Qual dos planos elaborados em lagado mais chamou sua atenção por quê

Roma antigaCedoc/Funarte O teatro contemporâneo
thinkstock/Getty Images
Roma herda o teatro da Grécia, mas O teatro contemporâneo O Coliseu, em Roma • Comente que os gregos le-
com predomínio de textos dramáticos li- (Itália), anfiteatro garam à posteridade várias
gados a temas históricos e à comédia. A partir do início do século XX, construído tragédias que têm sido en-
Seus autores mais representativos são surgiram muitas propostas que di- aproximadamente em cenadas. Algumas delas
Plauto (c. 254 a.C.- c.184 a.C.) e Terêncio fundiam a ideia da ação teatral en- 80 a.C., onde nunca foi são: Antígona e Édipo-Rei,
(185 a.C.- c.159 a.C.); ambos escreveram volvendo atores e público, rompendo encenada uma peça. Foto de Sófocles; Medeia, de
comédias. No entanto, o interesse pelo os padrões clássicos e procurando de 2014. Eurípedes; Prometeu acor-
teatro tradicional foi perdendo espaço reviver o poder que a arte exercia rentado e Agamenon, de
para os espetáculos com mais ação (lutas quando, nos rituais, todos os prati- Ésquilo.
entre gladiadores, corridas de bigas), para cantes se envolviam na teatraliza-
os gêneros mais simples como as panto- ção, sem distinção de papéis. Atividade 1
mimas (representação sem fala, com ape- • Sugerimos que ouça as hi-
nas um ator que dançava ao som da Um exemplo dessa concepção
flauta ou da lira) e para os mimos (textos é a do dramaturgo e diretor de póteses dos alunos. Prova-
cômicos que incluíam números de mági- teatro francês Antonin Artaud velmente, o ser humano co-
ca, dança e acrobacia). (1896-1948), que propunha uma meçou a representar para
unificação entre teatro e vida que expressar seus sentimentos,
Cena de peça teatral com experimentação eliminasse a separação entre palco seus medos, suas dúvidas,
envolvendo o público, do dramaturgo e plateia. sua necessidade de intera-
brasileiro Augusto Boal (1931-2009), que criou, ção, comunicando-se com
nos anos 1970, o método teatral conhecido outros indivíduos e, princi-
por Teatro do Oprimido. Foto de 1975, em palmente, com seus deuses.
Paris (França).
Atividade 4
• Sugerimos que ouça as hi-

póteses dos alunos.

1. Agora, reflita: Em sua opinião, o que teria levado os primeiros seres hu- TragŽdia é o texto
dramático de tema
manos à necessidade de representar? solene e sério, cuja
ação gira em torno
Resposta pessoal. dos problemas de um
ou mais personagens
2. Vimos que, no teatro grego, a representação da peça, muitas vezes, era envolvidos em
adversidades sobre as
acompanhada por música. Você conhece hoje representações cênicas em quais não têm
controle, despertando
que aparecem atores e também música e dança? a empatia e a
compaixão do
Resposta pessoal. Possibilidades: Peças de teatro, musicais, filmes, vídeos. espectador.

3. A partir do teatro grego, houve a separação entre atores e plateia, com Unidade 2 85

papéis distintos. Você já foi a algum show, espetáculo, apresentação

de dança ou de música em que havia espaço para a participação ativa

do público?

Resposta pessoal.

4. As grandes tragédias gregas foram escritas no século V a.C. O que há nelas

de tão significativo para que continuem sendo representadas mais de

vinte séculos depois, em novas peças, novelas e filmes e estejam presentes

até no vocabulário do dia a dia (Por exemplo: Que tragédia grega!)?

Possibilidade: Como as tragédias e comédias clássicas sempre trazem temas ainda atuais sobre
a condição humana, com seus conflitos e suas fragilidades, elas são revisitadas pelos teatrólo-
gos, que lhes dão novas roupagens.

85MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 2

Unidade 3 3UNIDADE Uma palavrinha,
por favor…
• Nesta Unidade, enfocamos
o campo jornalístico/midi- Equipe de filmagem durante
ático, pelo estudo do gê- gravação de vídeo de
nero entrevista, escrita e entrevista.
oral, de modo a trabalhar
nos alunos as habilidades 86
de escuta, leitura e produ-
ção de entrevistas, de for- Neste bimestre, consulte no Material Digital do Professor:
ma a propiciar experiências • Plano de desenvolvimento;
que permitam o desenvolvi- • Ficha de acompanhamento das aprendizagens;
mento de um olhar sensível • Avaliação;
em torno de fatos que afe- • Sequências didáticas:
tam a vida do outro. Além
disso, enfocamos o campo 1. O que se tem a dizer?
de atuação na vida pública 2. Eu recomendo!
por meio da análise de tex- 3. Participação social e cidadã
to normativo legal, de for-
ma que os alunos possam
compreender suas caracte-
rísticas e construir ou am-
pliar coletivamente seu co-
nhecimento a respeito dos
direitos e deveres do cida-
dão, exercitando a empatia
e o acolhimento. Com essa
abordagem, o objetivo é de-
senvolver o olhar crítico na
discussão de questões so-
ciais, tratadas em lei, que
afetam a vida da sociedade
como um todo.

• Para o trabalho com o gêne-
ro entrevista, sugerimos a
leitura de “Entrevista: uma
conversa controlada”, de Ju-
dith C. Hoffnagel (In: DIONI-
SIO, Angela P. et al. Gêneros
textuais & ensino. 5. ed. Rio
de Janeiro: Lucerna, 2007).

• Serão abordados os se-
guintes eixos:

Leitura: entrevista e seus
elementos constitutivos;
Lei Brasileira de Inclusão
(trecho), sua organização
composicional e recursos
linguístico-discursivos; com-
preensão de que a reflexão
sobre o conteúdo de uma lei
pode conscientizar as pes-
soas, gerando uma possível
transformação social.

Produção escrita: elabora-
ção de entrevista.

Oralidade: entrevista; ativida-
de de escuta; discussão oral
com formulação de pergun-
tas e respostas sobre proces-
so de envelhecimento, respei-
to e valorização do idoso.

Análise linguística/semió-
tica: regência verbal com
verbos de uso frequente; re-
gência nominal; uso do sinal
indicativo da crase diante de
palavras femininas que ad-
mitem artigo e de locuções
adverbiais.

86 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Nesta Unidade voc• vai participar de uma discussão com formulação de perguntas;

identificar em que contexto circula o gênero entrevista e conhecer o contexto de produção e a forma de composição
qual é a sua finalidade; de um texto normativo e legal;
planejar e realizar uma entrevista;
realizar uma atividade de escuta para entender o que é ética conhecer e refletir sobre a relação entre nomes e entre
e como ela condiciona a legislação; nomes e verbos: a regência nominal e a regência verbal.

Hero Images/Getty Images

Trocando ideias 2. Espera-se que os alunos respondam que não. Geralmente, imagens de Não escreva no livro!
entrevistas remetem somente ao entrevistado e ao entrevistador. Nessa

imagem, veem-se os bastidores da realização de uma entrevista: os cinegrafistas, todo o equipamento

1. A imagem retrata uma entrevista sendo realizada. Do ponto de vista de quem é feita a fotografia? utilizado, um
Espera-se que os alunos respondam que é do ponto de vista de uma pessoa que está ao lado da cena.
2. Expliquaess. istente
Esse ponto de vista, pelo qual é vista a cena, é um ângulo comum em relação a entrevistas? com um

3. Entrevistas envolvem várias iniciativas e providências. Quais delas você consegue apontar? possível

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos mencionem a escolha do local, se em ambiente de estúdio roteiro nas

ou externo, equipamento adequado, preparação do entrevistador, necessidade de um roteiro, etc. mãos.

Unidade 3 8787

87MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Leitura 1 Leitura 1 Não escreva no livro!

Competência 1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que, para uma entrevista ser realizada,
específica de
Linguagens para o Antes de ler é necessário um entrevistador preparado, com dados relevantes para conduzi-la, e um entrevista-
Ensino Fundamental do disposto a fornecer as informações pedidas. É importante citar que uma entrevista, a princípio,
1. Compreender as lingua-
deve ter como objetivo principal trazer informações relevantes para o público-alvo.
gens como construção
humana, histórica, social 1. Você sabe quais são os principais elementos de uma entrevista? E com que finalidade alguém en-
e cultural, de natureza
dinâmica, reconhecen- trevista uma pessoa? 2. Resposta pessoal. Possibilidade: Buscando informações pessoais, profissionais, realizações, entre
do-as e valorizando-as
como formas de signifi- outras, sobre ela. Dependendo do entrevistado escolhido, conversando com pessoas próximas,
cação da realidade e ex-
pressão de subjetivida- 2. Se tivesse oportunidade de entrevistar alguém para obter informações a respeito de um assunto
des e identidades sociais
e culturais. que interessasse você, que pessoa escolheria? De que maneira se prepararia para entrevistá-la?

(EF69LP03) Identificar lendo ou vendo entrevistas, pesquisando notícias em sites, jornais e revistas, acompanhando e avaliando seu trabalho, etc.
[…] em entrevistas os
principais temas/subtemas 3. Em sua opinião, qual é o melhor meio de comunicação para acompanhar uma entrevista? Justifique.
abordados, explicações da-
das ou teses defendidas em Resposta pessoal. Possibilidade: Jornais ou revistas impressas, sites, canais de vídeo na internet, rádio, televisão, etc.
relação a esses subtemas
[…]. O texto a seguir é uma entrevista concedida pelo advogado Geraldo Nogueira a uma revista brasileira.
Leia-a para saber que tipo de informação ele dá e como é organizada uma entrevista.
Leitura
Durante a leitura, tente descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto em que elas apa-
• Se necessário, explique recem. Se for preciso, consulte o dicionário.
aos alunos que a APAE ou
Associação de Pais e Ami- O novo cenário da inclusão social
gos dos Excepcionais é
uma entidade que promo- Geraldo Nogueira fala da importância de Lei Brasileira de Inclusão para a construção de uma
ve, desde 1954, a inclusão sociedade mais digna para a pessoa com deficiência
social da pessoa com defi-
ciência, atuando no acom- Advogado militante nas áreas de Direito Civil e Direito Processual Civil, Geraldo Nogueira tem 22
panhamento, apoio, defesa anos de atuação profissional. Foi, por dois mandatos, membro do Conselho Pleno e presidente da co-
e garantia de seus direitos. missão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RJ. Em 1990, Geraldo sofreu um
É possível obter mais infor- acidente de carro, o que lhe causou uma paraplegia. Ao invés de desistir de seus sonhos, o advogado
mações sobre a atuação investiu seu potencial nos estudos jurídicos, principalmente voltados para a defesa dos direitos humanos,
da APAE pelo site: <http:// sendo hoje um especialista em Direitos da Pessoa com Deficiência. Em sua participação como palestran-
apae.com.br/> (acesso em: te do I Fórum dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que aconteceu dia 24 de junho, em Franca,
2 nov. 2018>. Geraldo falou sobre a Lei Brasileira de Inclusão e concedeu uma entrevista exclusiva sobre o tema para
a Revista APAE em Destaque.

Por quais processos passamos ao longo do tempo para chegar à inclusão que estamos vi-
vendo hoje?

R: Nós passamos por alguns processos. O Brasil viveu, no início do século XX, um processo de exclu-
são da pessoa com deficiência. Bastava a pessoa ter uma deformidade qualquer que era isolada da so-
ciedade em bairros periféricos que chamavam de guetos. Elas iam para estes guetos e sobreviviam de
esmolas, da ajuda, dos auxílios principalmente dos religiosos. Depois mudou para um modelo de reclu-
são da pessoa com deficiência. Na época do império foram construídos alguns asilos, alguns verdadeiros
depósitos humanos, onde estas pessoas eram alojadas, mas não tinham nenhum tipo de tratamento.
Então elas ficavam ali, somente excluídas da sociedade, não mais em guetos, mas dentro de instituições
que eram muito promíscuas, muitas vezes, e proliferavam muitas doenças. Depois disso nós passamos
a viver um modelo que era um pouco mais integracionista da deficiência, onde se pensou em incluir,
integrar a pessoa na sociedade, quer dizer, fazer um trabalho para que a pessoa com deficiência tivesse
um pouco de normalidade, essa era a teoria da época, isso em meados do século XX, e a ideia é que esta
pessoa se tornasse um pouco mais normal e pudesse integrar uma sociedade dita, entre aspas, de pes-
soas normais. Até que teve um insight, e alguém pensou, “mas que normalidade é esta que não existe no

88 Unidade 3

88 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

ser humano?”. Então isto é errado “integrar uma pessoa em uma sociedade normal”. Este é o processo • A revista APAE em Desta-
que vivemos agora... Eu poderia dizer que são estes quatro; Exclusão; Reclusão; Integração e o último que, publicação bimestral,
que é Inclusão Social. Este modelo de inclusão trata o ser humano como um ser diverso, diferente por dedica-se à divulgação de
si só, sendo que nenhum é igual ao outro. A sociedade tem que recepcionar toda a diversidade humana, informações, eventos e
inclusive a pessoa com deficiência. Então no processo inclusivista, a sociedade se prepara para receber ações em torno da luta pela
toda a diversidade humana. Esse é o momento que vivemos hoje. garantia dos direitos das
pessoas com deficiência e
Você considera que a Lei Brasileira de Inclusão traz esta questão da Código Civil pela igualdade no exercício
da cidadania.
diversidade do ser humano? Ela traz algum ponto importante para que Brasileiro:
isso aconteça? documento oficial que Vocabulário
regulamenta as
R: O que a Lei Brasileira de Inclusão traz neste sentido são as alterações fun- relações jurídicas na dialético: que apresenta
bons argumentos em uma
damentais em alguns instrumentos sociais relevantes, como, por exemplo, o vida dos cidadãos discussão.
Código Civil Brasileiro, quando ela “mexe” em um instrumento que afeta toda brasileiros; por
a sociedade, todos voltam seu olhar para isso, e a lei movimenta muito porque exemplo, direitos e gueto: lugar onde vivem
ela obriga a sociedade a se transformar e coloca penas. Então, há um olhar da deveres em relação à grupos socialmente segre-
sociedade para este seguimento, acho que este olhar é o que vai possibilitar uma família, a contratos gados ou marginalizados.
entre empresas e
insight: compreensão re-
conscientização maior sobre o tema. Na verdade, a lei por si só não transforma, pessoas, à posse de pentina de algo; revelação
mas a lei tem um papel dialético, de abrir a discussão na sociedade sobre um bens particulares, etc. súbita.

determinado tema, e eu acho que a LBI está fazendo isto muito bem, abrindo a jurisprudência: interpreta-
ção jurídica que serve de
discussão sobre o tema de pessoas com deficiência, do que é deficiência, do que é capacidade, do que é in- modelo em casos seme-
lhantes.
capacidade, e está envolvendo os operadores do direito, que é uma elite dentro da sociedade, e uma elite que
tipificação: caracterização.
faz grandes transformações, porque tomam decisões finais e inclusive formam opiniões a partir destas

decisões, as chamadas jurisprudências. Então acho que isto tudo, um movimento grande, social, que a lei

consegue fazer, é que vai transformar, então o grande transformador social é a conscientização.

Quais pontos da LBI você considera cruciais, sendo uma pessoa entendedora da Lei e uma pes-
soa com deficiência?

R: Os principais pontos foram: a conscientização da pessoa com deficiência de uma forma mais
ampla e inteligente, onde você possibilita inclusive para uma determinada situação social qualquer, a
construção de um conceito novo, seja deficiente ou não, e a retirada do conceito de deficiência de um
conceito médico. Antes era um modelo médico, a deficiência estava no corpo da pessoa, hoje a lei trou-
xe uma mudança, migrou o conceito de deficiência que agora está nas barreiras que uma pessoa com
deficiência encontra, não nela própria. Então eu como cadeirante, se eu não encontro barreiras, não
sou deficiente, eu só sou deficiente no momento que eu encontro uma barreira que me impeça de ter
mobilidade, essa foi uma grande mudança conceitual que vai mexer muito nesta questão de conscien-
tização social. Antes eu era responsável pela minha deficiência. Eu estou há 26 anos na cadeira de rodas,
e no início desta deficiência eu me lembro que eu chegava em um restaurante que não tinha acesso, e
o olhar das pessoas era “o que você está fazendo aqui? Aqui não é um local para você!”. E hoje, com a
conscientização maior, principalmente porque a lei mudou este foco, o olhar é “nós vamos mudar, já
contratamos um arquiteto”, a responsabilidade não está mais em cima da pessoa com deficiência por
não ter acesso aos locais, mas em cima de quem não deu o acesso. Esta mudança de situação foi um
ponto fundamental, e outros pontos específicos também, a tipificação do crime de discriminação é
importante, porque isso vai mexer muito em famílias que maltratam pessoas com deficiência. Esta si-
tuação acontece com muita frequência e à medida que tiverem punições pautadas nestes crimes, have-
rá mudanças com relação a isso.

[...]

O NOVO cenário da inclusão social. APAE em Destaque, Franca, FEAPAESSP, n. 14, p. 55-56, 31 out. 2016.
Disponível em: <https://issuu.com/movimentoapaeanofeapaes/docs/apae_n14>. Acesso em: 3 jun. 2018.

Unidade 3 89

89MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Exploração do texto Exploração do texto Não escreva no livro!

Competência Reprodução/Subsecretaria da Pessoa com Deficiência 1. Entrevistas, em geral, apresentam um tema ou um assunto principal e,
específica de Língua muitas vezes, subtemas dele derivados.
Portuguesa para o
Ensino Fundamental a) Qual é o tema principal da entrevista dada pelo advogado Geraldo
7. Reconhecer o texto como Nogueira?

lugar de manifestação e b) Quais são os subtemas ou ideias secundárias associados ao tema
negociação de sentidos, principal?
valores e ideologias.
Geraldo Nogueira fala 2. A entrevista foi publicada em uma revista da Apae.
(EF69LP16) Analisar […] sobre o novo cenário da
as formas de composição inclusão social. a) Por que a publicação se interessou por entrevistar Geraldo Nogueira?
[…] das entrevistas: apre-
sentação e contextualiza- 1. a) O tema principal é um b) A que público a divulgação das informações colhidas na entrevista se
ção do entrevistado e do novo conceito de deficiência destina? Aos leitores interessados no assunto em geral, às pessoas com deficiência e
tema, estrutura pergunta e trazido pela Lei Brasileira de
resposta etc. Inclusão, que modifica con- às que têm vínculos com a Apae, assinantes da revista.
ceitos anteriores sobre o as-
Atividade 4, item b sunto e a maneira como a 3. Segundo o entrevistado, o Brasil passou por diferentes modelos em relação
• Comente que nós não se sociedade define a pessoa à visão e condução das questões relacionadas à pessoa com deficiência.
com deficiência. Releia os trechos a seguir e indique o termo a que se refere cada uma
refere a pessoas com defi- das falas do entrevistado.
ciência, como é o caso dele, 1. b) Os subtemas abordados
e sim a todos os cidadãos são o processo de evolução exclusão reclusão integração inclusão social
que, com a publicação da da inclusão social no Brasil, a
Lei, estão envolvidos na re- maneira como a sociedade a) [...] a responsabilidade não está mais em cima da pessoa com defi-
flexão sobre um conceito absorve as mudanças estipu- ciência por não ter acesso aos locais, mas em cima de quem não deu
novo de inclusão. ladas e a punição para o crime o acesso.
de discriminação social de
Atividade 5, item c acordo com o Código Civil Inclusão social.
• Comente que, com a LBI, a Brasileiro.
b) Bastava a pessoa ter uma deformidade qualquer que era isolada da
discriminação de pessoas 2. a) O entrevistado é especia- sociedade em bairros periféricos que chamavam de guetos. Exclusão.
com deficiência, como im- lista no tema debatido, estu-
pedir o acesso a estabele- dioso e defensor dos direitos c) [...] essa era a teoria da época, isso em meados do século XX, e a ideia
cimentos públicos, publi- das pessoas com deficiência; é que esta pessoa se tornasse um pouco mais normal […]. Integração.
car comentários ofensivos é pessoa com credibilidade
em redes sociais, infligir para esclarecer, comentar, ex- d) Na época do império foram construídos alguns asilos, alguns verda-
maus-tratos ou não prover plicar pontos da nova Lei Bra- deiros depósitos humanos, onde estas pessoas eram alojadas, mas não
os cuidados necessários à sileira de Inclusão. tinham nenhum tipo de tratamento. Reclusão.
condição da pessoa com
deficiência, entre outros,
passa a ser crime sujeito a
penas variadas.

5. a) A deficiência não está no 4. Quando o entrevistado afirma “Este é o processo que vivemos agora...”:
corpo da pessoa (antigo con-
ceito médico) e sim nas barrei- a) a qual processo está se referindo? Ao processo da inclusão social.
ras que impedem alguém de
exercer seus direitos como b) por que ele emprega o pronome n—s?
todo cidadão, como, por exem-
plo, o direito à mobilidade. Para se referir a todos os brasileiros.

90 Unidade 3 5. Segundo o entrevistado, quais são os pontos fundamentais trazidos pela
LBI em relação:

a) ao conceito de pessoa com deficiência?

b) à discriminação social contra pessoas com deficiência?

Passa a ser crime sujeito a penalidades.

c) à conscientização da sociedade?

A publicação da Lei Brasileira de Inclusão abre a discussão sobre o tema, provoca a reflexão
da sociedade sobre o que é capacidade e o que é incapacidade e conscientiza as pessoas;
essa conscientização passa a ser um grande transformador social.

90 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

6. Considere os papéis de entrevistador e entrevistado em uma entrevista. Atividade 6, item a
• Comente que, em muitas
a) De que modo são identificados entrevistador e entrevistado nessa De acordo com o
Por meio de recursos gráficos como o destaque na pergunta, a indicação “R:”, número e a função de entrevistas escritas, pode
entrevista? a separação em blocos distintos entre pergunta e resposta e por meio da seus integrantes, as aparecer o nome do entre-
entrevistas podem ser vistado e o de quem é res-
pontuação como o uso do ponto de interrogação no fim de cada pergunta. individuais (uma ponsável pela realização
pessoa entrevista e da entrevista, geralmente
b) De que modo é possível perceber que o entrevistador se preparou outra é entrevistada); em negrito, antes das falas.
para realizar a entrevista? coletivas (várias
pessoas entrevistam a Atividade 6, item c
c) Entrevistador e entrevistado desempenham papéis diferentes em uma mesma pessoa); • Comente que os vários ti-
entrevista. Quais papéis, a seguir, correspondem a cada um deles? enquetes (várias
pessoas são pos de entrevista (com es-
I. Tem como objetivo conseguir informações. entrevistador entrevistadas a pecialistas em diferentes
respeito de uma áreas do conhecimento,
II. Relata experiências, faz reflexões; manifesta opiniões. entrevistado questão). com artistas, etc.) podem
também se diferenciar em
III. DeÉne o objetivo da entrevista e a conduz. entrevistador relação ao objetivo com
que são realizadas; a ca-
7. A entrevista é geralmente composta de três partes: título, apresentação 6. b) Na apresentação, o en- racterística principal do gê-
e perguntas e respostas. trevistador revela conhecer o nero é obter informações,
entrevistado e faz perguntas por meio de declarações
a) Títulos podem antecipar o tema ou trazer surpresas ao leitor. Qual fundamentais sobre o tema de uma pessoa ou grupo
dessas possibilidades oferece o título da entrevista que lemos? Justi- de modo a propiciar ao entre- de pessoas, e divulgá-las
fique sua resposta. O título da entrevista antecipa o assunto, informando ao leitor que vistado a oportunidade de dar em diferentes meios de co-
informações, explicações e municação.
a entrevista será sobre inclusão social. fazer comentários.

b) Após o título, há um parágrafo que antecede o bloco de perguntas e 8. a) O entrevistador foca no
tema, que é a inclusão social,
respostas. Qual é a função dele? Apresentar o entrevistado ao leitor para que e direciona o entrevistado
este entenda a relevância das informações que para obter informações sobre
esse ponto.
serão apresentadas pelo entrevistado.
8. b) Informativa; mantém o
8. Entre as variadas maneiras de realizar uma entrevista e dependendo do foco no tema, expõe concei-
tos e contém explicações do
objetivo do entrevistador, uma entrevista pode ser mais informal, asse- entrevistado em resposta às
perguntas do entrevistador,
melhando-se a um bate-papo, ou mais formal e estruturada. que não interfere nas respos-
tas nem dá opinião.
a) Nessa entrevista, o entrevistador foca no assunto tratado ou permite
que o entrevistado fale mais livremente sobre o tema?

b) Leia, a seguir, o boxe que traz informações sobre alguns tipos de
entrevista.

