A compreensão da relevância da função pedagógica na Educação Infantil é recente. Durante grande parte da história da infância, a prática de atender as crianças era despretensiosa, ou seja, bastava um local onde a criança pudesse estar sob os olhares de um adulto. Show
À medida que a Educação Infantil passa a ser objeto de pesquisas e avança na constituição de um arcabouço teórico, é respaldada pela obrigatoriedade de formação específica de professor para efetivar uma prática intencionalmente pedagógica. A BNCC reafirma a intencionalidade educativa que direciona o trabalho pedagógico na Educação Infantil, ou seja, a reflexão que embasa a intenção do professor e a sua concretização na prática planejada. Essa intencionalidade se pauta nos pressupostos próprios desta etapa e, principalmente, na ciência de que a criança é partícipe da sua educação. Como cita a BNCC: Essa intencionalidade consiste na organização e proposição, pelo educador, de experiências que permitam às crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas (BRASIL, 2017, p. 36).Um dos princípios postos na legislação para a Educação Infantil é o cuidar e o educar, e o brincar em um processo de interação. Essa relação que é indissociável, exige atenção aos momentos que permeiam o cotidiano da Educação Infantil, ricos de vivências e experiências. O professor precisa, nesse contexto, “refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2017, p. 36). As transformações que ocorrem na vida das crianças durante a Educação Infantil são intensas e rápidas. Ao planejar, o professor precisa dedicar especial atenção à sua mediação nas aprendizagens e desenvolvimento, observando que as transformações podem ocorrer de diferentes formas e tempos. A criança conhece e expressa seu “mundo” por meio das interações e brincadeiras. Ela organiza seu pensamento e se comunica, o que aponta a importância da atenção a essa expressão própria da infância, pois, ao mesmo tempo em que o professor é um observador atento e conhece sua criança acompanhando e analisando o processo de desenvolvimento, também pode direcionar sua ação por meio de novas brincadeiras, que oportunizem situações de desenvolvimento e aprendizagem (OLIVEIRA, 2010). Há muitas situações que merecem atenção do professor no planejamento de suas ações na educação infantil, como: a organização dos espaços e do tempo, a igualdade nas relações e o respeito às diferenças, a relação e parceria com as famílias e o direito da criança à infância, entre outras. Nesse sentido, o Referencial Curricular do Paraná: princípios, direitos e orientações traz uma breve discussão sobre a concepção de criança, os eixos norteadores da Educação Infantil (as Interações e a Brincadeira) e os Campos de Experiências, como orientação para a organização dos currículos nessa etapa da Educação Básica, considerando nesta organização a educação inclusiva, assim como a flexibilização do currículo para as adaptações que atentem às especificidades de cada educando. CONCEPÇÃO DE CRIANÇAA definição do conceito de criança só é possível quando permeada pela reflexão acerca da concepção de infância e sua construção histórica. Assim para compreender a criança enquanto sujeito histórico, é fundamental pensá-la inserida em práticas sociais de infância, histórica e socialmente determinada. Ao aprofundar esse entendimento, percebe-se diferenças de concepções. Em resumo, na Idade Média a criança era vista como mini adulto, compartilhando suas vestimentas e até mesmo suas tarefas. Mais tarde, nos séculos XVI e XVII a infância passa a ser apenas uma etapa de vida que diferencia a criança do adulto. Com o advento das reformas religiosas, a infância passa a ganhar maior atenção, e algumas questões, como a afetividade e sua importância no desenvolvimento infantil, passam a ser consideradas (ARIÈS, 1978). Na mesma linha de pensamento, no século XX, ainda com bases religiosas, caberia a família, a Igreja e a sociedade a formação moral da criança, direcionando-a no caminho do bem (OLIVEIRA, 2010). Mais tarde, com todo o processo de abertura política e redemocratização vivido no Brasil, a infância passa ser vista com mais atenção, o que significa que a criança passa ser considerada um ser histórico e cultural, pertencente a sociedade e portadora