Quais foram as principais mudanças que a cafeicultura provocou na Região Sudeste?

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Quais foram as principais mudanças que a cafeicultura provocou na Região Sudeste?

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ditando novos rumos à organização socioespacial do país.
A importância da cafeicultura na “construção” do Brasil
A cafeicultura teve papel fundamental na reorganização do território por ter evitado a estagnação da economia brasileira nas primeiras décadas do século XIX, decorrente da queda dos preços dos principais produtos de exportação (cana-de-açúcar e algodão) e do esgotamento das minas de ouro. Essa expansão deu origem a um novo ciclo de crescimento da ECONOMIA PRIMÁRIO-EXPORTADORA do país, porque:
a) provocou o deslocamento definitivo do eixo econômico do país, do Nordeste para o Sudeste;
b) promoveu a vinculação brasileira a novos parceiros comerciais e financeiros, como os EUA;
c) criou bases para a industrialização.
ECONOMIA PRIMÁRIO-EXPORTADORA
Exportação exclusiva de produtos primários, como, por exemplo, a cana-de-açúcar e o café.
A cafeicultura, além de ter acelerado o deslocamento definitivo e irreversível do centro dinâmico e da primazia econômica do Nordeste para o Sudeste, auxiliou na redistribuição regional de várias atividades produtivas, traduzindo-se, a partir de meados do século XIX, numa nova configuração da distribuição regional da renda e da população, numa nova divisão regional do trabalho e numa nova estrutura do poder político nacional.
Desse momento em diante, o país teve o café como o grande dinamizador da sua economia. Além disso, foi esse produto responsável por colocar o Brasil em condições de desenvolver um projeto de industrialização, através da expansão da infra-estrutura básica e dos vultosos capitais resultantes da produção.
Da cana-de-açúcar, principal plantation no período colonial, ao café, que definitivamente revolucionou o espaço social e econômico do país desde o final do século XIX, a sociedade e o espaço brasileiros vêm se transformando passo a passo.
Aula 2
As transformações espaciais na formação do território brasileiro – do modelo agroexportador ao modelo urbano-industrial
Objetivos:
• Analisar como a cafeicultura participou da construção do projeto de industrialização do país.
• Identificar quais as origens da concentração da indústria brasileira na Região Sudeste.
Quando tratarmos da construção do modelo de industrialização do país, nos reportaremos à década de 1930, quando foi criado o modelo conhecido como substituição de importações.
DE QUE FORMA A CAFEICULTURA MODIFICOU O ESPAÇO BRASILEIRO? O AUGE E A CRISE DA CAFEICULTURA
Para melhor compreensão dos acontecimentos desse período da história brasileira, é necessário recordarmos algo fundamental: o Brasil só conseguiu construir um projeto de industrialização em conseqüência do sucesso e, também, da crise da cafeicultura.
O sucesso gerou maior diversificação na estrutura agrária, através do surgimento de duas novas classes sociais: a dos trabalhadores livres (os ex-escravos e os imigrantes europeus que chegaram para trabalhar) e a burguesia industrial (os donos das indústrias). Assim, nas primeiras décadas do século XX, a cafeicultura possibilitou a implementação definitiva do capitalismo no país.
Toda a infra-estrutura herdada da economia do café (ferrovias, portos e serviços em geral) serviu perfeitamente aos interesses do desenvolvimento da industrialização brasileira. Do ponto de vista político, os republicanos eram favoráveis à indústria e, em função disto, o projeto de industrialização foi utilizado como bandeira para o advento da República, que levou Getúlio Vargas ao poder.
A crise mundial de 1929 definiu novos rumos para o Estado brasileiro, pelo fato de ela ter afetado a cafeicultura brasileira. Dessa forma, tivemos, como conseqüência, um deslocamento no foco da produção brasileira.
Antes, predominava a produção agroexportadora; agora, o foco do investimento foi para o setor urbano-industrial o que foi explicado, naquele momento, pelas dificuldades de exportação, decorrentes das sucessivas crises do mercado externo, o qual deixou de importar o café brasileiro. O nosso café entrou em crise de superprodução e teve conseqüente desvalorização no mercado internacional.
Crise de superprodução e crise mundial de 1929: Crise de superprodução: ocorre quando há diminuição do mercado consumidor de um produto e/ou a produção em excesso, que supera a necessidade do mercado. Por não ser vendido na quantidade esperada, para a qual foi produzido, causa grandes prejuízos a quem produz. No caso do café, em 1929, foram produzidas mais de 29 milhões de sacas e exportou-se menos da metade. Junte a este excesso de produção a diminuição do consumo mundial, em função da crise econômica pela qual passou os EUA em 1929, quando a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou.