Em uma entrevista informativa, o objetivo é obter dados, pedir
esclarecimentos, completar informações. A entrevista é formal e estru-
turada, e o entrevistador segue um conjunto de questões previamente
definidas para garantir que todos os tópicos de interesse sejam abor-
dados. É conduzida pelo entrevistador, que procura não dar opiniões.

Em uma entrevista-diálogo, o objetivo é buscar experiências pessoais,
com foco no lado cotidiano das atividades do entrevistado, geralmente
alguém que se destaca em alguma área do conhecimento ou das artes.
A entrevista é mais informal e livre, mas se mantém um foco específico.
Nesse tipo de entrevista, podem se estabelecer trocas em um diálogo
entre entrevistador e entrevistado.

De acordo com sua resposta anterior, de que tipo é a entrevista com
o advogado Geraldo Nogueira? Explique sua resposta.

Unidade 3 91

91MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Recursos expressivos Recursos expressivos 1. b) Espera-se que os alunos percebam que o termo entre aspas revela a apre-
ciação que o entrevistado faz acerca do sentido da palavra normal atribuído à
Atividade 1 sociedade. Ele questiona, ironiza ou não concorda com o conceito do que seja
uma “sociedade de pessoas normais”.
(EF89LP16) Analisar a mo-
dalização realizada em tex- 1. O entrevistado, ao analisar os modelos de inclusão, revela suas opiniões acerca desse histórico.
tos […] por meio das mo- Releia este trecho.
dalidades apreciativas,
[…] locuções adverbiais, [...] a ideia é que esta pessoa se tornasse um pouco mais normal e pudesse integrar uma sociedade
[…] de maneira a perceber dita, entre aspas, de pessoas normais. Até que teve um insight, e alguém pensou, “mas que normali-
a apreciação ideológica so- dade é esta que não existe no ser humano?”
bre os fatos noticiados ou as
posições implícitas ou assu- a) Ao se referir a dita, do verbo dizer, com o sentido de “que foi dita, que se disse”, a quem se
midas. Espera-se que os alunos percebam que o entrevistado não se refere a ninguém em particular.
refere o entrevistado? “Dita”, nesse caso, refere-se a um possível senso comum, o de se acreditar que sociedade
Atividade 1, item a
• Comente que o entrevista- “normal” é aquela em que convivem pessoas sem nenhuma deficiência.

do questiona o sentido da b) O que a expressão entre aspas revela no contexto dessa afirmação?
palavra normal.
2. Ao longo da entrevista, é possível notar também maior ou menor nível de aprovação ou engaja-
Atividade 1, item b mento do falante em relação àquilo que diz. 2. a) I. Bastava: a razão para excluir uma pessoa do convívio social
• Comente que o uso das as-
era imprecisa, vaga, sem consistência.Qualquer: uma deformidade sem especificação, sem análise adequada.
pas, na escrita, pode ter
a função de realçar cer- a) Que palavras ou expressões indicam julgamento ou avaliação nos trechos a seguir? Explique
tas palavras e expressões sua resposta.
quando empregadas em
sentido figurado. Na ora- I. Bastava a pessoa ter uma deformidade qualquer que era isolada da sociedade [...]
lidade, a expressão “entre
aspas” é usada com esse II. [...] foram construídos alguns asilos, alguns verdadeiros depósitos humanos [...]
mesmo sentido; geralmen-
te é acompanhada de ele- verdadeiros depósitos humanos: crítica à crueldade do modelo.
mentos cinésicos, com os
dedos indicador e médio, b) Analise os adjetivos atribuídos à Lei Brasileira de Inclusão (LBI) pelo entrevistado nestes fragmentos.
das duas mãos, imitando a
curvatura do sinal gráfico. I. alterações fundamentais

Atividade 2 II. forma mais ampla e inteligente

(EF08LP09) Interpretar III. conceito novo
efeitos de sentido de modi-
ficadores […]. Por meio do uso desses adjetivos, qual é o grau de aprovação do falante em relação ao
conteúdo da LBI? Pelo uso desses adjetivos é possível compreender que o entrevistado demonstra
Atividade 2, item a, item I
• Comente que o entrevista- forte grau de aprovação ao conteúdo da LBI.

do se refere à falta de cri- 3. Em entrevistas, são usados verbos em diferentes tempos.
térios para definir o que
seria uma pessoa com de- a) Por que, nessa entrevista, em alguns momentos de sua fala, o entrevistado emprega formas
ficiência. verbais no presente e, em outras, formas verbais no pretérito? O entrevistado usa o pretérito para relatar

Atividade 4 fatos ocorridos no passado e o presente para expressar opinião, fazer reflexões e comentários.

(EF08LP15) Estabelecer re- b) Releia o trecho a seguir e observe as formas verbais destacadas.
lações entre partes do texto,
identificando […] o referen- Esta situação acontece com muita frequência e à medida que tiverem punições pautadas nestes
te comum de uma cadeia de
substituições lexicais. crimes, haverá mudanças com relação a isso.Esta situação acontece com muita frequência e à medida que tive-

rem punições pautadas nestes crimes, haverá mudanças com relação a isso.

I. Em que tempo estão as formas verbais tiverem e haver‡?

Tiverem (futuro do subjuntivo; equivale a “à medida que houver”); haverá (futuro do presente do indicativo).

II. O que essas formas verbais expressam no contexto apresentado?O trecho apresentado expressa uma

possibilidade a se realizar no futuro (à medida que houver punições) e a consequência que se espera como certa (haverá mudanças).

4. No fragmento a seguir, o entrevistado usa alguns substantivos que mantêm uma relação de signi-
ficado entre si.

Bastava a pessoa ter uma deformidade qualquer que era isolada da sociedade em bairros periféricos
que chamavam de guetos. Elas iam para estes guetos e sobreviviam de esmolas, da ajuda, dos auxílios
principalmente dos religiosos.

a) Quais palavras, no contexto desse trecho, podem ser consideradas de significado semelhante?

esmola, ajuda, auxílios. delas provoca na leitura? Cria ênfase e provoca emoção, realçando a situa-
ção de exclusão em que viviam essas pessoas.
b) Que efeito o uso

92 Unidade 3

92 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

5. Releia estes trechos e observe os articuladores destacados. Atividade 5

I. O Brasil viveu, no início do século XX, um processo de exclusão da pessoa com deficiência. (EF08LP13) Inferir efeitos
de sentido decorrentes do
II. Na época do império foram construídos alguns asilos [...] uso de recursos de coesão
sequencial: […] articulado-
III. Depois disso nós passamos a viver um modelo que era um pouco mais integracionista da deficiência [...] res textuais.

IV. Até que teve um insight, e alguém pensou, “mas que normalidade é esta que não existe no ser hu-
mano?”.

a) Por que foram usados esses articuladores na organização do texto?

Para marcar, localizar no tempo, momentos em que ocorreram mudanças.

b) Que função tem esse recurso no bloco da entrevista em que aparece?

Traçar um histórico da evolução de como tratar uma pessoa com deficiência.

6. No gênero entrevista, é comum a presença de referências e citações. Além de citar o Código Civil

Brasileiro e referir-se a áreas do Direito e da Medicina, o entrevistado insere outras vozes em sua

exposição. Releia. Em ambos os casos, não se trata de alguém especificadamente, mas do comportamento de um grupo
social. No fragmento 1, provavelmente a pessoas ou grupo de pessoas, por exemplo, da área da Medicina

Fragmento 1 ou da Psicologia, dedicadas ao estudo do tema, ou a organizações, grupos sociais, entidades que lutavam
pelos direitos das pessoas com deficiência. No fragmento 2, a pessoas com atitudes discriminatórias.

[...] “mas que normalidade é esta que não existe no ser humano?”. Então isto é errado “integrar uma

pessoa em uma sociedade normal”.

Fragmento 2
[…] “o que você está fazendo aqui? Aqui não é um local para você!”.

A quem se referem essas vozes?

7. A entrevista é um gênero oral e, por isso, apresenta características da modalidade oral da

língua. Geralmente, quando é publicada em jornais, revistas e sites, é editada, ou seja, é

modificada para se adequar à escrita. Nesses casos, os traços de oralidade podem ser elimi-
.7s.oa, )aiEnsdpaeérap-soessqívueel os alunos percebam que, mesmo sendo uma entrevista publicada em meio impres-
nados ou ma n t idos observar traços de oralidade: a pontuação é relativamente escassa, há repetição de

termos e de uso de articuladores típicos da fala, como então.
a) Na entrevista da Leitura 1, há traços de oralidade no texto? Se sim, quais?

b) Indique algum trecho cujas marcas de oralidade estejam evidentes.

c) A linguagem utilizada pelo entrevistador e pelo entrevistado possibilita que leitores comuns
Espera-se que os alunos respondam que sim; ainda que o tema principal aborde a criação
compreendam o tema? de uma lei, as informações dadas são expostas em linguagem acessível, sem termos espe-

cíficos da área jurídica.

7. b) Possibilidades: “Então acho que isto tudo, um movimento grande, social, que a lei consegue fazer, é que vai transformar, então
o grande transformador social é a conscientização.”, “Então eu como cadeirante, se eu não encontro barreiras, não sou deficiente,

Para lembrar eu só sou deficiente no momento que eu encontro uma barreira que me impeça de ter mobilidade [...]”.

Intenção principal Entrevista

Divulgar informações, depoimentos ou opiniões a respeito de um assunto
para um público determinado.

Leitor Depende do assunto e do veículo em que é publicada.

Organização Título.
Linguagem Apresentação.
Perguntas e respostas.

Formal ou informal, de acordo com o perfil do entrevistado, onde é publicada e o
leitor a que se destina.

Unidade 3 93

93MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Fique atento… Fique atento… Não escreva no livro!

(EF89LP05) Analisar o efei- ... ao uso do discurso direto e indireto
to de sentido produzido pelo
uso, em textos, de recurso a 1. Releia este trecho da entrevista.
formas de apropriação tex-
tual ([…] citações, discur- Até que teve um insight, e alguém pensou, “mas que normalidade é esta que não existe no ser humano?”.
so direto, indireto […]).
a) O discurso direto é construído, em geral, com o uso de dois-pontos e travessão. Isso ocorre
Atividade 1, item a com a citação de fala de terceiros pelo entrevistado? Explique sua resposta.
• Comente que o uso de as-
Não, a citação foi feita em discurso direto, com aspas, mas na sequência da fala do próprio entrevistado.
pas na sequência do texto
do narrador é uma variação b) A conjunção mas indica oposição. Levando em conta esse uso, que outros verbos de elocução
na estrutura do discurso di- poderiam ser usados em vez de pensar, sem alterar o sentido da afirmação?
reto.
Possibilidades: questionar, ponderar, contestar, retrucar, objetar.
Atividade 1, item b
• Comente que, como o uso 2. Leia o trecho de uma entrevista com o diretor de cinema George Lucas, criador da série Star Wars.

da conjunção indica con- George Lucas – “Sou um menino entretido
testação, poderiam ser num mundo que criei”
usados verbos com esse
sentido como os citados O criador da série conta como as epopeias alimentam sua imaginação.
na resposta. E diz que vai dirigir filmes alternativos ao se aposentar

Atividade 2, item e […]
• Comente que o entrevis-
ÉPOCA – Como surgiu a ideia de criar um novo universo mitológico?
tador procura esclarecer
a atitude do entrevistado George Lucas – Não há nada de novo nisso (risos). Pelo contrário. Estudei Antropologia e Mi-
em relação à pergunta dita. tologia na faculdade e acabei sistematizando uma velha paixão. Sempre fui fascinado pelas histórias
Pode-se deduzir que o en- antigas. Eu me interessava menos pelos detalhes arqueológicos ou de construção de linguagem que
trevistado amenizou com pela psicologia que subjaz a cada figura mitológica. São traços que fazem parte da vida cotidiana
o riso o fato de, de certa for- em todos os períodos da História. De alguma forma, os mitos explicam as características e moti-
ma, dizer o oposto do que vações básicas do ser humano. Dão conta do funcionamento das sociedades até hoje. Eles conti-
o entrevistador propunha. nuam válidos. A mitologia é a grande fonte do cinema e, de resto, da arte e de todo o conhecimen-
to humano. O que fiz foi transpor os mitos arcaicos para um ambiente de ficção científica.

[…]

GIRON, Luís Antônio. George Lucas – “Sou um menino entretido num mundo que criei”. Época, 9 ago. 2008. Disponível em:
<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI10072-15295,00-GEORGE+LUCAS+SOU+UM+MENINO+ENTRETIDO+

NUM+MUNDO+QUE+CRIEI.html>. Acesso em: 4 jun. 2018.

a) Por que George Lucas usa a mitologia como inspiração para seus filmes?

Para ele, a mitologia é fonte da arte e de todo o conhecimento humano.

b) De quem é a frase entre aspas no título? De que modo é reportada no trecho?

De George Lucas, reproduzida pelo entrevistador na versão escrita da entrevista. É reportada em discurso direto.

c) No título, o trecho “mundo que criei” se refere a quê?

Espera-se que os alunos respondam que se refere à série cinematográfica Star Wars, criada por George Lucas.

d) Quais são os verbos de elocução empregados em discurso indireto no parágrafo logo abaixo
do título?

Contar e dizer.

e) Em entrevistas, é comum aparecerem comentários do entrevistador entre parênteses. Releia.

Não há nada de novo nisso (risos). Pelo contrário.
Com que função a palavra risos foi incluída nesse trecho? O que ela esclarece ao leitor?

A palavra registra a indicação do entrevistador de que o diretor, nesse momento, riu na entrevista ao vivo.

O discurso direto e o discurso indireto são recursos usados tanto em textos ficcionais quanto em
textos do campo jornalístico, como entrevistas, artigos, resenhas, notícias, reportagens e textos
do campo de estudos e pesquisas, como artigos de divulgação científica, textos didáticos, entre
outros, reproduzindo falas que expressem emoções, opiniões, explicações, etc. A escolha dos
verbos de elocução contribui para revelar intenções, opiniões, apreciação, posição do falante em
relação ao que diz, descrição de cenas e caracterização de personagens em textos narrativos.

94 Unidade 3

94 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Produção oral e escrita Não escreva no livro! • Sugerimos que divida a
turma em grupos e orien-
Entrevista te os alunos na divisão de
tarefas.
Você já realizou ou concedeu uma entrevista? Como vimos, entrevistas são
feitas com base em perguntas e respostas, mas elas devem fazer sentido... Leia • O objetivo desta produção é
a tira a seguir, com perguntas e respostas que não têm muita lógica, mas que desenvolver a curiosidade
têm a intenção de divertir o leitor. intelectual e investigativa
dos alunos, bem como a re-
© Laerte/Acervo da cartunista flexão crítica em torno de um
tema de interesse por meio
LAERTE. Lola, a Andorinha. Folha de S.Paulo, São Paulo, 18 abr. 2015. Disponível em: <http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/27434-tiras-de- da pesquisa e interação com
laerte#foto-503291>. Acesso em: 4 jun. 2018. especialistas ou pessoas
mais experientes no assun-
Fazer entrevistas é uma forma de obter informações e ampliar conhecimento Não deixe de ler to. Espera-se que os alunos
sobre determinado assunto ou tema. Vamos realizar uma? Veja a proposta. ajam coletivamente, exerci-
Conversa com Fernando tando o diálogo, a coopera-
Uma entrevista pode surgir a partir de um fato noticiado. No trecho que Pessoa, de Carlos Felipe ção, a responsabilidade e a
lemos na Leitura 1, o fato foi a publicação da Lei Brasileira de Inclusão. Nesse Moisés, Ática. empatia nas tarefas que de-
caso, a publicação procurou obter mais informações sobre o assunto com um mandam trabalho em grupo.
especialista na área, elaborou um roteiro de perguntas e solicitou um encontro. Nessa obra, um aluno
Esses são os passos iniciais para realizar qualquer entrevista. ganha o primeiro lugar em Antes de começar
um concurso sobre a vida e
Junte-se a outros colegas para planejar, realizar e divulgar uma entrevista. a obra de Fernando Pessoa (EF69LP39) Definir o recor-
Ela vai integrar a Revista da Produção do ano e também poderá ser publicada e é escolhido pela escola te temático da entrevista e
no blogue da turma. para entrevistá-lo. o entrevistado, levantar in-
formações sobre o entre-
Antes de começar Não deixe de acessar vistado e sobre o tema da
entrevista, elaborar roteiro
Sente-se com os colegas de seu grupo. Sigam estas orientações. Memórias da Literatura de perguntas, realizar en-
Infantojuvenil trevista, a partir do roteiro,
1. Sobre que assunto gostariam de obter mais informações e ouvir a abrindo possibilidades para
voz de um especialista ou de alguém mais experiente ou que tenha Entrevistas com autores da fazer perguntas a partir da
realizado algo? Pode ser um fato ou evento acontecido em sua literatura infantojuvenil resposta, se o contexto per-
escola, em sua comunidade, em seu bairro ou sobre um tema de brasileira, como Tatiana mitir, tomar nota, gravar ou
interesse do grupo, por exemplo, uma entrevista com um autor que Belinky, Yagurê Yamã, Rui salvar a entrevista e usar
esteja lançando um livro, um artista que esteja realizando uma ex- de Oliveira, Ana Maria adequadamente as informa-
posição, etc. Machado, entre outros, ções obtidas, de acordo com
que contam um pouco de os objetivos estabelecidos.
2. Busquem informações sobre essa pessoa. Elas serão necessárias para que sua infância e adolescência
vocês escrevam a apresentação inicial do entrevistado e possam condu- e de como se apaixonaram • Oriente-os a escolher um
zir adequadamente a entrevista. pela literatura. assunto relacionado a um
fato de interesse público e
3. Entrem em contato com a pessoa, solicitando a entrevista, e marquem Disponível em: <www. definir o entrevistado den-
uma data para realizá-la. Peçam autorização dela para gravar um áudio museudapessoa.net/pt/ tro de suas possibilidades
ou tomem nota por escrito das respostas. conteudo/colecao/memorias- de acesso.
da-literaturainfanto-
juvenil-116940> (acesso
em: 7 ago. 2018).

Unidade 3 95

Produção oral e escrita

(EF69LP10) Produzir […] entrevistas, […] dentre outros possíveis, relativos a fato e temas de interesse pessoal, local ou global […],
orientando-se por roteiro ou texto, considerando o contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros.

(EF89LP13) Planejar entrevistas orais com pessoas […] especialista, etc., como forma de obter dados e informações sobre os fatos
cobertos sobre o tema ou questão discutida ou temáticas em estudo, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, partin-
do do levantamento de informações sobre o entrevistado e sobre a temática e da elaboração de um roteiro de perguntas, garantindo a
relevância das informações mantidas e a continuidade temática, realizar entrevista e fazer edição em áudio ou vídeo, incluindo uma
contextualização inicial e uma fala de encerramento para publicação da entrevista isoladamente […], adequando-a a seu contexto de
publicação e garantindo a relevância das informações mantidas e a continuidade temática.

95MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Planejando o texto Planejando o texto

(EF89LP08) Planejar [...] 1. Escolhido o assunto e definido o entrevistado, elaborem um roteiro que sirva de guia para a entre-
texto [...] a partir da esco- vista, com os tópicos sobre os quais gostariam de obter informações. Escrevam as perguntas de
lha do fato a ser aprofunda- tal forma que as respostas não se limitem a sim ou n‹o; elas devem propiciar que o entrevistado
do ou do tema a ser focado desenvolva o assunto.
(de relevância para a turma,
escola ou comunidade), [...] 2. As perguntas devem ser em número suficiente para esclarecer suas dúvidas e obter novas informa-
entrevistas com envolvidos ções: não podem ser poucas nem excessivas.
ou com especialistas [...].
3. Preparem o equipamento ou material a ser usado para registro no momento da entrevista.
• Sugerimos que realize es-
tas atividades em sala de Realizando a entrevista
aula, com os alunos já dis-
tribuídos nos grupos e com 1. Gravem a entrevista com cuidado ou façam anotações adequadas, sem perder nenhum momento.
a definição de quem será o
entrevistado. Oriente-os e 2. Façam as perguntas com clareza e esperem o entrevistado responder, evitando interrompê-lo. Cada
supervisione-os na elabo- membro do grupo pode fazer uma pergunta de cada vez.
ração do roteiro, certifican-
do-se de que as perguntas 3. Caso o entrevistado fale algo que vocês não tenham entendido, peçam novas explicações.
sejam significativas e res-
peitosas e deem margem a 4. Mantenham o respeito e a atenção durante a entrevista e encerrem-na com um agradecimento ao
que o entrevistado exponha entrevistado pelo tempo concedido.
o assunto. Comente que, se
for pertinente, é possível in- Transformando a entrevista oral em entrevista escrita
serir novas perguntas no
decorrer da entrevista. 1. Transponham a gravação para um texto escrito.
2. Juntos, façam a edição do texto escrito da entrevista. Para isso, passem o texto oral para o escrito
• Comente que o roteiro de
entrevista deve conter a re- ou reescrevam suas anotações. Eliminem as hesitações, as marcas de oralidade, as repetições, com
lação das perguntas mais cuidado para não alterar o conteúdo das respostas do entrevistado.
importantes a serem feitas
ao entrevistado pois isso 3. Escrevam o texto inicial de apresentação do entrevistado. Diferenciem as perguntas das respostas
ajuda a guiar a sequência com algum tipo de recurso gráfico.
da entrevista.
4. Utilizem os conhecimentos já adquiridos em relação ao uso da norma-padrão: ortografia, pontua-
Realizando a entrevista ção, concordância, dentre outros.

(EF89LP09) Produzir repor- 5. Entreguem o texto para a avaliação do professor. Alterem o que for necessário e façam a rees-
tagem impressa, com título, crita da produção. Enviem ou entreguem pessoalmente uma cópia da entrevista ao entrevis-
linha fina (optativa), orga- tado.
nização composicional (ex-
positiva, interpretativa e/ou Avaliação da entrevista
opinativa), progressão te-
mática e uso de recursos lin- 1. Em dia combinado com o professor, leiam o texto da entrevista para que os temas em discussão
guísticos compatíveis com sejam socializados. A exposição pode ser feita por dois membros do grupo: um lê as perguntas e
as escolhas feitas e repor- o outro, as respostas.
tagens multimidiáticas, ten-
do em vista as condições de 2. Avaliem a entrevista com base nas perguntas a seguir.
produção, as características a) As perguntas foram pertinentes e adequadas ao assunto tratado?
do gênero, os recursos e mí- b) As entrevistas apresentadas ampliaram o conhecimento de todos sobre o assunto?
dias disponíveis, sua organi- c) A linguagem empregada foi adequada à situação de comunicação?
zação hipertextual e o ma-
nejo adequado de recursos 3. Os colegas poderão opinar sobre a realização da entrevista, destacando os pontos fortes da produ-
de captação e edição de áu- ção e comentando o que poderia ser aperfeiçoado.
dio e imagem e adequação à
norma-padrão. 96 Unidade 3

Transformando a (EF69LP56) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e nor-
entrevista oral em mas da norma-padrão em situações de fala e escrita nas quais
entrevista escrita ela deve ser usada.
• Sugerimos que realize estas atividades em sala de aula, orien-
(EF08LP04) Utilizar, ao pro- tando os alunos na transcrição da entrevista oral.
duzir texto, conhecimentos
linguísticos e gramaticais:
ortografia, regências e con-
cordâncias nominal e ver-
bal, modos e tempos ver-
bais, pontuação etc.

96 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Reflexão sobre a língua Não escreva no livro!

Regência: relações e sentidos

Na construção de um texto, alguns verbos podem aparecer sozinhos em uma Para relembrar
oração, enquanto outros exigem um complemento para que produzam sentido
– em alguns casos, precisa-se de uma preposição para que a relação entre a forma Preposição é a palavra
verbal e esse complemento se estabeleça. que liga duas outras
palavras, estabelecendo
Assim como os verbos, substantivos e adjetivos também podem precisar de uma relação de sentido
outras palavras e de preposições para estabelecer uma relação entre eles e pro- entre elas.
duzir sentidos na oração. Nesses casos, estabelece-se uma relação de interde-
pendência entre o termo complementado e o termo que o complementa. Veja
como isso acontece na língua.

Leia o quadrinho a seguir.

Peanuts, Charles Schulz © 1962 Peanuts Worldwide LLC./Dist. by Andrews McMeel Syndication SCHULZ, Charles M.
Você tem muito o que
aprender, Charlie Brown!
São Paulo: Conrad,
2004. p. 78.

1. Sally está indo pela primeira vez à escola. Do que ela tem medo?

Tem medo de que, na escola, lhe façam perguntas que ela não queira ou não possa responder.

