O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Ser historiador não é ser apenas repórter, embora de factos e situações passadas. Talvez que encadear factos e ligar as situações que os provocaram e as suas consequências, seja mais de analista.

Vou, pois, tentar “historiar”. Não para concluir, apenas deixando “pistas”. Não duvidando dos acontecimentos.

Dois factos aconteceram em Moçambique durante a Guerra do Ultramar/Colonial/Libertação para os quais tenho procurado explicação e justificação: o Massacre de Wiriamu e o aprisionamento de uma Companhia de militares portugueses em OMAR (Namatil).

Sobre Omar poderão encontrar tudo em

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/omar_01081974/

Por aí se pode deduzir que houve que criar um facto consumado a apresentar ao General Spínola, de conluio entre a FRELIMO e Melo Antunes/Almeida Santos. Afirma o então Comandante de Companhia nunca ter proferido as palavras que lhe são atribuídas na cassete entregue por estes ao General Spínola e que nunca foi ouvido, não sendo pois o relatório militar deste acontecimento da sua responsabilidade e lavra. Porquê?

Porque era preciso “dobrar” o General Spínola e “obrigá-lo” a aceitar a solução Melo Antunes/Mário Soares/Almeida Santos da entrega do poder à FRELIMO, sem consulta popular.

Sobre Wiriamu consulte

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/wiriamu/

Atentemos então no seguinte quadro cronológico:

 - 15.12.1972 – Briefing da “Operação Marosca” em Tete.

- 16.12.1972 – Massacre

- 05.01.1973 (+-) – Cerca de 20 dias depois, é ordenado o regresso ao local da 6ª de Comandos para enterrar os corpos (tendo-lhes sido ordenado irem desarmados, a Força Aérea se “esqueceu” de os ir buscar e sofreram uma dura emboscada (vídeo Regresso a Wiriamu) …

- 19.02.1973 – Pe. Miguel Buendia leva o relatório consigo para a Europa (in vídeo Regresso a Wiriamu)

- Maio de 1973 – Reunião entre os secretários-gerais do Partido Socialista Português e do Partido Comunista Português, em Paris, com a presença de representantes da URSS, FRELIMO, PAIGC e MPLA. Ora, a presença destes elementos nesta reunião, ao mais alto nível, mostra um permanente contacto entre o PS, o PCP e estes movimentos independentistas.

Veja

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/10/ainda_a_entrevi-1.html

(A veracidade desta newsletter foi-me há pouco tempo confirmada pelo seu autor John C. Wahnon)

- 04.06.1973 – Cesare Bertulli publica através dos serviços da «Cable Press» de Roma o relatório completo (In “a cruz e a espada em Moçambique”).

- Neste período o Pe. Vicente declara (in vídeo “Regresso a Wiriamu” (SIC)) que publicitou o relatório na Holanda, Alemanha, Bélgica e outros países.

- 10.07.1973 – Publicação do relatório no jornal Times de Londres.

- Julho de 1973 – Der Spiegel publica fotos que “alguém” de Moçambique lhe enviou.

- 11.07.1973 - Conferência do Pe. Hastings (Londres) com a presença de Mário Soares (in vídeo 1 de 7) onde afirma que só “agora publiquei, porque só agora o tive” (o relatório).

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O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

Com o desmembramento do Império Mwene Mutapa, os  portugueses, através do sistema de prazos, ocupavam as terras que compravam, conquistavam ou que lhes eram doadas pelos chefes tradicionais locais ao longo do Vale do Zambeze.

Com poucas mulheres brancas disponíveis na região, a maioria desses portugueses arrendatários se casava com mulheres negras locais. Com a morte de um arrendatário, o arrendamento era transmitido por via feminina para a esposa negra e desta para a filha.

Para evitar que os arrendatários portugueses perdessem totalmente a sua identidade e com vista a consolidar a ocupação do território por colonos portugueses, o Rei de Portugal decretou que as senhoras arrendatárias (“Donas”) deveriam casar com azungu (homens brancos) de Portugal. No entanto, com poucos azungu de Portugal na região, a maioria das “Donas” acabava por casar nas famílias dos chefes tradicionais locais ou com portugueses e goeses oriundos de Goa.

Essas “Donas” estavam profundamente enraizadas nos costumes africanos: Os filhos resultantes de relações extraconjugais eram acolhidos em suas famílias. Além disso, essas “Donas” usavam a língua local para se comunicar. E, tal como os nativos, envolviam-se em práticas animistas: consultavam os curandeiros (n'gangas), acreditavam em feitiçaria e invocavam os espíritos dos ancestrais para produzir chuva.

Por causa dos exércitos de escravos que possuíam, não respeitavam as leis impostas. Desrespeitavam os seus maridos brancos, as autoridades tradicionais, assim como o Governador-Geral de “Rios de Sena”, que era o nome dado aos territórios localizados ao longo do Vale do Zambeze.

As seguintes “Donas” tornaram-se famosas nos Rios de Sena: Dona Francisca Josefa de Moura Meneses; Dona Inês Gracias Cardoso e a sua herdeira Dona Inês Almeida Castelbranco; Dona Catarina de Faria Leitão; Dona Paula da Cruz; Dona Maria da Maia; Dona Eugénia Maria da Cruz; e Dona Ana Cativa.

Essas “Donas” enviuvavam cedo e contraíam vários casamentos ao longo das suas vidas. Por exemplo, quando Moreira Pereira, o primeiro marido da Dona Francisca Josefa  de Moura   Meneses, morreu em 1776; logo no ano seguinte, ela se casou novamente com José Álvares Pereira, um outro Português que se tornou governador dos Rios de Sena em 1786. No ano seguinte, José Álvares Pereira também morreu.

“De novo viúva, D. Francisca insistiria ainda nas alianças com os governantes de Rios. Alegadamente terá tentado o casamento com Agostinho de Melo e Almeida, que governou os Rios cerca de três anos, entre 1787 e 1790 [...]. [Agostinho de Melo] que deixou um rasto de embusteiro entre as mulheres da região, ter-lhe-á extorquido ouro, prata e marfim sem a almejada contrapartida matrimonial.”

Dona Francisca Josefa de Moura Meneses, uma senhora detentora de muitos prazos, adquiriu o apelido africano de “chiponda” (a senhora que pisa todos com os pés). Ela não respeitava as leis e os seus maridos brancos eram submissos a ela. Nos primeiros anos de 1780, por razões desconhecidas, ela entrou em conflito com o então Governador-Geral de Rios de Sena, António Manuel de Melo e Castro. Ela agrupou o seu exército e ameaçou destruir as casas do Governador bem como arrasar a então vila de Tete.

A Dona Inês Gracias Cardoso, de origem goesa, depois de perder um processo de divórcio por não consumação do casamento, agrupou o seu exército de escravos e atacou o seu marido, António Teles de Meneses e os seus seguidores. Ela conseguiu feri-lo e expulsá-lo do “prazo”, apesar da carreira do seu marido como militar e ex-governador de Macau.

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Gungunhana é um dos maiores mitos da História luso-africana. Alçado à categoria surpreendente de herói da independência de Moçambique, Gungunhana conquistou papel importante no imaginário nacional moçambicano. Mas a história está mal contada - e há uma História que importa recordar. Quem foi, afinal, Gungunhana ?

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Resumo
Com a independência de Moçambique em 1975, a Frelimo tinha entre outros objectivos, a consolidação do Estado moçambicano, como uma nação independente e soberana, e a manutenção do marxismo-leninismo, como um sistema doutrinário incubado durante as trincheiras da luta de libertação nacional. Para a consecução deste projecto, foi adoptado no III Congresso do partido em 1977 o modelo económico socialista.
Durante este estádio, o país viveu uma espiral de acontecimentos negativos, destacando-se a guerra civil e as agressões externas. A uma semana da bancarrota, Moçambique é aceite pelas IBWs tornando-se membro das mesmas em 1984, a partir de então começa a desenhar-se um novo ciclo político e económico, quer a nível interno como externo.
O presente ensaio recorre à análise contrafactual, a metodologia histórica, económica e das Relações Internacionais para explicar o que teria acontecido a Moçambique se não tivesse recebido ajuda internacional ao desenvolvimento.

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O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades
Este artigo analisa de forma ampla a transição política e as formas como a Frelimo tem lidado com a construção do projeto nacional, a partir de uma abordagem multidisciplinar
e multissituada. O artigo discute a tentativa da criação do ‘homem novo’ no Moçambique independente, avaliando a continuidade da presença da figura do inimigo interno,
representado pelo Xiconhoca. Analisa‑se, finalmente, o tema das reuniões de busca de verdade e de reconciliação realizadas em 1975 e 1982 para redimir os considerados traidores ou atores antissociais –, discutindo em maior detalhe o contexto político‑ideológico em que estas reuniões aconteceram, assim como as suas implicações no contexto da construção da cidadania e da história oficial de Moçambique. Esta análise procura contribuir para repensar a violência comunitária e estatal em Moçambique e o papel de encontros de busca da verdade e de reconciliação nos processos de descolonização política.

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Naparamas são guerreiros moçambicanos que surgiram na década de 1980, no contexto da Guerra Civil Moçambicana. Aliando conhecimentos tradicionais, elementos místicos e um sentimento de comunidade, os Naparamas serviram como grupos auto-organizados contrários à presença da Renamo e, portanto, se aliaram à Frelimo. São oriundos do centro-norte de Moçambique, principalmente da província de Zambézia. Combatiam com arcos, flechas e lanças.

Contexto histórico

Em 1989, Moçambique era um país destruído por uma guerra civil que se prolongava desde há dez anos. De uma guerrilha que pouco mais era do que uma das unidades tácticas do exército rodesiano, os rebeldes da Renamo, com o apoio ostensivo (e depois camuflado) da África do Sul, cresceram militarmente até conseguirem desafiar taco-a-taco, embora de uma forma negativa e destrutiva, o exercício da autoridade do Estado moçambicano que era representado nesses tempos pelo partido único, a Frelimo. É neste ambiente em que a autoridade governamental colapsa; e onde não se conseguem assegurar sequer às populações as mais elementares condições de segurança, intercalado entre as duas facções em guerra, que surge em Moçambique um curioso, hoje esquecido, movimento popular que veio a adquirir a designação de Naparama.

Origem do movimento

O movimento teve as suas raízes em um curandeiro tradicional, que contava à época 27 anos, chamado Manuel António, oriundo, crê-se, do distrito de Pebane, na província moçambicana da Zambézia. Segundo a história que o próprio contara, ele morrera de sarampo e estivera mesmo enterrado durantes seis dias, ao fim dos quais ressuscitara e a quem Deus instruíra para ir libertar o povo das destruições da guerra. Em cerimónias rituais, com cada vez maior audiência, Manuel António vacinava os seus seguidores, fazendo-os ingerir poções baseadas em plantas medicinais; e marcando-os com incisões simbólicas que os imunizariam das balas inimigas. E os assim tratados acreditavam.

