O que é ser filho das trevas?

Havia acabado de encerrar um dia de tormenta. Na manhã seguinte, acordando junto com os primeiros raios de sol, minha mulher Sandra lê estes trechos da Bíblia. Aparentemente, a troco de nada. Mas entendi perfeitamente a mensagem: sim, sou filho da luz.

Estava ali a confirmação de uma certeza que, ainda em meio a tormenta, havia compartilhado com Beatriz. À ela, disse com a crença que não titubeia: filha, como somos iluminados!

E lhes digo o porquê, apesar de me reservar o direito de só expor o milagre.

Devo começar revelando que o dia a dia de uma grande empresa é fantástico. E tudo, nessa rotina, tem dimensões gigantescas – seja para o bem; seja para o mal.

E essa dualidade reversa sempre ronda nossos espíritos. E é aí que a luz, tão presente em nossas vidas, faz toda a diferença.

Sim, para alguns a vida é iluminada – é o nosso caso. Somos do bem! E todo mal que se aproxima se desnuda. Até porque as trevas não podem conviver com a luz; não podem ficar expostas a luz.

Esta iluminação repercute em nossas percepções. E aí, amigos, fica fácil identificar as tramas do mal em nosso entorno. A verdade fulmina as trevas.

Não tenham dúvida: essa dádiva divina é a maior proteção que um ser pode ter!

E sou muito grato por isso.

Neste domingo de Páscoa, desejo do fundo de um coração, abarrotado de gratidão, que esta luz seja extensiva a todos que creem.

Para estes, Páscoa não é ovo de chocolate. Tampouco é se debater na dúvida do roteiro do feriadão (praia ou campo?).

Páscoa é momento de gratidão pelo sacrifício do Pai, do Filho e do Espírito Santo – a tríade que, por amor a humanidade, se submeteu a mais terrível das provações.

O sacrifício que reverenciamos na Semana Santa não nos concedeu apenas a vida eterna. Na verdade, nos salva todos os dias – afugentando as trevas; permitindo que se faça a luz.

Compartilhar hoje minha crença é minha forma de agradecer, de público, em meu nome e de toda a minha família, a graça de sermos permanentemente iluminados.

Outro dia, dei de cara com a seguinte frase do dramaturgo francês Antonin Artaud: “Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou senão para sair do inferno”. É como se o processo de criação, não importa de qual natureza, permitisse que nos salvássemos do breu. Tanto do inferno particular e único de cada um quanto do inferno coletivo, partilhado entre todos os seres humanos. Seriam, os criadores, filhos das trevas em busca de luz.

Quando Pedro Almodóvar cria um filme como Dor e Glória, ele está se purgando dos traumas do passado para tentar superá-los: a relação conflituosa com a mãe, o alvorecer do desejo e a aceitação desse desejo, a paralisia provocada pela depressão e pelos problemas de saúde. Ali o grito se fazia necessário, a libertação como um bisturi removendo as entranhas para retirar o cancro vivo.

Quando Franz Kafka dá forma a um incisivo romance epistolar – ou uma missiva romanceada – como Carta ao Pai, ele despeja em palavras um rancor represado por anos de silêncio e submissão, que se converte em catarse e enfim o liberta. Quando Charles Bukowski desfere um petardo na caixa dos peitos do leitor com o romance de formação Misto Quente, ele também se emancipa do horror que foi a vida em família, ao lado de um pai tirânico e de uma mãe indiferente.

O mesmo acontece com Amós Oz em De Amor e Trevas, seu livro de memórias, que acabei de ler esta semana. Mas neste caso a matéria-prima é outra. Não é tirania ou opressão, brutalidade ou desprezo. Mas sim assombro e perplexidade. As reminiscências da infância em Jerusalém e da adolescência num kibutz servem apenas como pano de fundo para o que realmente importa: purgar-se do trauma que foi o suicídio da mãe, quando ele tinha 12 anos.

Rodeado de silêncios, a ponto de jamais ter conversado com o pai sobre o assunto, o escritor israelense enfim liberta-se do inferno com o processo criativo que desaguou no livro. O pequeno Oz me faz lembrar do menino que fui: introspectivo, tímido e de certa forma castigado por uma dor que desconhecia. Sua solidão de filho único, no entanto, era muito mais avassaladora.

Ela ecoa neste trecho: “Compreendi de onde eu tinha vindo: de uma bolha de tristeza e de pretensão, de saudade e de fingimento, de miséria espiritual e prestígio provinciano, de educação sentimental e ideais que tinham perdido o frescor, como flores abafadas, traumas reprimidos, resignação, submissão e desespero.”

“Que fazer, com o inferno no peito?”, perguntava-se Vladimir Maiakovski. Nem ele poderia responder. Como a mãe de Amós Oz, o poeta russo deu cabo da própria vida, provavelmente por não suportar o fardo, a pedra imensa infinitas vezes rolada do alto da montanha. Talvez a resposta esteja em seus próprios versos: “Eu medito. Os pensamentos, coágulos de sangue, enfermos, ardendo, porejam de meu crânio. Eu, criador de tudo que é festa, não tenho com quem ir à festa.”

É provável que não seja assim como disse Artaud. É provável que nem todos os criadores precisem de um impulso para abandonar o inferno em que estão encerrados – se é que estão. Mas é fato que há algo nesse processo que se compara a uma busca por redenção. Quem sabe uma necessidade involuntária e inconsciente de se perpetuar, seja como indivíduo ou como espécie. Como ter um filho e transferir para ele os nossos genes, a nossa essência, dando prosseguimento à trilha que começou lá atrás, quando éramos pouco mais do que girinos.

O que significa ser filho das trevas?

É uma expressão geralmente usada em contextos religiosos ou espirituais para se referir a alguém que serve o propósito do mal, que está contra o bem e a luz; É um nome para o diabo. O filho das trevas está contra nós.

O que a Bíblia diz sobre os filhos das trevas?

Naquele tempo, 1Jesus disse aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: 'Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens'.

O que significa a pessoa ser trevas?

Significado de Trevas substantivo feminino Escuridão total; ausência completa de luz: cavaleiro que vive nas trevas. [Figurado] Ignorância; ausência de conhecimento; expressão de estupidez.

O que são as trevas na Bíblia?

As trevas nada mais é que a ausência de luz. Trevas é escuridão total, falta de orientação e perdição. Quem anda em trevas, anda sem direção, pois não tem uma fonte de luz para se guiar. Quem aceita a Cristo, anda na luz e passa a refletir a Sua luz.