vezes explodiram em reações e contrarreações de violência em torno da posse da terra. Sendo assim, no diálogo entre passado e presente a história do sudoeste paranaense caminha lado a lado com as complexas relações entre poder, território e população, ora ordenando experiências de colonização e controle do espaço, ora estabelecendo dinâmicas demográficas e de ocupação espacial concorrentes e conflitantes a essas empreitadas colonizadoras. Abaixo mapa com a conformação política atual da mesorregião Sudoeste do Paraná, consequência das criações dos municípios nos anos 1950 e da ação dessas expedições geográficas.

Figura 1 Localização da região Sudoeste Paranaense

Exemplos de uma área de grande adensamento populacional e outra de vazio demográfico em solo europeu

5No esforço de compreender e historicizar no presente as características geoespaciais específicas do sudoeste paranaense é imprescindível a análise histórica da constituição de sua ocupação e colonização. Para tanto, uma primeira questão a ser enfrentada é a do estado da arte sobre essa constituição histórica. Sinteticamente podemos ordenar as principais teses e com elas as linhas historiográficas interpretativas sobre a ocupação e exploração do território em: a) o processo de colonização galvanizado pela migração de colonos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul; b) as relações entre Estado, território e ocupação do espaço que datam de, pelo menos, a emancipação da Província do Paraná (1853); c) experiências de colonização conflitantes, especialmente, o processo que resultou na Revolta dos Colonos de 1957; d) a reafirmação das culturas e identidades étnicas, tanto dos colonizadores de descendência europeia quanto das populações originárias (indígenas, negros, caboclos e colonos que viviam da agricultura de subsistência e dos recursos naturais da caça, pesca e da erva mate, inclusive paraguaios e argentinos).

6Inegavelmente, as quatro teses acima especificadas mantêm entre si relações de grau explicativo dependendo dos acontecimentos que pretenderam analisar. No entanto, a natureza das teses movimenta um conjunto de ferramentas teóricas e metodológicas distintas e coloca em perspectiva olhares sobre os fatos históricos singulares, posições ideológicas e políticas. Essas diferenciações são fundamentais, como afirmamos, para uma sistematização da constituição histórica da organização espacial do Sudoeste do Paraná, haja vista que diacronicamente o espaço no presente carrega consigo as marcas de seu passado. Sendo assim, procuramos nesse breve espaço analisar alguns elementos históricos fundamentais na constituição territorial da região.

Expedições geográficas ao Sudoeste paranaense nas décadas de 1950 a 1970.

7Analisamos a produção do saber geográfico sobre o Sudoeste do Paraná divulgada através da Revista Brasileira de Geografia (RBG) de sua primeira edição de 1939 até a década de 1990. Nesse período a região figura como objeto de expedições geográficas, estudos de impacto e desenvolvimento demográfico e econômico. O ápice no esforço dos geógrafos em analisar a região e produzir dados de mapeamento censitário se dá entre as décadas de 1950 e 1970. Num contexto geral, o período se concentra a nível nacional numa conjuntura de políticas econômicas voltadas ao chamado “desenvolvimentismo” (Cf: MOTA; LOPEZ, 2015, p. 695 e ss.). Assim, a produção científica vinculada na RBG está imersa numa conjuntura política nacionalista preocupada, como veremos, nos impactos de integração regional à economia e geopolíticas nacionais à luz da circulação de pessoas e capitais.

  • 3 Importante trabalho que analisa a edificação das comunidades nacionais à luz dos saberes geográfico (...)

8Grosso modo, do ponto de vista das temáticas e abordagens podemos sistematizar o conjunto da produção vinculada na RBG em dois tipos: 1 – trabalhos que analisaram as características físicas e naturais da região e, 2 – pesquisas que mapearam o crescimento econômico e a integração da economia regional ao contexto nacional. Importa assim, relacionar as principais teses que figuram na historiografia sobre o Sudoeste paranaense com os trabalhos vinculados na RBG, o que proporciona uma análise comparativa que elucida a rede de saberes e uma certa visão de conjunto sobre a imagem e mesmo identidade regional, já que os saberes históricos e geográficos produzem sentidos e significados que circulam na imaginação popular e edificam sensibilidades coletivas3.