O distrito de Pebane é região Makua, onde se fala o Makua–Lomwe, no centro-norte de Moçambique. A prédica de Manuel António, para além de associar elementos das grandes religiões globais (como a morte e ressurreição ou o seu estatuto de escolhido por Deus para ser o profeta), ia recuperar convicções arreigadas na região, que os representantes da administração colonial portuguesa não se haviam cansado de tentar erradicar no seu tempo, mesmo ainda antes da eclosão das primeiras acções armadas da Frelimo de 1964: quando das passagens em visitas de cortesia daqueles representantes às povoações, os régulos (autoridade tradicional) eram regularmente brindados pelas escoltas armadas com espectáculos de tiro ao alvo em latas, garrafas ou outros objectos, em exibição, não apenas da habilidade do atirador, como também da precisão da arma (normalmente as Mauser) e sobretudo dos estragos causados pelo projéctil, já que não era incomum ressurgirem rumores que as armas eram ineficazes. Os guerreiros de Manuel António estavam convencidos que eram imunes às balas[1].

Ação durante a Guerra Civil Moçambicana

Em março de 1990, essa comunidade agregada à volta de Manuel António passou à ofensiva no distrito adjacente do Alto Molocué. Armados apenas de lanças, mas movimentando-se de uma forma ostensiva, frontal e coordenada de acordo com o toque de apitos, ostentando braçadeiras vermelhas, por vezes cantando, os guerreiros que se consideravam imunes conseguiram recapturar à Renamo cerca de duas dúzias de povoações e bases controladas pelos insurrectos, correspondendo a uma área habitada por cerca de 200.000 pessoas. Na maioria das vezes, os defensores limitaram-se a fugir, apesar de armados, quiçá também convencidos da ineficácia das suas próprias armas. Lesivo da reputação da Renamo, o feito também o foi da Frelimo, pois as forças governamentais haviam repetidamente falhado as suas tentativas prévias de desalojar os rebeldes daquelas mesmas posições. No auge do seu poder, em meados de 1991, Manuel António contaria com um núcleo combatente rondando os 3.000 guerreiros, além de mais de uma dezena de milhar de milícias que operavam em defesa local desde o norte e leste da província da Zambézia, onde o movimento nascera, até à província de Nampula, e estendendo-se mesmo até ao sul da província de Cabo Delgado, todas regiões de Makuas.

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PREFÁCIO
Marcelo Bittencourt
O livro que está diante dos seus olhos conta a história das múltiplas relações que se estabeleceram entre os diversos grupos populacionais do norte de Moçambique, em especial de Cabo Delgado, e a presença colonial portuguesa de finais do século XIX a meados do século XX, tendo como janela de observação os processos criminais que tiveram lugar no período. Todavia, este livro, fruto de uma tese de doutorado, também tem a sua história, que começa com as pesquisas iniciais realizadas pela autora, ainda no seu curso de graduação.
Em certa medida, nossos percursos foram conectados após o meu ingresso na Universidade Federal Fluminense, no concurso para Professor de História da África, em 2004. Fernanda foi a minha primeira orientanda de trabalho de conclusão de curso (TCC), com o tema Disciplina do trabalho e dominação colonial em Moçambique (1890-1917), apresentado em 2005; de mestrado, com a dissertação Os filhos da terra: discurso e resistência nas relações coloniais no sul de Moçambique (1890-1930), defendida em 2008; e de doutorado, com a tese Casaco que se despe pelas costas: a formação da justiça colonial e a (re)ação dos africanos no norte de Moçambique (1894-1940), apresentada em 2012. Ou seja, seu interesse pela História de Moçambique, especialmente na fase inicial da expansão colonial portuguesa, era mais do que evidente desde seus primeiros trabalhos.
Leia aqui Download Casaco-que-se-despe-pelas-costas-Fernanda-Thomaz

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INTRODUÇÃO
A historiografia recente em torno da presença indiana em Moçambique e nos territórios da África Oriental e Centro Oriental é unânime em evidenciar a sua vocação comercial no contexto da ocupação colonial dos séculos XIX-XX.
No caso de Moçambique as fontes documentais disponíveis do tempo da colonização portuguesa atestam a sua importância quer no mundo rural, assegurando a monetarização dos produtos da agricultura africana, essenciais à manutenção da economia de exportação colonial, quer na dinamização de um segmento importante do comércio de retalho em contexto urbano, direccionado a um espectro amplo e heterogéneo de consumidores que estruturavam o mercado interno no tempo colonial.
As análises inspiradas em tais fontes privilegiam um enfoque macro histórico da acção e inscrição espacial daqueles agentes económicos e raramente dão conta da natureza heterogénea das comunidades indianas em contexto moçambicano, do ponto de vista religioso e sócio económico. Esta sua invisibilidade respeita a práticas económicas que lhes são próprias, os processos que conduzem à sua integração na sociedade colonial, e oculta também a natureza das relações existentes no seu seio ou resultantes da sua interacção com as sociedades africanas, os agentes económicos europeus e a administração colonial. O que evidencia a necessidade da construção de uma nova história da colonização a partir do testemunho dos membros das diferentes comunidades indianas originárias de Moçambique permitindo alargar e enriquecer a visão redutora das percepções holísticas consagradas pela historiografia económica da colonização, a partir do único recurso a fontes escritas.

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Deambulando pela Baixa da capital de Moçambique, Maputo sou esmagada ao olhar o edifício, outrora a belíssima Mesquita, apesar de manter a velha fachada, impõe-nos agora um gigantesco arranha-céus, evocando a grandiosidade da crença em Alá! Constituiu a observação deste facto um desafio para compreender o poder económico e social dos seus construtores e entender a proximidade à nomenclatura governante. Apesar da importância do Islão na Colónia de Moçambique não existem estudos aprofundados sobre o seu impacto no movimento associativo e independentista. Assim, pretende-se estudar as dinâmicas
sociais e religiosas das comunidades islâmicas para compreender o seu papel na construção de um Moçambique independente e perceber consequentemente a sua força actual. A investigação implica analisar a informação que foi produzida pelo regime colonial e pelos movimentos independentistas e a exploração empírica centrada sobre a história de vida de pessoas que, como membros das comunidades islâmicas participaram neste processo libertador.

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Resumo

O objectivo deste esboço é de comentar, numa abordagem sociológica, fontes e alguns aspectos da história política e social dos grupos que se formaram para lutar pela independência de Moçambique. Focam-se, entre outros, a) o papel da UDENAMO como ponto de cristalização, motor acelerador, mas também de frustração da organização dos nacionalistas e da luta pela libertação em 1960-62, b) a figura de Adelino Xitofo Gwambe como autor de uma visão global de Moçambique e da necessidade de uma luta armada. Presentamos dados que explicam tanto a formação da Frelimo como o reaparecimento dos partidos cuja fusão completa havia sido prevista. Como fontes foram utilizadas algumas indicações da bibliografia mais antiga e recente, dois livros não publicados e informações orais de Fanuel Guideone Mahluza, S. Brito Simango e Priscilla Gumane, bem como na revisão final, a intervenção de Joaquim Chissano na reunião dos antigos combatentes em Março de 2002 e alguns elementos em depoimentos de Alberto Chipande, R. Pachinuapa, Marcelino dos Santos e outros em 2003/4 sobre a vida de Samora Machel (e Eduardo Mondlane) e a biografia de Uria Simango de B. Ncomo.

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Interessante entrevista de um ex-combatente da FRELIMO da luta de libertação. É de ouvir e entender. Não editado pela STV-SOICO

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

O Ex-presidente Kenneth Kaunda da Zâmbia foi sem dúvida um bom líder. No entanto, ele permaneceu no poder por muito tempo e as pessoas ao seu redor não lhe contavam toda a verdade. Ele estava a levar a Zâmbia à ruína e, ao mesmo tempo, estava a perder o apoio do povo, mas os seus conselheiros escondiam-lhe esta verdade. Foi assim apanhado de surpresa quando perdeu eleições em 1991. Note-se, no entanto, que ao contrário de muitos líderes africanos e provavelmente contra a vontade de seus conselheiros, Kaunda estabeleceu boa precedência ao admitir a derrota, entregando o poder a Frederico Chiluba. No Zimbábue, a história foi diferente: o Presidente Robert Mugabe recusou-se a entregar o poder quando Morgan Tsvangirai o derrotou em 2017. Não há dúvida de que na história da África, esses dois líderes serão lembrados de forma diferente.

O apelo, durante o 12º CONGRESSO DA FRELIMO, para “purificar as fileiras” contra os chamados infiltrados, é um erro que deve ser evitado. Infelizmente, não faltam pessoas que lançam este tipo de apelos, com o perigo de provocar os mesmos problemas que o movimento da FRELIMO viveu durante a luta armada de libertação nacional na Tanzânia.

Após o assassinato do secretário da Defesa e Segurança, Filipe Samuel Magaia, a FRELIMO viveu um período de grande turbulência. Houve uma onda de perseguições, detenções e assassinatos deliberados e a sangue-frio. Na verdade, foi isso que veio a ser denominado de “purificação das fileiras” no movimento da FRELIMO.

Leia aqui Download A “PURIFICAÇAO DAS FILEIRAS” NA FRELIMO Lawe Laweki

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

INTRODUÇÃO
A historiografia recente em torno da presença indiana em Moçambique e nos territórios da África Oriental e Centro Oriental é unânime em evidenciar a sua vocação comercial no contexto da ocupação colonial dos séculos XIXXX.
No caso de Moçambique as fontes documentais disponíveis do tempo da colonização portuguesa atestam a sua importância quer no mundo rural, assegurando a monetarização dos produtos da agricultura africana, essenciais à manutenção da economia de exportação colonial, quer na dinamização de um segmento importante do comércio de retalho em contexto urbano, direccionado a um espectro amplo e heterogéneo de consumidores que estruturavam o mercado interno no tempo colonial.
As análises inspiradas em tais fontes privilegiam um enfoque macro histórico da acção e inscrição espacial daqueles agentes económicos e raramente dão conta da natureza heterogénea das comunidades indianas em contexto moçambicano, do ponto de vista religioso e sócio económico. Esta sua invisibilidade respeita a práticas económicas que lhes são próprias, os processos que conduzem à sua integração na sociedade colonial, e oculta também a natureza das relações existentes no seu seio ou resultantes da sua interacção com as sociedades africanas, os agentes económicos europeus e a administração colonial. O que evidencia a necessidade da construção de uma nova história da colonização a partir do testemunho dos membros das diferentes comunidades indianas originárias de Moçambique permitindo alargar e enriquecer a visão redutora das percepções holísticas consagradas pela historiografia económica da colonização, a partir do único recurso a fontes escritas.