2. A menina afirma que prefere não comentar certas coisas. Com base nessa
fala, de que modo ela acredita que serão as perguntas feitas na escola?

Provavelmente pensa que, na escola, vão lhe fazer perguntas pessoais e não perguntas acerca
do que se aprende em uma escola.

3. Releia estas falas e observe as palavras destacadas.

Na verdade, tenho um pouco de medo de ir à escola...

Ouvi dizer que eles fazem muitas perguntas... É verdade?

É, acho que sim... Por que está preocupada com isso?

As palavras destacadas estão acompanhadas de outras que as completam
e constroem o sentido da oração. Quais são elas e que preposição as
liga? tenho (sem preposição): um pouco de medo; fazem (sem proposição): muitas per-

guntas; preocupada (preposição com): com isso.

Quando se estabelece entre duas palavras uma relação em que uma
palavra complementa o sentido de outra, temos um fenômeno
gramatical chamado regência. Elas podem ou não estar ligadas por
meio de preposição. A regência pode ser nominal ou verbal.

Unidade 3 97

97MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Reflexão sobre 1. a) As figuras geométricas estão relacionadas aos grafismos que os indígenas produzem como forma de manifestação cultural. Reprodução/<https://www.facebook.com/MPFederal/>
a língua A hashtag #ABRILindígena está relacionada ao dia do indígena comemorado em abril e transformado em uma data pela luta dos direitos
indígenas. A hashtag possibilita que as pessoas compartilhem e busquem mais informações sobre o tema.
Regência nominal
Regência nominal 1. d) Espera-se que os alunos reconheçam que é a preposição a, que pode ser usada com ou sem
Atividade 1, item a
• O uso do símbolo # é co- o acento indicativo da crase ou vir acompanhada do artigo masculino (a + o ao).

mum nas redes sociais e 1. Observe a imagem e leia a postagem, publicada em uma rede social.
provavelmente os alunos a) A que, possivelmente, as figuras geomé-
conhecem sua utilização. tricas, na imagem, remetem e por que foi
Se julgar conveniente, ex- usada a hashtag #ABRILindígena?
plique que a hashtag é usa-
da como uma ferramenta b) De acordo com a postagem, quem é res-
de pesquisa; ao se acres- ponsabilizado pela falta de água potável
centar o símbolo antes de à população indígena?
uma palavra ou expressão,
ela se torna uma palavra- A União (o Governo Federal).
-chave com um hiperlink, o
que permite que aquele as- c) O acesso à agua potável é um direito uni-
sunto seja mais facilmen- versal. A que outros bens materiais ou
te encontrado por outras imateriais as pessoas têm o direito de ter
pessoas. acesso? Possibilidades: Acesso à educação, à alimenta-

Atividade 1, item d ção, à saúde, ao ensino, ao lazer, à segurança, às tecnologias digitais,
• O uso do sinal indicativo da
etc. d) Observe os exemplos que indicou na res-
crase será abordado em posta anterior. Que preposição foi empre-
seção mais adiante nesta gada para ligar o substantivo acesso a seu
Unidade. complemento?

e) Releia os fragmentos a seguir.

[...] ao constatar as péssimas condições de

acesso à água [...].

[...] determinou fornecimento de água aos

moradores da aldeia [...].

Qual é a regência que se estabelece entre
os substantivos destacados e seus com-
plementos nas expressões relacionadas à
água? Regência nominal, por meio das preposi-

ções a e de.

f) Compare.

fornecer água distribuição de água

O sentido dessas expressões é semelhan-

te. A regência é a mesma para os dois MINISTÉRIO Público Federal – MPF. Sobrevivência ameaçada!.
termos: fornecer e distribuição? Explique Facebook, 21 abr. 2018. Disponível em: <www.facebook.com/
sua resposta.
MPFederalphotos/a.178492012298211.1073741828.178478368966
242/989662277847843/?type=3&theater>. Acesso em: 7 ago. 2018.

g) Compare a regência do substantivo distribuição nestes fragmentos da parte verbal da

postagem.s1i.dfa)dNeãdoe; no primeiro caso, a regência é verbal, sem preposição; no segundo caso, é nominal, com a neces-
uma preposição – de – para ligar os dois termos.

I. rede de distribuição para as residências

1. g) Sim, altera; no primeiro caso, a preposição para indica destinação; no

II. a distribuição de água potável segundo, com o uso da preposição de, expressa identificação, especificação

(do que será distribuído).

O uso de preposições diferentes para o mesmo substantivo altera o sentido do trecho? Explique.

h) A preposição de aparece ao lado de muitos substantivos na regência nominal. No caderno, faça
a correspondência dessa preposição com o sentido que tem nos fragmentos seguintes.

água da comunidade matéria posse classificação fontes não potáveis de água

posse sistema de tratamento matéria

98 Unidade 3 classificação

98 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

2. Leia a tira. Atividade 2

© 2010 Thaves/Dist. by Andrews McMeel Syndication (EF69LP05) Inferir e justifi-
car, em textos multissemió-
THAVES, Bob. Frank & Ernest. O Estado de S. Paulo, D4, Caderno 2. São Paulo, 29 maio 2011. ticos – tirinhas […] etc. –
o efeito de humor, […] pelo
a) Analise o sentido da tira. Em que situação o personagem indica que que atualmente ela uso ambíguo de palavras,
O personagem sugere que a natureza está em uma situação ruim, considerando expressões ou imagens am-
a natureza está? sofre ameaças de extinção, tanto em relação à fauna quanto à flora. bíguas […].

b) O que provoca humor na leitura da tira? Atividade 2, item b
¥ Comente que, provavel-
c) O personagem se diz ligado à natureza. A que mais um ser humano 2. b) O fato de o personagem
pode se sentir ligado? Dê exemplos. relacionar a situação da natu- mente, ele sente que pode
reza à sua própria situação: perder o emprego, ou o
d) Qual é a regência exigida pelo adjetivo ligado/ligada? assim como a natureza está tipo de trabalho que exer-
sob ameaça de extinção, o ce pode estar ameaçado
A preposição a. emprego do personagem tam- de extinção devido aos
bém está ameaçado. avanços tecnológicos que
e) Encontre na tira mais um adjetivo que exige um complemento regido possibilitaram a automa-
por preposição. 2. c) Possibilidades: Ligado à tização de tarefas antes
família, ligado ao próximo, liga- exercidas por humanos,
ameaçado de extinção do à comunidade, ligado aos como operadores de tele-
amigos, ligado a princípios éti- fonia, operários de linha de
3. Leia as informações sobre Macau, cidade no sudeste da China. cos, etc. montagem, etc. Por outro
lado, graças à tecnologia,
[...] novas profissões surgiram,
como desenvolvedores de
aplicativos e jogos, criado-
res de conteúdo digital, etc.

A comida macaense é bem diversificada, com influência dos povos que Tang Yan Song/Shutterstock
ao longo dos séculos passaram pela região. É nítida a presença das cozinhas
portuguesa, indiana, chinesa e malaia. Além de pratos portugueses (cozido
à portuguesa, carne de porco à alentejana, caldo verde, sardinha assada,
etc.), são frequentes pratos como galinha africana com picante (o “tacho”),
porco agridoce, há kau (bolinhos de camarão no vapor), chau min (massa
chinesa frita), chau fan (arroz frito), arroz de marisco à moda de Macau e
dim sum (com grande variedade de pratos à base de mariscos, carnes, raízes
de bambu, brotos de feijão, gengibre, maçã, etc.). A sopa de barbatana de
tubarão é um dos pratos mais populares.

[…]

Macau serviu de ponto de entrada para os missionários
jesuítas vindos do Ocidente, mas a maior parte de sua
população manteve-se fiel aos cultos tradicionais chineses,
como o budismo e o confucionismo. Os monumentos re-
ligiosos que hoje podem ser vistos no centro histórico de
Macau, como as ruínas da igreja de São Paulo (primeira do
Extremo Oriente) e o templo chinês em homenagem à
deusa A-Má, mostram a convivência pacífica entre os se-
guidores de diferentes religiões. [...]

VIEIRA, Alice. Contos e lendas de Macau. Placa de sinalização no centro histórico de
São Paulo: SM, 2006. p. 136-137. Macau (China) nos dois idiomas. Foto de 2018.

Unidade 3 99

99MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Reflexão sobre a) De acordo com o trecho e a imagem, que afinidades existem entre
a língua Como Macau foi colônia de Portugal, assim
Macau, brasileiros e portugueses? como o Brasil, a influência portuguesa per-
Regência nominal
manece na cozinha, na sinalização de ruas e na arquitetura.
Atividade 3, item a
• Comente que, atualmen- b) Que religiões convivem pacificamente entre si na cidade de Macau?

te, quase não se fala por- Budismo, confucionismo e cristianismo.
tuguês em Macau, mas a
presença portuguesa ain- c) Releia.
da se nota em nomes de
ruas, calçadas com mosai- A comida macaense é bem diversificada, com influência dos povos
cos ao estilo português,
prédios com fachadas no que ao longo dos séculos passaram pela região.
centro histórico, presença
de igrejas católicas, ruínas Se o complemento da palavra influência fosse omitido, a informação
da Igreja de São Paulo.
sobre essa diversidade ficaria clara? Explique.
Atividade de escuta
Não, pois o leitor não conseguiria saber de quem a cidade recebeu influência.
(EF67LP24) Tomar nota de
[…] entrevistas ([…] TV, d) Em “fiel aos cultos tradicionais chineses”, qual é o sentido do com-
vídeo), identificando e hie-
rarquizando as informações plemento da palavra fiel no contexto? E qual é a preposição empre-
principais, tendo em vista Informar que, apesar da presença dos missionários jesuítas vindos
apoiar o estudo e a produ- gada na regência? do Ocidente, a população permaneceu praticando seus cultos
ção de sínteses e reflexões
pessoais […]. tradicionais. A preposição a.

• Apresente o trecho da en- Regência nominal é o fenômeno gramatical em que um nome (um
trevista com minutagem substantivo ou um adjetivo) exige um termo que complemente seu
de 12’:38’’ a 15’:15’’, mo- sentido, com a presença de uma preposição para ligar-se a ele.
mento em que o entrevis-
tado, a partir da afirmação Atividade de escuta Não escreva no livro!
inicial “Ética é o conjun-
to de valores e princípios Nana Higa/Acervo da fotógrafa O que é ética?
que você e eu usamos
para decidir as três gran- Mario Sergio Cortella, Como se define, em uma sociedade, o que é ética, o que é moral e o que é
des questões da vida, que filósofo, escritor e imoral? Questões éticas podem ser normatizadas? Assista com atenção ao vídeo
são: Quero? Devo? Pos- educador brasileiro. que o professor vai apresentar com um trecho da entrevista concedida pelo fi-
so?”, discute direitos e de- Foto de 2015. lósofo, escritor e educador Mario Sergio Cortella, autor de vários livros que
veres dos cidadãos nas si- abordam a discussão de questões sociais significativas relacionadas ao exercício
tuações que nos cercam. 2. O entrevistado define ética, da cidadania.
Entrevista disponível em: apresenta exemplos, diferen-
<https://globoplay.globo. cia paz de espírito e ética, Observe o jogo de perguntas e respostas entre entrevistado e entrevistador
com/v/844221/> (acesso explica de que modo se define e tome notas das informações principais. O roteiro a seguir pode ajudar você
em: 7 ago. 2018). O objetivo a ética de uma sociedade a fazer anotações.
é que os alunos analisem a (pela exemplificação, pelos
adequação entre o tema e princípios praticados pela so- 1. Qual é o tema central que orienta o esquema de perguntas e respostas?
a escolha de quem foi o en- ciedade, pela normatização) e E qual é o público-alvo da entrevista?
trevistado, reconheçam o apresenta a diferença entre
encadeamento das refle- ética e antiética e entre moral, O que é ética (conjunto de princípios e valores utilizados para decidir como agir). Público em geral.
xões do entrevistado, mo- imoral e amoral.
tivado pelas perguntas do 2. Qual é a sequência de ideias apresentadas pelo entrevistado sobre o tema?
entrevistador. Se necessá- 100 Unidade 3
rio, faça a apresentação do 3. Observe as respostas do entrevistado. Trata-se de um especialista no as-
vídeo mais de uma vez. sunto, de pessoa que tenha autoridade para falar do tema?

Trata-se de um especialista. Cortella é filósofo e professor.

4. Considere o conteúdo das perguntas: Foram instigantes, provocaram boas
respostas, o entrevistador obteve informações esclarecedoras?

As perguntas foram instigantes e oportunas e propiciaram informações claras e didáticas por
parte do entrevistado.

5. Explique o que faz o entrevistador para motivar a fala do outro, como
introduz novos assuntos, como reorienta a entrevista.

O entrevistador introduz novas perguntas, pede exemplos e comparações.

6. O clima da entrevista é formal ou informal? E a linguagem empregada?

O clima é descontraído. A linguagem é informal, porém cuidada e obedecendo à norma-padrão.

7. Há marcas de oralidade nas falas do entrevistador ou do entrevistado?
Quais?

Muito poucas; algumas reduções, como cê (você), pra (para), uma interjeição (ué) e algumas
expressões, como tudo bem.

100 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Leitura 2 Não escreva no livro! Atividade 2
• Comente que leis surgem,
Antes de ler
em geral, de uma deman-
1. Uma sociedade é regida por regras e muitas delas podem se transformar em leis. Quais leis você da ou conflito da socieda-
de, e são elaboradas pelo
conhece? Resposta pessoal. É possível que os alunos citem leis que organizam a vida em comunidade, como as que garantem poder legislativo. Do ponto
o patrimônio, o trânsito seguro, ou que asseguram áreas de preservação e acesso a serviços públicos, ou ainda leis de vista oficial, começam
a partir de um projeto, nor-
que impliquem punição de ações consideradas criminosas, entre outras. malmente apresentado por
iniciativa de um membro do
2. Pense na resposta dada para a questão anterior. Como você acha que as leis que citou surgiram? Congresso, mas pode tam-
bém ser uma proposta feita
Quem as cria e como elas são elaboradas para regular direitos e deveres em uma sociedade? por um cidadão comum. De-
pois de discutido, aprovado
Resposta pessoal. e transformado em projeto
de lei, é submetido à sanção
3. De que modo o texto de uma lei é estruturado? do presidente da República.
• Para Luiz Antônio Marcus-
Resposta pessoal. chi, em Produção textual,
análise de gêneros e com-
O texto que você vai ler é um trecho da Lei Brasileira de Inclusão à qual se refere o entrevistado Geraldo preensão (São Paulo: Pará-
Nogueira na entrevista da Leitura 1. Leia para saber como se organiza um texto como esse e para conhecer bola, 2008), leis, decretos,
a função social de um texto normativo legal. regimentos, regulamentos,
estatutos, certidões, bole-
Durante a leitura, tente descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto em que elas apa- tins, editais, dentre outros,
recem. Se for preciso, consulte o dicionário. são gêneros que se enqua-
dram no domínio discur-
LEI N. 13 146, DE 6 DE JULHO DE 2015 sivo jurídico. Para saber
mais, leia a respeito no ca-
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). pítulo “Gêneros textuais no
ensino da língua” e, em es-
[...] pecial, o quadro “Gêneros
textuais por domínios dis-
CAPÍTULO I cursivos e modalidades”,
na obra desse autor.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Atividade 3
Art. 1oÇÉ instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa • Verifique as hipóteses dos
com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social alunos sobre a estrutura
e cidadania. de uma lei. Comente que é
estruturada em uma parte
[...] inicial (título – nome e data
Art. 2o ÇConsidera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de – e ementa), blocos de ar-
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, tigos (parte, livro, capítulo,
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as seção, subseção), artigos
demais pessoas. (caput e parágrafos e inci-
§ 1oo ÇA avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe sos) e parte final (disposi-
multiprofissional e interdisciplinar e considerará: ções pertinentes à sua im-
plementação).
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; Leitura
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação. • Sugerimos que faça uma
§ 2o ÇO Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. leitura compartilhada com
Art. 3oÇPara fins de aplicação desta Lei, consideram-se: os alunos do trecho da Lei,
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, artigo por artigo e parágra-
fos, tecendo comentários,
de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comu- testando a compreensão e
nicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações levando-os a observar a se-
abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na quência hierárquica, com
rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; a divisão e ordenação em
capítulos, os títulos, os ar-
Unidade 3 101 tigos, o símbolo gráfico de
parágrafo (§), itens que
Leitura 2 são as principais caracte-
rísticas composicionais do
(EF69LP20) Identificar, tendo em vista o contexto de produção, a forma de organização dos textos normativos e legais, a lógica de hierar- gênero. Em seguida, peça
quização de seus itens e subitens e suas partes: parte inicial (título – nome e data – e ementa), blocos de artigos (parte, livro, capítulo, que o leiam silenciosamen-
seção, subseção), artigos (caput e parágrafos e incisos) […] e analisar efeitos de sentido causados pelo uso de vocabulário técnico, te mais uma vez antes de
pelo uso do imperativo, […] de palavras que indicam generalidade, como alguns pronomes indefinidos, de forma a poder compreender iniciar a exploração do tex-
o caráter imperativo, coercitivo e generalista das leis e de outras formas de regulamentação. to, fazendo mais esclareci-
mentos se necessário.
Antes de ler

• A proposição destas questões visa levantar conhecimentos prévios. Não se espera nenhuma resposta conclusiva.

101MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Vocabulário  II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem
usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico,
caput: parte superior; ca- incluindo os recursos de tecnologia assistiva;
pítulo; enunciado de artigo
de uma lei ou regulamento.  III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade,
curatela: cuidados.  relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade
reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social;
tecnologia assistiva: con-
junto de recursos, produtos, IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça
métodos e práticas que vi- a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos
sam à independência e in- à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à
clusão social de pessoas informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros [...].
com deficiência.
CAPÍTULO II
• Para mais informações so- DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
bre tecnologia assistiva,
consulte o link da Secre- Art. 4o Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais
taria Especial dos Direitos pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.
da Pessoa com Deficiên-
cia, disponível em: <http:// § 1o Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou
pessoacomdeficiencia.gov. exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular
br/app/publicacoes/tecno o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com defi-
logia-assistiva> (acesso ciência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
em: 12 jul. 2018).
§ 2o A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação
• A Leitura Brasileira de In- afirmativa.
clusão (LBI) alterou e revo-
gou alguns artigos do Có- Art. 5o A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação,
digo Civil em relação aos exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante.
conceitos de capacidade
e incapacidade, conside- Parágrafo único.  Para os fins da proteção mencionada no caput deste artigo, são considerados
rando civilmente capazes especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência.
as pessoas com deficiên-
cia, e partindo da premis- Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
sa de que a deficiência não I - casar-se e constituir união estável;
é, em princípio, causadora II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
de limitações à capacidade
civil. De acordo com o tex- III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações ade-
to, a pessoa com deficiên- quadas sobre reprodução e planejamento familiar;
cia goza de capacidade ple-
na para a prática dos atos IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
da vida civil, inclusive para V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
casar-se e constituir união VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando,
estável, sendo que, em al-
gumas situações, conti- em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
nuará sendo assistida por Art. 7o É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de ameaça ou de
curador. violação aos direitos da pessoa com deficiência.
Parágrafo único.  Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimen-
to de fatos que caracterizem as violações previstas nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério
Público para as providências cabíveis.
Art. 8o  É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prio-
ridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternida-
de, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à
habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer,
à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liber-
dade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Con-
venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras
normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico.
[...]

BRASIL. Lei n. 13 146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018.

102 Unidade 3

102 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 3

Exploração do texto Não escreva no livro! Não deixe de acessar Exploração do texto

1. Depois de ler o trecho, reflita sobre as seguintes questões. Fundação Dorina Nowill (EF69LP27) Analisar a for-
ma composicional de tex-
a) Em geral, qual é a função de uma lei? Espera-se que os alunos respondam A fundação, que existe há tos pertencentes a gêneros
mais de 70 anos, dedica-se normativos/jurídicos […]
que é estabelecer normas que regulam comportamentos em face de uma situação social. à inclusão de pessoas com e suas marcas linguísti-
deficiência visual na cas, de forma a incremen-
b) Apesar de circular no meio jurídico, a quem se destina uma lei? sociedade. Uma de suas tar a compreensão de textos
contribuições é a pertencentes a esses gêne-
A todos os cidadãos do país. distribuição gratuita de ros […].
livros em braille e em
2. Releia o Artigo 1o. Qual é o objetivo e a função central da Lei Brasileira de linguagem oral e Atividade 3
digital para esse público, e • Relembre aos alunos o con-
Inclusão? Assegurar, promover e proteger o exercício pleno e em condições de igual- também para bibliotecas,
dade de todos os direitos das pessoas com deficiência, visando à sua inclu- escolas e outras teúdo da entrevista estu-
organizações do Brasil.   dada anteriormente. Uma
são social e sua cidadania plena e efetiva. pessoa se torna uma pes-
Disponível em: <www. soa com deficiência no mo-
3. De acordo com o que foi informado na entrevista da Leitura 1, qual é o fundacaodorina.org.br> mento em que uma barrei-
(acesso em: 17 out. 2018). ra impede o exercício de
conceito de pessoa com deficiência que permeia o texto da Lei e que está seus direitos como qual-
Não deixe de ler quer cidadão.
presente nesse trecho? Pessoas que, em contato com uma barreira, tenham limitada
O livro negro das cores, Atividade 5, item a
sua inclusão social plena como qualquer cidadão. de Menena Cottin e • Ajude os alunos a perceber
Rosana Faría, Pallas.
4. O que é considerado discriminação contra uma pessoa com deficiência, que os parágrafos, assim
Neste livro, de duas artistas como os incisos, tratam de
de acordo com a Lei, no que se refere à: venezuelanas, ou esclarecem um ponto
Tomás, personagem mais específico do assunto
a) relação de pessoa para pessoa? Tratar de forma diferente, restringir ou com deficiência visual, ou tema do Capítulo em ge-
conhece cheiros, sons e ral; a cada aspecto que ne-
excluir a pessoa com deficiência, prejudicando ou impedindo o exercício de seus direitos. sabores por meio das cessite mais detalhamento,
mãos. O leitor também é abre-se um novo parágrafo
b) tecnologia assistiva? Negar-se a fazer adaptações, melhorar produtos, convidado a experimentar ou inciso, ou parágrafo úni-
essas sensações pelas co. Essa hierarquia é o que
fornecer o necessário de forma a promover a inclusão social. ilustrações em relevo. estrutura a organização de
uma lei, estatuto, regimen-
5. Observe os títulos dos capítulos. 6. A todos os cidadãos sujei- to, etc. em tópicos.
tos à lei: o dever de não discri-
Capítulo I: Disposições gerais minar, não excluir, não restrin-
Capítulo II: Da igualdade e da não discriminação gir, não prejudicar, não infligir
tratamento desumano ou de-
No caderno, associe cada afirmação ao seu Capítulo correspondente. gradante, não impedir ou dei-
xar de reconhecer os direitos
a) As pessoas com deficiência devem ter seus direitos garantidos. da pessoa com deficiência,
além de comunicar às autori-
Capítulo I dades qualquer forma de
ameaça ou de violação a eles
b) A pessoa com deficiência está apta a exercer sua capacidade civil. (este último está explícito no
Artigo 7º do Capítulo II).
Capítulo II

c) As deficiências podem ser de natureza comunicativa, intelectual, sen-
sorial ou motora.

Capítulo I

d) Toda e qualquer violação aos direitos da pessoa com deficiência deve
ser denunciada ao Ministério Público.

Capítulo II

6. Os Capítulos I e II falam explicitamente de direitos assegurados por lei.
Entretanto, nesses trechos, estão implícitos também deveres. Quais são
eles e a quem são dirigidos?

7. O termo caput significa, em latim, “cabeça”, “parte superior”. Releia
este Artigo.

Art. 5o A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negli-
gência, discriminação, exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e
tratamento desumano ou degradante.

Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput deste
artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança, o adolescente,
a mulher e o idoso, com deficiência.

Por que motivo foi inserido um parágrafo nesse Artigo, com a referência

feita pelo termo caput?

Para esclarecer quem, entre as pessoas com deficiência, deve ser especialmente protegido:
crianças, adolescentes, mulheres e idosos, os mais vulneráveis.

