O que aconteceu com as migrações do Nordeste para as outras regiões no período entre 1960?

As migrações internas – também chamadas de migrações inter-regionais – representam as dinâmicas dos fluxos migratórios existentes no interior de um dado território. No caso do Brasil, é possível identificar alguns vetores migratórios que se manifestam desde o período colonial, mas que se intensificaram a partir do início do século XX.

O que se pode notar é que esse processo esteve sempre ligado à dinâmica econômica do país, mas que a composição estrutural também exerceu uma importante influência. Inicialmente, os sistemas de transportes não eram muito avançados, assim como a estrutura das rodovias e ferrovias no país não possibilitava o deslocamento em massa de grande parte da população. Além disso, as baixas condições de vida em boa parte do território e a predominância do trabalho escravo em alguns períodos da história do país também funcionaram como um dificultador para a ocorrência de grandes fluxos migratórios.

O principal vetor das migrações do Brasil nos últimos tempos foi do Nordeste do país e do Norte de Minas Gerais para as regiões Sudeste e Sul, notadamente as grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. Esse fluxo iniciou-se no final do século XIX, mas se consolidou de forma mais acentuada ao longo do século XX, quando o Nordeste conheceu o seu declínio econômico e o Sudeste brasileiro industrializou-se a partir das infraestruturas herdadas da economia cafeeira da região.

Esse vetor migratório ainda existe, mas podemos dizer que ele começou a diminuir a partir da década de 1980. Em 2001, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de pessoas saindo do Nordeste rumo ao Sudeste foi, pela primeira vez, menor do que o do sentido contrário. Essa tendência repetiu-se anualmente até 2008.

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Essa transformação explica-se pelo fato de o Nordeste vir apresentando novos índices de recuperação econômica e de industrialização. Além disso, a oferta de empregos no setor industrial do Sudeste vem diminuindo graças à migração de indústrias para o interior do território brasileiro (desconcentração industrial) e pelo fato de o setor secundário oferecer menos empregos em razão do crescente processo de implementação de novas tecnologias no campo produtivo.

Uma dinâmica mais recente da demografia do Brasil vem destacando o papel crescente das regiões Norte e Centro-Oeste a partir da década de 1970. Essa nova composição é, em partes, resultado da política de Marcha para o Oeste iniciada na década de 1940 e dos atrativos de empregos oferecidos por essas regiões e suas metrópoles. Hoje em dia, o maior fluxo migratório no Brasil segue em direção à zona do Brasil Central e ao Amazonas.

Contudo, é importante lembrar que as zonas menos habitadas do país não recebem novos migrantes com a mesma velocidade que o Sudeste recebeu outrora. Dados do IBGE confirmam que o número de migrações internas no Brasil caiu 37% nos últimos 15 anos. Isso significa que, à medida que a distribuição industrial e econômica do país acontece, maior a tendência de estabilidade no campo das migrações internas.

As migrações inter-regionais são aquelas que ocorrem dentro do território nacional e entre as regiões geográficas. Na história do Brasil, as migrações dessa espécie estiveram e ainda estão relacionadas a ciclos econômicos, que atraem a população que busca conquistar melhorias econômicas e benefícios sociais. Destacaremos as grandes correntes migratórias que ocorreram no território brasileiro.

Século XVIIpecuária extensiva: deslocamento da população do litoral nordestino em direção ao Sertão e proximidades do Brasil Central. Esse movimento ajudou na interiorização do povoamento, até então restrito às regiões litorâneas. A pecuária, a princípio, tinha como objetivo atender às necessidades dos engenhos de cana. A necessidade de ampliar as fronteiras motivou a coroa portuguesa a explorar a atividade pecuarista para essa finalidade.

Século XVIIImineração: deslocamento da população do Nordeste e de São Paulo em direção à Região das Minas Gerais (Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais). A mineração iniciou a modificação da estrutura de ocupação do Brasil, até então concentrada no Nordeste brasileiro. Nesse momento, começou a constituição de uma área de repulsão (atual Região Nordeste) e uma área de atração (atual Região Sudeste).

Século XIX (principalmente na 2ª metade)atividade cafeeira: interiorização do estado de São Paulo (mineiros e baianos). Apesar da predominância das imigrações externas (italianos), ocorreu um grande movimento interno em direção ao estado de São Paulo. Alguns agricultores paulistas também migraram em direção ao norte do estado do Paraná.