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Introdução:
Após a sua independência até a assinatura do Acordo Geral de Paz em Roma a 4 de Outubro de 1992, Moçambique entrou num período conturbado da sua história. A caracterização deste período é diversa. Por um lado, este período tem sido caracterizado como a fase da Guerra Civil declarada e aberta, por outro como a fase da Guerra de Desestabilização. Guerra Civil ou de Desestabilização, surgiu-me no início do trabalho como uma contradição que obriga à definição dos dois conceitos. Com o decorrer do trabalho esta ideia foi remetida para um segundo plano, a nota nos apêndices, pois à medida que a pesquisa avançava, as questões em discussão deixaram de ser simples elementos por esclarecer e/ou definir, uma vez que estava também em análise a própria sociedade moçambicana. Apesar das diferentes interpretações existiu em Moçambique um conflito que dilacerou o país cujas marcas ainda permanecem vivas. É sobre as origens, natureza e outros aspectos subjacentes deste conflito que pretendo discutir no presente trabalho, na esperança de trazer um contributo para o entendimento desta questão e da história recente de Moçambique.

Leia aqui

Download Partido_Poder_Estado_Uma_Interpretacao_d

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Resumo:

O norte de Moçambique era marcado pela intensa circulação de pessoas, produtos, ideias e saberes no século XIX.
Era possível encontrar uma variedade de grupos, tais como suaílis, macuas-imbamelas e namarrais, mujojos e muzungos. Essas categorias sociais revelam formas de classificação e identificação baseadas em diferentes critérios: localização geográfica, religião, aspectos culturais, ocupação, cor, condição econômica e social. O principal objetivo deste artigo é analisar como essas categorias sociais foram construídas historicamente e as conexões culturais e identitárias existentes em torno delas.

Leia aqui Download Entre_suailis_e_macuas_mujojos_e_muzungo

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É em 5 de Outubro de 1143, com o Tratado de Zamora e na presença do Legado Pontifício, Cardeal Guido de Vico, que D. Afonso VII de Leão reconhece a existência de um novo Estado, PORTUGAL.

Esta declaração de PORTUGAL como REINO INDEPENDENTE infelizmente não é comemorada oficialmente no próprio País.

PORTUGAL deve ser o único País do Mundo que não celebra oficialmente a data da sua FUNDAÇÃO.

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Milhares de ex-guerrilheiros da Renamo, principal partido na oposição em Moçambique, mostram-se insatisfeitos com o incumprimento na fixação das pensões para sua sobrevivência na passagem para a vida civil, promessas feitas pelo Governo no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) social, alertando que a frustração pode ameaçar a Paz no país.

Moçambique celebra nesta terça-feira (4), 30 anos do Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em Roma entre o Governo da Frelimo e a Renamo.

Outros dois acordos, de cessação das hostilidades militares e de paz e reconciliação nacional, o último em 6 de Agosto de 2019, de que é parte o DDR, foram assinados para colocar fim a ciclos de violência armada entre as duas partes.

Em declarações à VOA, vários ex-combatentes julgam que foram “aliciados e abandonados”, com quase todas as promessas não cumpridas pelo Governo desde que regressaram à vida civil, sendo que alguns já há dois anos, estando a sobreviver acumulando dividas nas aldeias que lhes acolhem.

“Muitos de nós tem família por sustentar, e não temos nenhuma fonte de renda, e isso está a tornar difícil a nossa sobrevivência”, disse Manuel Chaguiro, ex-guerrilheiro da Renamo de Nhamatanda (Sofala), insistindo que a comunidade olha para eles com algum receio, por medo de “nos tornarmos assaltantes nos bairros”.

Incumprimento de promessas

Entre as promessas, adiantam, os combatentes desmobilizados deviam receber uma pensão de sobrevivência paga pelas Nações Unidas através do Governo durante um ano e após, este período, os ex-guerrilheiros passam a receber uma pensão vitalícia do Estado.

Além de atribuição de talhões em áreas urbanas, os ex-guerrilheiros deviam receber kits de ferramentas e fundos para desenvolver projetos de geração de renda, na área de vocação.

Outro ex-combatente de Manica, João Ruben, conta que parte dos ex-guerrilheiros “venderam o material de construção entregue durante a desmobilização” para conseguirem sobreviver com as famílias nas cidades.

A insatisfação ganhou um novo tom durante a Conferência das Mulheres sobre Paz e Segurança, que reuniu-se nesta semana na Beira, a capital de Sofala, parte das mais de 250 desmobilizadas da Renamo que passaram para a vida civil.

Antonieta Gonçalves, ex-guerrilheira da província de Tete, diz que trocou o fuzil de assalto AK47, que usou por vários anos na guerrilha, por uma vida urbana, mas a equação de sobrevivência tem-se complicado desde que o Governo deixou de atribuir o subsídio, previsto para um período de um ano, antes da fixação da pensão vitalícia.

“Quando fomos desmobilizados, prometeram-nos que íamos receber subsídios durante um ano e depois disso iam por dinheiro de pensão automática, mas até agora não está a acontecer. Tinham-nos prometido que íamos ter projetos e aqueles que têm filhos, iam dar bolsas de estudos para os nossos filhos, mas não há nenhum projeto que eu tenha visto aqui na cidade pelo menos”, explica Antonieta Gonçalves.

Preocupação da embaixadora sueca

Entretanto, a embaixadora da Suécia, Mette Sunnergren, que ouviu o desagrado das ex-guerrilheiras, considera que a exclusão, particularmente das mulheres no processo de DDR, pode comprometer a ambição da paz duradoura em Moçambique.

Para a diplomata, é preciso estar ciente “de que não é possível alcançar a paz duradoura enquanto as mulheres, que são a maioria, forem excluídas no processo”.

A representante do país que financia o DDR reconheceu que o Governo e parceiros precisam mobilizar recursos para assegurar a implementação do processo em Moçambique.

Em Agosto, durante o encerramento da antiga base da RENAMO em Montepuez, na província de Cabo Delgado, o enviado especial do secretário-geral da ONU, Mirko Manzoni, revelou que o processo de DDR já havia atingido cerca de 77% dos beneficiários.

Do total de 16 bases da antiga guerrilha, restam apenas três por desactivar.

VOA – 04.10.2022

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

O Extermínio dos Ucranianos pelos comunistas no inverno de 1932-1933. Sete milhões foram mortos pela fome. A humanidade nunca tinha visto um programa de extermínio tão eficiente como o realizado pelos comunistas.

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

[Meio século após a independência, o povo moçambicano nunca conheceu uma paz verdadeira e duradoura por culpa de um pequeno grupo de moçambicanos que compõem o governo da Frelimo]

Moçambique assinala amanhã, 4 de Outubro de 2022, o 30º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz que pôs fim ao conflito armado entre o Governo da Frelimo e a RENAMO. No entanto, decorrido quase meio século após a independência, o povo moçambicano nunca conheceu uma paz verdadeira e duradoura.

Quase meio século, desde que Moçambique se tornou independente em 1975, é um período bastante longo para um país continuar em guerras infrutíferas, no sofrimento, na miséria e na angústia; para não falar do desperdício de vidas humanas e da destruição de infraestruturas. É tempo de refletir sobre este período.

Quando Moçambique alcançou a independência em 1975, esperava-se que o povo moçambicano vivesse em paz. Não foi, no entanto, o que aconteceu. Um ano após a independência, este país foi assolado por uma sangrenta guerra fratricida que durou 16 anos, semeando luto e dor, em grande parte devido à recusa e a intransigência do governo da Frelimo em reconhecer a reconciliação como um elemento fundamental na construção de uma paz justa e duradoura.

Leia aqui  Download MOÇAMBIQUE CELEBRA AMANHÃ O DIA DA PAZ

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Por Lawe Laweki

O Secretário de Defesa e Segurança da FRELIMO, Filipe Samuel Magaia, pertencia ao grupo de oficiais militares da FRELIMO que acreditava que Moçambique só poderia ser libertado militarmente, uma vez que Portugal não queria negociar a independência deste país.  

No seu livro “Memórias de Um Guerrilheiro”, o General José Moiane escreveu que, durante a sua visita às zonas de combate na Província do Niassa, o grupo de oficiais militares da FRELIMO testemunhou a proeza militar do Comandante Filipe Samuel Magaia que não hesitava em colocar-se ele próprio e os seus combatentes na linha de fogo. Segundo Moiane, Magaia decidiu que deveria passar a data histórica de 25 de Setembro de 1966 em combate na Província do Niassa. Assim, na noite desta data, ele e um grupo de seus soldados efetuaram um ataque relâmpago contra as tropas portuguesas, deixando o exército colonial “desnorteado”.

A causa da rebelião estudantil no Instituto Moçambicano e no estrangeiro não foi só a introdução pelo Comité Central da FRELIMO de regulamentos estudantis radicais em Outubro de 1966, mas também o assassinato, no mesmo mês de Outubro, de Filipe Samuel Magaia, considerado pelos militantes da FRELIMO como um comandante militar corajoso que liderou heroicamente a guerra até à sua morte.

Leia aqui Download A “GUERRA PROLONGADA” PARTE 2

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

No último dia da visita oficial a Moçambique (para a quinta cimeira entre os governos português e moçambicano), o Primeiro-Ministro (PM) António Costa decidiu - vá-se lá saber porque bulas - fazer uma evocação do “massacre” de Wiriyamu afirmando, “Neste ano de 2022, quase 50 anos passados desse terrível dia 16 de Dezembro de 1972, não posso senão evocar e curvar-me perante a memória das vítimas do massacre de Wiriyamu, acto indesculpável que desonra a nossa história”.
Perante este discurso num jantar de Estado, logo a maioria dos órgãos de comunicação social portuguesa vieram, em parangonas, afirmar que o PM tinha pedido “desculpas” a Moçambique, em nome do povo português, acompanhados de artigos e reportagens no mais das vezes escabrosas e outras só lamentáveis.
Ora não me parece que o PM tenha apresentado um pedido formal de desculpas (as palavras terão sido bem pensadas), mas por outro lado não se compreende o propósito; tão pouco que o dito “massacre” seja indesculpável, muito menos ser suficiente para desonrar a nossa História.
Quem está a pôr em causa a honorabilidade das Forças Armadas Portuguesas e a Honra da nossa História é ele, António Costa, cidadão que ocupa transitoriamente a elevada função de Primeiro-ministro e que melhor faria em curvar-se perante as vítimas portuguesas causadas por um partido político dissidente e terrorista - a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) - e seus apoiantes, que encetou uma revolta armada em território nacional português, a partir de países limítrofes, e que está no Poder no Maputo (actual capital de uma “autodeterminação” forçada), após o miserável processo de “descolonização” iniciado na sequência dos eventos ocorridos na então Metrópole (no “Puto”), no dia 25 de Abril de 1974.