Unidade 3 103

103MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

8. Uma lei é organizada de maneira diferente da maioria dos textos que
encontramos no dia a dia. Há capítulos, artigos, parágrafos e incisos
organizados em uma sequência ordenada, o que facilita seu entendi-
mento. Observe as partes no trecho a seguir.

título LEI N. 13 146, DE 6 DE JULHO DE 2015

subtítulo (Estatuto da Pessoa com Deficiência)

capítulo numerado CAPÍTULO II
(em algarismos romanos):
indica uma divisão, ou seja, DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
uma das partes em que se
divide o texto da lei Art. 4o Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma
título do capítulo espécie de discriminação.

artigo numerado § 1o Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
(em algarismos arábicos): forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão,
indica as subdivisões que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anu-
numeradas dos capítulos lar o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais de pessoas com deficiência, incluindo a recusa de
parágrafo numerado: adaptações razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
subdivisão do artigo, […]
indicando que o trecho
tem relação com o que foi
dito acima; um artigo pode
ter mais de um parágrafo

parágrafo isolado, que não Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput
tem numeração deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a

inciso numerado (em criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência.
algarismos romanos):
subdivisão de um artigo; Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,
geralmente lista inclusive para:
hipóteses de aplicação
da lei ou exemplos I - casar-se e constituir união estável;

8. Espera-se que os alunos per- Além de capítulos com títulos, uma lei apresenta artigos numerados com
cebam que ambos tratam do subdivisões em parágrafos (indicados pelo símbolo §) também numera-
mesmo assunto; o parágrafo dos, como descrito acima. Releia o § 1º do Artigo 4º. Qual é a relação
especifica a afirmação geral fei- entre o que diz o artigo e o que diz o parágrafo?
ta anteriormente no Artigo sobre
discriminação, informando o que
se entende por essa palavra.

9. Nos Artigos 2o e 3o do Capítu-

lo I: respectivamente, o que ca- 9. O inciso é uma subdivisão do artigo. Em que artigos aparecem incisos

racteriza uma pessoa com defi- nesse trecho da lei e de que falam?
ciência e itens levados em conta

para a aplicação da Lei; Artigo 6o

do Capítulo II, dos direitos civis 10. Releia o Artigo 3º, inciso IV, do Capítulo I. Ele fala em diversas barreiras

das pessoas com deficiência em que podem impedir a participação da pessoa com deficiência na socie-
relação a casamento, família,
paternidade, relacionamentos. dade em igualdade de condições com as demais. Que tipos de barreiras
Possibilidades: Falta de calçadas rebaixadas ou rampas, locais ou meios de
seriam essas? transporte públicos sem espaço para cadeiras de rodas para pessoas com

mobilidade reduzida; ruas esburacadas e calçadas inadequadas, com entulho e obstáculos; falta da linguagem braile em locais públicos,

em elevadores, ou prédios que precisam de algum tipo de instrução; semáforos sem advertência sonora, etc. para pessoas com de-

104 ficiência visual; falta de intérpretes em Libras em conferências, entrevistas, espetáculos, palestras, etc. para pessoas com deficiência
Unidade 3 auditiva; entre outros.

104 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Recursos expressivos Recursos expressivos

1. Releia o § 2º do Capítulo I e estes Artigos do Capítulo II e observe as formas verbais destacadas. (EF69LP28) Observar os
I. 2o O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. mecanismos de modaliza-
II. Art. 4o Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais ção adequados aos textos
pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. jurídicos, as modalidades
[…] deônticas, que se referem
Art. 5o A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, discriminação, ex- ao eixo da conduta (obriga-
ploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou degradante. toriedade […]) […].

a) O uso das formas verbais no futuro, nesses trechos, expressa sugestão para o futuro, possibi- Atividade 1, item b
lidade a se concretizar, instrução para realizar ou obrigatoriedade de fazer? Obrigatoriedade. ¥ Comente que, em leis, de-

b) De que modo o contexto ajudou você a chegar a essa resposta? Resposta pessoal. Espera-se que os cretos, contratos jurídi-
alunos compreendam a função da Lei, cos, o futuro do presente
tem valor de imperativo, in-
que exerce um papel social para dicando ação obrigatória,
de caráter imprescindível
2. Releia o Artigo 4º, Capítulo II, e observe as palavras destacadas. garantir que as regras sejam e categórico.

cumpridas por todos os cidadãos.

Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pes-

soas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.

a) Nesse contexto, essas palavras podem ser consideradas sinônimas ou antônimas?

Elas são antônimas.

b) Associe cada uma das palavras a seu sentido.
I. Indicação de um conjunto geral, global. todas

II. Indicação de um conjunto vazio; ausência. nenhuma

3. Releia.
I. […] A pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência [...].

II. […] Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou
exclusão [...].

Qual é o sentido do pronome toda no contexto dessas frases?

O pronome toda tem o sentido de “qualquer que seja”, “seja qual for” (a negligência, a distinção, restrição ou exclusão).

4. O verbo dever tem diferentes sentidos, dependendo do contexto em que é empregado. Observe
e compare.

• dever: ter de pagar

• dever: ter possibilidade ou probabilidade

• dever: ter compromisso, obrigação

Considere o uso do verbo dever neste parágrafo da lei.

[…] Se, no exercício de suas funções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que
caracterizem as violações previstas nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Público para as
providências cabíveis.

Que sentido tem o verbo dever nesse parágrafo?

Ter obrigação.

5. O texto da lei é escrito em 3ª pessoa, característica de textos normativos. Que tipo de frase e de pon-
São empregadas frases declarativas com ponto final, pois se
tuação são empregados e por que isso acontece? trata de um texto que expõe a regulamentação de comporta-

mentos e explicita normas.

6. Leis, decretos e estatutos utilizam linguagem específica. Que palavras ou expressões no trecho da

Lei Brasileira de Inclusão (LBI) indicam o uso de vocabulário técnico?

Possibilidades: Estatuto, caput, artigo, Lei, Ministério Público, Poder Executivo, juízes, tribunais.

Unidade 3 105

105MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Diálogo entre textos Para lembrar

• Sugerimos que realize esta Intenção principal Lei
atividade oral e coletiva-
mente. Leia o poema para Regular comportamentos sociais e jurídicos dos cidadãos em relação aos demais
os alunos em voz alta, com indivíduos que compõem a sociedade.
ritmo e expressividade. O
objetivo é que fruam a lei- Leitor Todos os que estão sujeitos às leis no país em que é publicada.
tura e troquem impressões
em apreciação livre, sem ta- Organização Título.
refas a executar. Para isso, Divisão em capítulos, artigos, incisos e parágrafos.
peça que expressem suas Numeração com algarismos arábicos e romanos.
primeiras impressões. Escrita em 3ª pessoa.

• Alguns pontos que podem Linguagem Frases declarativas.
ser explorados comparan- Verbos com valor de imperativo.
do o texto “Os estatutos Vocabulário formal e técnico.
do homem” e a Lei Brasi-
leira de Inclusão: diferen- Diálogo entre textos Não escreva no livro!
ças de linguagem entre os
dois textos (técnica × poé- Os direitos e deveres em linguagem poética
tica); as semelhanças de
forma (“Fica decretado”, É possível falar de direitos e deveres em poesia? Instituir normas e regras em linguagem poética? Um
a numeração em artigos e texto pode estabelecer diálogo com outro texto pelo tema, pelos recursos empregados ou pela maneira
parágrafo único); o que se como é organizado.
valoriza em cada texto (di-
reitos e não discriminação Leia um trecho deste estatuto e estabeleça as diferenças e as semelhanças no diálogo com a Lei Brasileira
a pessoas com deficiência de Inclusão. Resposta pessoal.
e a união e confiança mútua
entre os seres humanos); ARTIGO I. Os estatutos do homem
entre os “decretos” no poe-
ma qual é o mais importante A Carlos Heitor Cony
para cada um; a confiança
no outro (explorar os dois Fica decretado que agora vale a verdade,  
últimos versos no cotidiano que agora vale a vida, 
dos alunos), dentre outros. e que, de mãos dadas, 
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

ARTIGO II. Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas, 
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

ARTIGO III. Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito itsK/Shutterstock
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

ARTIGO IV. Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem 
como a palmeira confia no vento, 
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

PARÁGRAFO O homem, confiará no homem
ÚNICO: como um menino confia em outro menino.

[...]

MELLO, Thiago de. Faz escuro mas eu canto: porque amanhã vai chegar. 23. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p. 25-26.

106 Unidade 3

106 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Do texto para o cotidiano Não escreva no livro! N‹o deixe de ver (EF89LP17) Relacionar tex-
tos e documentos legais e
Olhos que falam Esplendor, direção de normativos de importância
Naomi Kawase. Japão/ […] nacional […] que en-
Como a Lei Brasileira de Inclusão é incorporada no cotidiano das pessoas? França: Imovision, 2017. volvam direitos […] a seus
Sente-se com dois colegas. Juntos, leiam este depoimento e, depois, reflitam 102 min. contextos de produção, re-
sobre a leitura e as questões propostas a seguir. conhecendo e analisando
A jovem protagonista possíveis motivações, fi-
DEPOIMENTO Misako é uma cineasta nalidades e sua vinculação
Paulo Romeu, autor do BLOG DA AUDIODESCRIÇÃO dedicada a produzir com experiências humanas
versões de filmes e fatos históricos e sociais,
'Passei 30 anos sem ir ao cinema. destinadas a pessoas com como forma de ampliar a
Hoje consigo discutir o filme' deficiência visual, com a compreensão dos direitos e
descrição das imagens em deveres, de fomentar os prin-
“Perdi a visão em 1980, aos 22 anos, em um acidente de carro, e só fui áudio. Seu desafio é fazer cípios democráticos e uma
voltar ao cinema há 5 ou 6 anos, quando descobri que o Cinesesc estava com que essas pessoas e atuação pautada pela ética
fazendo um festival com audiodescrição. […] outras com visão reduzida da responsabilidade (o outro
entendam a trama. Ela tem direito a uma vida digna
A diferença (entre alguém descrevendo a cena e a audiodescrição) é como conhece um fotógrafo que tanto quanto eu tenho).
água e vinho. O audiodescritor já conhece o filme, sabe quais elementos em está progressivamente
cena precisam ser descritos para a pessoa entender a trama. Quando minha perdendo a visão, pelo • O objetivo é sensibilizar os
mulher ou outra pessoa descreve o filme para mim, ela diz, por exemplo, qual se apaixona. alunos para compreender,
que um vestido é bonito ou feio. O profissional descreve a roupa em deta- acolher e solidarizar-se com
lhes, faz diferença. […] Atualmente, existem situações diversas. Sugeri-
aplicativos de mos que realize a ativida-
Comecei a usar os aplicativos de audiodescrição e as coisas mudaram. audiodescri•‹o que de em duplas ou trios e, em
Antes, quando emendava o cinema e um jantar com amigos, passava o contêm uma seleção de seguida, faça uma reflexão
tempo à mesa tentando entender o filme, juntando as peças que perdi. Hoje, filmes e que, uma vez oral coletiva com a turma.
uso esse tempo para, como eles, discutir o filme, dizer o que gostei ou não. acionados, permitem a Fomente a discussão no
Ganhei autonomia.” / A.C.S. sincronização com a sentido de inter-relacionar
película e a narração e os conceitos abstratos da
ROMEU, Paulo. ‘Passei 30 anos sem ir ao cinema. Hoje consigo discutir o filme’. descrição das cenas Lei e sua concretude na vida
O Estado de S. Paulo, C4, Caderno 2, 17 jun. 2018. feitas por um real bem como a importân-
profissional. cia das tecnologias assisti-
1. O Artigo 67 da Lei Brasileira de Inclusão diz o seguinte: vas que promovem e asse-
O profissional que guram os direitos de todo
[...] descreve produções e qualquer cidadão; neste
audiovisuais como caso, o direito ao lazer.
Art. 67o Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir peças de teatro,
programas de TV, • Para mais informações,
o uso dos seguintes recursos, entre outros: 1. Em parte, porque, no depoi- exposições e leia a reportagem “Os defi-
mento, só se fala na audiodes- espetáculos diversos cientes visuais vão ao cine-
I - subtitulação por meio de legenda oculta; crição destinada a pessoas para deficientes visuais ma”, sobre o uso de audio-
de modo criterioso e descrição, disponível em:
II - janela com intérprete da Libras; com deficiência visual; não cita sistemático é <https://cultura.estadao.
III - audiodescrição. o que está sendo feito para as conhecido como com.br/blogs/curiocidade/
pessoas com deficiência audi- audiodescritor. os-deficientes-visuais-vao-
ao-cinema-como-e-feita-a-
[...] tiva (legenda oculta e janela audiodescricao-no-cine
com intérprete de Libras). sesc/> (acesso em: 7 ago.
2018). Caso tenha interes-
BRASIL. Lei n. 13 146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com se, leia o livro Audiodescri-
ção: transformando ima-
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ gens em palavras, de Lívia
Maria Villela de Mello Mot-
ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 12 jul. 2018. ta, Paulo Romeu Filho (São
Paulo: Secretaria dos Direi-
Na opinião de vocês, a lei está sendo cumprida em relação à acessibili- tos da Pessoa com Deficiên-
dade a obras cinematográficas? Expliquem. cia do Estado de São Paulo,
2010), disponível em: <http:
2. Como se sente uma pessoa com deficiência que enfrenta barreiras ou prefeitura.sp.gov.br/cidade/
limitações a direitos facilmente acessados por outras pessoas, como o secretarias/upload/plane
direito de entrar em um ônibus com facilidade, assistir a um filme, jamento/prodam/arquivos/
participar de um show? Livro_Audiodescricao.pdf>
(acesso em: 7 ago. 2018).
Resposta pessoal.
Atividade 3
3. Conhecer e refletir sobre a Lei Brasileira de Inclusão pode gerar transfor- • Espera-se que os alunos
mações sociais. Pelo depoimento lido, isso está acontecendo?
percebam que, após alguns
Resposta pessoal. anos, o avanço acontece e
as transformações come-
Unidade 3 107 çam a ocorrer, porém o pro-
cesso é lento.
Do texto para o cotidiano (EF69LP24) Discutir casos, reais […] que envolvam (supostos)
desrespeitos a artigos […] como forma de criar familiaridade
Competência específica de Língua Portuguesa para o com textos legais – seu vocabulário, formas de organização, mar-
Ensino Fundamental cas de estilo etc. –, de maneira a facilitar a compreensão de leis,
6. Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados fortalecer a defesa de direitos […] e possibilitar a compreensão
do caráter interpretativo das leis e as várias perspectivas que
em interações sociais e nos meios de comunicação, posi- podem estar em jogo.
cionando-se ética e criticamente em relação a conteúdos
discriminatórios que ferem direitos humanos e ambientais.

107MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Cultura digital – Cultura digital Pense nessa prática! Não escreva no livro!
Pense nessa prática!
Participação cidadã em meio digital
Competência
específica de Língua Nesta Unidade, você leu parte da Lei Brasileira de Inclusão, Monkey Business Images/Shutterstock
Portuguesa para o
Ensino Fundamental também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência,
10. Mobilizar práticas da
e refletiu sobre a importância da inclusão das pessoas com 03_f014_8JoPortg20Sa
cultura digital, diferen- deficiência para a construção de uma sociedade mais digna. Inserir foto de professor dando as-
tes linguagens, mídias sistência a alunos (13-14 anos) ao
e ferramentas digitais Além de conhecer os regulamentos que têm como objeti- computador. Se possível, professor
para expandir as for- vo proteger nossos direitos, precisamos, como cidadãos, negro e ao menos dois alunos com-
mas de produzir senti- acompanhar e participar dos debates sobre ações e projetos partilhando um computador. Ver
dos (nos processos de que garantam e incentivem medidas que estejam de acordo referência.
compreensão e produ- com esse e outros estatutos.
ção), aprender e refletir Professora ajudando seus alunos em sala
sobre o mundo e reali- de aula.
zar diferentes projetos
autorais. Hoje em dia, as tecnologias digitais da informação e comunicação facilitam esse tipo de acompanha-

(EF69LP25) Posicionar-se mento e participação cidadã. Reúna-se ao professor e aos colegas. Juntos, discutam sobre as práticas
de forma consistente e sus-
tentada em uma discussão digitais nesse âmbito, respondendo às perguntas a seguir.
[...] e outras situações de
[...] defesas de opiniões, 1. Você já acessou ou viu algum familiar acessando portais ou ferramentas digitais para acompa-
respeitando as opiniões nhar a tramitação de um projeto de lei? Resposta pessoal.
contrárias e propostas al-
ternativas e fundamentando 2. Você conhece alguém engajado em alguma iniciativa social no meio digital para a solução de
seus posicionamentos[...]. um problema coletivo? Se sim, compartilhe e diga qual foi o canal e a forma de e-partici-
pação na ocasião. Resposta pessoal.
(EF89LP18) Explorar e ana-
lisar instâncias e canais de Você sabia?
participação disponíveis
[...], incluindo formas de O que é e-participação?
participação digital, como
canais e plataformas de par- E-participação, do ponto de vista institucional, refere-se ao emprego de tecnologias de comuni-
ticipação (como portal e-ci- cação e informação para quaisquer atividades que impliquem ou afetem a comunidade política. No
dadania), serviços, portais rol destas iniciativas, estão incluídas desde a participação digital na formulação e implementação de
e ferramentas de acompa- políticas públicas quanto a participação em decisões relacionadas à regulamentação e aos direciona-
nhamentos do trabalho de mentos estratégicos do governo, dentre outras.
políticos e de tramitação de
leis, canais de educação po- Esta subárea compreende basicamente iniciativas e projetos como:
lítica, bem como de propos-
tas e proposições que circu- • Plataformas digitais para a realização de consultas públicas
lam nesses canais, de forma • Fóruns on-line
a participar do debate de • Petições eletrônicas
ideias e propostas na esfe- • Mecanismos digitais de votações
ra social e a engajar-se com • Banco de boas práticas (envio de sugestões)
a busca de soluções para • Ouvidoria (envio de sugestões e críticas)
problemas ou questões que
envolvam a vida da escola e DEMOCRACIA digital no Brasil: prospecção sobre o Poder Executivo Federal 2017.
da comunidade. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologiaem Democracia Digital. Salvador: UFBA, 2018.

• Veja, nas “Orientações ge- 3. Em muitas cidades, bairros e até escolas, pessoas se mobilizam e criam, coletivamente, canais
rais” neste Manual do Pro- digitais (redes sociais, páginas na internet, etc.) para discutir e buscar soluções para proble-
fessor, propostas de en- mas que afetam a comunidade em que vivem.
caminhamento para o
trabalho com esta seção. a) Você conhece algum canal digital desenvolvido para propor discussões estruturadas para
a sua comunidade? Se sim, qual? Resposta pessoal.

b) Em sua opinião, a criação desses ambientes é útil? Por quê?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que a criação desses ambientes pode ser útil na comunicação
entre a comunidade e o poder público, contribuindo para a discussão e a resolução de questões sociais em pauta no canal.

108 Unidade 3

108 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 3

Reflexão sobre a língua Não escreva no livro! Reflexão sobre
a língua
Regência verbal
(EF08LP07) Diferenciar,
Nesta Unidade, você conheceu a regência dos nomes (substantivos e adjetivos). em textos lidos […] com-
Agora, que tal explorar a necessidade de complementos de verbos para produzir plementos diretos e indire-
sentido? tos de verbos transitivos,
apropriando-se da regência
1. Leia esta tira de Calvin e Haroldo, personagens do cartunista Bill Watterson. de verbos de uso frequente.

Calvin & Hobbes, Bill Watterson © 1985 Watterson/
Dist. by Andrews McMeel Syndication

WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo. Campinas: Cedibra, 1987. p. 19.

2. Calvin acredita que seu tigre de pelúcia seja de verdade.

a) Que elementos, no último quadrinho, mostram essa convicção do
menino? No último quadrinho, Haroldo é desenhado como um tigre de verdade, que

anda sozinho e fala.

b) Esse último quadrinho concentra o humor da tira. Explique por que
isso acontece. A fantasia do menino sendo mostrada como real e a frase atribuída ao

tigre: “E ele precisava de um banho…” provocam humor.

3. Releia estas falas e observe as formas verbais destacadas.

I. Você vai levar o seu tigre de pelúcia para a escola de novo?

II. […] E ele precisava de um banho...

a) Quais são as palavras ou expressões que complementam o sentido

das formas verbais destacadas?

I. levar: o seu tigre de pelúcia;. II. precisava: de um banho.

b) Seria possível compreender as falas de Calvin e da mãe dele sem esses

complementos? Explique. As falas não seriam compreendidas pelos interlocuto-

res, pois ficariam com sentido incompleto.

c) Os complementos que você apontou se ligam a esses verbos direta- Para relembrar
mente ou por meio de preposição? Em I, levar – o seu tigre de pelúcia: liga-se direta-

mente ao verbo, sem preposição; em II, precisava – de um banho: liga-se ao verbo por meio da preposição de. Alguns verbos necessitam

4. Releia estas falas entre a mãe de Calvin e o filho. de um complemento

I. Os meninos não caçoam de você? (verbos transitivos) e
II. O Tommy Chestnutt fez isto uma vez, mas agora ninguém faz. outros, não (verbos
intransitivos). O

a) A que se refere o pronome isto na fala de Calvin? complemento dos verbos
transitivos pode ser um
Refere-se à caçoada que os colegas fazem dele na escola. objeto direto ou um

b) Na segunda oração, “mas agora ninguém faz”, a que Calvin se refe-

re? Por que a palavra ou as palavras que complementam o sentido do objeto indireto, de

verbo não estão presentes? Calvin refere-se novamente à caçoada. Não é preciso acordo com a regência
do verbo. A esse tipo de
explicitar o complemento de fazer porque ele pode ser recuperado pelo contexto. regência damos o nome
de regência verbal.
c) De que modo é feita a ligação entre a forma verbal caçoam, empre-

gada pela mãe de Calvin, e seu complemento?

Indiretamente, por meio da preposição de.

Unidade 3 109

109MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Atividade 5, item a 5. Leia a matéria a seguir sobre a busca de evidências de vida fora do planeta Terra.
• Comente com os alunos
Cientistas tentam explicar dificuldade para encontrar vida extraterrestre
que, no título, ao dizer que
os cientistas tentam ex- A humanidade ainda não conseguiu manter contato com alienígenas de forma efetiva, mas
plicar, já há a indicação de uma teoria diferenciada tenta explicar isso [...].
que não se trata de um fato
científico comprovado. [...] se as civilizações como a humana fossem alguma coisa comum, teríamos detectado alguma evi-
dência disso. “A única explicação é que algo as levou a desaparecer. Se encontrássemos alguma evidência
Atividade 6, item a da existência de civilizações extraterrestres extintas, seria uma má notícia para nós, os habitantes da
• Aceite outras respostas, Terra. Isso significaria que nós também estamos condenados a desaparecer também um dia” [...].

pois a avaliação pode ser CIENTISTAS tentam explicar dificuldade para encontrar vida extraterrestre. TNOnline, 8 out. 2017.
subjetiva entre os alunos. Disponível em: <https://tnonline.uol.com.br/noticias/cotidiano/67,436730,08,10,cientistas-tentam-explicar-dificuldade-para-

Atividade 6, item b encontrar-vida-extraterrestre.shtml>. Acesso em: 8 out. 2018.
• Comente que o cartunista
a) As informações apresentadas no texto são baseadas em fatos ou hipóteses? Que palavra pre-
usa o nonsense como re-
curso para criar humor. sente no primeiro parágrafo sugere isso? Justifique. São baseadas em hipóteses. A palavra que indica isso

Atividade 6, item c é teoria, pois se trata de uma possibilidade e não de uma certeza.
• Comente que os comple-
b) Qual é a relação entre a presença de evidências sobre civilizações extintas fora da Terra e a vida
mentos dos verbos se tor-
nam compreensíveis e dos seres humanos? Explique sua resposta. 5. b) Espera-se que os alunos compreendam que,
claros pelas imagens que se fossem encontradas evidências do desapare-
completam o sentido das
cenas nos quadrinhos e c) Releia e observe o emprego do verbo destacado. cimento de uma civilização extraterrestre, seria
pela postura professo- uma indicação de que os seres humanos também
ral de Garfield no terceiro
quadrinho. “A única explicação é que algo as levou a desaparecer. […]” iriam desaparecer, já que nos consideramos seres
avançados e com recursos que deveriam garantir

nossa sobrevivência.

O verbo levar, nessa frase, tem a mesma regência que na frase “Você vai levar o seu tigre de

pelúcia para a escola de novo?”? Explique sua resposta.

6. Leia esta tira.

© 1995 Paws, Inc. All Rights Reserved/Dist. by Andrews McMeel Syndication 5. c) Não; em “Você vai
levar o seu tigre de pelúcia
para a escola de novo?”, o
verbo levar tem apenas
um complemento (“o seu
tigre de pelúcia”); em “A
única explicação é que
algo as levou a desapare-
cer”, o verbo levar exige
dois complementos (as,
referente a essas civiliza-
ções, e a desaparecer).

