Show O Desastre da Vila Socó em Cubatão
Cubatão significou um prelúdio aos rumos da ação política em torno da qualidade ambiental no Estado de São Paulo. Cubatão é o município brasileiro que retrata, com perfeição, a desorganização social do País.
As causas que tornaram famoso o município de Cubatão estão menos ligadas à sua importância como gerador de empregos e riquezas e mais à poluição. Houve um crescimento industrial muito rápido em Cubatão, e durante a fase principal da implantação das indústrias - realizadas em apenas duas décadas - não houve qualquer previsão dos impactos sociais e ambientais relacionados direta ou indiretamente com a industrialização.
Essas duas empresas estimularam a implantação de 21 outras indústrias, que utilizavam os seus produtos e subprodutos. Todo esse imenso complexo que, de certa forma, depende da Refinaria, constitui o chamado “ Pólo Petroquímico de Cubatão” .
Características Geográficas:
Estende-se ao longo da costa e é contornado por colinas e montanhas na forma de “ U” , cujos lados são formados a Oeste, ao Norte e a Leste pela Serra do Mar, e ao Sul pela região estuaria e depois o mar.
Nessa estreita faixa de terras planas e submersíveis estão construídas as indústrias, o centro administrativo e comercial do município e os bairros residenciais operários. O rio Cubatão é o mais importante da rede hidrográfica da região, mas outros cursos d’água atravessam o município.
Nos períodos de inverno, há formação de camadas de inversões térmicas de superfície que pode estender-se por vários dias, deixando a cidade numa situação difícil, com a qualidade do ar bastante comprometida, pois concentra todos os tipos de poluentes - dos processos industriais e do trânsito de veículos - próximos ao solo.
O que aconteceu em Cubatão: A primeira descoberta alarmante foi a presença de altas concentrações de mercúrio no rio Cubatão ( que provoca o “ Mal de Minata” ). A incidência de malformações congênitas, de câncer no pulmão e doenças mentais começou a ser estudada.
No caso da poluição de Cubatão, o seu controle tem demonstrado que, antes de ser um processo técnico, é um processo político. Dentro da postura de “ desenvolvimento a qualquer custo” definida pelo Brasil, na Conferência de Meio Ambiente, Estocolmo 72, a expansão do pólo industrial teve um impulso efetivo, sem nenhuma preocupação de preservação ambiental.
Era necessário que grupos de pesquisadores se unissem e apresentassem propostas de estudos sobre a fauna e a flora de Cubatão, a ecologia dos mangues e do estuário, e um estudo sistemático dos diferentes poluentes encontrados nos efluentes líquidos, sólidos e gasosos.
Interceptando o andamento dos entendimentos, em 25 de fevereiro de 1984, um episódio marcou profundamente a história de Cubatão: o vazamento de um oleoduto da Petrobrás causou um trágico incêndio na Vila Socó, um bairro operário (favela) de Cubatão.
Foi, então, em julho de 84, com a implantação do Programa de Controle da Poluição de Cubatão, com o levantamento e controle das fontes que poluíam, que começou uma ação mais efetiva no caso. Além de enfrentar o problema ambiental, era preciso também enfrentar a desinformação da comunidade e sua consequente manipulação, tão danosa quanto o próprio problema.
Isso propiciou o desencadeamento de ações corretivas dentro do tempo disponível e o adequado enfrentamento do “ lobby” industrial nas questões ambientais, possibilitando a prestação de informações para várias facções políticas e opinião pública. As indústrias poluidoras eram autuadas e a imprensa construia a imagem da mesma perante a opinião pública, quando não cumpriam algum item proposto no cronograma.Em 1990, foi concedido o valor de 80% de melhoria na qualidade do ar de Cubatão, e a recuperação das águas do rio Cubatão teve como prova o reaparecimento dos peixes.
Esse projeto e seus resultados chamou a atenção da grande imprensa do Brasil e também da imprensa internacional. Porém, o sucesso do reflorestamento da serra dependia do monitoramento do sucesso do Programa de Despoluição de Cubatão. A semeadura aérea foi uma estratégia de regeneração natural de diversas espécies da Mata Atlântica designada por “ chuva de sementes” . Como as sementes e os esporos apresentavam tamanho e peso extremamente pequenos ( em um grama de sementes seriam viáveis mais de 5.000 plantas para espécies como Tibouchina holosericea ou Tibouchina pulchra, por exemplo) , foi desenvolvido uma técnica de envolvimento das sementes em pellets de material gelatinoso, para viabilizar a semeadura aérea, solução encontrada para o plantio das grandes áreas de difícil acesso por terra, nas escarpas da Serra do mar.
O Incêndio pode ter matado 500 pessoas:
Na Vila Socó, em Cubatão, em vez dos 93 mortos registrados oficialmente na época da ditadura militar, o número total de vítimas fatais pode chegar a 508. A informação é publicada por Band.com.br, 18-07-2014.
Em 1984, ano da tragédia, Cubatão era uma área de segurança nacional e 6 mil pessoas moravam em palafitas construídas em um terreno perto de tubulações da Petrobrás, onde foram instalados tubos que transportam até hoje derivados de petróleo.