Leia aqui  Download Wiriyamu as Mentiras e os equivocos de Brandão Ferreira

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

ANDRÉ MATSANGAÍSSA " CONFISSÃO "

Sou André Matade Matsangaisse. Aqui me chamam Comandante André. Nasci em Vila de Manica há 27 anos. Eu venho de uma família pobre e quando meu pai morreu eu tinha apenas a segunda classe. Tive que ir arranjar a vida. Depois de algum treinamento eu encontrei um bom trabalho como um operador assistente de Caterpillar com Sher (a Manica Power Works).

A minha grande chance veio com a construção da barragem de Cabora Bassa. Estava a ganhar mais de 400 Rand por mês, trabalhando com maquinaria pesada no local da barragem. Mesmo assim, acreditei firmemente em todas as conversas sobre os portugueses, que estes eram exploradores do povo. Em 1972, entrei em contacto com agentes da Frelimo na Estima, ao sul de Cabora Bassa. Com 26 outros recrutas, fui enviado para o campo de treinamento principal da Frelimo em Nachingwea, Sul da Tanzânia. Lá fui submetido a um curso de contra terrorismo dado por instrutores chineses. Retornei a Moçambique, lutei em Tete e mais tarde na minha terra nativa, Manica.

Após a retirada portuguesa, fui designado comandante da Frelimo encarregado do equipamento pesado no quartel principal de Dondo, 30 km ao norte da Beira. Eu pensei “agora que somos livres e independentes, chegou a hora de aproveitar a vida". Com o dinheiro que tinha economizado no meu trabalho em Cabora Bassa, comprei um Mercedes-Benz. Mas a minha felicidade era curta. O comissário político do quartel de Dondo, Fernando Tembe, informou-me que, sob a nova ditadura do proletariado, o carro pertencia ao povo. Voltei para trás - e perdi. Inventaram uma história para me incriminar. Em Fevereiro de 1976, fui enviado ao campo de concentração de onde escapei seis meses mais tarde. No campo, eu tinha muito tempo para me familiarizar completamente com as duras realidades da vida sob o regime que eu ajudara a estabelecer. Uma vez livre, não demorei muito para entrar em contacto com pequenos grupos de combatentes anti-Frelimo que operavam nas zonas centrais de Moçambique há mais de um ano.

Em um encontro secreto de líderes guerrilheiros de Manica e Tete, fui eleito por unanimidade como comandante geral das forças que combatiam a Frelimo. Este é o único movimento efectivo que opera fisicamente em Moçambique contra o regime marxista. Esta não é uma organização política, concentra seus esforços para derrubar o regime de Machel. A minha organização está determinada a libertar o povo de Moçambique da opressão marxista que lhes foi imposta. A nossa resistência visa, finalmente, criar as condições para que os próprios povos escolham a sua política de futuro através de eleições livres. Os meus homens não têm ambições políticas. Eles estão lutando pelo direito de cada homem e mulher para ter uma palavra na escolha de governo para o seu país. Se Deus quiser, vamos ganhar esta guerra.

*****

Transcrição de audıo de uma entrevista de André Matsangaissa, em 1979. Parte da informação coincide com a presente na Entrevista dada ao José Ramalho, publicada no To the Point, Johannesburg, 13 July 1979, p.8-11.

Na entrevista fala da sua crença e dos seus homens em Deus, das lojas do povo que, segundo ele, "são, na verdade, as lojas da Frelimo" bem como das autoridades tradicionais.

In https://www.facebook.com/academiamozambique/posts/1555821347891735

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Foi a 3 de Agosto de 1977. Leia a grande reportagem da revista ÚNICA(Expresso), de 30 de Julho último, em

Download Massacremoatize_unica

NOTA:

Interessante e oportuna reportagem histórica para os actuais exploradores de carvão em Moatize tomarem as suas precauções. Bem como o governo moçambicano.

Fernando Gil

MACUA DE MOÇAMBIQUE

Em tempo: Claro que agora já lá vão 45 anos. Um comentário colocado na primeira postagem: "

Foi em defesa dos mortos que o meu pai, então ENCARREGADO DO DISTRITO DE MOATIZE, entre 1976-1977, (ainda não havia nessa altura sido indigitado um administrador para o DISTRITO DE MOATIZE... cargo que foi ocupado, mais tarde, por uma SNASP de nome T... não cito aqui), que o quiseram fuzilar por duas vezes. Venceu a razão. É verdade que o Hama Thai teve um papel decisivo para evitar a morte de meu pai (agradeço-o) como evitou que o número de vítimas aumentasse. Só não digo mais nada, publicamente, por ser uma matéria de um livro que futuramente hei-de mandar publicar. Portanto, a reportagem do Expresso é boa mas incompleta.

Zicomo"

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

PROCESSO HISTÓRICO E DISCURSO IDEOLÓGICO - O CASO DAS COLÓNIAS PORTUGUESAS E DE MOÇAMBIQUE EM PARTICULAR

Este artigo1 pretende contribuir para o repensar de alguns para­digmas, como o da simples utilização de palavras que usamos de forma corrente para qualificar as lutas armadas de libertação que tiveram lugar em determinados países africanos (ou mesmo noutra parte do terceiro mundo). Moçambique, em particular, e outras colónias portuguesas de Africa de forma mais geral, servirão aqui de guião, mas dentro de um objectivo conceptual mais vasto.

É, de facto, habitual qualificar as lutas armadas que tiveram lugar nas antigas colónias portuguesas como «luta armada de libertação nacional2, ou empregar fórmulas próximas tais como «movimentos de libertação nacional», ou ainda, «frentes de libertação nacional». Encontram-se igualmente outras formulações, tais como a inglesa Freedom Fighters, mas que designa apenas os combatentes, sem carga conceptual. Os países independentes que estes movimentos consegui­ram criar, depois de grandes lutas, são designados de «novas nações^ ou, quando queremos precisar antes a sua política de construção, de «Estados-nação». Fala-se também “da crise dos Estados-nação» africanos, em que se incluem os PALOP (Países de Língua Oficial Portu­guesa3). A ideia que reaparece sempre é a de nação. E a ideia menos questionada e é, contudo, a mais problemática, tanto pela análise da natureza destas lutas como pela compreensão das contradições actuais destes países.

E por isso que abordaremos o problema numa ordem cronológica inversa, começando pela situação presente e retornando em seguida ao período colonial.

Será que aquilo que é dito é um dado adquirido? Que crise dos Estados-nação?

Leia aqui

Download Cahen_sobreMocambique 2005

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Por Por Lawe Laweki

[Evocando os Heróis de 25 de Setembro no 58º Aniversário da Luta de Libertação Nacional]

Com o agravamento da Guerra Fria na década de 1960, o então presidente dos Estados Unidos da América, John F. Kennedy, não estava em condições de comprometer o acordo da Base das Lajes nos Açores assinado com Portugal. Todavia, este presidente americano estava empenhado numa iniciativa diplomática tendente a levar Portugal a resolver o problema de Moçambique, o que fazia o Presidente Eduardo Mondlane acreditar que seria possível adquirir a independência por meios pacíficos.

Note-se, no entanto, que as administrações americanas que se seguiram, após o assassinato do Presidente Kennedy, não prestavam atenção à causa nacionalista moçambicana. Frustrado com essa atitude, bem como com a atitude dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO) que apoiavam diretamente Portugal, o Presidente Mondlane começou a valorizar o apoio que o seu movimento recebia dos países socialistas.

Leia aqui Download A “GUERRA PROLONGADA” PARTE 1

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

A Companhia do Niassa foi fundada em 1891 e durou até 1929, abrangendo as actuais províncias do Niassa e Cabo Delgado. 

Este relatório é um “filme” a não perder do que era aquela parte de Moçambique, visto no contexto africano e mundial daquela época.

A não perder os capítulos sobre a “população” e a “fauna”. É certamente uma lição, embora no contexto daquela época, que nos ajudará a compreender o Moçambique de hoje em vários aspectos.

Era básica a ideia da construção de um caminho de ferro da Região dos Lagos à então Baía de Pemba onde deveria ser construído um porto. Tal não aconteceu. A linha foi construída mais a sul, entre o Lumbo  (Ilha de Moçambique) e Cuamba, sendo posteriormente construído o ramal do Monapo ao Porto de Nacala, entretanto erguido.

Está hoje o Governo de Moçambique a concluir a estrada asfaltada ente Lichinga(a então Vila Cabral) e Pemba.

Leia aqui Download Do Nyassa a Pemba - João Coutinho

PS: Encontrarão erros de digitalização. Mas foi o melhor que consegui fazer.

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Devolver a cidadania portuguesa aos antigos combatentes guineenses ainda vivos

A todos informo que se iniciou o abaixo-assinado nacional para a restituição da nacionalidade portuguesa aos antigos combatentes guineenses ainda vivos que dela foram privados após o Acordo de Argel entre Portugal e o PAIGC.

A Nova Portugalidade, a Associação de Antigos Combatentes das Forças Armadas Portuguesas da Guiné-Bissau e um conjunto de personalidades portuguesas iniciam hoje uma iniciativa de grande significado e reparação moral que há muito se impunha.

Peço a máxima divulgação entre amigos e familiares para que a petição tenha entrada nas sedes do poder político e seja objecto de discussão e consequente acto legislativo.

«NÓS, ANTIGOS COMBATENTES DA GUINÉ, QUEREMOS VOLTAR A SER PORTUGUESES

Para: Assembleia da República,

Presidente da República

Nós, veteranos guineenses das Forças Armadas Portuguesas, seus filhos e netos, viúvas e esposas, vimos cair por Portugal camaradas e amigos, pais, irmãos e maridos. Nascemos e crescemos portugueses; éramos, desde 1961, cidadãos de pleno direito. Na hora de todas as decisões, quando Portugal precisou de nós, estivemos ao seu dispor. Somos o que resta desses quase 20 000 filhos da Guiné que não recusaram o que foi para nós um indeclinável dever de cidadania. Porque nascemos portugueses, servimos Portugal como Portugal nos pediu que o servíssemos. Fazê-lo foi a mais alta das honras.