de direitos e deveres (OLIVEIRA, 2002). De acordo com Leontiev apud Paraná, (2015, p. 31), "... o homem é um ser de natureza social, que tudo o que tem de humano nele provém da sua vida em sociedade, no seio da cultura criada pela humanidade”. A criança se apropria das qualidades humanas na medida em que se relaciona com os outros e com a cultura. Portanto, é fundamental a relação da criança com os outros, com a natureza e com a cultura acumulada historicamente pela humanidade. Assim, é necessário compreender a criança enquanto sujeito ativo que se desenvolve continuamente, à medida em que estabelece relações sociais nas quais há a apropriação de conhecimentos pertencentes ao patrimônio cultural. Dentro deste contexto, o papel da Educação se constitui fundamental, uma vez que neste espaço há o ensino intencional de saberes e conhecimentos que promovem o desenvolvimento humano. Segundo Kramer (2007) esta concepção ganha força com a elaboração de alguns documentos que acentuam os direitos da criança cidadã, como Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8069/1990, a nova LDBEN, Lei nº 9394/96, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil e mais tarde com as DCNEIs que em seu artigo 4º indica a necessidade de entender-se a criança como: sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, p. 1).Portanto, ainda com muitos direitos a serem alcançados, não se pode negar avanços qualitativos na Educação Infantil, onde a concepção de criança passa ser entendida como ser integral, vista em todos os seus aspectos. Isso significa que a educação ofertada à criança, desde bebê, necessita ser intencional, com espaços e recursos pedagógicos que promovam o desenvolvimento humano por meio de aprendizagens significativas. A Educação Infantil possui especificidades e a criança que frequenta essa etapa da Educação Básica, deve ser respeitada a partir de suas manifestações de aprendizagem, que revelam o processo de desenvolvimento, o qual, em cada período, tem marcos referenciais comuns, a depender das intervenções educativas. Por isso que é importante assegurar práticas mediadoras entre os conhecimentos sistematizados e os saberes cotidianos, considerando que as aprendizagens são dependentes da qualidade das mediações oportunizadas pela comunicação, pela ação com os objetos e pelas brincadeiras. AS INTERAÇÕES E A BRINCADEIRA NA PROPOSTA CURRICULARBarbosa (2010) apresenta três funções da Educação Infantil presente nas DCNEIs (BRASIL, 2009): social, política e pedagógica. Estas funções se articulam nas instituições que, ao receber uma criança, devem levar em consideração suas necessidades biológicas e cognitivas para a promoção da autonomia e desenvolvimento de valores que contribuirão nas relações com os outros, desta forma assumindo uma função social. Ao objetivar a busca por igualdade de direitos e exercício de cidadania, revela-se a função política e por fim, ao conceber estes espaços enquanto promotores de aprendizagens e possuidores de intencionalidade para a ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes áreas, revela-se a função pedagógica (BARBOSA, 2010). De acordo com o Parecer nº 20 (BRASIL, 2009), que fundamenta as DCNEIs, para cumprir estas funções é necessário que o Estado complemente as ações das famílias assumindo sua responsabilidade na promoção de igualdade, na qual o espaço escolar deve ser considerado promotor de convivência e ampliação de saberes e conhecimentos que permitirão a construção de identidades coletivas e consequente desenvolvimento humano. Desta forma, a Educação Infantil possui dois eixos para a organização intencional das práticas pedagógicas: as interações e a brincadeira. Estes eixos estruturantes são apresentados no artigo 9º das DCNEIs (BRASIL, 2009), no qual propõe-se uma organização curricular que garanta a aprendizagem por meio de experiências. Por sua vez, a BNCC apresenta cinco campos de experiências que se aproximam de forma articulada às definições do referido artigo. Desta forma, optou-se neste documento por apresentar os incisos correspondentes a cada campo de experiência, para que possibilite a relação da DCNEIs com os objetivos de aprendizagens definidos pela BNCC e ainda, os objetivos de aprendizagem construídos aqui no Estado do Paraná.