Um documento assinado por cinco legistas revela que mais de 300 crianças podem ter morrido. Os peritos ainda relatam que havia 300 crianças matriculadas em escolas da região, mas que apenas 60 voltaram às aulas. A conclusão foi que grande parte dessas crianças foi reduzida a cinzas por causa da temperatura.
O incêndio em Vila Socó, em fotograma de vídeo da época. Imagem exibida pela TV Tribuna, Jornal da Tribuna 2ª Edição, 24/2/2004 A Vila Socó:
Um duto de gasolina da Petrobrás que passa em baixo da Vila Socó iniciou um grande vazamento, jorrando 700.000 litros de gasolina que se alastraram por toda área alagada. Bastava uma fagulha para que tudo ardesse em chamas.E foi o que aconteceu. Causa provável:
Onilda Gomes de Albuquerque Oliveira, uma das moradoras do local e sobrevivente da tragédia: Pela uma hora da manhã, meu vizinho me acordou. Nós estávamos sentindo um cheiro de gasolina, mas não nos preocupamos, era costume essas fábricas soltarem sempre muitos gases à noite. Era muita poluição. Saímos para rua; eu, meu marido e meus filhos e fomos conversar com um policial. Quando ele acaba de afirmar "- Não senhora, não tem perigo, já está tudo sobre controle." Geraldo de Jesus Guedes, de 41 anos, viu o incêndio de perto. "Corri mais de três quilômetros para fugir do fogo", disse. Para Guedes, morreram pelo menos mil pessoas. "Muitos não tinham documentos. O fogo queimou tudo e não foi possível provar nada", diz. Dados oficiais:
Dados extra-oficiais:
Na primeira hipótese:
Num segundo caso:
Finalmente, numa terceira hipótese:
Além desses mortos estão registrados 27 feridos com lesões graves e outros cem, pelo menos, com lesões mais leves.
A maior parte desses mortos jamais será localizada, partindo-se do princípio que o calor gerado pelo incêndio, particularmente no centro da Vila Socó, ultrapassou a mil graus de temperatura, por várias horas.
Ou ainda outras informações colhidas oficialmente: nenhum corpo de criança com menos de presumíveis sete anos de idade foi localizado, mesmo nas áreas periféricas do incêndio; na área central, sequer corpos de adultos foram localizados. Indenização: Na Vila Socó, as famílias dos 93 mortos foram indenizadas, embora ninguém do lugar, nem mesmo o prefeito atual Clermont Silveira, acredite que o número de mortos foi o oficial. "Estive lá durante o incêndio como médico e vi muitos mortos", diz o prefeito. Hoje, vida segue tranquila sobre dutos da Petrobrás:
As prefeituras de cidades-sede de terminais petrolíferos e municípios por onde passam os dutos da Transpetro, sucessora da Petrobrás na movimentação de petróleo e derivados, estão sendo notificados sobre construções irregulares na faixa de proteção dos dutos. A empresa quer retirar os moradores e pede ajuda do poder público.
As áreas foram ocupadas irregularmente há mais de 20 anos e estão próximas a dutos e ao Terminal Marítimo da Petrobrás.
Urbanização da Vila Socó:
Área de Risco:
Já o gerente de controle de terminais terrestres e oleodutos da Transpetro, em São Paulo, Alberto Mitsuya Shinzato, lembra a existência da lei federal 6766/79 que delega aos municípios autonomia para evitar a ocupação das áreas de risco.
Só na área Cota 95, mais de 30 casas estão dispostas ao longo de dois quilômetros em cima ou a menos de 15 metros dos dutos.Estima-se que na Cota 95 vivam cerca de 800 pessoas. A rua por onde passam os dutos não tem nome: é chamada pelos moradores como "Faixa de Oleoduto". Na área Cota 95 crianças brincavam com fogo, perto das tubulações bem embaixo das placas que alertam para a proibição de construções. O Desastre da Vila Socó em Cubatão Quais as consequências sociais e ambientais do processo de industrialização de Cubatão?Algumas dessas consequências eram o ar denso, possuía cheiro e cor, milhares de toneladas de poluentes eram jogadas por mês no ar da cidade, peixes e pássaros sumiram de seus habitats, algumas espécies foram extintas, pois não havia condições naturais para sobreviverem e nem para se reproduzirem.
Quais as consequências sociais do processo de industrialização em Cubatão?Resposta: O ar tornou-se denso, com cheiro e cor, e as águas foram poluídas pelos dejetos lançados pelas indústrias. Houve morte de peixes, pássaros e outros animais, que sumiram da região. Além disso, a população começou a sofrer vários problemas de saúde em razão da poluição.
Quais as consequências causadas pela poluição industrial em Cubatão?Na Vila Parisi, bairro residencial de baixa renda próximo a indústrias de petróleo, fertilizantes e metais, nasciam crianças com graves malformações nos membros e no sistema nervoso. Pelo menos 37 nasceram mortas devido a problemas como a anencefalia, a falta de cérebro.
Quais foram os impactos socioambientais gerados em Cubatão?malformações congênitas, de câncer no pulmão e doenças mentais começou a ser estudada. Mas a partir da década de 80 a anencefalia, uma doença que produz natimortos sem cérebro, e os poluentes químicos emitidos pelas indústrias de Cubatão começaram a ser relacionados, chamando a atenção da comunidade científica.
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