Portugal não se mostrou grato – nem pelo nosso serviço, nem pelo nosso sangue. Contrariou desde o início o disposto no acordo de Argel, de 1974, pelo qual assumia responsabilidade pela nossa sorte e pelos nossos direitos. Depois, pelo Decreto-Lei nº 308-A/75, de 24 de Junho de 1975, lavrado por António Almeida Santos, retirou a nacionalidade portuguesa a todos os nascidos no Ultramar que não fossem de ascendência europeia ou goesa. Nunca antes Estado algum despojara tão grande proporção dos seus cidadãos do direito à cidadania, para tal invocando um critério estritamente racial – isto é, critério estritamente racista. Dos cerca de vinte e cinco milhões de portugueses que éramos em 1974, 60% foram súbitas, involuntária e ilegalmente – ilegalmente porque em contravenção clara do direito internacional, da Carta das Nações Unidas e do ordenamento constitucional anterior ou posterior a 1976 – declarados não-portugueses. Foram incluídos nessa medida prepotente e unilateral aqueles portugueses de África que serviam ou haviam servido nas Forças Armadas: para nós, que jurámos e cumprimos fidelidade à bandeira de Portugal, a recompensa pelo sangue vertido foi a indignidade do roubo da cidadania. Após a independência, vistos como traidores pelas novas autoridades, sofremos o ostracismo, a perseguição e a morte. Entre 700 e 5000 veteranos guineenses do exército português foram fuzilados, muitos com as suas famílias. Lisboa guardou silêncio quando em Cumeré, em Farim, em Mansoa, em Bafatá ou em Bissau foram metralhados e sepultados em vala comum os nossos camaradas, os nossos maridos, os nossos pais. Muitos de nós fugimos para o Senegal. Lá vegetámos durante anos. Vimos os nossos amigos ser repatriados para a Guiné, onde acabaram por sofrer o destino de que haviam tentado fugir. Nós defendemos Portugal, mas Portugal não nos defendeu a nós.

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Os portugueses descendem da mesma origem que os espanhóis e a sua língua é parecida com o castelhano.
A sua História primitiva confunde-se com a do resto da Península e, não fossem dois grandes homens, D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, e D. João I, o fundador da Dinastia de Avis, Portugal não ocuparia hoje um lugar entre as nações independentes da Europa.
O primeiro monarca fez dos seus domínios um reino semelhante aos de Leão, Castela e Aragão; o segundo deu o impulso às explorações marítimas, que conferiram ao reino uma individualidade e uma existência nacional de que justamente se orgulha.
Leia aqui Download Henry Morse Stephens-Portuga l-A Historia de Uma Nacao

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O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

Para resolver a crise de liderança suscitada pela fusão dos três movimentos de libertação nacional – nomeadamente UDENAMO, MANU e UNAMI – o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, um antropólogo moçambicano que viveu e trabalhou nos Estados Unidos da América durante muitos anos, foi visto como o candidato certo, pois não estava associado a nenhum desses três movimentos.

No livro “O Meu Coração Está nas Mãos de um Negro”, a Senhora Dona Janet Mondlane deu a entender que o Presidente Julius Nyerere da República de Tanganica (estado que existiu antes de se unir com Zanzibar em Abril de 1964 e tornar-se Tanzânia) queria que o seu marido, Dr. Eduardo Mondlane, se encarregasse de liderar a frente unida dos três movimentos.

“Julius Nyerere estava interessado em ver paz nas fileiras dos moçambicanos a quem deu hospitalidade no seu país e queria que Eduardo Mondlane se encarregasse dessa tarefa”.

DIVERGÊNCIAS NO SEIO DIRIGENTE DA FRELIMO

Note-se, no entanto, que o Dr. Mondlane não era bem visto pelos líderes dos três movimentos. Em várias ocasiões, durante a sua liderança, esses líderes, bem como outros líderes nacionalistas, orquestravam planos para derrubá-lo do poder. Eles não apenas o viam como um outsider, mas estavam contra as suas constantes deslocações ao exterior, pois as pessoas em quem ele confiava para dirigir o movimento no dia-a-dia na sua ausência nem sempre agiam no melhor interesse da Revolução Moçambicana. Importa referir que, como professor da Universidade de Syracuse, o Dr. Mondlane mantinha-se afastado da sede do movimento durante muitos dias, por vezes durante três ou mais meses consecutivos.

Leia aqui Download A HISTÓRIA DA FRELIMO REESCRITA - A LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

PREFÁCIO

Edson Cortez

“Até que os leões tenham seus próprios historiadores, a história da caça sempre glorificará o caçador.” Proverbio africano

A história de Moçambique pós-independência sempre apresentou os vencedores como heróis puros e imaculados. Porque essa história sempre foi contada por eles, os vencedores.

O livro que o leitor tem em mãos, constitui uma oportunidade para que possa compreender que todas as histórias podem ter diferentes versões, dependendo da perspectiva dos actores, o conhecimento mais ou menos profundo sobre determinados factos narrados ou escritos, a familiaridade com os assuntos narrados, tudo isso pode influenciar a compreensão e o rumo da história que se pretende contar.

Os vencedores, tendencialmente tem uma versão da história que procura sempre vanglorizar os seus feitos, mostrar a sua heroicidade perante os factos narrados e omitir deliberadamente ou por conveniência factos menos abonatórios.

Ao ler este livro, parafraseando o provérbio acima mencionado, o leitor terá a oportunidade de conhecer a outra versão, a dos “leões”, que nunca puderam contar o que viram, sabem ou viveram, durante o período coberto pela análise deste livro.

O “ADN da Frelimo: Dinheiro e Poder”, procura apresentar uma outra face da história desde os tempos da Frente de Libertação Nacional até os dias da actualidade em que se tornou partido dominante, num sistema multipartidário frágil e cheio de resquícios do período de monopartidarismo.

O leitor esta convidado a mergulhar numa viagem que irá apresentá-lo uma versão que convenientemente não interessa que seja do domínio público, tanto para os actuais, como também para os antigos detentores do poder. Não interessa, porque este livro documenta a face menos atraente da Frelimo, sistematizando acontecimentos, factos e evidências que são do conhecimento dos moçambicanos e que fazem parte da nossa história.

Leia aqui Download ADN-DA-FRELIMO-POWER-AND-MONEY_JoaoMosca

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

Dentro de alguns dias, Moçambique marcará o 58º aniversário do lançamento da luta armada de libertação nacional. Este autor curva-se, com o maior respeito, perante os jovens do 25-de-Setembro que se ergueram e ousaram pegar em armas para lutar contra o regime colonial português.

Ao fazê-lo, o autor aproveita a oportunidade para esclarecer parte da história da FRELIMO que continua sendo deturpada.

Leia aqui Download A HISTÓRIA DA FRELIMO REESCRITA O I CONGRESSO

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Ser historiador não é ser apenas repórter, embora de factos e situações passadas. Talvez que encadear factos e ligar as situações que os provocaram e as suas consequências, seja mais de analista.

Vou, pois, tentar “historiar”. Não para concluir, apenas deixando “pistas”. Não duvidando dos acontecimentos.

Dois factos aconteceram em Moçambique durante a Guerra do Ultramar/Colonial/Libertação para os quais tenho procurado explicação e justificação: o Massacre de Wiriamu e o aprisionamento de uma Companhia de militares portugueses em OMAR (Namatil).

Sobre Omar poderão encontrar tudo em

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/omar_01081974/

Por aí se pode deduzir que houve que criar um facto consumado a apresentar ao General Spínola, de conluio entre a FRELIMO e Melo Antunes/Almeida Santos. Afirma o então Comandante de Companhia nunca ter proferido as palavras que lhe são atribuídas na cassete entregue por estes ao General Spínola e que nunca foi ouvido, não sendo pois o relatório militar deste acontecimento da sua responsabilidade e lavra. Porquê?

Porque era preciso “dobrar” o General Spínola e “obrigá-lo” a aceitar a solução Melo Antunes/Mário Soares/Almeida Santos da entrega do poder à FRELIMO, sem consulta popular.

Continue reading "Wiriamu – Porquê?(Repetição)" »

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Ser historiador não é ser apenas repórter, embora de factos e situações passadas. Talvez que encadear factos e ligar as situações que os provocaram e as suas consequências, seja mais de analista.

Vou, pois, tentar “historiar”. Não para concluir, apenas deixando “pistas”. Não duvidando dos acontecimentos.

Dois factos aconteceram em Moçambique durante a Guerra do Ultramar/Colonial/Libertação para os quais tenho procurado explicação e justificação: o Massacre de Wiriamu e o aprisionamento de uma Companhia de militares portugueses em OMAR (Namatil).

Sobre Omar poderão encontrar tudo em

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/omar_01081974/

Por aí se pode deduzir que houve que criar um facto consumado a apresentar ao General Spínola, de conluio entre a FRELIMO e Melo Antunes/Almeida Santos. Afirma o então Comandante de Companhia nunca ter proferido as palavras que lhe são atribuídas na cassete entregue por estes ao General Spínola e que nunca foi ouvido, não sendo pois o relatório militar deste acontecimento da sua responsabilidade e lavra. Porquê?

Porque era preciso “dobrar” o General Spínola e “obrigá-lo” a aceitar a solução Melo Antunes/Mário Soares/Almeida Santos da entrega do poder à FRELIMO, sem consulta popular.

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O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

PREFÁCIO

Trata-se de uma obra de suma importância para a História de Moçambique. O estado Moçambicano é de origem colonial, por isso, todos os registos que permitam determinar o seu percurso histórico, quer do ponto de vista de definição territorial, quer do ponto de vista das incidências humanas de povos que, ao longo dos tempos, habitaram esses mesmos territórios, são de ter em conta.

A forma como Moçambique acedeu à independência de Portugal, em 1975, trouxemos algumas fracturas no tratamento dos documentos que atestam a construção da nossa identidade histórica e geográfica.

Quando o governo da Frelimo proclamou o escangalhamento do estado colonial, o entendimento generalizado foi o de que se devia apagar a memória do tempo colonial. Na prática, esse entendimento levou a destruição generalizada de documentos da administração colonial. Não cabe, neste prefácio, analisar nem interpretar as causas que fundamentaram tal proclamação. Mas podemos afirmar que as suas consequências foram nefastas.

A historiografia moçambicana ficou circunscrita ao período pós-independência, apagando-se o registo documental de quase toda a memória histórica do Estado Colonial. Felizmente, uma parte considerável desse mesmo acervo, foi recolhido e conservado pelas autoridades coloniais, quer no arquivo Histórico Ultramarino, mas também em vários outros organismos, como a Sociedade de Geografia de Lisboa, a Biblioteca Nacional, a Torre do Tombo e muitas outras instituições académicas e de investigação que de alguma forma ou doutra lidaram com assuntos das Colónias.