  • 4 Para uma análise da trajetória intelectual de Waibel e sua passagem pelo Brasil ver: KOHLHEPP, 2013 (...)

9O primeiro trabalho a fazer menção direta e analisar o sudoeste paranaense publicado na RBG data de 1949, portanto, antes mesmo da criação de um conjunto de municípios por parte do governo estadual em 1950. Nasceram nesse ano, oficialmente por ato do governador Bento Munhoz da Rocha Neto, Pato Branco, Francisco Beltrão, Barracão e Capanema desmembrados de Clevelândia. O artigo “Princípios da Colonização Européia no Sul do Brasil” do geógrafo alemão Leo Weibel. Weibel teve uma passagem no Brasil, de 1946-1950, viajando pelo país e produzindo relatórios e estudos científicos4. Sobre o sudoeste paranaense escreveu:

  • 5 Optamos por conservar a linguagem tal qual a encontramos nas fontes históricas consultadas.

Em 1942, o estado do Paraná estabeleceu a colônia de Pato Branco, a oeste dos campos de Palmas a uma altitude aproximada de 800 metros. Italianos, alemães e polacos do Rio Grande do Sul constituem a maior parte da população da colônia. Êste é, provavelmente o comêço5 de uma nova zona pioneira, que se expandirá para oeste e para o norte. (WAIBEL, 1949, p. 177).

10O fragmento destaca elementos que se tornarão desmembramentos recorrentes nos estudos posteriores: o espaço físico, a colonização de matiz europeia e a possibilidade de expansão das fronteiras pioneiras. Em 1953, o trabalho de Dora Romariz vai reiterar a importância desses elementos para o pensamento geográfico naquele contexto histórico. Seu trabalho sistematiza os elementos naturais que caracterizavam o sudoeste, de modo específico a vegetação regional. Nas suas palavras:

No Paraná, ao contrário do que acontece no Rio Grande do Sul, os colonos que aí vieram instalar-se, a não ser no norte do estado, parecem não ter evitado as zonas de pinheirais, encontrando-se colônias em terras de mata de araucárias. É ainda uma questão a esclarecer o fato de ser o solo desta mata originalmente pior do que o da latifoliada ou não. Como vimos, se os pinheirais existem no planalto cristalino também aparecem no segundo planalto, em zonas de solo mais pobre, bem como nas regiões férteis do trapp. A mata de araucária do extremo sudoeste do estado, nas regiões de Pato Branco e Marrecas, por exemplo, acha-se situada num solo bastante escuro e profundo. (ROMARIZ, 1953, p. 600).

  • 6 Para uma recensão do tema do imaginário da colonização e suas implicações teóricas e políticas, vej (...)

11A definição das características do solo reverberavam no imaginário das políticas públicas de incentivo à migração dos colonos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A historiografia se encarregou de mapear de modo sistemático esse imaginário da migração e ocupação das terras6. O trabalho de Lysia Maria Cavalcanti Bernardes publicado na RBG em 1953 ressalta os elementos da colonização e ocupação pelos migrantes eurobrasileiros com destaque para a compreensão de que sem essa colonização a região se encontrava “estagnada”:

No sudoeste do estado, a colônia de nacionais Bom Retiro (atual Pato Branco) permaneceu, por longos anos, como a ex-colônia militar de Xopim, neste estado de estagnação. Como já foi assinalado, o desenvolvimento da colônia foi grandemente prejudicado pela escassez dos meios de comunicação com os mercados, por demais afastados, aliada à desorganização dos serviços de demarcação e loteamento. Aí se instalaram a princípio numerosos caboclos, que com seu sistema de roças e queimadas destruíram grandes áreas de matas. Muitos colonos desejosos de obter pequenas propriedades a bom preço procuravam outros locais onde a situação estivesse mais normalizada e a propriedade da terra fosse garantida legalmente (BERNARDES, 1953, p. 348).

