Após a infância, as dificuldades variam conforme o grau e dependência do indivíduo com transtorno do espectro autista.| Foto: Alexis Brown/Unsplash Show
As dificuldades podem variar conforme o grau de funcionalidade e dependência do paciente, segundo o neurologista infantil Hélio Van Der Linden. “Desde obstáculos nas nuances da comunicação não verbal até dificuldades relacionadas a autonomia e independência de coisas básicas até complexas, como terminar os estudos”. Porém, durante a adolescência, que por si é cheia de desafios, a dificuldade de interação pode aumentar a distância com os colegas e a sociedade, principalmente quando o jovem com TEA percebe diferenças no seu comportamento com os demais. É que por serem muito objetivos e práticos, os jovens com transtorno do espectro autista apresentam muita dificuldade na linguagem simbólica e na identificação das emoções. Isso “pode levar a uma falha no traquejo social, com comportamentos que podem ser vistos pela sociedade como desrespeitosos ou ausentes de empatia, já que, por serem muito literais e levarem as palavras ao pé da letra, apresentam dificuldade na abstração de algumas situações”, explica Van Der Linden, que compõe o departamento científico de neurologia infantil da Academia Brasileira de Neurologia. Por consequência, esse período exige da família a continuidade da busca pela autonomia e estímulo do paciente, através de profissionais qualificados, para que sejam desenvolvidas habilidades socialmente relevantes. Por isso, segundo o neurologista, “o treino de habilidades sociais, realizado em ambiente terapêutico, pode auxiliar a pessoa com TEA a aprender formas de identificar os comportamentos humanos, diminuindo o prejuízo na interação social”. Veja Também:
Se relacionam, pensam e sentem emoçõesAlém disso, com a chegada da puberdade, o psicólogo Hamilton Vedovato de Marque sugere que os adolescentes com transtorno de espectro autista sejam ensinados sobre a reprodução, métodos de proteção e limites, e mudanças corporais. A descoberta do corpo, o desejo de estabelecer um vínculo afetivo, somada à instabilidade hormonal própria da adolescência, pode aumentar a irritabilidade e dificultar a que a sexualidade seja levada de maneira saudável e adequada. Assim, “o apoio familiar e acompanhamento terapêutico podem auxiliar no entendimento da percepção do outro, como dos limites, desejos e respeito, evitando, inclusive, quadros de ansiedade e depressão”, destaca o psicólogo. Características específicas contribuem para o ingresso no mercado de trabalhoSuperada a adolescência, de Marque orienta que o desenvolvimento das habilidades profissionais e interpessoais sigam ao longo da vida. “Através do estímulo dos cuidadores e incentivo às relações e autonomia da pessoa com TEA, é possível a escolha de carreira e o ingresso no mercado de trabalho”. Ainda que as habilidades interpessoais sejam um desafio, dependendo da intensidade dos sintomas e do nível do espectro, algumas pessoas com TEA conseguem ter um nível atencional elevado e bastante preciso, o que contribui para atividades minuciosas. Outros, por possuírem um hiperfoco específico, têm domínio de temas diferentes dos que tradicionalmente são encontrados, como astronomia, por exemplo. Por isso, a individualidade de cada um deve sempre ser levada em consideração pelo empregador, pois, ainda que de maneira geral executem o trabalho de maneira muito adequada, cada um tem características e dificuldades específicas. Além disso, há muito a ser realizado no que diz respeito à inclusão, já que, embora existam iniciativas e incentivos para o ingresso dos jovens e adultos com TEA no mercado de trabalho, o mundo corporativo não busca a formação necessária. “É importante que a empresa esteja disposta a fazer algumas adaptações necessárias para o funcionário que tem algumas características peculiares, mas que pode ser extremamente produtivo, detalhista e metódico a ponto de fazer sua função de maneira perfeccionista” destaca Van Der Linden. Por isso, se estão dispostos a receber alguém com transtorno de espectro autista, precisam oferecer funções adequadas aos padrões de comportamento de cada indivíduo, conclui o neurologista. Quais as dificuldades enfrentadas pelos autistas?O transtorno de autismo afeta o sistema nervoso. O alcance e a gravidade dos sintomas podem variar amplamente. Os sintomas mais comuns incluem dificuldade de comunicação, dificuldade com interações sociais, interesses obsessivos e comportamentos repetitivos.
Qual é um dos maiores problemas enfrentados no tratamento do autismo?Um dos maiores problemas enfrentados no tratamento do autismo se refere a demora no encaminhamento do paciente, de modo que, quando acontece, os sintomas podem estar consolidados dificultando a intervenção do terapeuta. Geralmente os pais buscam ajuda quando os filhos já estão frequentando a escola.
Quais são as três principais dificuldades inerentes ao diagnóstico de autismo?Esta condição é definida por uma tríade diagnóstica que inclui três dimensões: Interação social, comunicação e comportamentos restritos e estereotipados (APA, 2002).
Quais são os principais desafios que os pais que têm filhos autistas enfrentam?Os pais de crianças autistas passam por muitas dificuldades durante o processo de diagnóstico. Focados em entender os sintomas “diferentes” que suas crianças apresentam (como, por exemplo, a falta de desenvolvimento da fala), eles procuram ajuda profissional.
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