Introdu��o Show
A �gua � essencial para o desenvolvimento e manuten��o da vida no planeta e � indispens�vel para as atividades humanas, como a agricultura, pecu�ria, ind�stria, com�rcio, gera��o de energia, abastecimento, entre outras finalidades (MORAES; JORD�O, 2002). Assim, a �gua � utilizada para a sobreviv�ncia e melhoria nas condi��es econ�micas e sociais do homem; tamb�m � o meio onde vivem os organismos que precisam de boas condi��es ambientais para sobreviver (BENETTI; BIDONE, 2004). A bacia hidrogr�fica como unidade proporciona uma combina��o de gest�o e planejamento ambiental, uma vez que permite o entendimento existente nas suas rela��es, tanto os fatores f�sicos como os humanos, podendo ser compreendida como um sistema (SANTOS, 2019). No �mbito das pesquisas e estudos, a bacia � considerada para an�lise ambiental de forma integrada e apresenta uma fonte relevante no campo dos estudos do meio ambiente, pois seu estado � morfodin�mico, modificando com rapidez, e, dependendo dos impactos, esses resultam em graves consequ�ncias para a �rea (ALMEIDA, 2015). Christofoletti (1980, p. 220) conceitua bacia hidrogr�fica como: “�rea da superf�cie terrestre drenada por um rio principal e seus tribut�rios. Ela representa a �rea de capta��o natural de �gua da precipita��o que faz convergir o escoamento para um �nico ponto de sa�da, o exult�rio”. Lino e Dias (2005, p. 19) afirmam que � “toda a �rea de capta��o da �gua da chuva” que “escoa superficialmente para um rio ou seu tribut�rio”. Salientam ainda que a bacia � definida pelos relevos dos terrenos mais elevados, ou seja, os divisores de �gua. Assim, a bacia apresenta variadas formas dependendo do seu relevo, larga ou curta, longa ou estreita. Em um cen�rio de crise ambiental, o homem utiliza os recursos naturais de maneira desenfreada, com a finalidade apenas de acumular e obter riqueza para o bem-estar humano, sem levar em considera��o o meio ambiente (SANTOS; FERREIRA; FERREIRA, 2017). As bacias hidrogr�ficas refletem os resultados da a��o antr�pica, como os impactos e degrada��es. Para entender esse processo, � preciso conhecer as suas causas e efeitos para proposi��o do diagn�stico. Braga et. al. (2006, p. 150) afirmam que esse � “necess�rio para que se conhe�a a situa��o dos corpos h�dricos com rela��o aos impactos antr�picos na bacia hidrogr�fica e � essencial para que se planeje sua ocupa��o e seja exercido o necess�rio controle dos impactos”. Qualquer altera��o executada pela a��o antr�pica sobre o meio implicar� modifica��es e consequ�ncias para o ambiente. Guerra e Cunha (2002, p. 219) afirmam que “a princ�pio, qualquer atividade humana causa impactos ambientais. Por conseguinte, a explora��o de recursos naturais tem causado uma gama variada de danos ambientais”. Para Santos (2008, p. 89), “impacto ambiental � o desequil�brio consequente de um dano que se vale de agentes diversos, capaz de interromper a harmonia existente na rela��o entre ser vivo e natureza por causa da a��o do homem sobre o meio ambiente”. Assim, impacto ambiental � tudo aquilo que, por meio da a��o humana, modifica a natureza que, em muitos casos, pode ser irrevers�vel. Dependendo do grau do impacto, haver� uma s�rie de consequ�ncias graves. A avalia��o dos impactos ambientais deve levar em considera��o a gest�o como ferramenta importante nas bacias, pois aquela integra estudos das atividades t�cnicas e