12Reverbera no fragmento argumentos frequentes na análise da ocupação do território do sudoeste. Estão aí presentes: a desorganização na demarcação do território, os problemas de comunicação e transporte, fundamentais para integração regional. Esses elementos estão presentes correntemente nas interpretações para as causas dos conflitos que eclodiriam quatro anos após a publicação do trabalho em questão na Revolta do Colonos em 1957. Ademais, nesses trabalhos dos anos 1950 vinculados na RBG há a recorrência de outro elemento causal fundamental na edificação do discurso da colonização e ocupação dos migrantes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, qual seja, o estabelecimento das colônias militares de Chopim (1882) e Foz do Iguaçu (1889). Na justificação para criação dessas colônias militares está a raiz de uma das teses mais usuais quando se trata de sudoeste do Paraná. É a edificação de um argumento que nasce no campo jurídico, tendo em vista a disputa judicial pelas fronteiras do país com os vizinhos Paraguai e Argentina, questão essa que acabou arbitrada pelo presidente norte-americano Cleveland e resultou num tratado assinado por Brasil e Argentina em 1898. O argumento assumiu posteriormente a figura de um verdadeiro mito identitário sedimentando a visão de um passado idealizado nos termos da “bravura”, “trabalho”, “fé”, “coragem” e “progresso” advindos da colonização e “ocupação” das terras do sudoeste. Nesse sentido, o referido trabalho de Lysia Maria Cavalcanti Bernardes há a exposição de um fator considerável para a edificação desses sentidos. Trata-se da completa falta de estruturação para a ocupação das famílias de migrantes recém-chegadas.

A colônia Xopim (altitude de 700 metros) foi localizada em região desconhecida e inculta ocupada por matas de pinheiros, a meio caminho entre os campos de Palmas e Guarapuava, já ocupados por famílias nacionais e onde se fazia sentir a necessidade de proteção militar. Destinava-se igualmente à proteção dos habitantes dêstes campos contra as incursões de índios hostis. Embora tivessem sido abertas as primeiras picadas para Palmas e Guarapuava, permaneceram os colonos em absoluto isolamento, sem quase nenhum contado com a civilização, o que impediu o desenvolvimento do núcleo inicial que não progrediu além de simples pôsto militar, em nada tendo contribuído para a expansão do povoamento no oeste. Muitos colonos ou seus filhos depois de alguns anos de exploração desordenada, abandonaram seus lotes em procura de terras devolutas mais ricas ou em situação mais favorável (BERNARDES, 1953, p. 348, grifos nossos).

13Subjaz na citação acima certa sensibilidade sobre o processo de colonização provocado e incentivado pelo estado do Paraná. Essa sensibilidade reforça o espírito de aventura e de civilização, inerentes a uma análise retrospectiva do processo histórico. A tese do “vazio demográfico” foi então largamente utilizada na legitimação da exploração do território e seus recursos naturais, além é claro, da necessidade de ocupar o espaço que sofria ameaça estrangeira. Prova da força dessa tese é a sua permanência em trabalhos recentes. É o caso do trabalho “Paraná Central” de Nivaldo Krüger que na análise dos elementos da ocupação anterior (séc. XVI-XVII) se refere ao território do sudoeste como a “terra de ninguém” (KRÜGER, 2011, p. 301), imagem reiterada por uma série de análises historiográficas dos anos 1950, como vemos nos trabalhos publicados na RBG, até trabalhos recentes.

