O que foi o movimento queremista, que se organizou no brasil nos últimos anos do estado novo?

MOVIMENTO QUEREMISTA

Movimento popular surgido em maio de 1945 no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, com o objetivo de lutar pela permanência de Getúlio Vargas na presidência da República. Seu nome originou-se do slogan “Nós queremos Getúlio”.

Com a destituição de Vargas através do golpe de Estado de 29 de outubro de 1945, o “queremismo” desapareceu.

Antecedentes

Ao começar o ano de 1945, o regime ditatorial implantado por Getúlio Vargas em 1937 parecia definitivamente abalado. Em janeiro, um grupo de intelectuais promoveu o I Congresso Brasileiro de Escritores, reivindicando “completa liberdade de expressão” e um governo eleito por “sufrágio universal, direto e secreto”. No dia 22 de fevereiro, ainda na vigência da censura estado-novista, o jornal oposicionista Correio da Manhã publicou uma extensa e ruidosa entrevista com José Américo de Almeida, na qual o antigo candidato de Getúlio às eleições frustradas de 1938 explicava por que deveriam ser realizadas eleições presidenciais naquele momento e por que Vargas não deveria candidatar-se.

Essa ofensiva da oposição culminou com o lançamento em fevereiro de 1945 da candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República pelo grupo que pouco depois organizaria a União Democrática Nacional (UDN).

Foi portanto sob a pressão dos setores oposicionistas que no dia 28 de fevereiro, Getúlio Vargas promulgou o Ato Adicional nº 9, determinando que no prazo de 90 dias seria baixado um decreto fixando a data das próximas eleições presidenciais, estaduais e municipais.

Em princípios de março, Vargas deu uma entrevista coletiva à imprensa mostrando-se evasivo quanto à sua própria candidatura à presidência. Sua atitude provocou uma onda de protestos, particularmente entre os estudantes universitários, congregados na União Nacional dos Estudantes (UNE).

Procurando acalmar a oposição, Vargas anunciou no dia 11 de março que não se candidataria. No dia seguinte apareceu o nome do ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra, como candidato do governo à sucessão presidencial.

Em começos de abril, Dutra aceitou sua candidatura. Em seu discurso de 1º de maio, Vargas deu-lhe apoio público. No dia 9, o Partido Social Democrático (PSD), formalmente organizado, apoiou Dutra.

Em 28 de maio de 1945, exatamente 90 dias após a promulgação do Ato Adicional nº 9, a data das eleições presidenciais foi fixada em 2 de dezembro do mesmo ano e das eleições para governadores estaduais e prefeitos municipais, em 6 de maio de 1946.

Formação

Entre os meses de março e maio, surgira em São Paulo o primeiro movimento popular simpático à permanência de Getúlio no poder, denominado Movimento da Panela Vazia. A partir de maio, um grupo de adeptos de Vargas, liderado, por Valdir Rodrigues, lançou no Rio de Janeiro o Movimento Queremista. Seu objetivo era manter Vargas no governo, adiando as eleições presidenciais e convocando eleições para a Constituinte, ou ainda, no caso de se manter a data do pleito, lançar a candidatura de Getúlio.

O Movimento Queremista contava com a simpatia do general Newton Estillac Leal, que servia no Rio Grande do Sul, e, no âmbito do governo, tinha o apoio tácito do ministro do Trabalho, Alexandre Marcondes Filho, e de seu chefe de gabinete, José de Segadas Viana. Por outro lado, os comunistas, beneficiados com a anistia concedida em abril e com a legalização de seu partido no mês de maio, colocaram-se ao lado de Vargas, compondo uma frente com os queremistas.

Nos meses de julho e agosto, o movimento se expandiu, chegando a atingir diversas capitais do país. Nesse momento foi adotado o lema “Constituinte com Getúlio”. Por outro lado, no início de agosto o general Dutra demitiu-se do Ministério da Guerra em cumprimento à Lei Eleitoral, segundo a qual, como candidato, deveria afastar-se do cargo três meses antes das eleições. Para substituí-lo foi nomeado o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, antigo aliado de Vargas e oficial de grande prestígio dentro do Exército.

Durante todo esse tempo, enfrentando uma oposição que recusava o adiamento das eleições, Getúlio manteve uma atitude dúbia. Não encorajava abertamente o queremismo, mas nada fazia para evitar seu crescimento. Na verdade, manobrava, esperando poder contar com o apoio do Exército e contando de fato com seu prestígio entre os trabalhadores, adquirido graças às concessões que lhes havia feito através da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Nesse período, destacou-se como principal líder queremista o empresário Hugo Borghi, que passou a comandar nacionalmente a campanha pró-Vargas. Amigo pessoal do ministro da Fazenda, Artur de Sousa Costa, Borghi financiou largamente o Movimento Queremista, chegando a comprar três estações de rádio para propagá-lo: a Rádio Clube do Brasil, hoje Rádio Mundial, a Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro e a Cruzeiro do Sul de São Paulo. Na imprensa, o movimento era abertamente apoiado pelo jornal O Radical.

As divergências entre Vargas e a oposição, cada vez mais conflitivas, transpareciam em jornais como o Correio da Manhã, o Diário Carioca e o Diário de São Paulo, onde eram denunciadas as “manobras continuístas” de Getúlio e se defendia o lema “todo o poder ao Judiciário”. Com a supressão do Legislativo trazida pelo Estado Novo, o Judiciário era de fato a única alternativa no caso de Getúlio ser afastado do poder.