cient�ficas para identifica��o, preven��o, medi��o e interpreta��o, quando vi�vel, dos impactos ambientais (CUNHA; GUERRA, 1999). Para Araujo et. al. (2005, p. 19), “a degrada��o das terras envolve a redu��o dos potenciais recursos renov�veis por uma combina��o de processos agindo sobre a terra”. A degrada��o pode ocorrer de diversas formas, como a retirada da cobertura vegetal para a pr�tica agr�cola (agricultura), a popula��o de animais (pecu�ria e pastoreio) e pela utiliza��o indevida dos recursos naturais (minera��o), assim, a degrada��o e eros�o causam impactos ambientais e socioecon�micos nas bacias hidrogr�ficas (ARAUJO et. al. 2005; JORGE; GUERRA, 2020). Ressalta-se que a eros�o dos solos � um fen�meno natural, por�m o homem tem acelerado esse processo (EMBRAPA, 2002; GUERRA et al., 2017). Com a finalidade de recuperar as �reas degradadas, as bacias hidrogr�ficas assumem um papel importante neste processo; uma vez que a maior parte dos danos ambientais ocorre na superf�cie em que as bacias hidrogr�ficas est�o inseridas, dessa forma, faz-se necess�rio conhecer a sua forma��o, constitui��o e din�mica para a implanta��o das obras de recupera��o efetiva e eficaz (ARAUJO et. al., 2005). Observa-se, portanto, que as bacias hidrogr�ficas s�o fundamentais para compreender os danos ambientais e assim sanar e recuperar tais �reas, pois o desequil�brio de um rio resulta no desequil�brio de toda a bacia. Chagas (2014, p. 57) afirma que: [...] “ao desequilibrar-se a cabeceira de um rio, desequilibra-se todo o seu curso; ao desequilibrar-se o curso, desequilibra-se toda a bacia hidrogr�fica”. O diagn�stico ambiental de uma bacia � realizado a partir de estudos dos impactos para elabora��o de planejamento e gest�o com proposi��es de medidas de recupera��o ambiental. Para Mendes (2006, p. 171), o gerenciamento das bacias “� um instrumento orientador das a��es do poder p�blico e da sociedade, no longo prazo, no controle do uso dos recursos ambientais” com o prop�sito de promover o “desenvolvimento sustent�vel” na �rea de uma bacia. A partir do exposto, buscou-se com o objetivo de identificar os impactos ambientais sofridos pela bacia do rio Guavinip� e suas consequ�ncias a partir das atividades antr�picas. Dessa forma, faz-se necess�rio entender a din�mica de uma bacia hidrogr�fica para compreender as altera��es e mudan�as sofridas nesse ambiente. Materiais e M�todos A bacia do rio Guavinip� possui uma �rea de drenagem de, aproximadamente, 1.450 km�, e abrange tr�s munic�pios do Norte de Minas: Bocai�va, Engenheiro Navarro e Francisco Dumont. Situa-se entre os paralelos 16� 55’ e 17� 20’ de latitude Sul e os meridianos 43� 40’ e 44� 10’ de longitude Oeste. A nascente do rio Guavinip� est� localizada na por��o norte do munic�pio de Bocai�va, pr�ximo � BR-135. A sua foz est� localizada na divisa dos munic�pios de Francisco Dumont e Engenheiro Navarro. O rio Guavinip� � um dos afluentes do rio Jequita� e subafluente do rio S�o Francisco (Figura 1). A popula��o dos munic�pios pertencentes � bacia, segundo estimativa do IBGE (2018), � de 49.942 habitantes em Bocai�va; de 7.244 habitantes em Engenheiro Navarro; e de 5.187 habitantes em Francisco Dumont. Quanto �s caracter�sticas f�sicas, a �rea de estudo est� localizada no regime hidroclimatol�gico irregular, que se caracteriza por apresentar uma esta��o chuvosa no ver�o (entre outubro e mar�o) e outra seca no