A prática de relatórios dos governantes nos diversos escalões remonta do sec. XIV e sobre Moçambique, encontramos inúmeros escritos do género que, sistematizados, permitiram aos pesquisadores de várias disciplinas dissertarem sobre a situação do território e suas gentes, sua evolução e construir um olhar mais científico.

Carlos Lopes Bento tem vindo a demonstrar a sua paixão pelas fontes primárias de vida administrativa do estado colonial através da recolha e sistematização do espólio constituído pelo conjunto de relatos e relatórios dos dirigentes cimeiros, no escalão da governação do Estado Colonial, sobretudo respeitantes aos sec. XVIII e XIX.

Assim, dos "Relatórios Anuais dos Governadores de Distrito - A situação socio-económica e política de Cabo Delgado 1850-1894," é uma recolha e sistematização dos aludidos relatórios, todos eles tendo como destinatário o Governador Geral da província. Encontramos também alguns relatórios do Governador Geral dirigidos ao conselho Ultramarino e ao próprio Rei de Portugal. Trata-se de fontes primárias que permitem aos historiadores, sociólogos, antropólogos, cientistas políticos, juristas e até médicos e economistas estudarem e produzirem um conhecimento científico sobre a terra e as gentes, bem como, de que maneiras eram exercidas as relações de poder nas diversas esferas da vida, no chamado Distrito de Cabo Delgado, bem como a delimitação do território sob jurisdição portuguesa e as relações com as chefias das terras fora do controlo da coroa portuguesa.

Trata-se de um valioso contributo e seguramente uma ferramenta que vai servir para resgatar a nossa memória histórica da componente colonial na formação de Moçambique, História e Geografia, duas componentes fundacionais para a identidade de uma sociedade.

Aos estudiosos só posso esperar que tirem o máximo proveito do contributo que Carlos Lopes Bento lhes coloca à disposição para elaborarem os seus trabalhos sobre esta parcela de Moçambique, que é Cabo Delgado.

Lourenço do Rosário

Encomendar à Sociedade de Geografa de Lisboa em [email protected]

NOTA: Pela situação prevalecente em Cabo Delgado escolhi o Capítulo "Do Regimento de Milícias de Cabo Delgado" que apresento mais abaixo.

Muitos se interrogam "porquê Cabo Delgado e não em outra província"? Como venho escrevendo há muito, Cabo Delgado não tem comparação com qualquer outro lugar em Moçambique. É preciso conhecer a sua história e o seu povo e, como verão, embora em épocas diferentes, basicamente é sempre o mesmo que está em questionamento.  Portugal teve o Império Ultramarino mais antigo do mundo e o último a terminar. É que sempre foi apoiado por populações locais. Em 1974 os seus efectivos eram maioritariamente de naturais de Moçambique.

Leiam aqui  Download Miliciasem Cabo Delgado_CarlosBento

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Resumo

A 19 de Outubro de 1986 o jornalista, académico e analista político Aquino de Bragança morreu com o presidente Samora Machel e outras 33 pessoas no desastre do avião presidencial em Mbuzini na África do Sul. A memória da sua argumentação estimulante e do seu interesse na investigação levou um grupo de antigos alunos e colaboradores a convidar em 2009 para um simposium que estava centrado na sua pessoa e condições de investigação científica. Tendo sido convidado, o autor tenta reconstituir, baseado em escassas memórias pessoais do período 1978 -1985 e outras fontes, a base fenomenológica da epistemologia de Aquino guiado pela dúvida metodológica, o seu enquadramento em investigações históricas e sociais na década dos anos 80. Nas reminiscências pessoais identifica alguns temas que o interessaram e bases do seu interesse científico. Como comunicador oral Aquino era muito mais aberto do que as suas publicações, sinal que ele também, sentia o peso de estratégias políticas partidárias e paradigmas, conceito tratado com algum detalhe. Falta de tempo para analisar e escrever deixaram incompletas as investigações de Aquino sobre as lutas de libertação em África e a história social de Moçambique.

Leia aqui Download Aquino_de_Braganca_em_Mocambique1974_198

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Construído sobre terrenos onde antes havia uma praia.

Carlos Mendes, que concebeu o actual Bazar de Maputo, inaugurado em 1903.

De seu nome completo Carlos Augusto José Mendes, nasceu perto da cidade de Aveiro a 13 de Agosto de 1869, no Cojo, filho de um empregado da Alfândega e de uma padeira. Era gente muito pobre.

Apesar de inúmeras dificuldades materiais, o seu enorme talento artístico impeliu-o a matricular-se na Academia Portuense de Belas Artes, em Arquitectura Civil, em 21 de Outubro de 1889.

Aí frequentou também Escultura, Desenho Histórico e Pintura, tendo sido companheiro de estudos dos que viriam a ser os tão conhecidos aveirenses, arquitecto Jaime Inácio dos Santos e escultor José Maia Romão Júnior.

A grande pintora portuguesa Aurélia de Sousa foi sua contemporânea na Academia.

Carlos Mendes foi primeiro 2° prémio do concurso “Soares dos Reis”, com um projecto de “invenção de arquitectura civil”.

Nos arquivos da Academia Portuense de Belas Artes há notícia de Carlos Mendes, como aluno, ate 31 de Agosto de 1894 [tinha 25 anos].

Em 1908 [38 anos] , publicou um anúncio no jornal aveirense “Democrata”, oferecendo-se como professor de desenho e pintura e projectista de arquitectura.

Outro aspecto do Bazar. Construído sobre terrenos onde antes havia uma praia, o trabalho de aterro aqui nunca foi adequadamente feito, por não ter sido nivelado com a "ilha" em frente. O resultado é que sempre que chove copiosamente, a zona inunda.

Foi o primeiro Comandante dos Bombeiros Novos de Aveiro, de 1 de Dezembro de 1909 até Outubro de 1913.

O primeiro quartel [dos Bombeiros de Aveiro], feito de raiz, de sua autoria, começou a ser construído em 1920.

O desenho do auto de posse da Primeira Comissão Municipal Administrativa Republicana é de sua autoria.

Carlos Mendes foi chefe da repartição das Obras Municipais da Câmara de Aveiro, merecendo, conforme registos em actas camarárias, desde a mais violenta censura até ao mais rasgado elogio, como funcionário, como arquitecto e como cidadão.

Tentou a sua sorte nas Colónias e deixou em Lourenço Marques, hoje Maputo, talvez a sua obra arquitectónica mais impressiva: o Mercado Municipal desta cidade moçambicana é de sua autoria, constituindo visita obrigatória para os estudantes de arquitectura da África do Sul.

Veio a morrer em Aveiro, aos 25 de Maio de 1922 [com 52 anos de idade].

(Recebido por email)

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

A terminar vejamos um pouco do que foi o envolvimento de Moçambique e Lourenço Marques na última guerra do século XIX e a primeira do século XX. A guerra que veio consolidar o Império Britânico e a estabelecer a Inglaterra como a super potencia indisputada da época, a Segunda Guerra Bóer ( 1899-1902).

A primeira (1880-1881) durou apenas três meses e terminou num compromisso, mais uma trégua que um acordo de paz em que ninguém perdeu face e por isso aceitável para ambas as partes.

Como sempre, existem varias versões que tentam justificar o desencadear da segunda. Não nos vamos debruçar sobre elas. Limitar-me-ei a enumerar as que me parecem mais obvias.

Em primeiro lugar as desmesuradas ambições de Alfred Milner, Alto Comissário britânico em Cape Town, e Cecil Rhodes aventureiro e empresário. A República do Transval era um obstáculo ao sonho de um território ininterruptamente britânico do Cabo ao Cairo.  Em segundo lugar a descoberta de ouro, depois dos diamantes, na área de Joanesburgo, e que atraiu legiões de prospectores vindos de fora, os “uitlanders”, que vieram por completo alterar e destruir a tradicional e pacífica economia rural praticada pelos “boers”, como aliás o previu o Presidente Kruger.

Não interessa saber quem disparou o primeiro tiro, estavam criadas as condições para o início do conflito em 9 de Outubro de 1899.Contrariamente às suas expectativas os primeiros meses foram desastrosos para os ingleses. Estes sobretudo depois da Guerra da Crimeia (1853-1854) descobriram que o seu vasto império não só servia para alimentar as industrias nascidas da Revolução Industrial como também podia fornecer homens para as suas forças armadas. È assim que o general Kitchner chega a ter sob as suas ordens meio milhão de soldados originários da Austrália. Nova Zelândia, Canadá, Índia e até do Ceilão.

A desproporção de forças ( os “boers” nunca puderam disponibilizar mais de 40000 homens no terreno) iria ditar o inevitável desfecho. Pretoria cai a 5 de Julho de 1900 e o Presidente Kruger parte para o exílio na Europa a 19 de Outubro. Inicia-se então a segunda fase da guerra, que irá durar mais dois anos, a guerra de guerrilhas, à qual o general Kitchner se opõe com a política da terra queimada, durante a qual dezenas de quintas são destruídas e as mulheres e crianças enviadas para campos de concentração sem as mínimas condições de higiene ou habitabilidade e com falta de comida.

O fim chega finalmente a 31 de Maio de 1902. Este trágico conflito saldou-se com a morte de cerca de 22000 homens da parte das forças imperiais (das quais só um terço em combate e os outros por doença) e de 34000 “boers” (6000 em combate e o resto nos campos de concentração).Muito se falou de uma “guerra entre brancos”, mas a realidade é que morreram também perto de 15000 negros, alguns deles em combate de ambos os lados, mas a grande maioria vítimas indirectas da “politica da terra queimada”.

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O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Moçambique 1974:

População: 8.000.000(aproximadamente)

No seu conjunto, como já assinalámos, em Moçambique os efetivos locais ultrapassavam em número as tropas metropolitanas, já que do efetivo total do Exército presente no território constituído por 55 000 homens, quase 31 000 eram do recrutamento local, cerca de 56%. Em Moçambique, no quadro do recrutamento local e nas tropas regulares, havia 13 Batalhões de Caçadores, 1 Batalhão de Comandos, 43 Companhias de Caçadores, 3 Companhias de Comandos, 2 Grupos de Artilharia Campanha, 3 Esquadrões de Reconhecimento e 1 Esquadrão a Cavalo, num total de cerca de 24 000 efetivos. Nas tropas especiais tinham-se constituído 84 Grupos Especiais, com cerca de 3000 efetivos e 12 Grupos especiais Paraquedistas, com mais de 400 efetivos. Havia, para além destes, os grupos de milícias dependentes dos governos de distritos.

In O MFA EM MOÇAMBIQUE por Aniceto Afonso(2019)(pág. 295)

PS: Além destes militares havia alguns milhares de milícias da auto-defesa dos aldeamentos e de instalações civis como fábricas e empresas agrícolas.