QUEREM INDUSTRIALIZAR O BRASIL
No período anterior a 1930, o Brasil ainda não tinha conseguido se desatrelar dos interesses externos, e por isso, existiam várias barreiras ao nosso desenvolvimento industrial, pois não interessava a nenhum outro país a nossa industrialização; eles preferiam que nós continuássemos a exportar matéria-prima e a comprar deles os produtos industrializados. No entanto, a industrialização foi se processando lentamente, de várias formas.
A chegada da família real ao Brasil, em 1808, constituiu-se num dos marcos que possibilitaram o início da industrialização. Foram tomadas várias medidas que favoreceram o aparecimento de alguns estabelecimentos fabris que, de início, eram isolados e, como já vimos, não permitiam a conexão entre os espaços regionais.
As principais medidas tomadas em relação à nossa industrialização foram: isenção de taxas aduaneiras para a entrada de matérias-primas necessárias às novas fábricas; PROTECIONISMO a alguns tipos de atividades industriais, para que pudessem se desenvolver sem a concorrência estrangeira; e incentivos tributários à indústria têxtil, entre outros.
PROTECIONISMO: Conjunto de medidas que impedem os produtos estrangeiros de concorrer, no mercado interno, com os nacionais.
A entrada numerosa de imigrantes europeus, após 1888, aumentou o mercado consumidor interno e conseguiu gerar bases para o crescimento industrial, uma vez que o país já dispunha de mão-de-obra para o trabalho nas fábricas e trabalhadores assalariados para consumir os produtos industriais. Em função disto, houve um crescimento industrial um pouco mais significativo nos primeiros 30 anos do século XX, apesar de a industrialização ter se concentrado em São Paulo e no Rio de Janeiro.
As mudanças no espaço foram nítidas, pois a expansão urbana que se seguiu ao fenômeno da industrialização possibilitou ampliar o setor de serviços (energia elétrica, rede de esgotos, ampliação dos transportes, recursos médicos), o que se transformou num atrativo a mais para as populações que já estavam saindo do campo e se dirigindo para os centros urbanos, em busca de trabalho.
Atividade:
1. Quais os principais fatores que influenciaram e conseguiram dar impulso ao início da industrialização brasileira desenvolvida nas primeiras décadas do século XX?
Resposta: Após a abolição da escravatura (1888), cresceu a entrada de imigrantes europeus, o que proporcionou a expansão do nosso mercado consumidor interno e a criação de mão-de-obra para as fábricas urbanas. O desenvolvimento da cafeicultura já havia proporcionado a criação das bases financeiras e da infra-estrutura básica, também fundamentais para a indústria.
COMO SE DEU A PASSAGEM DA ECONOMIA AGROEXPORTADORA CAFEEIRA PARA O MODELO URBANO-INDUSTRIAL?
A transformação do Brasil em país industrial ocorreu em dois períodos distintos: o primeiro foi o surto industrial que acompanhou o crescimento da economia cafeeira de São Paulo, nas duas primeiras décadas do século XX; o segundo foi impulsionado pela Revolução de 1930 e a conseqüente reorganização da política que ela promoveu.
Quando a economia norte-americana quebrou, o Brasil também entrou numa grande crise, pois não podia mais vender o seu café para eles. A solução para a crise veio através da criação do projeto de industrialização, o qual transformou o Brasil, de uma economia agroexportadora cafeeira para uma economia urbano-industrial.

Que mudanças a cafeicultura promoveu na organização do espaço geográfico da região Sudeste?

O café modificou profundamente o espaço geográfico da Região Sudeste, dinamizando a economia, promovendo o crescimento das cidades (intensificando a urbanização), estimulando a construção de ferrovias para escoar a produção, ampliando as migrações internas e de estrangeiros e as casas comerciais.

Quais foram as principais transformações sociais geradas pela economia do café no Sudeste do Brasil?

As principais consequências do Ciclo do Café foram: - Concentração do poder político e econômico na região Sudeste. - Aumento do desenvolvimento industrial e urbano no Sudeste. - Imigração europeia para as lavouras de café e indústrias do Sudeste.

Como a cafeicultura impulsionou a industrialização do Sudeste?

O surgimento das indústrias na região sudeste está vinculado à produção cafeeira decorrente da: Grande quantidade de trabalhadores da produção do café foi atraída para trabalhar nas indústrias que iniciavam suas atividades.

O que foi a expansão da cafeicultura no Sudeste?

Todo o ciclo do café, assim como as plantações e a maneira como a cafeicultura exerceram a importante atividade na economia nacional, transformaram a região Sudeste na principal produtora de café e fez com que a região atingisse a categoria de principal centro econômico e político do Brasil.