inverno (no per�odo de abril a setembro). De acordo com a classifica��o de Koppen, o clima � tropical (Aw), com precipita��es totais anuais de 750 mm a 1.200 mm anuais (VIANELLO; ALVES, 1991; CAMINHAS; FONSECA, 2020). Figura 1 Mapa de Localiza��o da bacia rio do Guavinip� BOITRAGO, W. E. A., 2020. A geologia da bacia caracteriza-se pela presen�a predominante de rochas datadas do Pr�-Cambriano, Grupo Bambu� do subgrupo Forma��o Lagoa do Jacar�: siltitos calc�feros, calc�rios cinzentos, ard�sias e lentes de calc�rio ool�tico. Ainda na bacia h� o subgrupo do rio Paraopeba indiviso: siltitos, siltitos calc�feros, ard�sias, calc�rios e quartzitos. Ao norte da bacia, na �rea da nascente, est� localizada a unidade geol�gica do Urucuia, e dep�sitos lacustrinos na foz (PROJETO RADAR, 1978). Em rela��o �s formas do relevo, a bacia apresenta os mais variados tipos, como Interfl�vios tabulares com Vertentes ravinadas; Vertentes ravinadas e Vales encaixados; Superf�cie tabular; Colinas; Cristas; Superf�cie aplainada; Cristas com vertentes ravinadas; Vertentes ravinadas; Superf�cie tabular reelaborada; Superf�cie ondulada em planalto (PROJETO RADAR, 1977). A bacia do rio Guavinip� est� inserida predominantemente no bioma Cerrado com a fitofisionomia do Cerrado tip�co, com �rvores espa�adas e tortuosas com as cascas grossas e folhas �speras. Em algumas �reas, h� ocorr�ncia das matas ciliares ao longo do canal do rio e de seus afluentes. H� tamb�m ocorr�ncia da Floresta Estacional Decidual (Mata Seca), em que nos meses secos elas perdem todas suas folhas (CHAGAS, 2014). O procedimento metodol�gico utilizado foi revis�o bibliogr�fica em livros, artigos e peri�dicos sobre bacia hidrogr�fica, degrada��o e impactos ambientais, de autores como Christofoletti (1980), Teixeira et al. (2000), Chagas (2014), Guerra e Cunha (2002), Lima (2008), Santos (2008), Araujo et al. (2005), Almeida e Pereira (2009), Almeida (2015), Dur�es et al. (2017), Ferreira et al. (2017), Santos, Ferreira e Ferreira (2017), Jorge e Guerra (2020), entre outros. Realizou-se o trabalho de campo “in loco” para coleta de dados, informa��es e registros iconogr�ficos. Para a visita em campo, foram estabelecidos sete locais de visita��o, os pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7: � o ponto 1 compreende a �rea da nascente e entorno; � o ponto 2 � a localiza��o da mina de areia; � o ponto 3 apresenta um dos locais das atividades antr�picas exercidas na bacia; � o ponto 4 � correspondente ao local da ponte da BR-135 sobre o rio; � o ponto 5 � o local de um dos afluentes do rio Guavinip�, pr�ximo da cidade de Bocai�va; � o ponto 6 � �rea que apresenta o cultivo de monocultura de eucalipto; � o ponto 7 compreende a �rea pr�ximo � foz do rio Guavinip� (Figura 2). Figura 2 Mapa de Localiza��o da bacia rio do Guavinip� BOITRAGO, W. E. A., 2020. Utilizou-se o Sistema de Posicionamento Global (GPS) para a marca��o dos pontos e depois descarregados e utilizados no programa do Sistema de Informa��o Geogr�fica (SIG) para e elabora��o do mapa; contou-se ainda com a c�mera fotogr�fica para registrar as imagens dos locais visitados. As visitas de campo para observa��es ocorreram nos meses de abril e maio de 2019, per�odo compreendido entre a transi��o do fim do per�odo chuvoso (novembro a mar�o) e in�cio do per�odo da estiagem (maio a setembro). Utilizou-se a ferramenta do software ArcGIS, vers�o 