(NOTA: Mais 2 anos e estar-se-ia numa verdadeira “guerra civil”)

Moçambique 1983:

População: 10,610,000.

Serviço Militar: 2 anos (inclui mulheres)

Total Forças Armadas: 26.700

Produto Nacional Bruto (estimado) 1978: $1.7 (bilião).

Gastos com Defesa 1981: 5.6 biliões de meticais ($198 milhões)

$1 = 28,30 meticais (1981), 33,51 escudos (1978)

Exército: 25.000. 7 brigadas (cada com 3 corpos de infantaria, 1 brigada motorizada, 1 batalhão de artilharia, e unidades de apoio), Forças Paramilitares. 2000, 2 Brigadas de Guarda – Fronteiras.

Armamento:

300 tanques médios T-34, 50 tanques ligeiros PT – 76, 50 carros armados BRDM – 1/ - 2, 200 BTR–40, 152 camiões de transporte de pessoal, 300 canhões (76mm, 85mm, 100mm, 122mm, 130mm) 30 M-101, 105mm, 152mm, BM – 21 122mm, MRL –Multi Rocket Launcher (lança foguetes múltiplo, também conhecido por Katyuskas, ou Órgãos de Estaline); 325 60mm, 82mm, 120mm, RCL (lançador irrecuperável) 75mm, 82mm; Sagger ATGW - antitank guided weapon (anti - tanque teleguiado) 350 de 20mm, ZU – 33 23mm, 37mm, 57mm AA canhões, 30 SA –3/7 SAM (mísseis terra – ar).

Marinha:

8 unidades de patrulha costeira: 3 ex - soviéticas Zhuk, 5 ex - portuguesas (1 Antares, 2 Júpiter, 2 Belatrix), 3 unidades de desembarque

Bases: Maputo, Beira Nampula

Força Aérea:

1000 homens, 35 aviões de combate 198 Richard E. Bisse et alt (eds.) África Num Mundo Multipolar. 1983. IEEI – Estudos Africanos. IEEI. Lisboa.91

2 esquadrões com 35 Mig 17 e 21.

1 esquadrão de transporte com 2 An – 26, 6 Nordatlas, 4 Cessnas 182.

1 esquadrão de helicópteros com 4 Alouette II e III, 10 Mi – 8.

Aviões de treino: 5 Cessnas 152, 7 Zlin.

Bases: Maputo, Beira e Nacala.

In Partido, Poder, Estado - Uma Interpretação das Origens da Guerra Civil de Rafael Shikhani (pág. 90)

(NOTA: Que foi feito de todo este material?)

Moçambique 2022:

População: 30.000.000

Serviço Militar: 2 anos (inclui mulheres)

Num tempo em que se fala de transparência pública não há elementos para o conhecimento dos efectivos militares de Moçambique. No entanto fontes avançam situarem-se os efectivos actuais entre 40/50.000 militares.

(Não incluindo militares estrangeiros)

NOTA: Se alguém tiver dados mais actualizados, grato pela informação)

Fernando Gil

MACUA DE MOÇAMBIQUE

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Introdução
Moçambique possui uma história permanentemente cruzada com outros povos provenientes do Sul e do Norte de Africa, da Ásia e finalmente da Europa. Portugal foi a última potência a ocupar militarmente o território e a primeira e única que implantou uma administração «moderna», sensivelmente nas actuais fronteiras que foram definidas, em última instância, pelas grandes potências europeias na Conferência de Berlim, em 1884/85. E a partir dos fins do século XIX que se concretiza a ocupação efectiva do território. Pode-se considerar que foi nos principio deste século que a administração portuguesa ocupou todo o território e que se concretizou, na sua plenitude, a penetração do capitalismo.

O processo histórico dos povos de Moçambique foi assim influenciado pela presença, quase sempre com o apoio da violência, por sistemas políticos, económicos e culturais diferentes que alteraram, as evoluções «naturais» dessas sociedades. A chegada de outras culturas e sistemas de produção, sobretudo quando foram impostos militarmente e implantados como dominantes por uma administração estrangeira, provocaram processos de resistência/ integração dos quais nem sempre resultaram sociedades e economias-sínteses. As sociedades e economias são caracteriza10 das por múltiplos tipos de dualismos, simultaneamente delimitados e com fronteiras difusas e onde prevalecem mecanismos de interdependência e/ou de subordinação em favor de uma das partes. Estes processos foram semelhantes quando se tentou aplicar modelos económicos e de sociedade depois da independência, como aconteceu com a experiência «socialista», e com o Programa de Ajustamento Estrutural que em Moçambique se designou por Programa de Reabilitação Económica.
 Leia mais em Download ExperienciaSocialista_JoaoMosca_1999

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Foi a 3 de Agosto de 1977. Leia a grande reportagem da revista ÚNICA(Expresso), de 30 de Julho último, em

Download Massacremoatize_unica

NOTA:

Interessante e oportuna reportagem histórica para os actuais exploradores de carvão em Moatize tomarem as suas precauções. Bem como o governo moçambicano.

Fernando Gil

MACUA DE MOÇAMBIQUE

Em tempo: Claro que agora já lá vão 45 anos. Um comentário colocado na primeira postagem: "

Foi em defesa dos mortos que o meu pai, então ENCARREGADO DO DISTRITO DE MOATIZE, entre 1976-1977, (ainda não havia nessa altura sido indigitado um administrador para o DISTRITO DE MOATIZE... cargo que foi ocupado, mais tarde, por uma SNASP de nome T... não cito aqui), que o quiseram fuzilar por duas vezes. Venceu a razão. É verdade que o Hama Thai teve um papel decisivo para evitar a morte de meu pai (agradeço-o) como evitou que o número de vítimas aumentasse. Só não digo mais nada, publicamente, por ser uma matéria de um livro que futuramente hei-de mandar publicar. Portanto, a reportagem do Expresso é boa mas incompleta.

Zicomo"

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Resumo
O presente estudo intitulado «A Missionação Jesuíta em Moçambique: As Relações Com a Sociedade e com o Poder Político em Tete, 1941-2011» analisa o papel da missionação na construção da nação moçambicana. Foi motivado pelo facto de persistirem algumas interrogações acerca da relação entre o Estado e a Igreja em geral e entre o poder político e os missionários em particular. Constitui problema analisar o impacto das relações dos Jesuítas com o poder político e com a sociedade na construção da moçambicanidade. A moçambicanidade neste trabalho é entendida como sendo o conjunto de valores intrínsecos dos moçambicanos resultantes da união entre referências do passado colonial com o pós-colonial. Centramos o estudo na evolução histórica da presença jesuítica em Moçambique. A pesquisa documental e de campo mostra que ambas as entidades, isto é, Igreja e Estado, complementam-se no desempenho de seus papéis para a promoção do bem-estar social. A questão que o estudo considera crítica diz respeito à compreensão do sentido da cooperação entre um Estado Laico e as Congregações Religiosas. Para tornar o estudo mais restritivo e de fácil compreensão, escolhemos um caso particular: os missionários da Companhia de Jesus. Do ponto de vista social, este estudo procura contribuir para a solução do problema de conflito entre a laicidade do Estado e os problemas inerentes ao desenvolvimento social cuja resposta requer a intervenção tanto do poder político como do poder religioso. Revela-se que, em certas circunstâncias, o missionário reveste-se de capital importância do que a que lhe é conferida pelo seu papel objectivo no conhecimento dos problemas reais da população e das soluções que preconiza.

Leia aqui  Download A_Missionacao_Jesuita_em_Mocambique_As_(2013)

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Pela Revista da LAM ÍNDICO

Veja aqui 

Download LAM-INDICO_100anosbeira_2007

PS: MPT deseja a todos os beirenses votos de prosperidade pessoal e colectiva. Um abraço

Fernando Gil

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Mondlane1961

No périplo deparei-me com este áudio de 1961, em mp3 muito interessante, escute com muita atenção. Duas intervenções, o evento deu-se em Hlamankulo, Paróquia do Rev. Zedequias Manganhela:

A primeira é do Rev. Gabriel Macave que, no seu xithokozelo - poesia, recebe e agradece o Dr Eduardo Mondlane, dá-lhe a força e sabedoria, faz entender das espectativas que dele esperam.

A segunda, temos o próprio Eduardo Mondlane, temos ouvido a parábola da águia mas, o que me mais interessou, é a humildade do seu discurso, começa dizendo Mbilu yanga yi tala hiku tsaka ngopfu - o meu coração alegra-se o bastante - .

Sabendo da presença da PIDE no local, exorta para que não se preocupassem porque o discurso estava sendo gravado para permitir a fiabilidade.

Sente-se constrangido pelos elogios e agradecimentos porque eles mesmos são os que merecem, agradece a partir do Azarias Muhlanga que lhe tirou da pastagem para a escola dominical, aprendeu a escrever em tsonga e, dali avançou para os demais circuitos. Fala das suas experiências da vida estudantil e percebeu que, de facto, somos todos inteligentes e capazes, a diferença é apenas da côr da pele mas o sangue que corre nas veias é o mesmo. Fala de como foi expulso da universidade da África do Sul devido à sua inteligência, pode-se entender neste discurso que, os estatutos do movimento de libertação (FRELIMO) que veio a fundar é fruto das experiências por si vividas. Oportunidade para todos, sem diferença de raça ou origem étnica.

(Retirado do WhatsApp)

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

O Bispo da Beira, Dom Sebastião Soares de Resende, comprou uma quinta em Zóbuè, no distrito de Moatize, província de Tete, muito próximo da fronteira com o Malawi. Ele mandou construir nesta quinta um seminário menor que ficou conhecido como Seminário de São João de Brito do Zóbuè.

Poucos seminaristas que passaram pelo Seminário do Zóbuè foram ordenados sacerdotes durante o período colonial português. Incluídos na lista estão os padres Mateus Pinho Gwenjere, Manuel Sabudo Mucaúro e Jaime Pedro Gonçalves, da Diocese da Beira; Padre Domingos Gonçalo Ferrão, da Diocese de Tete; e o Padre Paulo Mandhlate da Congregação do Ssmo. Sacramento. O Padre Paulo Mandhlate foi o primeiro bispo africano de Tete entre 1976 e 2009.

Após a sua ordenação como Padre Secular (Diocesano) em 1964, Manuel Sabudo Mucaúro foi estudar medicina, tendo em seguida trabalhado na cidade da Beira como missionário e médico no Hospital de Macúti. Os Padres Manuel Mucaúro e Domingos Ferrão morreram há vários anos, enquanto que o Bispo Dom Paulo Mandlate morreu em 2019.

