O diabetes tipo 2 é uma doença crônica que afeta cerca de 14 milhões de pessoas, hoje, no Brasil. Show
Por se tratar de uma doença relacionada ao estilo de vida, a alimentação inadequada e o sedentarismo podem ser considerados as principais causas do aumento na frequência da doença. A característica predominante do diabetes tipo 2 (DM2) é o aumento na resistência à ação da insulina, o que leva a uma dificuldade do aproveitamento do açúcar pelas células. O pâncreas, responsável pela produção da insulina, acaba forçado a produzir mais e mais insulina, até entrar em colapso, não conseguindo produzir as quantidades necessárias. A causa exata deste colapso ainda é desconhecida.
Dislipidemia
Apesar de ser assintomática, a dislipidemia é uma condição que aumenta as chances de doenças como:
Dispidelimia e Hiperglicemia em DiabéticosDevido à dislipidemia, o risco cardiovascular está presente muitos anos antes do aparecimento laboratorial de glicose elevada em pessoas com diabetes. As principais características da dislipidemia em pessoas com diabetes tipo 2 são:
A resistência à insulina também contribui para a dislipidemia aterogênica, aumentando a secreção hepática de VLDL (lipoproteínas de muito baixa densidade), que contêm principalmente triglicerídeos, e outras partículas de lipoproteínas, como resultado do aumento do fluxo de ácidos graxos livres para o fígado. Isso ocorre devido à presença de níveis altos de lipídeos, ou gordura no sangue, que eleva consideravelmente o risco de doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC) em diabéticos. Porém os riscos da dislipidemia para o coração, nos casos de diabetes, não param por aí:
Diabetes e Complicações CardiovascularesO foco do tratamento do diabetes sempre foi a hiperglicemia, mas esta visão centrada em abaixar a glicose no sangue é limitada quando se pretende tratar a resistência insulínica.
O alto LDL é o maior fator de risco para a doença cardiovascular aterosclerótica, mas a hipercolesterolemia grave é menos frequente que a hipertrigliceridemia (alteração mais comum no diabete) e o baixo HDL. Valores de HDL <35 mg/dL ou de triglicerídeos (TG) >250 mg/dL são critérios suficientes para a pesquisa de diabete em pessoas assintomáticas. O valor baixo de HDL é fator de risco independente para doença cardiovascular e para o próprio desenvolvimento do diabete. Por outro lado, indivíduos com TG muito alto, síndrome de quilomicronemia, não desenvolvem doença cardiovascular aterosclerótica, determinando ceticismo sobre a relação TG com DCV. Embora o TG muito alto seja grande demais para penetrar na camada íntima arterial, o TG leve a moderadamente elevado é pequeno o suficiente para entrar na íntima e pode potencializar cascata de inflamação, com potencial para promover a aterosclerose. Opções de Tratamento para Diabetes
As diretrizes atuais preconizam estratégia agressiva para reduzir o colesterol LDL, a pressão arterial e os níveis de glicose em pacientes, mas os dados sobre altos níveis de triglicérides e níveis baixos de HDL permanecem inconclusivos. Modificações no Estilo de VidaModificações no estilo de vida, como perda de peso, orientações dietéticas e exercícios aeróbicos são as intervenções de primeira linha para tratar a dislipidemia no diabete; porém, as intervenções dietéticas não demonstraram redução da mortalidade, mesmo em acompanhamento em longo prazo. Terapia com InsulinaA terapia com insulina aumenta o HDL e diminui os triglicerídeos circulantes, principalmente quando a glicose está muito alta. Intensificar o uso de insulina pode produzir, além de hipoglicemia, ganho de peso. No diabetes tipo 1, onde há necessidade obrigatória de uso de insulina, transtorno alimentar chamado diabulimia pode acometer 30% a 40% de adolescentes e jovens, que deixam de usar a insulina, após as refeições, para perder peso. Tratamento com EstatinasO uso de estatinas pode diminuir o risco cardiovascular em maneira dose dependente. Por outro lado, em diabéticos, as estatinas não interrompem a progressão do espessamento da parede das artérias carótidas.