DAVIS, Jim. Garfield 5: toneladas de diversão. Porto Alegre: L&PM, 2014. p. 113.

a) Observe as mudanças na expressão facial de Jon, o dono de Garfield. O que elas refletem sobre
o que ele progressivamente sente?

Possibilidades: Aborrecimento, curiosidade, espanto, desânimo/desdém, etc.

b) O que provoca humor na tira?

O humor vem dos métodos esdrúxulos de Garfield para pescar, além da reação de Jon no final da tira.

c) Os complementos exigidos por determinados verbos nem sempre aparecem na oração. De que
modo se pode completar o sentido dos verbos ver e aprender no terceiro quadrinho?

Possibilidades: Veja minha ação/Veja o que faço. Aprenda a pescar/Aprenda com meu exemplo.

110 Unidade 3

110 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Fique atento… Não escreva no livro! Fique atento…

... ao uso do sinal indicativo da crase 1. c) Espera-se que os alunos percebam que houve a fusão Atividade 1
de a + a (preposição a + artigo a), indicada pelo sinal gráfico • Comente com os alunos
indicativo dessa fusão, a crase.
que produzir, vender, com-
Estudamos a regência de alguns verbos, substantivos e adjetivos e a relação de dependência entre eles prar, trocar de telefone
é rápido, mas o descarte
e outras palavras que complementam seu sentido. Muitos desses verbos e nomes exigem a preposição a, o inadequado e sem repon-
que dá origem a um à acentuado. Veja como isso acontece. sabilidade causa grande
impacto no meio ambien-
1. Leia esta matéria sobre o descarte de telefones que não funcionam mais. te. Todos os envolvidos no
processo – indústria, co-
[...] Devido à presença de metais pesados, o lixo eletrônico é motivo de preocupação no tocan- mércio e usuários – devem
te à saúde pública. As características dos smartphones exigem que a destinação e o tratamento refletir sobre o impacto da
pós-descarte sejam diferenciados, o que pede maior atenção à reciclagem, facilitada com a devo- produção e do consumo e
lução dos aparelhos em lojas, bancos e outros locais que incentivem a logística reversa. O consu- sobre como descartar apa-
midor precisa conhecer o impacto de sua compra sobre o planeta. relhos obsoletos.

[...] Atividade 1, item a
• Lixo eletrônico é o conjunto
CIRILO, Fabio. Você sabe de onde vem e para onde vai seu smartphone? Galileu. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/
Revista/noticia/2015/04/voce-sabe-de-onde-vem-e-para-onde-vai-seu-smartphone.html>. Acesso em: 13 jul. 2018. de materiais acumulados
pelo descarte de disposi-
a) Você sabe exatamente o que é e do que se compõe o lixo eletrônico? Sabe dar exemplos? tivos eletrônicos, como te-
Se sim, liste alguns. las ou peças de computa-
dores, telefones celulares
Resposta pessoal. e baterias, tubos ou peças
de televisores, câmeras fo-
b) Por que o lixo eletrônico deve ser descartado de modo diferente do não eletrônico? tográficas, entre outros.

Porque contém metais pesados que contaminam o solo e causam danos à saúde.

c) Observe e compare.
I. Dar atenção à reciclagem Dar atenção a + a reciclagem

II. Dar atenção ao descarte adequado Dar atenção a + o descarte

Por que foi acentuado o a no primeiro item e não no segundo?

d) No caderno, reescreva o período a seguir, substituindo as palavras destacadas, respectivamen-
te, por uso e bem-estar. Faça as alterações necessárias. Devido ao uso de metais pesados, o lixo

eletrônico é motivo de preocupação no tocante ao bem-estar público.

Devido à presença de metais pesados, o lixo eletrônico é motivo de preocupação no tocante à
saúde pública.

• O que você notou em relação ao uso do sinal indicativo da crase? O sinal indicativo da

crase não foi usado porque se trata de palavras do gênero masculino, sem a presença do artigo feminino a.

O acento grave (`) colocado sobre a letra a é empregado na escrita para sinalizar a ocorrência de
uma contração da preposição a com o artigo a/as, chamada de crase. É também usado na con-
tração da preposição com a primeira letra dos pronomes aquele, aquela, aquilo. A crase só
ocorre quando há verbos e nomes que se ligam por meio da preposição a a um complemento
expresso por palavra feminina precedida de artigo.

2. Leia esta tira, em que Snoopy assume seu alter ego (seu outro “eu”), o “Legionário estrangeiro”.

03_f011_8PCUPortg20Sa Tira de Snoopy. Fonte: © 1984 Peanuts Worldwide LLC./Dist. by
Schulz, Charles. Snoopy e sua turma: 1. Porto alegre: Andrews McMeel Syndication
L&PM, 2010. p. 91.

SCHULZ, Charles. Snoopy e sua turma: 1. Porto Alegre: L&PM, 2010. p. 91.

Unidade 3 111

111MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Oralidade a) Para fugir da rotina, Snoopy incorpora vários personagens. O “Legionário estrangeiro”,

Competência geral da por exemplo, vive no deserto. Que elementos gráficos da tira contribuem para configurar
Educação Básica
9. Exercitar a empatia, o esse cenário?

diálogo, a resolução de A paisagem desolada e árida, o chapéu usado como proteção contra o Sol, os cactos.
conflitos e a coopera-
ção, fazendo-se res- b) Pela expressão do personagem, qual parece ser seu estado de espírito?
peitar e promovendo o
respeito ao outro e aos A expressão facial sugere aborrecimento, tédio ou mesmo cansaço.
direitos humanos, com
acolhimento e valoriza- c) Observe o último quadrinho. Pela sequência da narração, ele indica um tempo presente, pas-
ção da diversidade de
indivíduos e de grupos sado ou futuro? Parece indicar um tempo passado porque Snoopy conta, no segundo quadrinho, que havia tentado dormir
sociais, seus saberes,
identidades, culturas em uma toca na noite anterior.
e potencialidades, sem
preconceitos de qual- d) Observe o acento indicativo da crase no trecho a seguir.
quer natureza.
Eu tentei fazê-lo ontem à noite.
(EF69LP14) Formular per-
guntas e decompor, com a I. Substitua a palavra noite por tarde; em seguida, por entardecer; e, depois, por meia-noite.
ajuda dos colegas e dos pro- mudança.EEuu tentei fazê-lo ontem à tarde.
fessores, tema […], expli- Escreva as frases no caderno, registrando cada tentei fazê-lo ontem ao entardecer.
cações […] relativos ao
objeto de discussão para Eu tentei fazê-lo ontem à meia noite.
análise mais minuciosa e II. Que transformações no trecho você precisou fazer para realizar essas substituições?
[…] que permitam analisar O acento grave permaneceu em à tarde e em à meia-noite (antes de palavras femininas), mas não em ao entardecer (palavra masculina).
partes da questão e com-
partilhá-los com a turma. Emprega-se também o acento grave (`) em locuções adverbiais como à noite, às vezes, às
pressas, à tarde e outras semelhantes.
(EF69LP34) […] tendo em
vista os objetivos de leitura, Oralidade Não escreva no livro!
produzir marginálias (ou to-
mar notas em outro supor- Estatuto do Idoso
te), sínteses organizadas
em itens, […] como forma Nesta Unidade, lemos textos relacionados aos direitos humanos, em particular, o direito de pessoas com
de possibilitar uma maior deficiência ao exercício da cidadania plena e efetiva. Leia agora um infográfico que traz dados sobre a
compreensão do texto, a sis- condição de outro grupo da sociedade brasileira. Siga estas etapas.
tematização de conteúdos e
informações e um posicio- 1. Leia o trecho da reportagem e o gráfico reproduzidos a seguir e analise com atenção as informações
namento frente aos textos, apresentadas. Procure entender o cruzamento dos dados nas linhas coloridas ascendentes e des-
se esse for o caso. cendentes (na coluna da esquerda os índices de porcentagens e, na barra inferior, o ano corres-
pondente).
(EF89LP27) Tecer conside-
rações […] em momentos 2. Sente-se com um colega com quem você ainda não tenha trabalhado neste ano. Juntos, reflitam
oportunos, em situações de sobre os dados e informações e façam anotações sobre o que é possível deduzir e compreender.
aulas […] etc. Em seguida, formulem três perguntas com base em suas anotações, evitando aquelas a que se
responda somente com sim ou não. Prevejam as respostas esperadas.
• A proposta das atividades
é a reflexão sobre a condi- 3. Depois dessa etapa, juntem-se a outra dupla e troquem perguntas e respostas entre si, avaliando-
ção dos idosos no Brasil e -as. Preparem uma síntese das reflexões feitas e do que foi discutido para apresentá-la oralmente
a implantação do Estatu- aos demais colegas e ao professor.
to do Idoso, tomando como
base o infográfico com da- Após 15 anos do Estatuto do Idoso, desafio é cumprir a lei
dos sobre o assunto: o gru-
po de pessoas com mais de Acesso a saúde, assistência social e emprego estão entre principais queixas
60 anos atingirá a porcen- [...] Quinze anos após ter sido criada, a principal lei de defesa dos direitos do idoso ainda tem
tagem de 33,71% do total sua aplicação completa como desafio.
da população brasileira em Em outubro de 2003, quando o chamado Estatuto do Idoso entrou em vigor, 8,5% da população
2060. O objetivo é que os tinha 60 anos ou mais – 15 milhões de pessoas. Hoje, esse grupo já representa 13% do total e supera
alunos fortaleçam o pensa- 27 milhões, segundo o IBGE.
mento crítico a respeito da O envelhecimento da população não tem sido acompanhado por medidas que garantam todos
realidade social em que vi- os direitos desse público, dizem especialistas.
vem e a capacidade de sín- [...]
tese por meio da habilidade
de fazer perguntas e ava- 112 Unidade 3
liar respostas, elaborando
um resumo oral da discus-
são a respeito de um tema
ou parte dele.

112 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Reprodução/Folhapress • Sugerimos que, inicialmen-
te, retome o conteúdo da
CANCIAN, Natália; ALEGRETTI, entrevista e do Estatuto li-
Laís. Após 15 anos do Estatuto do dos e contextualize o tema
Idoso, desafio é cumprir a lei. Folha da longevidade que a Medi-
de S.Paulo, 10 jul. 2018. Disponível cina tem proporcionado ao
em: <https://www1.folha.uol.com. ser humano. Busque des-
br/cotidiano/2018/07/apos-15- pertar nos alunos o olhar
anos-do-estatuto-do-idoso-desafio- reflexivo sobre o tema,
e-cumprir-a-lei.shtml >. Acesso em: sensibilizando-os a respei-
8 ago. 2018. to da vulnerabilidade, de in-
teresses e necessidades
Encerrando a Unidade Não escreva no livro! desse grupo social e da ne-
cessidade de políticas pú-
Nesta Unidade, você identificou em que contexto circula o gênero entrevista, sua organização e sua blicas que possam valori-
finalidade; com base nesses conhecimentos, planejou, realizou e produziu uma entrevista. Conheceu e zar e atender com respeito
analisou a organização de um texto normativo, a Lei Brasileira de Inclusão, e a repercussão dessa Lei na a essa parcela da popula-
sociedade. Estudou textos e trechos de textos construídos com determinados verbos que, nas orações, ção. Em seguida, proponha
exigem complementação de seu sentido. Com base no que você aprendeu, responda: que leiam e analisem o in-
fográfico reproduzido nes-
Por que se fazem entrevistas? Sua resposta é a mesma da que deu no começo da Unidade? ta seção e, utilizando seus
conhecimentos prévios e
Para colher informações, depoimentos ou opiniões sobre determinado assunto. Resposta pessoal. os trabalhados nesta Uni-
dade, reflitam com os co-
De que forma textos normativos, como regulamentos de condomínio ou de clubes, leis, regimentos legas sobre os dados apre-
escolares, códigos de trânsito, dentre outros, ajudam a melhorar o comportamento social das pessoas? sentados, tanto em relação
às informações não verbais
Resposta pessoal. quanto às da parte verbal.

De que maneira o conhecimento sobre regência contribuiu para aperfeiçoar seu conhecimento • Estipule um prazo para
sobre o uso das preposições exigidas por determinados verbos? a leitura individual, a dis-
cussão oral em duplas e a
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos entendam que o conhecimento sobre regência ajuda a compreender alguns discussão entre duplas. Ao
casos de preposição exigidos pelos verbos. final dessas etapas, peça
aos grupos que apresen-
Unidade 3 113 tem suas sínteses. Caso
não abordem algum ponto
que mereça ser destacado,
ajude-os a redirecionar a
reflexão. Espera-se que as
perguntas e as sínteses gi-
rem em torno do envelheci-
mento da população com o
aumento do número de ido-
sos (linha azul no gráfico)
e do declínio da população
jovem (linhas vermelhas),
dos avanços e dificuldades
(gargalos) de implantação
do Estatuto no dia a dia,
do desrespeito aos direi-
tos dos idosos, da neces-
sidade de políticas públi-
cas, quais delas já existem
(descontos para eventos
culturais e esportivos,
prioridade em filas, assen-
tos preferenciais no trans-
porte público, cursos para
a terceira idade) e quais
poderiam ser melhoradas
ou criadas (profissionali-
zação de cuidadores para
idosos; admissão de ido-
sos ainda ativos no mer-
cado de trabalho; centros
de convivência adequados;
campanhas públicas de va-
lorização dessa parcela da
população, entre outros).

113MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 3

Unidade 4 4UNIDADE Do outro lado do mundo

Competência geral Alameda dos Baobás
da Educação Básica em Madagascar, África.
Foto de 2016.
3. Valorizar e fruir as diver-
sas manifestações ar- 114
tísticas e culturais, das
locais às mundiais, e tam-
bém participar de práti-
cas diversificadas da pro-
dução artístico-cultural.

• Nesta Unidade, enfocamos
o campo artístico-literário
na exploração de capítulos
de um romance de aven-
turas e de uma estória (na
acepção que lhe dão os au-
tores africanos de língua
portuguesa) para que os
alunos possam fruir a lei-
tura literária e conhecer
obras de autores de outros
países e culturas, mostran-
do-se interessados e envol-
vidos por obras literárias
que abram novas possibili-
dades em relação a suas ex-
periências anteriores de lei-
tura, de modo a ampliar seu
repertório e a desenvolver a
capacidade de estabelecer
preferências por gêneros,
temas, autores.

• Serão abordados os se-
guintes eixos:

Leitura: romance de aventu-
ras (dois capítulos) e estó-
ria (na acepção que lhe dão
os autores africanos de lín-
gua portuguesa), seus ele-
mentos constitutivos e os
recursos linguístico-dis-
cursivos empregados nos
textos; compreensão e re-
conhecimento do texto li-
terário como reflexo de um
contexto sociocultural.

Oralidade: atividade de es-
cuta.

Produção de texto: capítu-
lo de um romance de aven-
turas.

Análise linguística/semió-
tica: reconhecimento, com-
preensão e emprego das vo-
zes verbais (ativa, passiva e
reflexiva), assim como inter-
pretação dos efeitos de senti-
do do uso de cada uma delas.

114 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Nesta Unidade voc• vai participar de uma atividade de escuta ativa; Trocando ideias
participar de uma atividade oral em grupo;
fruir a leitura e refletir sobre a organização de um conhecer e identificar as vozes verbais, refletir sobre seu Atividade 1
romance de aventuras (capítulos) e de uma estória; uso e sobre os efeitos de sentido que provocam em um • Comente que a cena retrata
reconhecer os recursos linguísticos-discursivos próprios texto.
desses gêneros; a Alameda (ou Avenida) dos
planejar e produzir um capítulo de um romance de Danm/Moment RF/Getty Images Baobás, ao longo da qual
aventuras; se alinham as árvores de
aproximadamente 30 me-
tros de altura na ilha de Ma-
dagascar, situada no Ocea-
no Índico, costa sudeste
do continente africano. O
baobá, árvore símbolo da
ilha, quando adulta, pode
ter mais de 10 metros de
diâmetro; seus frutos e fo-
lhas são comestíveis, e as
sementes têm uso medici-
nal. Pode viver mais de mil
anos. Em Angola e Moçam-
bique, o baobá é conhecido
como embondeiro.

Trocando ideias Não escreva no livro!

1. Observe a paisagem. O que mais chama sua atenção? Resposta pessoal. Possibilidades: as cores, os baobás, árvores

nativas de Madagascar e outros locais da África tropical, o homem solitário que caminha na estrada.

2. Observe as pessoas na cena. Trata-se de uma cena comum ou inusitada?

Uma cena comum, com pessoas caminhando.

3. Que histórias de vida ou aventuras vividas poderiam ser contadas a respeito delas?

Resposta pessoal.

Unidade 4 11515

115MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Leitura 1 Leitura 1 Não escreva no livro!

(EF69LP53) Ler em voz Antes de ler
alta textos literários diver-
sos – […] como leituras 1. Você já assistiu a um filme de aventura? Se sim, cite um que chamou especialmente sua atenção e
orais capituladas (compar- explique por quê. Resposta pessoal.
tilhadas ou não com o pro-
fessor) de livros de maior 2. Você já leu romances que se desenvolvem em torno das aventuras de um herói? Se sim, quais?
extensão, como romances
[…] – […], expressando Resposta pessoal.
a compreensão e interpre-
tação do texto por meio de Você vai ler a versão adaptada de dois capítulos de Viagens de Gulliver, romance do escritor inglês Jo-
uma leitura ou fala expres- nathan Swift. No livro, são narradas as aventuras de um médico que visita países fantásticos, habitados por
siva e fluente, que respeite o personagens extravagantes e de hábitos insólitos. O primeiro lugar aonde o personagem principal chega é
ritmo, as pausas, as hesita- a ilha de Lilliput, cujos habitantes são seres pequeninos de não mais que 15 centímetros de altura. Em se-
ções, a entonação indicados guida, conhece Brobdingnag, terra habitada por gigantes, e Laputa, onde se passam os episódios a seguir.
[…] pela pontuação […]. Os últimos destinos são a Terra dos Imortais e, finalmente, o país dos Houyhnhnms, onde quem governa
são cavalos inteligentes, sinceros e sábios.
(EF89LP33) Ler, de forma
autônoma, e compreender Antes de iniciar o estudo do texto, tente descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto
– selecionando procedimen- em que elas aparecem. Se for preciso, consulte o dicionário.
tos e estratégias de leitura
adequados a diferentes ob- Capítulo 9
jetivos e levando em conta
características dos gêne- Uma ilha que voa
ros e suportes – romances,
[…] expressando avaliação […] zarpei da Inglaterra para mais uma aventura no dia 5 de agosto de 1706. […]
sobre o texto lido e estabele- A viagem ia muito bem até que, em abril de 1707, quando estávamos quase chegando ao nosso destino,
cendo preferências por gê- fomos atacados por um navio pirata. Depois de sermos amarrados e saqueados, tivemos de esperar que os
neros, temas, autores. piratas decidissem o que iam fazer conosco. Como eu havia discutido com o comandante deles, acabei
sendo o mais castigado. Colocaram-me todo amarrado numa canoa e me deixaram no mar à deriva. Dis-
Leitura seram que assim eu morreria lentamente.
Confesso que fiquei apavorado quando me vi sozinho no meio do mar, mas, em pouco tempo, consegui
• Sugerimos que faça uma soltar as cordas em torno do corpo e descobrir um remo embaixo de uma lona jogada no fundo da canoa.
leitura compartilhada dos Parecia um milagre que o pior castigo havia se transformado em liberdade, pois, pelo menos, eu estava
capítulos com os alunos, longe daqueles piratas perversos.
designando um persona- Avistei um arquipélago ao sul e remei uma hora até alcançar a primeira ilha. Lá encontrei alguns ovos
gem para cada aluno, in- de pássaro, que mataram a minha fome, e um pequeno riacho, onde bebi enormes goles de água.
clusive o narrador-prota- Não encontrei nenhum ser humano, apenas aves, caranguejos e peixes, mas, quando visitava uma outra
gonista. Divida o texto em ilha, vi o céu escurecer de repente. Olhei para o alto e percebi que a sombra era causada por nada mais,
blocos de forma que todos nada menos do que uma ilha voadora pairando sobre a minha cabeça.
os alunos possam ler al-
gum trecho, já que a par- 116
te do narrador é a mais ex-
tensa. Oriente-os para que O romance de aventuras (também conhecido como narrativa de aventuras) tem temática variada e enfoca a ação que se desenvolve
leiam com expressividade em torno de fatos extraordinários, reais ou imaginários, e surpreendentes. O gênero surgiu no início do século XIX, à época do movimen-
e ritmo. Relembre-os das to literário do Romantismo, que valorizava o ser humano como um indivíduo dotado de coragem e destemor, capaz de vencer grandes
atividades de fluência e desafios. O gênero foi e é muito popular, e existe, atualmente, em vários formatos: livro, televisão, cinema, séries, animação, HQ. São
expressividade praticadas considerados romances de aventuras obras como A ilha do tesouro (1883), de Robert Louis Stevenson, Robinson Crusoé (1719), de
em momentos anteriores. Daniel Defoe, Vinte mil léguas submarinas (1870), de Júlio Verne, entre outras. Para mais informações sobre o gênero, consulte o ver-
bete romance de aventuras do E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia, disponível em: <http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/
• Após a leitura, colha as pri- romance-de-aventuras> (acesso em: 26 jul. 2018).
meiras impressões. Se al-
guns alunos já leram a obra,
peça-lhes que aguardem as
hipóteses dos colegas an-
tes de se manifestarem. Se
alguns conhecem a versão
no cinema, peça que com-
parem com os capítulos.

• Veja em “Sugestões espe-
cíficas para as Unidades”,
nas “Orientações gerais”
deste Manual do Professor,
propostas para promover a
adesão a práticas de leitura
que contribuam para a for-
mação literária dos alunos,
proporcionando-lhes a opor-
tunidade de aumentar seu
repertório e a capacidade de
desenvolver critérios de es-
colha e preferência por autor
ou gênero, permitindo-lhes a
fruição, o compartilhamento
de impressões e a aprecia-
ção da leitura feita.

116 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

A ilha tinha a base lisa e brilhante por causa do reflexo da água do mar. Ela desceu quase até pousar
sobre a minha ilha e assim pude ver que as pessoas caminhavam de um lado para o outro. Como não que-
ria ficar naquele arquipélago solitário, acenei com as duas mãos, chamando os habitantes daquele lugar:

— Vocês aí têm comida? Podem me ajudar?
Como resposta, recebi uma corrente que desceu com uma pequena cadeira acoplada. Subi nela e fui
puxado até a tal ilha voadora.
Chegando lá, percebi que as pessoas eram muito esquisitas. Algumas tinham os olhos constantemente vol-
tados para o céu e a maioria tinha a cabeça virada para a esquerda ou para a direita. Como não consegui me
comunicar com elas, resolvi segui-las. Subimos vários degraus e, durante a caminhada, observei que os homens
andavam com roupas coloridas, estampadas com figuras de luas, sóis, estrelas e instrumentos musicais.
Em pouco tempo, chegamos ao palácio real. Fui levado à presença do rei, mas ele não reparou quando
entramos. Continuou trabalhando sem parar, fazendo contas e anotando números em pedaços de papéis.
Depois de quase uma hora, terminou seus cálculos. Um empregado chacoalhou um objeto cheio de sementes
perto do ouvido e da boca do soberano. Como se tivesse despertado de um transe, o rei finalmente me viu.
Tentei falar com ele, mas foi impossível. O monarca parecia dormir enquanto eu fazia minhas pergun-
tas para logo depois ser despertado pelo empregado que chacoalhava o balão perto de seu ouvido. Percebi,
então, que todos os homens de olhos e cabeças viradas tinham seus empregados como despertadores.
Fui levado a uma mesa de refeição onde a comida tinha forma geométrica. Devorei carne de porco em
forma de triângulos, frangos parecendo losangos, suflês redondos e pão cortado em fatias quadradas, re-
tangulares e pentagonais.
Após o almoço, fui apresentado a um professor que iria me ensinar a língua daquele lugar. Ele também
tinha um despertador, que chacoalhava o balão sem parar à medida que ia me explicando os verbos e as
palavras essenciais. Assim que consegui formar frases, perguntei por que em Laputa – esse era o nome da
ilha – algumas pessoas tinham despertadores.
O professor me explicou que suas mentes viviam constantemente concentradas, ocupadas com coisas
mais importantes do que as bobagens do cotidiano.
— Que coisas? — perguntei.
Após um violento chacoalho do empregado, ele respondeu:
— Ocupamo-nos da matemática, da astronomia e da música. Estudamos os planetas, os fenômenos
terrestres; calculamos catástrofes e escutamos a música sideral. Por isso, só conseguimos ouvir e falar com
a ajuda dos nossos auxiliares, que nos despertam para o dia a dia.
Consegui conversar com alguns empregados e trabalhadores braçais, que não precisavam ser desperta-
dos. Um deles me disse:
— A vida aqui é muito chata. Todos se preocupam demais com teorias e hipóteses; com o fato de que
daqui a milênios o sol vai se apagar, ou que talvez haja uma possibilidade em trinta milhões de o planeta
Ângulo colidir com o cometa Hipérbole. Ninguém tem fantasias, imaginação; ninguém se diverte.