10.2, licenciado pelo Laborat�rio de Geoprocessamento da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES); as bases cartogr�ficas estaduais, municipais e rodovi�rias baixadas da plataforma digital do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), e a base hidrogr�fica baixada do Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (IGAM) para o processamento dos dados e elabora��o dos mapas. Ap�s a realiza��o da visita de campo, utilizou-se a cartografia por meio dos mapas para espacializar os pontos visitados na bacia. Para a gera��o do mapa de uso da terra, utilizou-se a imagem de sat�lite Landsat 8, sensor OLI, do dia 22 de maio de 2019, dispon�vel na plataforma digital do Instituto Nacional Pesquisas Espaciais-INPE, contou com o software ArcGIS, vers�o 10.2 para o processamento dos dados e confec��o do mapa, e para a valida��o dos dados utilizou o trabalho de campo e a ferramenta Google Earth. Resultado e discuss�o O impacto observado em campo no ponto 1 foi o desmatamento nas �reas pr�ximas � nascente, com a ocorr�ncia do solo sem cobertura vegetal e exposto. No per�odo chuvoso, ocorre o processo de eros�o, em que s�o carregados os sedimentos para o leito do rio, ocasionando o assoreamento, como Santos, Ferreira e Ferreira (2017) demostraram em seu estudo. O desmatamento foi realizado em fun��o de amplia��o das �reas de pastagens para a cria��o de gado em que � retirada a vegeta��o para cultivo de pastos e para a passagem do animal para beber �gua, dessa maneira, destroem-se as matas ciliares nas margens do canal. Com o intuito de preservar a mata ciliar e os corpos h�dricos, o C�digo Florestal brasileiro por meio da Lei n� 12.651, de 25 de maio de 2012, no cap�tulo II, na se��o I, do 4� artigo, disp�e dos locais delimitados para as �reas de Prote��o Permamente - APP. Em rela��o �s nascentes, essas s�o protegidas num raio de di�metro de, no m�nimo, 50 metros, e as margens s�o protegidas de acordo com largura do rio (BRASIL, 2012). Nesse contexto, o rio Guavinip� se enquadra na regra: largura inferior a 10 metros e a prote��o das margens � de 30 metros. Ao longo da pesquisa foi identificado v�rios locais em que essa regra n�o � cumprida no canal, com irregularidades com �reas desmatadas da mata ciliar at� a calha. O processo da interven��o humana sobre o meio ambiente afetou o canal do rio, apresentando �reas de pastagens em local que deveria ser protegido e que tem contribu�do para agravar a crise ambiental na bacia (Figura 3). Figura 3 Canal da nascente do rio Guavinip� com a presen�a de sedimentos - Local pr�ximo � nascente do rio com a presen�a de pastagem BOITRAGO, W. E. A., maio de 2019. O impacto encontrado na bacia do Guavinip� no ponto 2 foi a minera��o de areia para atender o setor da constru��o civil das cidades de Bocai�va e de Montes Claros-MG (Figura 4). Nessa �rea, h� um intenso processo erosivo decorrente dessa atividade, exercida tanto pr�ximo � nascente do rio Guavinip� como no seu afluente, o Ribeir�o do Angico, contribuindo para o assoreamento dos seus leitos, al�m de afetar as nascentes dos principais rios da regi�o como o rio S�o Lamberto, rio Pacu� e rio Verde Grande (STEINER; VASCONCELOS, 2011). Para Almeida e Pereira (2009), com a crescente press�o mercadol�gica da constru��o civil dos dois munic�pios instalaram-se empresas para a extra��o de areia no local, sem fazer um correto planejamento de