Em 1900, segundo o Recenseamento daquele ano, a população do então vastíssimo município de Clevelândia, onde em grande parte se incluía o Sudeste paranaense, era pouco superior a 3000 habitantes. Tratava-se, portanto, de um vazio demográfico, onde se destacava como área ocupada aquela da Colônia Militar do Chopim, no atual município de Chopinzinho, instalada apenas em 1882. Até então o Sudoeste não tinha despertado o interêsse de possíveis povoadores, em especial dos fazendeiros de gado da vizinha zona dos campos de Palmas: a região era tida apenas como uma área fronteiriça que deveria ser guarnecida (CORRÊA, 1970, p. 87-8, grifos nossos).

  • 7 Trata-se de: Cidade e região no sudoeste paranaense. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeir (...)

14Em levantamento estatístico realizado entre os meses de fevereiro e julho a agosto de 1968, sob coordenação de Roberto Lobato Corrêa e da tutela do então Setor de Geografia Urbana da Divisão de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia, futuro IBGE, encontramos um dos primeiros trabalhos de coleta e sistematização de dados estatísticos sobre o sudoeste do Paraná levando em consideração o processo de urbanização e formação das cidades na região7. O trabalho “Cidade e região no sudoeste paranaense”, resultado das pesquisas de campo realizadas pelo grupo coordenado por Corrêa no final dos anos 60 e que se replicam nas conclusões de seu artigo publicado em 1970 e que sistematizava um aspecto inédito, até então, sobre a ocupação da região ao propor uma síntese das características do sudoeste paranaense antes da colonização pelos migrantes gaúchos e catarinenses. Assim o artigo produzido pelos pesquisadores reafirma a tese do “vazio demográfico”. Nas suas palavras:

Em 1940 o Sudoeste paranaense apresentava uma densidade demográfica de apenas 2 habitantes por quilômetro quadrado, correspondendo à cêrca de 23000 habitantes, 15 vêzes inferior à densidade demográfica de 1967. Essa enorme diferença de densidade deve-se principalmente ao afluxo de colonos gaúchos e catarinenses, sobretudo daqueles que se deslocaram de seus estados para a região. Êsse movimento migratório para o Sudoeste começou a tomar vulto a partir de 1945, e resulta de problemas relacionados às densidades agrárias, à subdivisão fundiária, e ao esgotamento dos solos nas regiões coloniais de povoamento mais antigo. (Cidade e região no sudoeste paranaense, 1970, p. 6, grifos nossos).

  • 8 Um dos elementos fundamentais analisados por Foucault para o controle das populações é a presença e (...)
  • 9 Para uma síntese do debate à luz da perspectiva histórica ver: SCHWARCZ, 1993.

15Apesar do estofo científico da investigação realizada coletivamente a tese do “vazio demográfico” já tinha sua semente gestada por Rocha Pombo. Em “Paraná no Centenário”, obra publicada em 1900, Rocha Pombo já defendia a “necessidade de população e colonização” (POMBO, 1980, p. 96) no interior do estado. Dessa forma, se a tese não era novidade nos anos 1960 e 1970, e bem verdade, que ela busca se atualizar ao contexto do desenvolvimento nacionalista da Ditadura Militar, onde o desenvolvimento de uma região passava pela sua integração às economias centrais: São Paulo e Rio de Janeiro, eminentemente. Não há toa o trabalho reforça essa noção ao afirmar: “numa recente região como o Sudoeste paranaense, as relações entre cidade e região se estabelecem básicamente em função da coleta e expedição dos produtos agrícolas e da distribuição de bens e serviços” (Cidade e região no sudoeste paranaense, 1970, p. 133). Já o contexto de Rocha Pombo colocava em perspectiva aqui que teoricamente podemos chamar de governamentalidade, ou seja, o conjunto de saberes que serviam ao propósito de ordenar o espaço e a população nesse espaço. Paradigma da modernidade, as relações entre território, segurança e população mereceram atenção especial do pensador francês Michel Foucault. Em curso de 1978 dedicado a esse problema Foucault definiu a noção de biopolítica após analisar os mecanismos de poder e gestão das populações em determinado território8. Sob essa égide podemos identificar o esforço pela ocupação e colonização do Sudoeste do Paraná com um elemento complementar aos estudos de Foucault: a perspectiva da raça e da nacionalidade. Não cabe nos limites desse trabalho uma discussão aprofundada do elemento da raça nos projetos de edificação da nação, especialmente na virada do século XIX e ao longo do século XX, no entanto, é fundamental ressaltar que a raça era elemento central nas discussões sobre a edificação da identidade nacional e da constituição do ser brasileiro9. Corrobora, dessa maneira, com a legitimação do incentivo dado a migração de descendentes de europeus para a ocupação do espaço regional os dados da ocupação por parte das populações originais não teriam força para desenvolver e colonizar a região, já que viviam da subsistência, caça e coleta de alimentos. Segundo o artigo coletivo, os dados reforçam o projeto de incentivo político para as migrações:

É muito aleatória uma estimativa da população de centros surgidos recentemente e localizados em áreas de povoamento acelerado: é corrente na região que apenas dois núcleos, Pato Branco e Francisco Beltrão, deveriam possuir, em 1968, população superior a 10000 habitantes, mas seguramente inferior a 15000 (em 1960 a primeira possuía 7195 habitantes, e a segunda 4989). As demais possuíam naquele ano menos de 2500 habitantes, sendo a população regional predominantemente rural em mais de 90%. (Cidade e região no sudoeste paranaense, 1970, p. 10, grifos nossos).

16Em paralelo a esses dados que corroboram grosso modo com a ideologia de propaganda do governo para o incentivo da migração de colonos do sul para a região. Exemplo da edificação desse verdadeiro imaginário é o Álbum Histórico de Pato Branco de 1966. Marco de divulgação do progresso e desenvolvimento material da região, diretamente relacionado a colonização efetivada pelos migrantes gaúchos e catarinenses. Na apresentação, escrita por Victor S. Biasuz encontramos palavras mais que emblemáticas dessa constituição de identidade e uma sedimentação ideológica regional:

Poderíamos ter feito algo excepcional, impressionante, que galvanizasse com dados incorretos ou inseguros, a realidade que Pato Branco represente.

Preferimos trazer à luz fatos históricos incontestáveis, que representam efetivamente o marco de hoje que é êste álbum.

Somos o que somos!

Vivemos o meio ambiente em fase de transição entre o pioneirismo migratório e a primeira geração castiça.

São nossas condições:

A luta normal pela vida, que obriga a maioria ao personalismo marcante.

O pão-durismo generalizado pela vontade férrea de progredir.

A falta de entidades culturais em face a nossa infância.

A grandiosidade e a beleza da amizade sincera, mesmo em grupos, que se consolida com a palavra “cumpadre”.

O espírito religioso que une, conforta e faz esquecer os mais acirrados adversários de futebol e política.

As classes sociais não existem! – não existem ricos, e os pseudos-ricos têm origem na dinastia do povo.

A união dos habitantes em querer construir uma cidade digna. O apego de todos em defender um nome: PATO BRANCO – CAPITAL DO SUDOESTE PARANAENSE! (BIASUZ, 1966, s/p, grifos nossos).

17O Álbum inegavelmente edifica uma identidade e lança sentidos para a história e o futuro da cidade e da região. Reverbera por todo o Álbum um elã ufanista que encontra eco no movimento amplo e geral da colonização e reocupação das terras à luz da tese do “vazio demográfico” e do perigo estrangeiro. Nilo Bernardes, em artigo na RBG de 1952 procurou ordenar esse quadro geral das migrações e distribuições das levas populacionais no território do sudoeste. No seu entendimento a ocupação não fora sistemática e uniforme, ao contrário:

A afluência de catarinenses e principalmente de riograndenses no estado do Paraná tem tomado vulto cada vez maior. O povoamento que se realiza nas matas a oeste dos campos de Palmas pode ser considerado uma verdadeira zona pioneira rio-grandense tal é a quantidade de colonos desta origem que aí se vão radicar. Tendo colonizado uma boa parte do oeste catarinense os descendentes de italianos, alemães e poloneses originados das antigas colônias do Rio Grande do Sul, saltando por uma zona ainda despovoada nos limites do Paraná com Santa Catarina vão-se estabelecer em grande número no município de Clevelândia e outras partes do terceiro planalto. A antiga colônia de Bom Retiro, atual Pato Branco, fundada em 1918 e que sofreu uma prolongada estagnação, é atualmente a mais visada. "Pato Branco" nos dias atuais é uma lenda, à maneira do "El Dorado", para os habitantes das zonas coloniais do Rio Grande do Sul. Ao lado dela existe o território da antiga colônia militar do Xopim (sic.), mal povoado e com suas matas quase tôdas destruídas, em que, pelo longo abandono sofrido da parte governamental, a maior parte dos habitantes ainda não tem suas terras discriminadas. A partir de 1942 o povoamento ganha cada vez mais terreno para oeste com a criação da Colônia Agrícola Nacional General Osório, na região do rio Marrecas. A tendência é formar-se um grande leque na vertente esquerda do rio Iguaçu, atingindo a fronteira com a Argentina. Tem-se assim duas zonas lado a lado, em que o dinamismo do povoamento está na razão indireta de sua antiguidade. Os efeitos da boa rodovia estratégica de União da Vitória a Clevelândia, fazem-se sentir e os novos povoadores preferem espontâneamente as zonas de pinhais virgens, de solo novo, desprezando as terras dos arredores de Xopim, malbaratadas por um povoamento oficial precipitado. Os pioneiros desta região que avançam para oeste têm seus grandes flancos e sua retaguarda pouco povoados e em certas áreas até mesmos despovoados. (BERNARDES, 1952, p. 447).

18Vários argumentos reverberam na análise de Bernardes, especialmente as teses que elencamos no início deste trabalho: o perigo estrangeiro (HEINSFELD, 2007), a “ausência” de população – que aqui discutimos sob a insígnia do “vazio demográfico” –, e os processos conflitantes de colonização. Dentre os argumentos presentes na análise de Nilo Bernardes, chamamos a atenção para a tese da ausência de governo e/ou quando presente a sua ação equivocada e pouco eficaz na resolução dos problemas locais. O argumento é bastante consistente na explicação dos conflitos de terras que explodiram na região e culminaram com a Revolta dos Colonos de 1957. No entanto, através de uma análise das intervenções e a presença do Estado, no caso seu braço efetivo, a justiça, através de um conjunto de processos criminais executados na então, Comarca de Clevelândia entre os anos de 1910 e 1940, momento anterior ao adensamento das levas populacionais vindas do extremo sul do país, é possível deslumbrar as tensões entre as migrações e a ocupação dos espaços coloniais (Cf: PASSOS, 2012). No cerne desse argumento encontramos outra noção fundamental para a compreensão dos projetos de ocupação e colonização da região, trata-se da noção de “frentes pioneiras” que seriam responsáveis pela expansão das fronteiras colonizadas. Lysia Maria Cavalcanti Bernardes se vale dessa noção que reverbera no imaginário do “El Dorado” que encontramos na discussão de Nilo Bernardes:

Desde 1941 se acham êstes núcleos ocupados por famílias de nacionais vindas do antigo contestado, onde não tinham propriedade territorial nem facilidade para sua aquisição, e do Rio Grande do Sul, onde a falta de terras nas antigas colônias não permite a expansão reclamada pelo aumento natural do número de famílias aí existentes ( BERNARDES, 1953, p. 342).