Final do século XIX e início do século XXciclo da borracha: nordestinos em direção à Amazônia, em sua maioria retirantes do Sertão nordestino, principalmente do estado do Ceará. Após o declínio da borracha, muitos se dirigiram para o Sudeste. 

Pós-Segunda Guerra MundialConcentração industrial: nordestinos em direção ao Sudeste e Sul, com destaque para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse movimento foi muito intenso, principalmente entre as décadas de 1960 e 1980. Os nordestinos constituíram a principal mão de obra para a construção civil e para os setores industriais que empregavam trabalhadores com menor qualificação. A falta de políticas públicas adequadas nas cidades do Sudeste, assim como por parte dos governantes nordestinos, que pouco ou nada fizeram para oferecer melhores condições de vida para a sua população, desencadeou uma série de problemas estruturais nas áreas urbanas e rurais do Sudeste.

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Década de 1960Construção de Brasília: nordestinos em direção ao Brasil Central. Formação da Zona Franca de Manaus e extrativismo mineral: nordestinos em direção à Amazônia. Projetos de colonização do Estado: nordestinos e agricultores sulistas em direção à Amazônia. Os governos militares incentivaram a colonização da região amazônica, tendo como fundamento a ocupação e proteção dos extremos do país. Nesse processo, iniciaram os conflitos fundiários que persistem até os dias atuais, envolvendo os povos da floresta, garimpeiros, fazendeiros e grandes corporações ligadas à extração de madeira e minérios.

Décadas de 1970 e 1980Fronteiras agropecuárias: fazendeiros da região Sul em direção ao Brasil Central. O Centro-Oeste tornou-se o novo celeiro agrícola do país, destacando-se a pecuária e a produção de grãos. A especulação agrícola supervalorizou as terras da região, provocando êxodo rural e pressionando as áreas de Cerrado.

Década de 1990Fronteiras agropecuárias: expansão das fronteiras do Brasil Central em direção à Amazônia. Com o crescimento do agronegócio, principalmente a soja, as monoculturas avançaram em direção à Região Norte, alcançando até mesmo o estado do Amapá.

Década de 2000Motivações socioeconômicas: migrações de retorno, principalmente de nordestinos. Apesar de o Sudeste continuar exercendo atração para a população de outras regiões, a precariedade nas condições de vida dos centros urbanos e a falta de oportunidades fizeram com que muitos imigrantes voltassem para os seus estados de origem, procurando evitar que mais uma geração fosse entregue à marginalidade e aos subempregos.  Juntamente a esse fator, pode ser acrescentado o crescimento econômico alcançado por alguns centros nordestinos. Além disso, o Censo 2010 apontou para o crescimento das cidades médias como sendo um dos principais fatores responsáveis pela atração de imigrantes, o que ajuda a explicar o saldo migratório negativo da Região Metropolitana de São Paulo. Ainda de acordo com o IBGE, apesar da continuidade dos fluxos migratórios inter-regionais, o volume das migrações entre as regiões brasileiras tem diminuído nos últimos anos.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

O que aconteceu com a migração do Nordeste para as outras regiões no período entre 1960 e 2010?

Desta maneira, a região Nordeste por ter sido na década de 1960 uma das regiões que mais enviou imigrantes para as demais, devido a fatores de contraste vividos na época, segundo Cunha e Baeninger (2001) A migração nos estados Brasileiros no período recente: Principais tendências e mudanças.

O que ocorreu com a migração nordestina em 1960?

A migração nordestina para o estado do Rio de Janeiro se concentrou da região metropolitana fluminense, e se deu continuamente a partir da década de 1950. No auge da industrialização, entre as décadas de 1960 e 1980, passaram a migrar para a região Sudeste em busca de melhores condições de vida e trabalho.

O que aconteceu com as migrações do Nordeste para as outras regiões?

A corrente migratória mais expressiva continua a ser entre o Nordeste e o Sudeste, mas houve redução. A região Nordeste foi a que apresentou o maior número de migrantes retornando para seus estados, seguida, em menor escala, pela região Sul.

Qual era o grande movimento migratório nas décadas de 1950 1960?

Migrações no Brasil nas décadas de 50 e 60 A partir dos anos 1950, o Brasil vivenciou um intenso fluxo migratório da região Nordeste para o Sudeste, uma vez que a segunda vivia o período da industrialização e, como consequência, atraía muita mão de obra.