É possível verificar a repetição de alguns incisos nos campos de experiências, o que revela a presença necessária da intercomplementaridade para esta etapa da Educação Básica. O currículo da Educação Infantil deve estar presente nos projetos político-pedagógicos das instituições, enquanto resultado de uma construção coletiva. Este deve servir para organizar as práticas pedagógicas que acontecem na instituição e que têm o objetivo geral de promover o desenvolvimento humano. De acordo com o artigo 3º das DCNEIs, o currículo é concebido como: Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009, p. 1).Estas práticas devem acontecer por meio de experiências e relações sociais estabelecidas nas instituições, devendo existir a intencionalidade pedagógica que considere o cuidar e educar como indissociáveis. Além disso, deve-se considerar os conhecimentos trazidos pelas crianças enquanto ponto de partida, no qual o professor deve promover por meio do trabalho pedagógico organizado, a aprendizagem dos saberes e conhecimentos. Neste documento é possível identificar saberes e conhecimentos relativos aos objetivos de aprendizagem, proporcionando sistematização e organização do trabalho docente e possibilitando interligações entre esses. Por exemplo: ao objetivar a experiência de desenvolver a contagem oral, o professor pode promover a experiência de pular corda ao som de uma música que conte de um a dez, mas este deve ter consciência de que outras habilidades, como o equilíbrio, estão sendo desenvolvidas neste momento. O ensino de conteúdos, representados neste documento por saberes e conhecimentos, constituem-se um compromisso político com a aprendizagem e com o desenvolvimento das crianças de todas as idades e em qualquer condição social, física, motora, sensorial, cognitiva, de saúde física ou mental. CAMPOS DE EXPERIÊNCIASConsiderar as interações e a brincadeira enquanto ato das próprias crianças significa pensar em possibilidades de experienciar e isso compreende o fazer, o agir, a participação e a vivência. Os campos de experiências permitem uma organização curricular intercomplementar que considera as especificidades relativas a cada faixa etária, o que significa pensar em diferentes modos de perceber e agir sobre o mundo. Cabe aos professores promover o encontro de crianças de diferentes idades e criar condições para que a brincadeira aconteça. Há uma relação entre os objetivos de cada campo e as áreas do saber organizadas em disciplinas no Ensino Fundamental, uma vez que essas expressam a classificação dos conhecimentos acumulados pela humanidade. Porém, é importante evitar a antecipação da etapa seguinte à Educação Infantil, “disciplinarizando” os campos. Neste sentido, ao se efetivar o trabalho com os campos de experiências se apresentam diferentes encaminhamentos metodológicos, os quais se sustentam em abordagens teóricas sobre como as crianças aprendem e se desenvolvem, bem como sobre a intencionalidade educativa, o que repercute no papel do professor, no planejamento, na organização da prática pedagógica, na avaliação e na organização do tempo, dos espaços e dos materiais. São definições a serem feitas no currículo propriamente dito, uma vez que estão articuladas a outras concepções, as quais são escolhas fundamentadas teoricamente. Mesmo sendo opções das redes e/ou das instituições, os encaminhamentos metodológicos devem assegurar o conhecimento, cujo acesso é direito da criança. Os Campos de Experiências “constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL, 2017, p. 38). A categoria experiência está associada tanto aos saberes e conhecimentos que as crianças trazem ao chegarem na Educação Infantil, como aqueles que estão no currículo escolar e que, garante, plenamente, o acesso das crianças às ricas e diversas experiências e que lhes permite a apropriação das objetivações humanas, proporcionando aprendizagens e, por conseguinte, a elevação do seu desenvolvimento a patamares superiores, de forma omnilateral. Está, assim, associada diretamente ao fazer pedagógico planejado a partir dos currículos estabelecidos em cada rede ou instituição. Os campos de experiências não seguem uma ordem de prioridade, são complementares e interligados e devem estar equilibrados no planejamento dos professores, propiciando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento aos bebês, às crianças bem pequenas e às crianças pequenas. Conforme a BNCC, são cinco os campos de experiências: O eu, o outro e o nósÉ na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando- se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos (BRASIL, 2017, p. 38).Considerando este campo, percebe-se que organizar um currículo neste enfoque significa reconhecer a importância da formação a partir do social, criando condições que permitam às crianças o início da formação da identidade, com percepção do mundo à sua volta, do qual são partícipes e sujeitos de direito. Na Educação Infantil é importante oportunizar que as