19Há ainda outra face dessa argumentação: a omissão do Estado. Se, a ação do Estado se mostrou muitas vezes inconsequente e pouco elaborada, a omissão também produziu efeitos danosos na conformação territorial da região. Do ponto de vista histórico, essa omissão data do Brasil Império. Assim, a expansão e ocupação da região além dos Campos Gerais no contexto imperial passava pela reivindicação das elites locais desejosas de força política e econômica. Vitor Marcos Gregório, ao analisar os debates imperiais em torno da criação da Província do Paraná (1853) pondera que:

No caso das regiões ricas, tratava-se de atender a reivindicação da elite do território a ser emancipado que se considerava no direito de ter governo próprio. No caso das regiões pobres, tratava-se de atender as reivindicações da elite do território que tinha de carregar uma região deficitária. Para além do discurso, a criação de uma província e de um governo próprio significava, nos dois casos, criação de empregos, importante moeda de troca política no século XIX, e fortalecimento político para a elite local, que passava a contar com representantes próprios no Parlamento, e, neste caso, não importava se a região era rica ou pobre (GREGÓRIO, 2015, p. 332).

  • 10 Para a discussão aprofundada da ação desses intelectuais na edificação de sentidos para o conflito (...)

20O argumento da omissão encontra também outra dimensão carregada de sentidos políticos no presente. Ao analisar por alto o movimento do Contestado que resultou na guerra entre sertanejos e o governo federal entre os anos de 1912-1916, Edilberto Trevisan aponta para a ausência de governos, donde seu vácuo teria aberto espaço para a organização dos “fanáticos” sertanejos, como na linguagem usual da época. É inegável que essa argumentação não é original, tendo em vista que ela já estava presente nos jornais curitibanos, como o Diário da Tarde, em artigos escritos pelos intelectuais paranaenses no calor do conflito e que formavam um imaginário amplo sobre a identidade paranaense em contraste com o “outro” a ser combatido enquanto sujeito resistente ao próprio movimento do progresso e da civilização10.

Considerações Finais

21É inegável também, que a datação desses sentidos edificados pelos historiadores e, como vimos, dos geógrafos que publicaram seus trabalhos sobre o sudoeste paranaense na Revista Brasileira de Geografia, hoje encontra críticas que colocam em xeque a sua validade e sustentação no presente. Protásio Paulo Langer analisa em conjunto essas teses que edificaram uma função heroica aos migrantes do sul e ocultaram e, por vezes, apagaram a contribuição das populações tradicionais que viviam na região. Dessa forma, indígenas e caboclos não corresponderiam ao modelo de desenvolvimento político e econômico considerado moderno para a efetiva exploração e ocupação das terras. Nas suas palavras:

Sem dúvida é essa a lógica que impregna os clichês pseudocientíficos de “vazio demográfico”, “terra de ninguém”, “mata virgem”, “ocupação sorrateira”, etc. As terras ocupadas por índios e caboclos são vazias, na perspectiva jurídica, por não estarem povoadas por indivíduos que correspondam às exigências de ocupação e exploração da terra. Valores e práticas coletivas e consuetudinárias como o trabalho, o consumo e o usufruto do território não fundamentam direitos, na ótica constitucional do colonizador (LANGER, 2007, p. 88).

22Pois a análise que realizamos dos trabalhos publicados na RBG o que se expõe é exatamente o choque do paradigma capitalista e eurocêntrico que não reflete sobre as consequências e contradições de suas próprias ações e projetos de desenvolvimento. Apenas a “ocupação” e exploração do território, especialmente pelos colonos de origem europeia advindos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina teriam condições com auxílio da coordenação e sustentação do Estado. Como o Estado teria pecado por omissão os conflitos foram o resultado, justamente dessa omissão, não dos modelos de exploração e ocupação do território, inerentes à pequena propriedade de modelo familiar. No trabalho coletivo organizado pela Divisão de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia sob coordenação de Lobato Corrêa realizado no final dos anos 1960, encontramos como conclusão uma especulação sobre o futuro da região nos seguintes termos:

Como serão as relações cidade e região no Sudoeste paranaense daqui a 25 e 50 anos, quando o caráter muito recente da ocupação e tôdas as conseqüências decorrentes tiverem desaparecido? Tôdas essas questões estão dentro da linha de conhecimento das relações cidade e região e suscitarão, sem dúvida, uma melhor compreensão da vida regional no país (Cidade e região no sudoeste paranaense, 1970, p. 134.)