manejo das lavras exploradas. Constata-se a presen�a de eros�o provocada pela chuva, devido � retirada da vegeta��o. O solo arenoso contribui tamb�m para acelerar o processo de eros�o (Figura 4). O escoamento difuso � comum nesses locais, evoluindo para o processo de ravinas e vo�orocas (DUR�ES et al., 2017). Dessa maneira, t�m-se os impactos provenientes da eros�o, consequente resultado de atividades humanas, como novas �reas agr�colas, �reas urbanas e locais destinados para a minera��o (PIRES; SANTOS; DEL PRETTE, 2005). Figura 4 Local de extra��o de areia, pr�ximo �s nascentes da bacia do Guavinip� BOITRAGO, W. E. A., abril de 2019. Nos estudos de Almeida e Pereira (2009), na d�cada de 1990, o poder p�blico, juntamente com a sociedade cobraram medidas eficazes para controlar tais impactos, como planejamento e recupera��o das �reas degradadas nos locais de extra��o. Por�m, o que p�de ser constatado � que tudo n�o passou de tentativas para resolver o problema com propostas pontuais que n�o foram efetivadas com medidas para a recupera��o dessas �reas. Houve tamb�m a tentativa de cercamento das �reas, a planta��o de eucaliptos e a constru��o de “barraginhas” para evitar a degrada��o, mas tais medidas n�o foram suficientes para evitar a degrada��o. No ponto 3, foi identificado interven��o dos moradores para a capta��o de �gua no rio, como a constru��o de pequenas represas para implanta��o do carneiro hidr�ulico e instala��o de bombas el�tricas para abastecimento dom�stico (Figura 5). Figura 5 Represa feita por moradores locais para capta��o de �gua no carneiro hidr�ulico. Bombas el�tricas instaladas para a capta��o de �gua BOITRAGO, W. E. A., abril de 2019. Outro impacto identificado no leito do rio foi o pisoteio de animais (Figura 6), quando saciam a sede. Essa pr�tica provocou a compacta��o dos solos e a eros�o das encostas, desencadeando o processo de assoreamento no rio. Figura 6 Pisoteio de animais no leito do rio BOITRAGO, W. E. A., abril de 2019. Nos pontos 4 e 5, foi constatado o lan�amento de efluentes de esgotos no rio Guavinip� por meio do seu afluente, o rio Maca�ba, que passa pela cidade de Bocai�va entre o bairro Pernambuco e o Distrito Industrial. Esses efluentes provocam polui��o e contamina��o das �guas, tornando-as impr�prias ao consumo humano e animal. Durante a visita, foi poss�vel visualizar a �gua com tonalidade escura, com a presen�a de espuma e apresentando mau odor – aspectos insalubres para um rio (Figura 7). Figura 7 Esgoto no rio Guavinip� pr�ximo � cidade de Bocai�va-MG BOITRAGO, W. E. A., maio de 2019. O esgoto lan�ado diretamente no rio sem nenhum tratamento afeta a qualidade da �gua que n�o mais poder� ser utilizada pela popula��o para os servi�os dom�sticos, pelos animais, e ainda apresenta condi��es desfavor�veis para a vida aqu�tica, acarretando v�rios problemas para o rio, uma vez que a �gua est� polu�da e contaminada (PIRES; SANTOS; DEL PRETTE, 2002). Foi poss�vel observar a presen�a significativa de organismos que proporcionam a reprodu��o e a prolifera��o de mosquitos, principalmente o Aedes aegypti que transmite diversas doen�as virais (Figura 8). Figura 8 Ponte sobre o ribeir�o Maca�bas afluente do rio Guavinip� e esgoto a c�u aberto. Presen�a de organismos no local do esgoto no rio Guavinip� BOITRAGO, W. E. A., maio de 2019. Pereira (2004) considera que, ao afetar a qualidade da �gua por meio das atividades