Leia aqui Download ANTIGOS SEMINARISTAS DO ZÓBUÈ

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

RESUMO
O presente trabalho busca olhar o colonialismo português pelas lentes da saúde no território de Moçambique e reconhecer a diversidade de conhecimentos acerca da saúde em Moçambique no período colonial. Busco perceber a existência de diferentes relações entre os atores representantes do colonialismo e os praticantes da medicina tradicional, entretanto considero que estas relações passaram por proibições e distanciamento e neste sentido busco perceber a prática da medicina tradicional no contexto colonial também forma resistência das populações moçambicanas frente ao colonialismo português. Através da análise destas relações entre medicina oficial e medicina tradicional procuro refletir sobre como diferentes racionalidades convivem ou excluem-se, enfatizando as dificuldades em lidar com os modos de pensamento e conhecimento do „outro‟ construído a partir de relações coloniais.
De modo geral esta dissertação pretende colaborar com uma compreensão do passado colonial em Moçambique que ajude a
identificar os problemas atuais como frutos de um processo histórico, entendendo a história como uma maneira de olhar o passado e o presente e a possibilidade de interferir em ambas as margens deste rio chamado tempo. Para isto faz necessário observar a história da ciência e da saúde não somente a partir dos benefícios proporcionados, mas também das suas demais consequências para a sociedade.

Leia aqui Download Estado_Colonial_Portugues_e_medicinas_ao_sul_do_save_Carolina_Morais_2014

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

NOTA DO AUTOR

Passam agora 45 anos dos factos que relato neste livro. Falo de uma experiência que a poucos foi dado viver.

Como membro do MFA, neste caso de Moçambique, tive o privilégio de participar num processo intenso e delicado, acompanhando a transferência da soberania de Portugal para o novo poder moçambicano, assumido pela FRELIMO. Foi uma oportunidade que não quis deixar de viver, quando talvez tivesse sido mais fácil regressar a Portugal e participar num outro processo, também intenso, no meu país.

Não me pareceu, contudo, adequado à minha condição de militar e membro do MFA furtar-me a uma situação que outros meus camaradas assumiam e mesmo iniciavam, ainda enviados de Portugal. O relato que faço tem três níveis de leitura. Julgo que o mais importante é constituído pelos documentos transcritos, cujos originais (ou cópias da época) se encontram, na grande maioria, no meu arquivo que vai ser depo-sitado no Arquivo Histórico Militar.

O segundo nível de leitura remete para a minha memória dos acontecimentos, com tudo o que caracteriza um relato pessoal de factos do passado, pois hão-de encontrar-se lembranças, mas também esquecimentos, com as lacunas que lhe são naturalmente inerentes. O terceiro nível remete para as dúvidas, as interrogações, as incertezas, que eu e o meu amigo João, oficial miliciano, vamos abordando, em conversas informais.

Foi assim que eu vivi o fim do império português da Africa Oriental. Esse regresso da aventura marítima já eu o tinha discutido com o meu avô Artur, no livro "O Meu Avô Africano". Completo-o agora e ponho-lhe um ponto final, enquanto envolvimento pessoal.

Leia aqui um dos capítulos do livro:

Download MFAEMMOÇAMBIQUE_CAP.96

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

Para assinalar o 60º aniversário da fundação da FRELIMO, o General da Reserva Mariano de Araujo Matsinhe concedeu uma entrevista à DW África. A entrevista destaca duas questões históricas: a Operação Produção e o assassinato de prisioneiros políticos.

Relativamente à Operação Produção, Matsinhe foi perguntado se concorda que este projeto foi um erro e que a FRELIMO deve pedir desculpas ao povo moçambicano por isso. Ele também foi perguntado se concorda que os chamados centros de reeducação foram campos de tortura. Ele respondeu dizendo:

 A ideia principal era colocar todos os desempregados a fazer qualquer coisa, porque Moçambique é muito grande e temos a terra. Houve muitas falhas porque também não tínhamos experiência na área e tivemos que abandoná-lo. [...]. Perdão, não. Nós não vamos pedir perdão. A ideia era boa e é boa até hoje [...]. Não eram campos de tortura política. Não houve nenhuma tortura.”

Quanto ao assassinato de prisioneiros políticos, tudo o que Mariano Matsinhe respondeu foi o seguinte: Não fizemos nenhum erro. Quem traísse a luta de libertação nacional era fuzilado e ponto final.”

Tendo respondido extensivamente as perguntas sobre a Operação Produção e os chamados Centros de Reeducação, este autor esperava que ele também falasse longamente sobre a prisão e o assassinato de líderes nacionalistas. Tudo indica que houve de facto um juramento por parte dos dirigentes da FRELIMO de permanecerem calados e não falarem sobre este assunto. Importa recordar que numa entrevista a jornalistas moçambicanos em Janeiro de 1991, o Presidente Joaquim Chissano deixou claro que o seu Partido não estava disposto a reabrir este dossiê de prisioneiros políticos e queria que o assunto fosse esquecido.

Leia aqui Download GENERAL MARIANO MATSINHE G

Em tempo por MPT: Sobre "Os campos de reeducação" aludidos por Lawe Laweki veja aqui: https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2013/01/os-campos-da-vergonha-a-hist%C3%B3ria-in%C3%A9dita-dos-centros-de-reeduca%C3%A7%C3%A3o-em-mo%C3%A7ambiquerepeti%C3%A7%C3%A3o.html

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

RESUMO

A história de Moçambique está marcada, dentre outros factores, por reclamações de alguns moçambicanos que se dizem excluídos do poder político simplesmente por causa da sua pertença étnica. Partindo de uma perspectiva sócio-histórica, este artigo procura 1) perceber as razões que levam esses moçambicanos a sentirem-se excluídos, 2) compreender o que se encontra por detrás desse tipo de discurso. O principal argumento aqui é que a percepção deste fenómeno só é possível se analisarmos a maneira como Moçambique foi "fabricado" pelo colonialismo português.

Leia aqui Download Por_uma_leitura_socio-historica_da_etnic

O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Por Lawe Laweki

Em 1961, os três movimentos nacionalistas moçambicanos transferiram-se para Dar-es-Salaam, na Tanganica (estado que existiu antes de se unir com Zanzibar em Abril de 1964 e tornar-se Tanzânia), onde todos podiam conduzir as suas actividades políticas livremente, pois o líder daquele país, Mwalimu Julius Nyerere, era solidário aos movimentos de libertação dos nacionalistas da África Austral.

Na capital tanganicana, rivalidades na forma de conflitos étnicos e regionais, particularmente entre membros da UDENAMO e da MANU, logo se fizeram sentir. A principal razão para essas rivalidades é que os três movimentos foram constituídos numa base étnico-regional, com membros da UDENAMO vindos principalmente do sul de Moçambique; membros da MANU sendo essencialmente moçambicanos da etnia maconde de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique; enquanto membros da UNAMI eram maioritariamente da Região Centro de Moçambique.

Foi nesta onda de conflitos étnico-regionais que a frente unida denominada FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) nasceu.

SEMPRE HOUVE TRIBALISMO E REGIONALISMO NA FRELIMO

Para solucionar a crise de liderança suscitada pela fusão dos três movimentos, o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, um antropólogo moçambicano, que viveu e trabalhou nos Estados Unidos da América por muitos anos, foi persuadido pelo Presidente Tanganicano Julius Nyerere, a ir ao Tanganica para liderar a frente unida. Mondlane era visto como o candidato certo, uma vez que não estava intimamente associado aos três movimentos, mencionados anteriormente, que formaram a FRELIMO.

Apesar de ter prometido trabalhar “sob um verdadeiro espírito de neutralidade”, o Dr. Mondlane, como que a cumprir a agenda do Vice Presidente da UDENAMO, Fanuel Mahluza, favoreceu “Sulistas” ao escolher  David Mabunda  e  Paulo Gumane (ambos do Sul de Save) como seus representantes para dirigir o movimento da FRELIMO no dia-a-dia, na sua ausência, quando, depois da fusão, regressou aos Estados Unidos da América para leccionar na Universidade de Syracuse. 

Ao nomear David Mabunda e Paulo Gumane para representá-lo, preterindo o seu sucessor imediato, o Vice-Presidente Uria Simango (um “Nortenho”), o Presidente Mondlane foi acusado de praticar regionalismo e de violar os  estatutos  da FRELIMO.

Dois meses depois da recém-criada FRELIMO, os dois líderes mais importantes da MANU, o Presidente Matthew Mmole, e o seu Secretário-Geral, Lawrence Malinga Millinga, foram expulsos do movimento. Após a sua expulsão, os dois líderes “Nortenhos” denunciaram o critério usado pela recém-criada liderança do movimento da FRELIMO para atribuir cargos. Eles disseram que o mesmo se baseava no tribalismo e no nepotismo, com todos os cargos mais altos indo para ex-membros da UDENAMO que, na sua maioria, eram “Sulistas”.

Importa referir que, com a expulsão de Mmole e Millinga do movimento, apenas três dirigentes da MANU permaneceram como membros do Comité Central da FRELIMO, nomeadamente Johanes Mtschembelesi, James Msadala e Paulo Bayete, ocupando respectivamente os cargos inferiores de Tesoureiro, Vice-Tesoureiro e Vice-Secretário de informação, respectivamente; contra sete (excluindo Baltazar Chagonga e incluindo Dr. Mondlane e Leo Milas) altos cargos ocupados por membros da UDENAMO.

No final de 1963, o Presidente da UNAMI, Baltazar da Costa Chagonga, abandonou o seu cargo de Secretário do Departamento de Saúde. Tal como Matthew Mmole e Malinga Millinga, ele queixou-se de tribalismo e nepotismo na nomeação de membros na FRELIMO.

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O Primeiro período da história de Moçambique foi caracterizado pela existência de comunidades

Quais foram os primeiros povos de Moçambique?

Os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os Khoisan, que eram caçadores-recolectores.

Quais as principais características de Moçambique?

Moçambique tem um extenso litoral no Oceano Índico, com planícies que se estendem ao sul do país, na região ao norte possui áreas com planaltos e montanhas, além de ter proximidade com o a região do Rift Valley, uma área de falha na placa tectônica africana, sendo um país suscetível a atividades tectônicas.

Quais são as características gerais da economia colonial em Moçambique?

A economia de Moçambique tinha uma estrutura moldada para servir interesses coloniais; em particular, a economia nacional dependia fortemente das receitas provenientes dos serviços ferro-portuários e dos contratos de fornecimento de mão-de-obra barata para os países vizinhos.

Como eram os povos de Moçambique antes de 1540?

Os primitivos povos de Moçambique eram bosquímanos caçadores e recolectores. As grandes migrações entre 200/300 DC dos povos Bantu de hábitos guerreiros e oriundos dos Grandes Lagos, forçaram a fuga destes povos primitivos para as regiões mais pobres em recursos.