23Passados os 25 e caminhando para os 50 anos da produção do artigo podemos seguramente evocar as palavras de Romário Martins que serviram de epígrafe a este trabalho. A relação dos homens com a terra – incluindo o esforço de análise e leitura realizado pelas expedições geográficas que procuramos analisar – é um capítulo decisivo na história do saber geográfico sobre a região. Em outras palavras, ao passo que as expedições geográficas atualizam o saber regional elas também interferem nos significados constituídos historicamente para a população dessa região. A preocupação com a sistematização dos saberes demográficos, culturais e físico naturais, passo esse fundamental na construção de uma sociedade autocrítica que lê seu passado sem ufanismos e ilusões, por vezes, úteis a forças e poderes nem sempre perceptíveis em uma sociedade que se deseja verdadeiramente democrática e plural, assume a feição crítica nas expedições geográficas que procuramos analisar e que merecem toda atenção por parte dos estudiosos das temáticas da colonização, ocupação e exploração territoriais ao longo da história.

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Bibliografia

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Notas

1 Data de 1881 a reivindicação oficial do território de Palmas pelo governo argentino. Segundo Adelar Heinsfeld: “Naquele momento, o único fator conflitivo entre os dois países era a questão fronteiriça, envolvendo o território da então Comarca de Palmas”. (HEINSFELD, 2007, p. 106).

2 Segundo Rubem Murilo Leão Rego: “Já por volta de 1922, em decorrência do processo de formação de minifúndios, mais de 500 famílias de pequenos produtores, oriundos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, deram início ao movimento de colonização da região Sudoeste”. (REGO, In: SANTOS, 1985, p. 187).

3 Importante trabalho que analisa a edificação das comunidades nacionais à luz dos saberes geográficos foi realizada por Benedict Anderson. (Cf: ANDERSON, 2008).

4 Para uma análise da trajetória intelectual de Waibel e sua passagem pelo Brasil ver: KOHLHEPP, 2013, p. 29-75.

5 Optamos por conservar a linguagem tal qual a encontramos nas fontes históricas consultadas.

6 Para uma recensão do tema do imaginário da colonização e suas implicações teóricas e políticas, veja-se: LANGER, 2007 e PASSOS, 2011, p. 47-67.

7 Trata-se de: Cidade e região no sudoeste paranaense. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE, Vol. 32, n. 2, 1970, p. 3-156.

8 Um dos elementos fundamentais analisados por Foucault para o controle das populações é a presença e funcionamento da polícia, instituição de controle e conformação de comportamentos. FOUCAULT, Michel. Segurança, Território, População: curso dado no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008. Sobre a biopolítica no pensamento de Foucault indicamos: FOUCAULT, 2008.

9 Para uma síntese do debate à luz da perspectiva histórica ver: SCHWARCZ, 1993.

10 Para a discussão aprofundada da ação desses intelectuais na edificação de sentidos para o conflito ver: NEUNDORF, 2009.

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Para citar este artigo

Referência eletrónica

Aruanã Antônio dos Passos e Nair Sanzovo Pivatto, «Saber do espaço e colonização regional: constituição territorial e expedições geográficas no sudoeste do Paraná», Confins [Online], 37 | 2018, posto online no dia 04 outubro 2018, consultado o 25 outubro 2022. URL: http://journals.openedition.org/confins/15462; DOI: https://doi.org/10.4000/confins.15462

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