dom�sticas, comerciais ou industriais, geram-se poluentes caracter�sticos com uma implica��o diferente em cada corpo receptor. No ponto 6, no interior da bacia, observou-se a monocultura de eucalipto com v�rios locais de cultivo. A retirada da vegeta��o natural para a planta��o dessa cultura ocasionou impacto ambiente local (Figura 9). Figura 9 Monocultura de eucalipto nas �reas planas da bacia do Guavinip� BOITRAGO, W. E. A., maio de 2019. O impacto do ponto 7 foi registrada a consequ�ncia do assoreamento que ocorre desde a sua nascente at� a sua foz, afetando a sua vaz�o com baixo volume de �gua (Figura 10) e �reas destinadas a pastagens para cria��o de gado. Figura 10 Rio Guavinip� assoreado pr�ximo a sua foz e com baixa vaz�o de �gua em seu leito. Cultivo de pastagens BOITRAGO, W. E. A., abril de 2019. Na bacia, s�o praticadas atividades, como a agricultura e pecu�ria sem as pr�ticas conservacionistas para minimizar os impactos, e o manejo inadequado dos procedimentos adotados para a execu��o do plantio de pastos, culturas de eucalipto e da agricultura, o que acarreta impactos como solos exposto e, consequentemente, a eros�o e o assoreamento dos leitos dos cursos de �gua, compacta��o dos solos pelo pisoteio dos animais, com interfer�ncia na infiltra��o das �guas pluviais no solo, e, devido � retirada da vegeta��o, ocorre o processo de lixivia��o dos solos, ou seja, a perda dos nutrientes essenciais para o crescimento das plantas. Outros tipos de impactos observados foi a constru��o da rodovia BR-135, pois na sua constru��o n�o foi executado o planejamento adequado para mitigar os impactos na �rea da nascente do rio e a constru��o paralela � BR-135, a linha de transmiss�o de energia da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (CEMIG), que passa pr�ximo da nascente do rio Guavinip�, e que desmataram a �rea para a implanta��o daquela (Figura 11). Figura 11 Linha de transmiss�o de energia da CEMIG e rodovia BR-135 passam pr�ximos � nascente do rio Guavinip�. BOITRAGO, W. E. A., maio de 2019. A rodovia foi constru�da em um local de solo arenoso e de relevo de declives acentuados. Para Almeida e Pereira (2009), a origem da degrada��o come�ou a partir da d�cada de 1970 com a constru��o da BR-135. Dessa maneira, come�ou a retirada do cascalho do topo do Morro Vermelho para sua constru��o sem a preocupa��o com o equil�brio ambiental do local. Dessa maneira, foi elaborado um mapa de uso da terra da bacia do rio Guavinip� para o ano de 2019, para espacializar os principais usos, e principalmente identificar as �reas que sofrem impactos resultante das atividades humanas (Figura 12). Figura 12 Mapa do uso da terra na bacia do Rio Guavinip� em 2019. BOITRAGO, W. E. A. 2021. A classe com maior abrang�ncia na bacia � a de pastagem (71,4 %), o que justifica o desmatamento para as �reas de pastagens para a cria��o de gado, al�m disso outras classes tamb�m contribuem para aumentar esse indicador como a silvicultura (3,4%) e a de cultivo (0,7). J� as classes de cerrado (16,2) e Floresta Estacional Decidual (7,7) s�o as �reas de vegeta��o natural na bacia, essas est�o localizadas em terrenos de dif�cil acesso, como a declividade o que dificulta a a��o do homem. E a classe macha urbana (0,6%) resultante da transforma��o da sociedade, o meio natural para diversas finalidades (Tabela 1). Tabela 1 Classes do Uso da terra na bacia do rio Guavinip�.