Os comícios

Em pleno ascenso, em meados do ano os queremistas passaram a organizar grandes comícios no Rio de Janeiro. Os manifestantes geralmente se reuniam no largo da Carioca, de onde partiam em desfile até o palácio Guanabara, ostentando cartazes e dando vivas a Getúlio. Quase sempre Vargas discursava da janela do palácio para a massa.

Os comícios mais importantes realizaram-se nos dias 20 de agosto, 7 de setembro, 3 e 13 de outubro, neles se destacando vários oradores, como Valdir Rodrigues, Osmar de Carvalho, Aldemar Beltrão, Coelho Leal e José C. Nascimento, sempre liderados por Hugo Borghi.

Dessas manifestações, duas foram especialmente significativas: os comícios de 7 de setembro e de 3 de outubro. O primeiro foi realizado num momento em que as forças eleitorais já se apresentavam totalmente organizadas e resistiam às pretensões continuístas de Vargas. Na ocasião, o discurso do presidente refletiu a ambigüidade de sua posição ante as eleições. Se, por um lado, afirmava que o problema eleitoral estava sendo encaminhado, por outro aparentava ignorar a existência do Movimento Queremista. Embora enfatizasse algumas medidas preparatórias para o pleito de 2 de dezembro, como a Lei Eleitoral e a reforma constitucional, Vargas aconselhava as oposições a “esquecerem dissídios passageiros e prevenções particularistas” e a se unirem “a serviço da pátria”.

Quase um mês depois, no dia 3 de outubro, o comício comemorativo da Revolução de 1930 tornou mais patente a pretensão continuísta de Vargas. Enquanto no discurso anterior as afirmações haviam sido mais veladas, no discurso de outubro o objetivo de Getúlio tornou-se mais explícito. Declarando estar “pronto a atender à vontade do povo” — ou seja, a promover eleições para a Constituinte — Vargas dava a entender que seria ele o intérprete e credor dos anseios populares, já que “poderosas forças, ocultas umas e ostensivas outras”, opunham-se à convocação da Assembléia.

Ainda nesse comício, os queremistas entregaram a Vargas sua plataforma, na qual pediam que nas eleições de 2 de dezembro, em vez de se escolher um novo presidente da República, se elegessem os “legítimos representantes do povo para compor a Assembléia Nacional Constituinte”. A proclamação queremista concluía sugerindo que as eleições para a presidência se realizassem em época fixada pela Constituição a ser elaborada.

O tom da resposta de Getúlio só fez aumentar a desconfiança da oposição. No dia 10 de outubro, o governo praticamente conduziu a oposição ao desespero promulgando um decreto que antecipava para 2 de dezembro as eleições locais para prefeito e governador.

Foi nesse momento, quando as forças varguistas pareciam ter apoio seguro na opinião pública, que se desencadeou o golpe de Estado. O comício queremista programado para o dia 26 de outubro foi proibido pelo chefe de polícia do Distrito Federal, João Alberto Lins de Barros. Getúlio quis substituí-lo por seu irmão, Benjamim Vargas, numa última tentativa de retomar o controle da situação, mas esbarrou na resistência de Góis Monteiro. Segundo depoimento de Hugo Borghi, o comício teria sido na verdade proibido “por ordem do [general] Góis Monteiro, que preparava já o golpe que deporia Vargas três dias depois”.

O golpe veio finalmente a 29 de outubro, dando a vitória à linha defendida pela UDN: Vargas foi forçado a se afastar e os poderes da República passaram às mãos do Judiciário, na pessoa do presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares.

Vera Calicchio

FONTES: ARQ. GETÚLIO VARGAS; CARONE, E. Estado; Correio da Manhã (4/10/45); COUTINHO, L. General; Diário de São Paulo (4/5 e 26/8/45); ENTREV. BORGHI, H.; Folha da Manhã; HENRIQUE, A. Ascensão; NABUCO, C. Vida; SÃO PAULO (3 e 4/3 e 31/8/45); SKIDMORE, T. Brasil; VARGAS, G. Nova; WEFFORT, F. Origens.

O que foi o movimento queremista?

Queremismo foi um movimento político surgido em maio de 1945 com o objetivo de defender a permanência de Getúlio Vargas na presidência da República. A expressão se originou do slogan utilizado pelo movimento: "Queremos Getúlio".

O que motivou o surgimento do movimento queremista?

O queremismo foi um movimento político que surgiu espontaneamente nas classes populares em meados de 1945. Era um movimento de apoio das classes de trabalhadores ao então presidente Getúlio Vargas. Essa organização foi uma resposta à mobilização que existia para promover a deposição de Vargas da presidência.

Quais são as principais reivindicações do movimento queremista?

As principais solicitações do movimento Queremismo eram o adiamento imediato das eleições para presente e a instalação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Porém, caso as eleições ocorressem queriam Getúlio Vargas como candidato.

O que foi o movimento chamado de queremismo Brainly?

O queremismo foi um movimento político surgido no ano de 1945, onde setores da sociedade brasileira e gaúcha se mobilizaram para pedir a permanência de Getúlio Vargas na presidência do Brasil. Com os gritos e brados como “Queremos Getúlio!” surgia o queremismo.