Guilherme Asthma/Arquivo da editora

117

117MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Capítulo 10
O funcionamento de Laputa

Fiquei curioso para saber mais coisas sobre a ilha e comecei a fazer diversas perguntas ao meu professor, à
medida que o tempo ia passando. No dia em que percebi que estávamos sobrevoando outras ilhas, perguntei a ele:

— Onde estamos?
— Estamos indo para Lagado, a metrópole do reino. Ela fica no continente, mas antes precisamos vi-
sitar alguns vilarejos. É preciso que o rei saiba como andam as coisas por esses lugares — respondeu.
— Nós vamos aterrissar em cada um deles? — perguntei.
— Não, jogamos cordas e as pessoas amarram bilhetes nelas com seus pedidos — explicou-me.
— E o rei nunca desce até as ilhas pessoalmente?
— Não, para isso ele tem ministros que o informam de qualquer problema.
— Que tipo de problema?
— Ora, guerras, rebeliões, sonegação de impostos, essas coisas.
— Então Laputa pode enviar um exército para resolver as rebeliões.
— Não precisamos de exército — explicou o professor. — Quando há alguma guerra, sobrevoamos a
ilha rebelada até que o povo fique dias sem a luz do sol e sem a chuva. Isso causa doenças, falta de comida,
e, então, os revoltosos se acalmam.
Fiquei espantado com tudo isso e calei-me. O despertador do meu mestre achou que eu tivesse me
distraído e chacoalhou o balão ferozmente ao lado do meu ouvido. Sorri para ele e continuei:
— Professor, como funciona o mecanismo que faz Laputa voar?
— A base da ilha é feita de uma pedra duríssima, praticamente inquebrável e o interior dela é compos-
to de ímã. Através da movimentação de um cilindro no centro da ilha, o ímã nos direciona para o lado que
desejamos.
— Todos sabem desse mecanismo?
— Sim. Uma vez íamos destruir uma das ilhas, quando os nossos astrônomos sentiram um tipo estra-
nho de atração magnética. Descobrimos que os rebeldes haviam construído quatro torres com ímãs nas
pontas para atrair Laputa e assim nos deixar presos para sempre. Por sorte conseguimos evitar a tragédia.
— E por que a ilha ia ser destruída?
— Porque o povo de lá exigia coisas sem sentido do rei. Queriam, por exemplo, escolher seu próprio go-
vernador. Acabamos perdendo aquela ilha, que agora está emancipada, mas, desde aquela época, fazemos
rondas mais constantes sobre os vilarejos. Não podemos correr o risco de que outras torres sejam construídas.

118

118 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Quando chegamos em Lagado, fiquei impressionado com a miséria do povo. SPL/Fotorena/Galeria Nacional de • Por meio das aventuras de
Retratos, Londres, Inglaterra Gulliver, que visita luga-
As pessoas eram magras, andavam com roupas esfarrapadas e não tinham o que res distantes e exóticos,
o autor critica sucessiva-
comer. Novamente, indaguei meu professor: mente a “pequenez” da so-
ciedade inglesa da época
— Por que a pobreza é tão grande em Lagado? (Lilliput), a mediocridade da
sociedade inglesa diante da
— Essa é uma longa história — começou. — A metrópole já foi muito prós- sua arrogância e “grande-
za” (Brobdingnag), o pensa-
pera. Tínhamos campos verdinhos, plantações e boas condições de vida. mento científico alienado da
reali- dade (Laputa); na últi-
— O que houve, então? ma aventura (Houyhnhnms),
encontra e descreve uma
— Uma vez, umas pessoas daqui resolveram conhecer Laputa. Quando re- raça de cavalos inteligentes
que representam, para ele, o
tornaram, trouxeram ideias errôneas sobre a nossa matemática e fundaram a Retrato de Jonathan ideal da humanidade.
Academia de Projetos. Agora, passam o tempo pesquisando e discutindo planos Swift, de Charles
para a agricultura, moradia, linguagem etc. Como nenhum plano foi aprovado Jervas, 1739. Vocabulário
até agora, o povo vive em miséria. Óleo sobre tela,
123,2 cm × 97,2 cm. acoplado: ligado, amarrado.
Fomos até a Academia, pois eu queria ver do que tratavam os projetos. Não Galeria Nacional de
acreditei no que vi. As pessoas estavam há anos pesquisando uma maneira de Retratos, Londres, escarafunchar: procurar,
arar a terra sem gado, mão de obra ou arado. Experimentalmente, enterravam Inglaterra. revirar.

comida e em seguida soltavam cerca de seiscentos porcos no local. Como eles Jonathan Swift (1667- sonegar: deixar de pagar.
escarafunchavam a terra atrás do alimento, o solo ficava pronto para ser -1745) nasceu em Dublin,
semeado. O projeto acabava sendo mais caro, mas os pesquisadores não desis- na Irlanda, então sob • Comente que a palavra re-
tiam dos estudos. domínio inglês. Crítico trato, no título da tela, re-
da sociedade de sua fere-se à imagem reprodu-
Na área da arquitetura, havia um profissional que queria construir casas como época, ficou conhecido zida pela pintura, e não à
os insetos, começando pelo teto. Um linguista desejava abolir os verbos, pois, pela ironia presente em fotografia.
segundo ele, as coisas reais eram substantivos. Outro mais ousado queria abolir suas obras. Por
a própria língua. Quando indaguei-o do porquê dessa ideia, ele me explicou: denunciar os desmandos
dos poderosos,
— Cada palavra que dizemos corrói os nossos pulmões. Para que duas pes- enfrentou problemas
soas tenham uma conversa, é preciso que carreguem apenas os objetos neces- em sua carreira.
sários para determinado tema.

Aquelas loucuras acadêmicas todas me deixaram um pouco angustiado. Como um povo inteiro poderia

passar fome e frio em função de pesquisas inúteis que já duravam anos? Por que não usar os métodos antigos

de aragem, construção, comunicação, que tinham a sua eficiência já comprovada? Como as pessoas de Lagado

e Laputa não se importavam muito com a minha presença, pois estavam sempre com as mentes muito ocu-

padas, resolvi pensar no meu retorno à Inglaterra.

SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver. Adaptação de Ana Carolina Vieira Rodriguez. 3. ed. São Paulo: Rideel, 2004. p. 16-20.
(Coleção Aventuras Grandiosas).

Guilherme Asthma/Arquivo da editora

119

119MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Exploração do texto 4. b) Sim, o narrador conta os fatos na ordem em que aconteceram, do mais antigo para o mais recente. Antes da chegada à ilha: Gulliver
parte da Inglaterra em viagem por mar; seu navio é atacado por piratas que o abandonam em um bote à deriva; ele consegue chegar a um
Atividade 1, item b
• Comente que, em algumas arquipélago. Na ilha flutuante: Gulliver conhece seus estranhos habitantes e o rei. Em Lagado, ele conhece a miséria do povo, a metrópole

histórias, o protagonista do reino e o trabalho de seus cientistas.
conta com a ajuda de ou-
tro ou outros personagens, Não deixe de ler Exploração do texto Não escreva no livro!
como é o caso de A ilha do Viagens de Gulliver,
tesouro (1883), de Robert
Louis Stevenson. deóJonathan Swift,
• Essa atividade tem como
finalidade chamar a aten- adaptação de Ana Maria 1. Nos primeiros parágrafos do texto, ficamos sabendo como o narrador-
ção dos alunos para um Machado, Ática. -protagonista chegou ao lugar em que se passará a história.
elemento comum em nar- O clássico da literatura
rativas de aventura: cria-
-se uma situação em que universal em versão a) Essas circunstâncias foram duras? Explique. Sim; Gulliver foi deixado sozinho
o herói é separado de seus adaptada pela escritora
companheiros pelas cir- em alto-mar por piratas que invadiram o navio em que ele estava.
cunstâncias e precisa en-
frentar sozinho situações Ana Maria Machado. b) Em outras histórias de aventura que você conhece, o protagonista
desafiadoras e/ou perigo-
sas em um ambiente di- também tem de enfrentar sozinho situações complicadas? Se sim, dê
ferente do seu, às vezes
hostil ou fantástico. Por um exemplo. Resposta pessoal. Possibilidade: Robinson CrusoŽ.
exemplo: o personagem
Super-Homem, que veio de No século XVIII, após 2. Como o narrador-protagonista reage à visão inusitada de uma ilha pai-
outro planeta e esconde uma série de mudanças
sua identidade; o protago- políticas, a Grã-Bretanha rando sobre sua cabeça?
nista do filme As Aventuras passou a compreender
de Pi, dirigido por Ang Lee quatro países: Inglaterra, Sem grande estranhamento, somente com um pouco de curiosidade.
(2012), entre outros. País de Gales, Escócia e
Irlanda. Jonathan Swift 3. A ilha flutuante à qual o narrador sobe faz parte do reino de Laputa.
Atividade 2 foi sacerdote da Igreja
• Comente com os alunos Anglicana (a Igreja a) A que se dedica uma parte das pessoas desse reino?
oficial da Inglaterra),
que o narrador-protagonis- mas, sendo irlandês, via Aos estudos de matemática, astronomia e música.
ta aceita o fantástico como os ingleses como
algo normal. Trata-se de um dominadores e sempre b) Como vive o povo de Lagado, a metrópole (capital) do reino de La-
recurso do autor para já in- defendeu a Irlanda,
serir o leitor na realidade católica, que vivia em puta? Vive na miséria; o povo é 3. c) Os estudiosos e cientistas passam o tempo
construída na narrativa. extrema miséria. todo pesquisando e discutindo planos para a agri-
magro e maltrapilho.
Atividade 4, item a Seu livro Viagens de
• Explique que, apesar de Gulliver, embora tenha c) Qual é a causa dessa situação? cultura, a moradia, etc., sem colocar nada em
como foco as aventuras prática, pois os projetos são irreais, nunca dão
as situações descritas se- do protagonista, não
rem fantásticas e irreais, tinha a intenção de certo e não trazem benefícios para o povo.
por trás delas percebem- divertir os leitores; seu
-se valores e costumes da intuito era criticar d) Qual dos planos elaborados em Lagado mais chamou sua atenção?
época e do local em que a determinados valores e
obra foi escrita. Além dis- aspectos da sociedade Por quê? Resposta pessoal.
so, Swift data suas narra- britânica de sua época.
tivas, escolhe situá-las em 4. Observe como o autor localiza as ações narradas no tempo.
um tempo preciso (o dele)
e não em um tempo imagi- a) Quando se passa a história? No começo do século XVIII, mais precisamente em
nário e abstrato.
1706. Ou seja, na época em que o autor do livro viveu.
Atividade 5
b) Nos capítulos, os fatos são narrados de acordo com a ordem em que
(EF69LP44) Inferir a pre- 5. d) Para chamar a atenção dos leitores para o fato de que
sença de valores sociais, acontecem? Explique. aqueles que são considerados como sábios, muitas vezes,
culturais e humanos e de
diferentes visões de mun- elaboram projetos sem sentido e distantes da realidade.
do, em textos literários, re-
conhecendo nesses textos c) Essas escolhas do autor quanto ao modo de desenvolver a história em
formas de estabelecer múl-
tiplos olhares sobre as iden- uma sequência cronológica aproximam o público leitor da narrativa?
tidades, sociedades e cultu-
ras e considerando a autoria Explique. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam que sim, pois narrativas
e o contexto social e históri-
co de sua produção. em ordem cronológica são de compreensão rápida e fácil, sendo acessíveis a um público amplo.

(EF89LP37) Analisar os 5. Reflita sobre os capítulos lidos.
efeitos de sentido do uso de
figuras de linguagem como Não deixe de ver 5. a) Espera-se que os alunos percebam que há crítica a um saber científico que não se
ironia […].
Robinson CrusoŽ, a) Considerando a descrição do reino de Laputa e dos personagens,
direção de Rod Hardy
e George T. Miller. Estados reflita: Qual seria a principal intenção do autor ao escrever esse livro?
Unidos: Miramax Films,
1997. 100 min. relaciona com as verdadeiras necessidades da sociedade.

b) Swift é conhecido pela ironia presente em suas obras. De que modo a

descrição dos projetos dos “sábios” revela esse aspecto da narrativa

desse autor? Explique sua resposta e dê um exemplo.

Adaptação do romance c) Releia estas falas de Gulliver e do professor que o acompanha.
Robinson CrusoŽ,
de Daniel Defoe. 5. c) A ironia está em utilizar a expressão
Um marinheiro britânico,
único sobrevivente de um — E por que a ilha ia ser destruída? sem sentido para classificar o direito de
naufrágio, é levado pelas
águas do mar até uma o povo da ilha querer ter seu próprio go-

— Porque o povo de lá exigia coisas sem sentido do rei. Queriam,
vernante. Aócrítica está na falta
por exemplo, escolher seu próprio governador. de democracia e negação do

direito à escolha.

remota ilha deserta, onde Qual é a ironia e a crítica presentes nesse diálogo?

enfrenta desafios e perigos.

d) Com que intenção Swift adota esse tom irônico e crítico?

5. b) Swift descreve o caráter alienado e absurdo dos projetos dos “intelectuais” do reino. Por exemplo, abolir a própria língua, ale-

gando que “Cada palavra que dizemos corrói os nossos pulmões” e que, “Para que duas pessoas tenham uma conversa, é preciso

120 que carreguem apenas os objetos necessários para determinado tema”.
Unidade 4

Atividade 5, item a Atividade 5, item b
• Verifique se os alunos já tiveram contato com o conceito de Ilu- • A ironia é uma forma de humor que depende do contexto e do

minismo em aulas de História e o conhecem. Se julgar pertinente, repertório partilhado entre autor e leitor. Os tipos de ironia
acrescente que o Iluminismo (movimento filosófico, artístico e mais frequentes são a verbal, a que conhecemos como uma
cultural) era baseado na ideia de que o mundo é racional, ordenado figura de linguagem, e a de situação, que se encontra em tex-
e compreensível e, por isso, colocava a ciência e a razão acima de tos como a piada, a paródia, ou em determinadas cenas nar-
todas as coisas. As ideias iluministas espalharam-se e o continen- rativas ou de textos dramáticos, por exemplo. A respeito de
te europeu foi tomado por uma onda de descobertas e inventos. ironia, consulte o verbete no Dicionário de termos literários,
Atento à realidade de seu tempo, Swift não deixou de satirizar a de Massaud Moisés, p. 245, citado na Bibliografia.
tendência de ver na ciência a única solução para todos os males.

120 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

A ironia é um meio de expressão pelo qual se afirma o contrário do que se pretende dizer ou se confi- Recursos expressivos
gura uma situação de contraste ou incongruência com o objetivo de criticar ou promover humor. Quan-
do ocorre em trechos delimitados, em uma afirmação ou comentário, constitui uma figura de linguagem. Atividade 1, item c
• Comente com os alunos
Recursos expressivos
que, apesar de não haver
1. Romances de aventuras podem ser escritos em 1ª ou 3ª pessoa. O narrador de Viagens de Gulliver, uma descrição explícita de
em 1ª pessoa, é também narrador-personagem e o protagonista da história e, como tal, refere-se Gulliver, suas atitudes e fa-
a suas próprias reflexões e impressões. las ajudam a caracterizá-lo.

Releia estes trechos. 121MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Confesso que fiquei apavorado [...].

Fiquei curioso [...].

Fiquei espantado com tudo isso e calei-me.

[...] todas me deixaram um pouco angustiado.

a) Ao expressar seus pensamentos e sentimentos, o narrador busca a empatia do leitor. Você

concorda com essa afirmação? Explique. Resposta pessoal. Sugestão: Sim, pois isso faz com que o leitor

se solidarize com o narrador, participe de suas sensações e, assim, torne-se mais próximo dele.

b) Que efeito a escolha desse foco narrativo produz na narração? Aproxima o leitor dos fatos narrados.

c) O protagonista dos romances de aventuras costuma ter certos atributos: coragem, espírito de
aventura, curiosidade, habilidade para enfrentar desafios. Gulliver demonstra ter essas quali-
dades nos exemplos citados? Justifique. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam que sim, pois,

mesmo espantado e até se sentindo angustiado, enfrenta situações desconhecidas com coragem e serenidade.

2. No romance de aventuras, como em outros textos narrativos, existe um encadeamento entre as ações.

a) Indique a consequência que cada fato citado provoca na sequência da narração. Veja o exemplo.

Gulliver discutiu com o chefe dos piratas recebeu o pior castigo.

causa consequência

I. Gulliver não quis ficar sozinho no arquipélago onde aportou. Acena para os habitantes da ilha voadora.

II. Gulliver não falava a língua de Laputa. Providenciam-lhe um professor.

III. As pessoas de Lagado e Laputa não pareciam se importar com a presença de Gulliver.

Ele resolve pensar em seu retorno à Inglaterra.

IV. Quando havia rebelião, a ilha voadora sobrevoava a região rebelada.

O povo ficava sem a luz do Sol e sem chuva, e isso causava doenças e falta de comida, o que os levava a parar a rebelião.

b) De que forma esse encadeamento contribui para a progressão da história? Cada fato tem uma con-

sequência que, por sua vez, motiva um novo acontecimento e assim por diante, levando a narração para a frente, em direção
a um desfecho.

3. Nos capítulos, a seleção do vocabulário para caracterizar o ambiente em que se desenrola a histó-
ria está relacionada ao assunto tratado. Releia estes trechos e indique a que áreas do conhecimen-
to estão ligados.

a) Devorei carne de porco em forma de triângulos, frangos parecendo losangos, suflês redondos
e pão cortado em fatias quadradas, retangulares e pentagonais. Geometria

b) Fui levado à presença do rei, mas ele não reparou quando entramos. Continuou trabalhando
sem parar, fazendo contas e anotando números em pedaços de papéis. Matemática

Unidade 4 121

Atividade 5, item c
• Comente que, nesse trecho, Swift provavelmente faz uma crí-

tica ao domínio inglês sobre a Irlanda.

Atividade 5, item d
• Comente com os alunos que existe um conhecido ditado em

latim (castigat ridendo mores): por meio do riso castigam-se
os costumes, ou seja, por meio do riso se fazem críticas. Em
Viagens de Gulliver, o autor critica – e até ridiculariza – a alie-
nação de cientistas cujas pesquisas não trazem benefícios
para a humanidade.

Atividade 4 c) As pessoas estavam há anos pesquisando uma maneira de arar a terra sem gado, mão de obra
ou arado. Agronomia
(EF08LP10) Interpretar, em
textos lidos ou de produção d) […] havia um profissional que queria construir casas como os insetos, começando pelo teto.
própria, efeitos de sentido
de modificadores do verbo Engenharia/Arquitetura
(adjuntos adverbiais – ad-
vérbios e expressões adver- e) Outro mais ousado queria abolir a própria língua. Gramática, Linguística
biais), usando-os para enri-
quecer seus próprios textos. 4. Releia os trechos a seguir. 5. b) Apenas esquisitas expressa avaliação; os que se referem à descrição dos alimentos,
embora irônicos, descrevem objetivamente a forma dos alimentos; os demais descrevem
• Chame a atenção dos alu- [...] objetivamente as roupas e os instrumentos.
nos para a importância de
articuladores que marcam Avistei um arquipélago ao sul e remei uma hora até alcançar a primeira ilha. Lá encontrei alguns
tempo e espaço (advérbios
e locuções adverbiais, con- ovos de pássaro, que mataram a minha fome, e um pequeno riacho, onde bebi enormes goles de água.
junções) em textos narrati-
vos. Eles contribuem para [...] 
indicar o tempo e o lugar da
ação e para estabelecer a — Uma vez, umas pessoas daqui resolveram conhecer Laputa. Quando retornaram, trouxeram
sequência temporal dos ideias errôneas sobre a nossa matemática e fundaram a Academia de Projetos. Agora, passam o tempo
acontecimentos. pesquisando e discutindo planos para a agricultura, moradia, linguagem etc. Como nenhum plano foi
aprovado até agora, o povo vive em miséria.
Atividade 7, item a
• Caso necessário, relembre Qual é a função dos termos destacados nesses trechos?

aos alunos as sequências Articular, organizar as orações em relação ao espaço e ao tempo.
textuais existentes: narrati-
va, descritiva, argumentati- 5. Nos capítulos lidos, há muitos trechos com elementos descritivos. Releia.
va, expositiva, etc., assunto
visto na Unidade 1. Fui levado a uma mesa de refeição onde a comida tinha forma geométrica. Devorei carne de porco
em forma de triângulos, frangos parecendo losangos, suflês redondos e pão cortado em fatias quadra-
Atividade 7, item c das, retangulares e pentagonais.
• O pretérito perfeito foi usa-
[…] percebi que as pessoas eram muito esquisitas. Algumas tinham os olhos constantemente vol-
do na sequência narrativa
para indicar fatos já acon- tados para o céu e a maioria tinha a cabeça virada para a esquerda ou para a direita. Como não conse-
tecidos, concluídos num
determinado momento; o gui me comunicar com elas, resolvi segui-las. Subimos vários degraus e, durante a caminhada, obser-
pretérito imperfeito, na se-
quência descritiva, expres- vei que os homens andavam com roupas coloridas, estampadas com figuras de luas, sóis, estrelas e
sa características e ações
permanentes ou habituais instrumentos musicais. 6. a) Tanto em discurso direto como em discurso indireto. Exemplo de discurso direto: “– Onde
(do povo de Lagado) ou que estamos?”; exemplo de discurso indireto: “Assim que consegui formar frases, perguntei por
duravam já por um tempo
considerável. que em Laputa [...] algumas pessoas tinham despertadores.”.
• Comente que, em descri-
ções, aparecem basica- a) Ao empregar adjetivos relacionados à área da Matemática para caracterizar alimentos, é pos-
mente verbos que indicam
estado, frequentemente no sível perceber um tom de ironia no trecho? Explique. Espera-se que os alunos percebam que sim. O autor,
presente ou no pretérito im-
perfeito do indicativo, pois provavelmente, ironiza a aplicação insólita de princípios da Matemática à realidade.
não há passagem de tem-
po: os elementos são mos- b) Entre os adjetivos destacados, quais mostram ao leitor julgamento, avaliação pessoal do nar-
trados como se apresen-
tam em um determinado rador? E quais servem para caracterizar os elementos de forma objetiva?
momento, tal qual em uma
fotografia. Na narração, c) Haveria algum impacto para a leitura se os adjetivos fossem retirados desses trechos descritivos?
com verbos no pretérito, o
objetivo é expressar a pas- Explique sua resposta. A leitura e a compreensão estariam prejudicadas, pois o emprego de adjetivos em trechos
sagem do tempo, indicando descritivos é importante para o leitor visualizar com os olhos da imaginação as características
mudança de situação.
• Recomende para os alunos de lugares, personagens, objetos, etc.
outras leituras de roman-
ces de aventura. Uma pos- 6. Ao longo dos dois capítulos lidos, há diálogos entre personagens.
sibilidade é o livro Três aven-
turas,daeditoraAtual. Essa a) Eles são narrados em discurso direto ou indireto? Exemplifique.
obra contém três histórias
de ação e suspense: “O es- b) Em sua opinião, de que modo o discurso direto aproxima o leitor dos personagens? Justifique.
caravelho de ouro”, de Edgar
Allan Poe; “A volta ao mundo 7. Releia e observe as formas verbais destacadas.
em 80 dias”, de Júlio Verne –
dois clássicos universais –; Quando chegamos em Lagado, fiquei impressionado com a miséria do povo. As pessoas eram ma-
e “O manuscrito de Phileas gras, andavam com roupas esfarrapadas e não tinham o que comer.
Fogg”, de Júlio Emílio Braz,
autor brasileiro. a) Qual é o tempo verbal empregado no período em que há uma sequência textual narrativa?

122 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4 Pretérito perfeito do indicativo: chegamos, fiquei.

b) Qual é o tempo verbal empregado no período em que há uma sequência textual descritiva?
Exemplifique. Pretérito imperfeito do indicativo: eram, andavam, (não) tinham.

c) Baseando-se no trecho lido, apresente uma hipótese: Qual é a diferença de uso entre esses dois
tempos verbais? Resposta pessoal.