BOITRAGO, W. E. A. 2021. Com o objetivo de minorar os impactos ambientais ocorrentes na bacia do rio Guavinip� foram realizadas obras de recupera��o e preserva��o hidroambiental no ano de 2014. Foram elaboradas e executadas as obras para preserva��o na bacia como cercamento das nascentes para os animais n�o terem acesso aos locais, a constru��o de “barraginhas” e palestras de sensibiliza��o em educa��o ambiental para as associa��es comunit�rias de moradores e na escola da comunidade de Catarina (Escola Municipal Josefa Pereira). A recupera��o se deu por meio do Comit� de Bacias Hidrogr�ficas do Jequita� e Pacu� por meio da Ag�ncia Peixe Vivo. Para divulga��o, foram instaladas placas da recupera��o hidroambiental (Figura 12). Figura 12 Placa de recupera��o hidroambiental na bacia do rio Guavinip� BOITRAGO, W. E. A., maio 2019. Entretanto, em uma visita de campo ao local, foi poss�vel identificar que a cerca est� em p�ssimas condi��es, com evid�ncias de que n�o houve a sua manuten��o; tamb�m n�o foram realizadas a manuten��o das “barraginhas”. Diante desse fato, � necess�rio que as pol�ticas p�blicas sejam aplicadas regularmente em prol da preserva��o da natureza. Considera��es finais Constataram-se na bacia impactos antr�picos das mais diversas formas. Essas mudan�as afetaram diretamente o meio ambiente, causando danos, muitos irrevers�veis, tornando o local impr�prio tanto para a vida quanto para as pr�ticas das atividades econ�micas. A realidade ambiental da bacia do Rio Guavinip� reflete a a��o antr�pica, dos diversos tipos, ocasionando mudan�a na sua din�mica e consequente o seu desequil�brio. A partir desses impactos, � necess�ria a tomada de decis�es para evitar maiores danos e, assim, promover, por meio de campanhas de educa��o ambiental, medidas de prote��o ao meio ambiente e sensibiliza��o da popula��o para utilizar os recursos de maneira respons�vel. � importante salientar que o poder p�blico necessita de a��es eficientes para atender a demanda necess�ria da bacia do rio Guavinip�, como fiscalizar, preservar e, principalmente, estabelecer pol�ticas p�blicas que beneficiem a popula��o e auxiliem na prote��o e conserva��o da natureza, ao mesmo tempo em que promove, em conjunto com as comunidades rurais, atividades de desenvolvimento econ�mico sustent�vel sem prejudicar o ambiente. Agradecimentos � Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior-CAPES pela concess�o de bolsa atrav�s do Programa de P�s-Gradua��o em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES. Refer�ncias ALMEIDA, M. I. S.; PEREIRA, A. M. 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Maria Ivete Soares de Almeida � Graduada em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Goi�s (UFG) e Doutora em Geografia pela Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC-MG). Atualmente � Professora dos cursos de Geografia (licenciatura e Bacharelado) e do Programa de P�s-Gradua��o em Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Endere�o: Campus Universit�rio Prof. Darcy Ribeiro, Av. Prof. Rui Braga, s/n - Vila Mauriceia, Montes Claros - MG, 39401-089. Quais impactos podem ser causados nas bacias hidrográficas?Pois, nesta região, ocorre o maior impacto ambiental, como: erosão, assoreamento, falta de matas ciliares em torno dos rios principais que compõem a bacia, uso inadequado de práticas agrícolas e demais atividades não recomendadas de péssima conservação do uso da terra.
Quais os impactos que podem ser causados nas bacias hidrográficas com o desmatamento?O desmatamento no curso dos rios até o reservatório faz com que essas nascentes desapareçam e os cursos d'água não consigam se recuperar.” Onde não há floresta, a infiltração da chuva no terreno é mais difícil.
Quais são as consequências dos impactos ambientais nos recursos hídricos?Os impactos ambientais causados pela transposição de rios são enormes, destacando-se o desmatamento, a desertificação e a perda da biodiversidade. Diante da escassez de água em algumas partes do mundo, diversas estratégias foram criadas para garantir o acesso da população a esse recurso.
Quais impactos ambientais negativos o aumento da degradação da bacia hidrográfica pode causar aos rios?Dentre os principais impactos ambientais causados pela atividade humana, principalmente pelas empresas, podemos citar a diminuição dos mananciais, extinção de espécies, inundações, erosões, poluição, mudanças climáticas, destruição da camada de ozônio, chuva ácida, agravamento do efeito estufa e destruição de habitats.
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