crianças entrem em contato com diferentes grupos sociais e culturais, conhecendo outros modos de vida, costumes e manifestações culturais com o intuito de ampliarem seus conhecimentos. As imensas transformações pelas quais as crianças passam na infância, especialmente na etapa da Educação Infantil, estão imersas no mundo material e cultural a que tem acesso. Assim, os objetivos traçados a partir do campo “O eu, o outro e o nós” demonstram a necessidade de organização, pelo professor, de momentos de educação e de ensino planejados intencionalmente. Outro campo que a BNCC apresenta é o de: Corpo, gestos e movimentosCom o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.) (BRASIL, 2017, p. 39).O corpo é, para a criança, um meio de expressão e comunicação que a auxilia em sua relação com o mundo. As experiências e vivências com o corpo são progressivas e emancipatórias, na medida em que são possíveis a percepção e o domínio do funcionamento do próprio corpo, reconhecendo seus limites e possibilidades. As diferentes linguagens são manifestadas por meio do corpo, onde a criança revela sua compreensão de mundo, sentimentos, necessidades. O campo “Traços, sons, cores e formas” está relacionado ao ambiente que as crianças vão, paulatinamente, descobrindo e atribuindo significados. São experiências e vivências diversas com materiais naturais ou produzidos, em ambientes com estímulos visuais e sonoros que promovam expressividade e criatividade. Conforme a BNCC, este campo busca possibilitar à criança: Traços, sons, cores e formasConviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências (BRASIL, 2017, p. 39).O Campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação” está relacionado à linguagem que se efetiva nas diferentes práticas sociais. É por meio das múltiplas linguagens, tomadas de forma contextualizada, que a criança amplia suas possibilidades de se comunicar e conhecer o mundo. Esse campo envolve experiências e vivências com a produção e a compreensão das diversas linguagens em diferentes contextos e suportes, considerando a relação entre estas e o pensamento. Assim, promove aprendizagens que permitem à criança agir, sentir, pensar e atribuir significados sobre diferentes aspectos no seu entorno. Por meio de experiências significativas, a criança pode criar uma imagem positiva de si, manifestar preferências, comunicar-se por meio de diferentes linguagens e ampliar suas relações sociais. Na BNCC o campo se apresenta como: Escuta, fala, pensamento e imaginaçãoDesde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social.Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua (BRASIL, 2017, p. 40).O campo que trata das noções de tempo, espaço, quantidades, relações, transformações e outras ligadas à construção do raciocínio lógico é, na BNCC, o campo que compreende: Espaços, tempos, quantidades, relações e transformaçõesAs crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu em seu cotidiano. (BRASIL, 2017, p. 40).Aspectos do dia a dia como o meio ambiente, animais, plantas, materiais produzidos e naturais, fenômenos físicos e químicos, organização social são elementos possíveis para a promoção de experiências e vivências importantes nesse campo. Assim, os campos de experiências concretizam uma identidade para a Educação Infantil com foco nos direitos de aprendizagens e desenvolvimento expressos em objetivos para as crianças, os quais só serão atingidos com a organização intencional da prática pedagógica. Recomendar esta p�gina via e-mail: Quais as principais aprendizagens sobre desenvolvimento infantil?Podemos observar quatro áreas no desenvolvimento de uma criança, as quais são: a física, a cognitiva, a emocional e a social. Essas áreas necessitam estar sintonizadas e precisam se desenvolver na mesma proporção.
Qual a relação entre o desenvolvimento da Educação Infantil e o processo de aprendizagem?O desenvolvimento infantil esta pautado na interação com o meio, segundo Vygotsky a criança aprende e depois se desenvolve, deste modo, o desenvolvimento de um ser humano se dá pela aquisição/aprendizagem de tudo aquilo que o ser humano construiu socialmente ao longo da história da humanidade.
Qual a importância da Educação Infantil para a criança?A Educação Infantil é essencial para que a criança tenha um convívio social além do núcleo familiar. Ou seja, é um momento importante para que o indivíduo aprenda a se relacionar e viver em sociedade, desenvolvendo habilidades fundamentais à formação humana, além das capacidades cognitivas e motoras.
É importante o desenvolvimento de propostas que trabalhem a fala na creche?Linguagem oral e comunicação
No dia a di da creche é preciso trabalhar a expressividade das crianças intencionalmente. A fala é o principal instrumento de comunicação dos pequenos com os professores e seus colegas. Desenvolver a oralidade, portanto, é uma das habilidades esperadas nos primeiros anos de escolaridade.
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