6. b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que o discurso direto permite ao leitor conhecer os personagens
diretamente, sem intermédio do narrador. Além disso, o discurso direto pode tornar a narrativa mais dinâmica.

122 Unidade 4

Para lembrar Do texto para
o cotidiano
Intenção principal Romance de aventuras
Leitores Envolver o leitor na narrativa das aventuras de um herói que enfrenta perigos e Competência geral da
vence obstáculos. Educação Básica
Organização 1. Valorizar e utilizar os
Leitores em geral, pessoas que gostam de aventuras e ação.
Linguagem conhecimentos histo-
Narrado em 1ª ou 3ª pessoa. ricamente construídos
Tempo: ordem cronológica. sobre o mundo físico,
Pode conter discurso direto ou indireto. social, cultural e digital
Espaço: lugares distantes, exóticos, ambientes hostis e perigosos. para entender e expli-
Protagonista: tem atributos como coragem, força, determinação, habilidade para car a realidade, conti-
vencer perigos. nuar aprendendo e cola-
borar para a construção
Adequada aos personagens e aos leitores. de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.

Do texto para o cotidiano Não escreva no livro!

O papel da ciência

Depois de ler os dois capítulos de Viagens de Gulliver, cabe uma reflexão: Será
que, atualmente, a ciência também pode se distanciar das reais necessidades da
humanidade e do planeta?

Sente-se com um ou dois colegas. Juntos, leiam este artigo escrito por um
cientista brasileiro e reflitam sobre algumas questões.

É importante entender a ciência? theromb/Shutterstock

O conhecimento científico tem transformado o nosso Unidade 4 123
mundo de uma forma muito intensa, em particular no
último século. De fato temos consciência sobre as suas
implicações em nossas vidas?

Nos dias atuais recebemos grandes quanti-
dades de informações por meio de jornais,
televisão, rádio, internet, etc. Além das
notícias referentes à política, ao esporte,
às novelas, aos fatos policiais, entre outras,
são cada vez mais comuns aquelas relacio-
nadas aos avanços científicos e tecnológicos
obtidos no Brasil e no mundo.

Ouvimos falar sobre viagens espaciais,
Estação Espacial Internacional, clona-
gem, alimentos transgênicos, armas nu-
cleares, computadores, vírus em softwares,
nanotecnologia, etc., mas quase sempre
não entendemos de fato o que está acon-
tecendo e o que são essas coisas.

123MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Atividade 6 O nosso mundo está ficando cada vez mais complexo e, infelizmente, entendemo-lo cada vez me- aarrows/Shutterstock
¥ Comente que a exploração nos. Basta dar uma simples olhada ao redor e nos deparamos com equipamentos e fenômenos físicos
e químicos, mas não temos ideia como de fato eles funcionam ou acontecem. Em nossa casa, por
espacial propiciou avan- exemplo, utilizamos a radiação eletromagnética para controlar televisores à distância (controle remo-
ços tecnológicos que trou- to), cozinharmos alimentos (forno de micro-ondas) e falarmos à distância com outras pessoas (tele-
xeram inúmeros benefícios fones celulares). Contudo, não temos a menor ideia de como essa radiação atua nessas diferentes si-
para a sociedade em geral. tuações, embora operemos esses aparelhos com muita facilidade.
Como exemplos, é possí-
vel citar o sistema de GPS, [...]
o aperfeiçoamento de sa-
télites, uma maior qualida- Como o uso da tecnologia está influencian-
de na previsão do tempo, do cada vez mais o nosso dia a dia, é importan-
roupas que regulam a tem- te conhecer o funcionamento do mundo a
peratura corporal, acaba- nossa volta para tomarmos decisões que en-
mento antiaderente nas volvem até aspectos éticos e morais. Precisa-
panelas, entre outros. mos ter consciência das reais consequências
que esses avanços trazem para a nossa vida,
tanto positivamente como negativamente. [...]

Além disso, cientistas são seres humanos.
Como tais, eles têm falhas e defeitos, e, em
alguns casos, não possuem o senso de ética
necessário para refletir sobre as implicações de
um novo conhecimento gerado. Por isso é uma
questão de cidadania ter o direito (e o dever) de se informar e compreender como ocorrem os avanços
científicos e tecnológicos para que se tenha a capacidade de opinar melhor sobre o seu o uso, pois,
afinal, todos são responsáveis pelo destino da humanidade.

OLIVEIRA, Adilson J. A. É importante entender a Ciência?. Click Ci•ncia. Disponível em: <www.clickciencia.ufscar.br/portal/edicao12/
colunista_adilson.php>. Acesso em: 27 jul. 2018. UFSCar - Universidade Federal de São Carlos © 2008 – Todos os direiros reservados.

1. Pelo trecho, é possível entender a relação entre o papel da ciência e a sociedade. Segundo o autor
do texto, qual é o papel da ciência?

A ciência traz benefícios para a humanidade com sua aplicação no cotidiano.

2. Para o cientista, a ciência tem se distanciado da realidade?

Não; segundo ele, a ciência se mostra presente em diversas situações do dia a dia.

3. Nos capítulos que lemos de Viagens de Gulliver, o autor, Jonathan Swift, faz uma crítica aos estudos
científicos que não têm por objetivo tornar melhor a vida real das pessoas. Em sua opinião, esse
tipo de estudo, que ele observava no século XVIII, ainda existe hoje em dia? Resposta pessoal.

4. A crítica que Jonathan Swift faz a estudos científicos é compartilhada por Adilson J. A. de Oliveira?
Explique sua resposta.Não exatamente. O professor diz que a ciência hoje está voltada a diversos aspectos da vida

humana, mas que as pessoas muitas vezes não compreendem seu sentido.

Vocês concordam com a visão do cientista? Por quê? Resposta pessoal.

5. Segundo o autor do texto, qual é o grande desafio da população hoje em dia em relação aos avan-

ços da ciência? O autor do texto acredita que o grande desafio da população hoje em dia em relação a esses
conhecimentos é ter consciência das consequências que os avanços científicos trazem para a

vida, tanto positiva quanto negativamente.

6. O que você acha da área da ciência dedicada às pesquisas espaciais? Elas trouxeram, trazem ou

trarão algum benefício para a humanidade?

Resposta pessoal.

7. Em sua opinião, a que tipo de pesquisa os cientistas deveriam se dedicar, hoje, para tornar melhor
a vida no planeta? Resposta pessoal.

124 Unidade 4

124 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Atividade de escuta Não escreva no livro! Atividade de escuta

Book trailer Júlio Verne (1828- (EF69LP40) Analisar, em gra-
-1905) nasceu na vações […], os elementos
Uma das mais conhecidas narrativas de aventuras é, sem dúvida, A volta ao França. É considerado paralinguísticos (tais como:
mundo em 80 dias, do escritor francês Júlio Verne. o precursor da tom e volume da voz, pausas
moderna narrativa de e hesitações – que, em ge-
Com a ajuda do professor, assista a uma animação sobre esse livro (um book ficção científica. Em ral, devem ser minimizadas
trailer), preparado por uma empresa de mídia voltada a alunos da rede pública seus livros, escreveu –, modulação de voz e ento-
em campanha para incentivar a leitura. sobre aventuras em nação, ritmo, respiração etc.)
lugares extraordinários […] para melhor performar
O book trailer emprega os mesmos recursos audiovisuais de um trailer de e exóticos, em meio a apresentações orais […].
filme, mas explora o enredo de um livro, buscando atrair o público-leitor. muita ação, vividas por
protagonistas corajosos • Sugerimos que baixe o ví-
1. Qual é o principal recurso utilizado no vídeo para despertar o interesse e e destemidos. Suas deo em equipamento ade-
a curiosidade do leitor? Apresentar a sinopse do livro em formato de animação, como se obras mais conhecidas quado ou apresente-o aos
são Volta ao mundo alunos diretamente do site,
fosse um trailer de filme, com linguagem própria a esse gênero. em 80 dias, Da Terra à em sala apropriada.
Lua, Vinte mil léguas
2. Por que a imagem de um relógio teria sido escolhida como imagem inicial submarinas e Viagem • Ovídeoparaarealizaçãodes-
da animação? Sugestão: O tempo é o elemento central da obra: o protagonista tem 80 ao centro da Terra. ta atividade está disponível
Submarinos, máquinas em: <www.youtube.com/
dias para realizar a viagem em torno do mundo. O locutor diz que, para a época, realizar essa voadoras e outros tipos watch?v=MBxRGdrAtQ0>;
façanha em 80 dias era considerado impossível. de transporte até então acesso em: 27 jul. 2018. O
inexistentes são canal de onde extraímos o
3. Que recursos visuais e sonoros são utilizados no vídeo para compor a explorados com link do vídeo é de utilidade
apresentação da história? São usados os personagens, cenas da história (por exem- originalidade nas obras pública e tem como objetivo
de Verne. apresentar ao público jovem
plo, o momento da aposta), um mapa representando parte do percurso, etc., enquanto uma autores e obras da literatu-
música de fundo sugere ação e aventura. ra brasileira e mundial, a fim
de incentivar sua formação
4. Analise a locução do vídeo em relação: como leitores literários.

a) ao volume e ao tom da voz. Resposta pessoal. Atividade 1
b) à velocidade da narração (vagarosa, apressada, dinâmica, difícil de • Explique aos alunos que o

acompanhar...). Resposta pessoal. vídeo é um book trailer, gê-
nero que busca divulgar em
c) a hesitações e pausas. Não há: a narração é fluente e acompanha as cenas. vídeo um livro impresso ou
um e-book utilizando prin-
5. O locutor usa algumas palavras e expressões que rementem a aventura. cipalmente recursos vi-
suais para atrair leitores.
Dê exemplos da exploração desse campo semântico e explique com que
Atividade 2
intenção ele as empregou. “Uma viagem repleta de aventuras”, “adversários desconhe- • Verifique se os alunos re-

cidos”, “encontros inesperados”. O locutor procura reforçar a ideia de ação e antecipar os desa- conhecem o Big Ben na ani-
fios que o protagonista irá enfrentar para atrair o leitor que se interessa por esse tipo de história. mação, indicando Londres
como o ponto de partida
6. A animação foi eficaz, isto é, deixou-o com vontade de ler o livro? Justifique. dos personagens. Ajude-
-os a perceber que, ao ini-
Resposta pessoal. ciar e finalizar o vídeo com
Reprodução/Editora Martin Claret a imagem do relógio inglês,
Reprodução/Editora Zahar Reprodução/Editora FTD o trailer também faz refe-
rência à volta ao mundo:
Reprodução/Editora Moderna Capas de diferentes edições no início, os personagens
Reprodução/Editora Scipione do livro A volta ao mundo em saem de Londres; após
80 dias, de Júlio Verne. as aventuras, brevemen-
te mencionadas no trailer,
Unidade 4 125 retornam ao mesmo ponto.

Atividade 3
• Comente que as imagens

e a locução lembram um
modo antigo de narrar,
adequado ao livro que está
sendo recomendado (escri-
to no século XIX). As cenas
são próprias de animações
antigas, inclusive com cli-
chês na apresentação dos
personagens “selvagens”.
A linguagem, bastante for-
mal, também ajuda a cons-
truir essa impressão.

Atividade 4
• Comentequeolocutorimpri-

me um tom e um ritmo que
remetemànarraçãodeaven-
turas no cinema ou rádio.

125MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Cultura digital – Cultura digital Experimente fazer! Não escreva no livro!
Experimente fazer!
Book trailer
Competência
específica de Língua Jamie Gril/Tetra Imagens/Getty Images
Portuguesa para o
Ensino Fundamental Meninas fotografando
livro com celular.
10. Mobilizar práticas da
cultura digital, diferen- Na seção anterior, você analisou um book trailer. • Na abertura, apresentem a obra. Não se
tes linguagens, mídias Chegou a hora de produzir um vídeo como aquele esqueçam de mostrar a capa do livro e de
e ferramentas digitais para indicar a outras pessoas algum livro especial. focalizar o nome do autor e da editora.
para expandir as formas Siga os passos e bom trabalho!
de produzir sentidos
(nos processos de com- 1. Junte-se a um colega e escolham um livro • No desenvolvimento, contem resumida-
preensão e produção), que ambos tenham gostado de ler. Se for mente a história do livro. Folheiem o livro e
aprender e refletir sobre um romance de aventuras, melhor! façam pausas para dar destaque a trechos
o mundo e realizar dife- do texto e ilustrações, se houver. Ressaltem
rentesprojetosautorais. 2. Conversem com o professor para decidir também as partes ou recursos linguísticos
quando e onde realizarão a gravação do que considerarem mais importantes!
(EF69LP06) Produzir e publi- vídeo. Combinem também que recursos
car [...] textos de apresenta-
ção e apreciação de produção utilizarão, de acordo com o material e os • No encerramento, convidem os espectado-
cultural [...] vivenciando de equipamentos disponíveis na escola. res para ler a obra e incluam os créditos do
forma significativa o papel de
[...] comentador, de analista, 3. Façam um roteiro para a elaboração do vídeo. vídeo, indicando o nome de vocês como
de crítico, de editor ou articu- Para isso, escrevam o texto que será lido responsáveis.
lista, [...] etc., como forma de
compreender as condições enquanto vocês mostram trechos do livro
de produção que envolvem
a circulação desses textos e e indiquem o que entrará em cada momento. Sinalizem também no roteiro quem ficará
poder participar e vislumbrar
possibilidades de participa- responsável pela locução e pela filmagem.
ção nas práticas de lingua-
gem do campo jornalístico e 4. Selecionem imagens e façam desenhos para mostrar durante a filmagem. Usem a criativi-
do campo midiático de forma dade para cativar os espectadores e despertar o interesse deles pelo livro apresentado no
ética e responsável, levando- book trailer.
-se em consideração o con-
texto da Web 2.0, que amplia 5. Planejem recursos sonoros para ambientar • Para criar efeitos sonoros ou trilhas, usem
a possibilidade de circulação o book trailer. Busquem sonoridades que percussão corporal, objetos que possam servir
desses textos e “funde” os pa- combinem com o que está sendo dito e de fontes sonoras e instrumentos musicais.
péis de leitor e autor, de con- mostrado no vídeo em cada momento.
sumidor e produtor.
6. Sigam as orientações do professor para editar, finalizar e salvar o vídeo.
(EF69LP07) Produzir tex-
tos em diferentes gêneros, Ao final das produções, conversem com o professor e combinem onde os book trailers da
considerando sua adequa- turma circularão. É possível publicá-los no blogue da escola ou reuni-los em uma mídia e
ção ao contexto produção e disponibilizá-la na biblioteca!
circulação – os enunciado-
res envolvidos, os objetivos, 126 Unidade 4
o gênero, o suporte, a circu-
lação –, ao modo (escrito ou (EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como [...] vídeo [...],
oral; imagem estática ou em dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações [...] e utilizando formas de
movimento etc.), à varieda- expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais[...], dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de mani-
de linguística e/ou semiótica festação da cultura de fãs.
apropriada a esse contexto,
à construção da textualidade (EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos
relacionada às propriedades que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências ante-
textuais e do gênero), utili- riores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.
zando estratégias de plane-
jamento, elaboração, revisão, • Veja, nas “Orientações gerais” neste Manual do Professor, propostas de encaminhamento para o trabalho com esta seção.
edição, reescrita/redesign e
avaliação de textos, para, com
a ajuda do professor e a cola-
boração dos colegas, corrigir
e aprimorar as produções
realizadas, fazendo cortes,
acréscimos, reformulações,
correções de concordância,
ortografia, pontuação em tex-
tos e editando imagens, arqui-
vos sonoros, fazendo cortes,
acréscimos, ajustes, acres-
centando/ alterando efeitos,
ordenamentos etc.

126 MANUAL DO PROFESSOR – UNIDADE 4

Produção escrita Não escreva no livro! melhor ler o livro? Fomente a
discussão no sentido de que
Capítulo de romance de aventuras ambos os formatos podem
ser bons; entretanto, o tex-
Pessoas do mundo todo sonham em, um dia, fazer uma viagem extraordinária e, depois, escrever a história to escrito proporciona ao lei-
de suas aventuras – mas poucos conseguem. Uma alternativa é escrever as aventuras de personagens ima- tor a criação do imaginário da
ginários, como fizeram autores como Júlio Verne e Jonathan Swift. Leia a tira a seguir. obra: pelas descrições dos
personagens e cenários, o
© Salvador Benedit - Ricardo Liniers/Liniers/Fotoarena leitor constrói imagens que
não necessariamente serão
LINIERS. Macanudo. n.1. Campinas: Zarabatana Books, 2008. p. 59. iguais às de outro leitor. Em
filmes, entretanto, as ima-
Que tal escrever o primeiro capítulo de um romance de aventuras, também passado em um lugar fictício gens já vêm prontas. Em ge-
e narrado em 1ª ou em 3ª pessoa? ral, a adaptação do livro à
linguagem cinematográfica
Decida quem serão seus leitores: adultos, jovens ou crianças? É necessário ter isso em vista para adequar exige decisões como cor-
o desenvolvimento das ações, a criação dos personagens, a linguagem utilizada, etc. tes, reduções, mudança de
foco narrativo, inserção de
O capítulo pode ser publicado no blogue da turma. Guarde uma cópia para ser publicada na Revista que novos diálogos, entre outros
montaremos no final do ano. aspectos, o que pode afastá-
-lo da obra original. As con-
Antes de começar clusões podem servir para
os alunos refletirem sobre
1. Você já sabe que o enredo, em um texto ficcional narrativo, é composto basicamente de cinco como criar, em sua produção
partes. Veja o esquema a seguir. Estude-o e reflita sobre seu leitor, fazendo suas escolhas. do capítulo, trechos descri-
tivos que deem aos leitores
Situação inicial Apresente a situação inicial. Deve ser uma situação estável em que se a possibilidade de imaginar
Complicação (conflito) encontra seu personagem. Quem é ele? Quais são suas características físicas personagens, cenários, si-
e psicológicas? tuações.
Desenvolvimento • Comente com os alunos so-
Clímax Surge um conflito. Qual é ele e de que modo modiáca a situação inicial e bre a intertextualidade da
muda o rumo de seu personagem? tira com a obra de Jonatan
Desfecho Swift. Enriqueta e seu gato
Sequência de ações na interação com outros personagens e em outros Fellini são alguns dos per-
lugares. Que acontecimentos direcionam a história do personagem? Que sonagens criados por Ri-
desaáos ele precisará enfrentar? cardo Liniers (1973-), qua-
drinista argentino. A garota
Ponto de tensão máxima. O que acontece de mais tenso para ou com o faz da leitura seu principal
personagem? entretenimento. Se julgar
pertinente, sugira aos alu-
A complicação é solucionada. Como termina o capítulo? O personagem nos a página “As leituras de
conseguiu vencer essa etapa? Está pronto para novas aventuras? Como Enriqueta, por Liniers” (dis-
continuaria o próximo capítulo? ponível em: <http://www.
projetolatinoamerica.com.
2. No caderno, anote as respostas para as perguntas propostas no esquema. br/as-leituras-de-enriqueta-
3. Acrescente elementos referentes ao tempo e ao espaço. por-liniers>; acesso em: 10
ago. 2018), em que há uma
a) Em que momento de vida seu personagem está nesse capítulo? sequência de ilustrações da
b) O personagem vem de onde e vai para onde? personagem lendo, princi-
c) Quanto tempo dura o capítulo? palmente, os grandes clássi-
d) Em que espaço e ambiente esses acontecimentos ocorrem? cos da literatura. O texto que
acompanha as imagens está
Unidade 4 127 em espanhol, mas é possí-
vel identificar a maioria dos
Produção escrita títulos.

(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restri- Antes de começar
ções temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido,
o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e considerando a imaginação […]. Desfecho
• Comente com os alunos
(EF89LP35) Criar […] narrativas de aventura […] com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os constituintes
estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos […]. que, em narrativas em ca-
pítulos ou seriadas, assim
• Paraintroduziraatividadedeproduçãoescrita,sugerimosquepeçaantecipadamenteaosalunosquepesquisemromancesdeaventura como em telenovelas, no fi-
e suas adaptações para o cinema. Em data combinada, discuta a questão com a turma: basta assistir ao filme para conhecer a obra, ou é nal de cada capítulo há sem-
pre um “gancho”, algum ele-
mento de tensão que tem a
função de instigar a curiosi-
dade e motivar a continua-
ção da leitura ou a adesão
à novela. Peça que incluam
um “gancho” no final do ca-
pítulo que vão produzir.

127MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Planejando o texto Planejando o texto

(EF08LP04) Utilizar, ao pro- 1. Utilizando suas anotações, prepare o roteiro do seu capítulo, para depois desenvolvê-lo com os
duzir texto, conhecimentos detalhes.
linguísticos e gramaticais:
ortografia, regências e con- Dica:
cordâncias nominal e ver- • Nos capítulos das Viagens de Gulliver, o protagonista encontra personagens e situações estranhas, mas
bal, modos e tempos ver-
bais, pontuação etc. não enfrenta grandes perigos. Em seu capítulo, você pode explorar mais esse aspecto – a ação, os desafios,
os perigos enfrentados – e fazer o personagem viver peripécias e passar por riscos que ele só superará
(EF08LP14) Utilizar, ao pro- usando inteligência, destreza, força, etc.
duzir texto, recursos de coe-
são sequencial (articulado- 2. Nos trechos descritivos, empregue adjetivos e locuções adjetivas na caracterização de personagens,
res) e referencial (léxica e cenas e lugares, para que o leitor possa recriá-los na imaginação.
pronominal), construções
passivas e impessoais, dis- 3. Pense no campo semântico que você pode utilizar no texto. Faça uma lista do vocabulário referen-
curso direto e indireto e ou- te ao conteúdo da história: espaço, época, vestimentas, meios de transporte, etc.
tros recursos expressivos
adequados ao gênero textual. 4. Nos trechos narrativos, marque a sequência progressiva do episódio com articuladores textuais que
expressem tempo e lugar (advérbios e locuções adverbais).
Leitura do capítulo de
romance de aventuras 5. Para reproduzir as falas dos personagens, empregue tanto o discurso direto quanto o indireto com
verbos de elocução variados.
• Sugerimos que organize a
leitura dos alunos confor- 6. Faça retomadas de termos anteriores para estabelecer a coesão textual.
me a realidade de sua sala
de aula. Se possível, peça Dica:
que os demais colegas fa- • É importante criar uma história verossímil, isto é, narrar acontecimentos que não precisam ser
çam uma apreciação sobre
o capítulo do colega. verdadeiros, mas que provoquem uma impressão de realidade. O leitor aceitará a história se ela lhe
parecer verdadeira.

Autoavaliação e reescrita

1. Releia a primeira versão do texto produzido:
a) procurando se colocar no lugar de um leitor que não conhece a história.
b) observando o que pode ser melhorado.
c) observando a aplicação dos recursos linguísticos e gramaticais que você já domina.

2. Realize as alterações que considerar necessárias e entregue o texto para o professor.

3. Depois da verificação do texto pelo professor, redija a versão final, digite e imprima seu texto, ou,
se não for possível, passe-o a limpo com letra legível. Não se esqueça de guardar uma cópia para
a Produção do ano.

Leitura do capítulo de romance de aventuras

Em data marcada pelo professor, leia seu capítulo para os colegas. Não se esqueça de ler com fluência
e expressividade, realçando trechos importantes, fazendo pausas oportunas, etc. Inspire-se no trabalho do
locutor do vídeo a que assistiu na seção Atividade de escuta. Lembre-se também do que tem praticado nas
atividades de leitura oral anteriores.

128 Unidade 4

128 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Reflexão sobre a língua Não escreva no livro! Reflexão sobre
a língua
Vozes verbais
(EF08LP08) Identificar, em
Sabemos que o verbo pode variar em relação a número, pessoa, tempo e modo. Vamos ver agora outro textos lidos […] verbos na
tipo de variação que os verbos podem sofrer: a que diz respeito à voz, que expressa a relação que o sujeito voz ativa e na voz passiva,
da oração mantém com a ação que se realiza. Veja como isso acontece. interpretando os efeitos de
sentido de sujeito ativo e pas-
1. Releia este trecho de Viagens de Gulliver e observe as formas verbais destacadas. sivo (agente da passiva).