Em 2017, a Associação Americana de Diabetes (ADA) recomendou que todos os diabéticos fizessem uso de estatinas. Como efeito indesejável, as estatinas podem acelerar a progressão do diabetes por mecanismos moleculares que atuam na secreção e na sensibilidade insulínica. Embora a maioria dos estudos clínicos sugiram agravamento da resistência à insulina e piora da secreção, os benefícios cardiovasculares do tratamento com estatinas superam o risco. Tratamento Cirúrgico para Diabetes
O bypass gástrico foi comparado ao tratamento intensivo da glicose, quanto a fatores de risco cardiovascular, incluindo DM2, hipertensão e hiperlipidemia. Este estudo envolveu 120 participantes obesos com DM2. Desfecho triplo composto de HbA1c <7% + LDL-colesterol <100 mg / dl + pressão arterial sistólica <130 mmHg foi alcançado em significativamente mais pacientes no grupo cirurgia comparado ao remédio, após um e dois anos de acompanhamento (43 -49% para a cirurgia vs 14-19% para o remédio). Em estudo de 2015, complicações relacionadas ao diabete, incluindo infarto, foram encontradas em 30% dos pacientes tratados com remédio, comparados a um caso após o bypass gástrico. O estudo demonstrou que a resolução da hiperglicemia foi de 80%, da hipertensão de 62%, do baixo HDL 73%, alto LDL 72%, valores muito maiores que os obtidos com o tratamento clínico. Da mesma forma, o aparecimento dessas afecções dez anos após as operações foi muito menor, caracterizando não só tratamento, como prevenção. Constatou-se também que a incidência de eventos cardiovasculares foi reduzida em 33%. A cirurgia metabólica está associada à melhora da sobrevida em longo prazo e à redução da mortalidade geral e específica por causas relacionadas ao diabetes tipo 2 e doença cardiovascular, demonstrando que o tratamento cirúrgico é mais efetivo que o tratamento clínico em pacientes com IMC maior que 30 com dificuldades em controlar a doença. Artigo baseado no texto de Luciana J El-Kadre – Diretora do Centro Metabólico da Gávea – Hospital São Lucas Copacabana – Diretora Científica do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva – capítulo RJ – Membro da Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do CREMERJ – Membro da Câmara Técnica de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo do CREMERJ Mestre e Doutora em Cirurgia UFMG – Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões TCBC – Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva TCBCD- Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica TSBCBM -Membro da Sociedade Americana de Cirurgiões Gastrointestinais e Endoscópicos SAGES -Membro da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica IFASMBS – Fellow do Colegio Americano de Cirurgiões FACS. Qual a relação entre diabetes mellitus e hipertensão arterial?A coexistência de hipertensão e diabetes aumenta o risco para complicações micro e macrovasculares, predispondo os indivíduos à insuficiência cardíaca congestiva, doença coronariana e cerebrovascular, insuficiência arterial periférica, nefropatia e retinopatia (FARIA, 2002).
Qual a relação entre obesidade e diabetes do tipo 2?A obesidade tem sido apontada como um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2. Estima-se que entre 80 e 90% dos indivíduos acometidos por essa doença são obesos. É observado um maior IMC e maior número de obesos dentre os indivíduos com algum grau de anormalidade da homeostase glicêmica.
Qual a relação entre diabetes e dislipidemia?O que muita gente não sabe é que, em diabéticos, a dislipidemia representa um risco cardiovascular maior do que a própria hiperglicemia. Isso acontece até mesmo no caso de diabéticos com níveis muito altos de glicose no sangue.
Qual a relação entre doenças metabólicas como a obesidade e o diabetes tipo 2 é a doença de Alzheimer?Atualmente evidências indicam uma forte ligação entre o diabetes do tipo 2 e a doença de Alzheimer. O diabetes causa neurodegeneração induzindo mudanças na função e na estrutura vascular, no metabolismo da glicose, na sinalização celular da insulina, bem como modificações no metabolismo da proteína beta-amiloide.
Qual é a relação da diabetes e doenças cardiovasculares?O diabetes é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares como: infartos, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e entupimentos das artérias, especialmente das pernas e pés, além de formação de aneurismas – dilatação de um vaso sanguíneo.
Qual é a fisiopatologia da diabetes tipo II obesidade hipertensão arterial e dislipidemia?O paciente DM2 tem um risco aumentando para o desenvolvimento da dislipidemia, uma vez que a resistência à insulina predispõe a alterações no metabolismo das lipoproteínas circulantes. Os padrões mais comumente observados são a elevação dos níveis de triglicérides e a redução dos níveis de HDL-colesterol.
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