Em pouco tempo, chegamos ao palácio real. Fui levado à presença do rei, mas ele não reparou • Nesta seção, serão aborda-
quando entramos. Continuou trabalhando sem parar, fazendo contas e anotando números em peda- das as vozes verbais (ativa,
ços de papéis. passiva e reflexiva) e o agen-
te da passiva.
a) Na oração “Em pouco tempo, chegamos ao palácio real” qual é o sujeito com que a forma
verbal chegamos concorda? O sujeito é nós (implícito), referindo-se a eu (o narrador, Gulliver) e às pessoas de Atividades 1 e 2
• O conceito de sujeito tem
Lagado que ele estava seguindo.
sido, há já algum tempo,
b) A locução verbal continuou trabalhando concorda com o sujeito o rei (implícito), menciona- objeto de revisão por lin-
do na oração anterior. Nessas duas orações, pode-se dizer que o sujeito tem um papel ativo ou guistas e gramáticos que
passivo em relação à ação verbal? Um papel ativo. passaram a considerar um
equívoco a definição de su-
c) A forma verbal fui levado concorda com o sujeito eu (implícito). Pode-se dizer que o sujeito, jeito como agente, ou seja,
nessa oração, tem um papel ativo ou passivo em relação à ação verbal? Por quê? aquele que pratica a ação ou
ainda aquele de que se diz
Um papel passivo, porque Gulliver foi levado por alguém. alguma coisa. Mário Perini,
no livro Para uma nova gra-
2. Releia mais este trecho. mática do Português, cita-
do na Bibliografia, mostra a
A viagem ia muito bem até que, em abril de 1707, quando estávamos quase chegando ao nosso incoerência entre essas de-
destino, fomos atacados por um navio pirata. Depois de sermos amarrados e saqueados, tivemos de finições e a análise linguís-
esperar que os piratas decidissem o que iam fazer conosco. [...] tica. Por exemplo, em “Os
tijolos estão bloqueando a
a) A forma verbal sermos (amarrados e saqueados) concorda com o sujeito (implícito) Gulli- passagem dos carros”, não é
ver e seus companheiros de viagem. Pode-se dizer que o sujeito, recuperado pelo possível afirmar que o sujei-
contexto, estabelece uma relação de passividade ou de atividade em relação à ação verbal? to (os tijolos) praticou qual-
quer ação. Na oração “Em
Estabelece uma relação de passividade, já que, pelo contexto, Gulliver e seus companheiros foram amarrados e saqueados pelos piratas. Santarém chove muito”, de-
clara-se algo a respeito de
b) Em “Como eu havia discutido com o comandante”, a forma verbal havia discutido concorda Santarém, que não é o su-
com o sujeito, expresso pelo pronome eu. Que relação se estabelece: de atividade ou de pas- jeito; a oração não tem su-
sividade? De atividade, pois o sujeito tem papel ativo. jeito. Bechara, em sua Mo-
derna Gramática Brasileira
A passividade, em termos gramaticais, é o fato de a ação verbal corresponder a um sujeito (Nova Fronteira, 2009), p.
gramatical que não exerce papel ativo (atividade) na ação. 409, define sujeito como
“[...] sintagma nominal que
3. Leia este trecho de uma notícia. estabelece uma relação pre-
dicativa com o núcleo verbal
[...] para constituir uma oração”.
Para José Carlos Azeredo,
Um jovem de 19 anos precisou ser resgatado pelo helicópteroáArcanjoána última segunda-feira autor de Gramática Houaiss,
após ser picado por uma víbora venenosa naáCosteira do Ribeirão, região sul deáFlorianópolis. “[...] o sujeito não se carac-
Morador local, ele estava com o tio limpando o terreno de uma trilha próxima à cachoeira da Ser- teriza por seu significado re-
vidão Costa do Sol quando foi mordido por um animal da espécie jararacuçu. lacional (ou papel semânti-
co) na frase, mas por ser
Oá Corpo de Bombeiros Militará foi acionado para atender a ocorrência por volta das um lugar de preenchimento
16h25min e enviou a equipe do helicóptero Arcanjo pela emergência do caso e difícil acesso obrigatório junto aos verbos
ao local. Segundo a guarnição, eles utilizaram a técnica do triângulo de resgate: um tripu- pessoais, o que vale dizer,
lante desceu da aeronave de rapel e localizou a vítima, preparando-a para ser içada até um junto à esmagadora maio-
local próximo à praia. ria dos verbos”. (Gramática
Houaiss, 12º capítulo: Vozes
Unidade 4 129 do verbo e questões correla-
tas, p. 273).

Atividade 1, item c
• Comente que, pelo con-

texto, é possível perceber
que o personagem foi le-
vado por funcionários, por
pessoas, por guardas, por
exemplo. Nesse sentido,
gramaticalmente, trata-se
de um sujeito passivo, pois
não é o responsável pela
ação realizada.

129MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Atividade 3, item c Após ser resgatado, o jovem foi atendido e medicado pelos bombeiros próximo à Rodovia Baldi-
• No caso da voz ativa, o su- cero Filomeno, a principal rua do bairro. O tio matou a víbora e entregou o animal para que a
equipe pudesse fazer o reconhecimento da espécie e escolher o soro antiofídico específico. A apli-
jeito é considerado o res- cação ocorreu no Hospital Universitário, para onde foi encaminhado em estado estável e recebeu
ponsável pela ação verbal, o atendimento definitivo.
o que não ocorre na voz
passiva. As formas ver- [...]
bais é picado e (é) resga-
tado correspondem gra- LIMA, Gabriel. Jovem é picado por víbora venenosa e resgatado por helicóptero em Florianópolis.
maticalmente ao sintagma CBN Diário, 20 fev. 2018. Disponível em: <http://cbndiario.clicrbs.com.br/sc/noticia-aberta/jovem-e-picado-por-vibora-venenosa-e-
nominal jovem, que ocupa
a posição de sujeito gra- resgatado-por-helicoptero-em-florianopolis-210187.html>. Acesso em: 10 ago. 2018.
matical, sendo considera-
do um sujeito passivo, típi- a) De acordo com o trecho, de que modo se fez o resgate do jovem picado pela víbora?
co das construções verbais
passivas e tradicionalmen- Foi necessária a intervenção do Corpo de Bombeiros Militar com a técnica de triângulo de resgate.
te denominado como sujei-
to paciente. b) Qual foi a importância do tio na recuperação do jovem? Pela ação do tio, pôde-se saber qual espécie de

• Caso necessário, relem- víbora havia picado o sobrinho e fazer a aplicação correta do soro antiofídico específico, contribuindo para a breve
bre o conceito de locução
verbal. c) Observe e compare as formas verbais destacadas a seguir. recuperação do jovem.

O tio matou a víbora e entregou o animal [...].

Jovem é picado por víbora venenosa e resgatado por helicóptero em Florianópolis

Em qual das orações há sujeito ativo e em qual, um sujeito passivo?

Sujeito ativo, na primeira; sujeito passivo, na segunda.

Quando o sujeito (gramatical) é o responsável pela ação verbal, dizemos que é um sujeito ativo e
que o verbo está na voz ativa. Quando o sujeito não é responsável pela ação verbal, dizemos que
o sujeito é passivo e que o verbo está na voz passiva.

4. Leia este trecho de um material informativo sobre a Floresta Amazônica.

Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo

A Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo foi criada em 2005, com uma área de
342.477,60 hectares. A Rebio garante a manutenção de grandes blocos de vegetação nativa na região
do Arco do Desmatamento, às margens da BR – 163, mantendo, inclusive, a diversidade genética
das formações florestais que sofrem maior pressão de exploração econômica. A Rebio Nascentes
da Serra do Cachimbo possui significativa importância ambiental, principalmente por proteger
centenas de nascentes perenes, formadoras de importantes rios das bacias do Xingu e do Tapajós
e, também, devido à sua heterogeneidade e peculiaridade ambiental.

[...]

WIKI Parques. Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo.
Disponível em: <www.wikiparques.org/wiki/Reserva_Biol%C3%B3gica_Nascentes_da_Serra_do_Cachimbo>. Acesso em: 27 jul. 2018.

a) De acordo com o trecho, qual é a importância da Reserva Biológica Nascentes da Serra do
Cachimbo (Rebio)? Explique.

Ela protege centenas de nascentes perenes, formadoras das bacias do rio Xingu e Tapajós na Amazônia.

b) O que pode acontecer se houver desmatamento nessa região?

Pode-se perder a diversidade genética da floresta.

c) Releia.

A Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo foi criada em 2005 [...]

É possível saber quem criou a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo (Rebio)? Justi-
fique sua resposta. Essa informação não é dada explicitamente no texto, pois não há a presença do agente da passiva.

130 Unidade 4

130 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

d) Compare.
A Reserva Biológica [...] foi criada em 2005.

A víbora foi morta pelo tio.

De que forma foram construídas as orações na voz passiva?

Por uma locução verbal formada pelo verbo auxiliar ser mais o particípio passado dos verbos principais: criar e matar.

A voz passiva é construída com os verbos auxiliares ser, estar, ficar acrescidos de um verbo no
particípio passado (mordido, levado, falado, feito, construído, etc.).

5. No trecho da notícia lido anteriormente, há outras informações sobre o acidente e o resgate do
jovem. Releia estes trechos e observe as formas verbais destacadas.

[...] ele estava com o tio limpando o terreno de uma trilha próxima à cachoeira da Servidão Costa do
Sol quando foi mordido por um animal da espécie jararacuçu.

Após ser resgatado, o jovem foi atendido e medicado pelos bombeiros próximo à Rodovia Baldice-
ro Filomeno, a principal rua do bairro.

a) As locuções verbais indicam passividade ou atividade em relação ao sujeito nessas orações?
Explique. Expressam passividade, pois o sujeito (o jovem) não tem papel ativo em relação à ação verbal.

b) Observe o esquema.

Sujeito passivo Locuções verbais Responsável pela ação
ele foi mordido um animal da espécie jararacuçu
o jovem foi atendido e medicado bombeiros

As locuções verbais estão na voz passiva ou ativa? Estão na voz passiva.

c) De que forma os termos que indicam o responsável pela ação estão ligados às formas verbais?

Por meio de uma preposição (por) e da contração pelos (preposição por + artigo os).

O termo que tem o papel de sujeito em relação à ação verbal na voz passiva é chamado de agente
da passiva. Pode vir introduzido pela preposição por, a mais frequente, ou pela preposição de.

6. Leia a postagem ao lado, publicada em uma Reprodução/<https://www.facebook.com/MPFederal/>
rede social.

a) Que órgão é responsável por essa pos-
tagem? O MPF (Ministério Público Federal).

b) O que está sendo denunciado por meio
da hashtag #MarSemLixo?

c) Por que os adjetivos pequeno e gran-
des foram grafados com letra maiús-
cula na imagem?

d) Qual é o sujeito da construção na voz
passiva “acaba sendo ingerido”?

Um pequeno canudo de plástico.

MINISTÉRIO Público Federal – MPF. Facebook, 10 jun. 2018.

Disponível em: <www.facebook.com/MPFederal/

photos/a.178492012298211.1073741828.178478368966242/1

018276544986416/?type=3&theater>. Acesso em: 30 jul. 2018.
6. b) O fato de que canudinhos de plástico, aparentemente inofensivos, se jogados no mar podem ser ingeridos por animais marinhos,

ou seja, causar grandes danos ao meio ambiente.

6. c) As palavras compõem uma antítese e visam chamar a atenção para a dimensão do contraste entre algo tão pequeno Unidade 4 131
e suas imensas consequências.

131MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Atividade 7 7. Leia este trecho do romance A mão e a luva, de Machado de Assis.

Vocabulário [...]
assaz: muito, bastante.
A manhã estava fresca e serena; era tudo silêncio, mal quebrado pelo bater do mar e pelo chilrear
chilrear: cantar, emitir som. dos passarinhos nas chácaras da vizinhança. Estêvão, amuado por não poder conciliar o sono, re-
solvera-se a ir ver a manhã, de mais perto. Ergueu-se de manso, lavou-se, vestiu-se, e pediu que lhe
esmero: cuidado extremo. levassem café ao jardim, para onde foi sobraçando um livro que acaso topou ao pé da cama.

sobraçar: segurar debaixo O jardim ficava nos fundos da casa; era separado da chácara vizinha por uma cerca. Relanceando
do braço ou entre o braço os olhos pela chácara, viu Estêvão que era plantada com esmero e arte, assaz vasta, recortada por
e o tórax. muitas ruas curvas e duas grandes ruas retas. [...]

Boxe definição ASSIS, Machado. A mão e a luva. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/
• Comente que a voz reflexi- download/texto/bn000027.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

va pode ser reflexiva sim- a) No trecho, há vários elementos descritivos. O que eles descrevem?
ples (olhou-se no espe-
lho) e reflexiva recíproca A manhã, o personagem Estêvão, uma chácara.
(olharam-se nos olhos, bei-
jaram-se). b) Por que descrições são importantes em textos ficcionais narrativos?
• Emrelaçãoànorma-padrão,
a voz ativa pode ser cons- Para dar ao leitor a caracterização do ambiente e dos personagens que compõem a história.
truída com verbos intran-
sitivos, transitivos diretos c) O narrador descreve várias ações do personagem em diferentes orações. Quais são elas e qual
e transitivos indiretos; a é a pontuação empregada nessa descrição?“Ergueu-se de manso, lavou-se, vestiu-se, e pediu que lhe levas-
voz passiva e a voz reflexi-
va são construídas apenas sem café ao jardim, para onde foi sobraçando um livro que acaso topou ao pé da cama”. Foram empregadas as vírgulas e
com verbos transitivos di-
retos. Na voz ativa, o sujeito d) Observe e analise. a conjunção e para separar as orações que indicam as ações do personagem.
tem papel ativo; na passiva,
construída com um verbo [...] lavou-se, vestiu-se [...].
auxiliar mais particípio, se-
guido ou não do agente da Nessa orações, o sujeito estabelece uma relação de atividade ou de passividade em relação à
passiva, o sujeito é afetado ação verbal? Espera-se que os alunos percebam que ambas ao mesmo tempo: Estêvão lavou Estêvão, Estêvão vestiu
pela ação e tem papel pas-
sivo; na voz reflexiva, o su- Estêvão.
jeito tem papel ativo e pas-
sivo simultaneamente, pois Quando a forma verbal se reverte para o próprio sujeito com o auxílio de um pronome e o sujeito
a ação é reflexa. Ressalte- é ativo e passivo simultaneamente, temos a chamada voz reflexiva.
-se que, na voz passiva, há a
possibilidade de supressão 8. Leia mais um trecho do mesmo romance, com o mesmo personagem.
do agente da passiva sem
que isso afete a correção [...]
gramatical. Trata-se de uma
escolha que atende a propó- Eram nove horas da noite; Luís Alves recolhia-se para casa, justamente na ocasião em que Estêvão
sitos discursivos, que abor- o ia procurar; encontraram-se à porta. Ali mesmo lhe confiou Estêvão tudo o que havia, e que o
daremos na próxima seção. leitor saberá daqui a pouco, caso não aborreça estas histórias de amor, velhas como Adão, e eternas
• Nalinguagemcoloquial,tan- como o céu. [...]
to escrita quanto oral, tem
sido comum o emprego de ASSIS, Machado. A mão e a luva. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/
verbos transitivos indiretos download/texto/bn000027.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.
em construções passivas,
como em “O espetáculo foi a) Observe a forma verbal destacada. Qual é o sujeito dessa oração? Luís Alves e Estêvão.
assistido por todos” ou “To-
das as regras de trânsito de- b) Trata-se do emprego da voz ativa, passiva ou reflexiva? Reflexiva.
vem ser obedecidas pelos
motoristas”. c) Observe que o sujeito, recuperado pelo contexto, é composto. Nesse caso, a voz verbal empre-
gada refere-se a apenas um dos núcleos verbais do sujeito ou aos dois?

Aos dois núcleos do sujeito: Luís Alves e Estêvão.

Quando a voz reflexiva corresponde a um sujeito composto, é chamada de voz reflexiva recí-
proca.

132 Unidade 4

132 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

Leitura 2 Não escreva no livro! Leitura 2

Antes de ler Assista ao vídeo Li-
teraturas africanas
1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos indiquem Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, em Língua Portugue-
Guiné-Bissau, Guiné Equatorial e Timor-Leste. sa com os alunos. No
Material Digital do Pro-
1. Você sabe em que países a língua portuguesa é considerada uma língua oficial? fessor há orientações
para o trabalho com
2. Você já leu um livro escrito originalmente em português por um autor não brasileiro? Se sim, con- esse recurso.
te aos colegas e ao professor. Resposta pessoal.

3. Leia o título do texto a seguir. O que você espera encontrar na leitura? Resposta pessoal.

Você vai ler a seguir um texto escrito por Ondjaki, autor angolano contemporâneo. Ele foi extraído da
coletânea Os da minha rua, cujas narrativas são independentes umas das outras, mas ligadas entre si pelo
personagem principal, Ndalu, e pela presença dos amigos e da família. Ondjaki e outros autores africanos
que escrevem em português, em particular os escritores angolanos, usam o termo estória para designar o
que contam e o modo como contam.

A palavra estória é usada por parte dos autores africanos de ficção em língua portuguesa para deno-
minar suas narrativas. No sentido que lhe dão, o termo pode ser entendido como uma narrativa curta,
com um modo de narrar que consideram diferente em relação ao do conto tradicional. Para esses auto-
res, essas narrativas não são contos nem relatos; são mesmo estórias o que contam.

Leia esta estória de Ondjaki, aprecie a leitura e conheça a visão do protagonista sobre momentos es-
peciais que ele viveu. Será que o que ele conta é diferente do que você vive, viveu ou poderia ter vivido?
Leia para descobrir.

Durante a leitura do texto, tente descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto em que
elas aparecem. Se for preciso, consulte o dicionário.

Um pingo de chuva
Eu acho que nunca cheguei a dizer a ninguém, talvez só mesmo à Romina, mas na minha cabeça eu
sempre escondia este pensamento: as despedidas têm cheiro. E não é cheiro bom tipo chá-de-caxinde, ou
as plantas a darem ares duma primeira respiração na frescura da manhã, entre silêncios e cacimbos mo-
lhados. Não. Despedida tem cheiro de amizade cinzenta. Nem sei bem o que isso é, nem quero saber. Não
gosto mesmo de despedidas.
Um dia nós, os do nosso grupo, quase silenciosos, tínhamos combinado encontro na escola Juventude
em Luta, depois do almoço. Os mais atrasados, como sempre, eram o Bruno e o Cláudio. As meninas já
tinham chegado, ficamos ali no campo de futebol a olhar a escola quase vazia.
Como num filme, sempre me acontecia isso: eu olhava as coisas e imaginava uma música triste; depois
quase conseguia ver os espaços vazios encherem-se de pessoas que fizeram parte da minha infância. De re-
pente um jogo de futebol podia iniciar ali, a bola e tudo em câmara lenta, um dia vou a um médico porque eu
devo ter esse problema de sempre imaginar as coisas em câmara lenta e ter vergonha de me dar uma vontade
de lágrimas ali ao pé dos meus amigos. A escola enchia-se de crianças e até de professores, pessoas que tinham
sido da minha segunda classe, da terceira, até lembrava de repente o exame da quarta classe com o texto
“Oriana e o peixe”. Quando alguém me tocava no ombro, as imagens todas desapareciam, o mundo ganhava
cores reais, sons fortes e a poeira também.
— Tás a ouvir?! — alguém dizia.

Unidade 4 133

133MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4

(EF89LP33) Ler, de forma Eu tinha que fingir que sim e engolir com os olhos todas as lágrimas. A escola estava vazia e, sem nin-
autônoma, e compreender guém dizer nada, todos tínhamos medo daquela sensação. O fim da sétima classe: a incerteza sobre quem
– selecionando procedimen- ainda íamos encontrar no ano seguinte. As pautas já tinham saído, todos tínhamos passado com boas
tos e estratégias de leitura notas e muitos estavam contentes por causa das férias grandes. Eu não.
adequados a diferentes ob-
jetivos e levando em conta Chamaram-me, para irmos andando. Já tinham chegado todos. Tínhamos combinado encontro na
características dos gêneros escola Juventude em Luta, para depois do almoço irmos até à casa dos camaradas professores Ángel e
e suportes – […] narrativas María. Aquilo tudo cheirava a despedida até mais não.
de ficção […], expressando
avaliação sobre o texto lido e — Não sentem o cheiro? — brinquei.
estabelecendo preferências — Só se for da tua catinga — o Bruno disse. Todos riram. Eu também. Embalei-me naquelas gargalhadas
por gêneros, temas, autores. para olhar bem para eles, para eles todos, os meus colegas da sétima classe, e quase todos também tinham
sido meus colegas desde a segunda até à quarta. Bons tempos. Uns traziam lanche, outros não; uns tinham
• Optamos, nesta coleção, bola e carrinhos bonitos, outros não; todos vínhamos vestidos com o fardamento azul, de modo que no
por manter o termo estória, intervalo a escola ganhava uma gritaria toda azul de crianças a quererem aproveitar aqueles vinte minutos
usado por diversos autores de liberdade e maluqueira. Os asmáticos, como eu, voltavam transpirados para a sala de aulas, com falta de
africanos de língua portu- ar, a tossir, e eram ralhados pela camarada professora Berta. No dia seguinte corríamos outra vez.
guesa para nomear suas Chegámos à casa dos camaradas professores Ángel e María. O camarada professor não estava vestido
produções. Há várias pu- com a calça militar dele, tinha uma camisa creme tipo “goiabera” e uma calça justa. A camarada professora
blicações desses escrito- María tinha a cara toda pintada, com exagero mesmo, mas eu não queria que ninguém lhe gozasse porque
res em cujos títulos o termo vi nos olhos dela a olhar para nós, que ela queria só estar bonita a disfarçar a tristeza dela.
é empregado: de Mia Cou- — A camarada professora tá muito bonita — a Petra disse, as outras meninas concordaram. Eu também.
to (Moçambique), Estórias O Bruno olhou com cara feia, mas conseguiu controlar-se, não riu nem estigou.
abensonhadas (1994); de Era uma tarde quase bonita numa cor amarela e castanha que o sol tinha posto dentro do apartamento
Luandino Vieira (Angola), pequeno deles. Serviram chá para nós, um chá aguado mas doce, cheio de ternura. Quase ninguém tinha
Velhas Estórias; de Agualu- palavras de falar – nem eles, nem nós. Depois o camarada professor Ángel explicou-nos, com palavras um
sa (Angola), A feira dos as- bocadinho difíceis, que a missão deles em Angola tinha terminado e que se iam embora muito em breve.
sombrados e outras estórias
inverosímeis; de Germano Guilherme Asthma/Arquivo da editora
Almeida, (Cabo Verde), Estó-
rias de dentro de casa e Es- 134
tórias contadas.
do na Revista África e africanidades, Ano IV, n. 14-15, ago. e nov., php?option=com_content&task=view&id=125> (acesso
• Para os críticos, as narrati- 2011 (disponível em: http://www.africaeafricanidades.com. em: 10 ago. 2018).
vas de Os da minha rua são br/documentos/14152011-17.pdf>; acesso em: 20 jul. 2018).
um misto de diário e crôni- • Comente com os alunos que a narrativa acontece na cidade de Leitura
ca, ou ainda memórias fic- Luanda, capital de Angola, onde nasceu e cresceu Ondjaki, cujo
cionais. Nela, embora não nome é Nadlu, o mesmo do personagem central das estórias • Sugerimos que, inicialmente, leia o texto para os alunos em
haja propriamente uma in- de Os da minha rua, livro de onde foi tirado o texto “Um pingo de voz alta com expressividade para que possam fruir a leitura e
triga, como no conto tradi- chuva”.Sejulgarpertinente,leiaparaosalunosodepoimentode sensibilizar-se com a linguagem poética utilizada pelo narra-
cional, há uma progressão Ondjaki a respeito dos professores cubanos em entrevista dor para contar um momento especial de sua vida. Em seguida,
de eventos em ordem cro- disponível em: <http://bu.furb.br/sarauEletronico/index. peça que leiam individualmente o texto, a fim de que tenham
nológica que vai da apre- a compreensão global da narrativa.
sentação do assunto cen-
tral (o encerramento das
aulas e a visita combinada
aos professores) até o des-
fecho, quando os alunos se
afastam melancolicamen-
te da casa dos mestres,
passando pelo momento
mais carregado de emoção
quando o professor explica
que vai embora.

• Para mais informações so-
bre a literatura africana em
língua portuguesa pós-co-
lonial, sugerimos a leitura
do artigo “Angola, Moçam-
bique e Cabo Verde: uma in-
trodução à prosa de ficção
da África lusófona”, publi-
cado na Revista Nau Literá-
ria (disponível em: <http://
seer.ufrgs.br/index.php/
NauLiteraria/article/
view/20491>; acesso em:
20 jul. 2018). Para conhe-
cer mais sobre a obra de
Ondjaki, sugerimos a leitu-
ra de “Entre a voz e a letra...
o espaço do encantamen-
to”, de Surian Seidl, publica-

134 MANUAL DO PROFESSOR Ð UNIDADE 4