Qual foi a atividade econômica que contribuiu para a industrialização do Brasil?

 A urbanização no Brasil, ou seja, o crescimento das cidades em relação ao espaço rural, sucedeu-se na história do nosso país desde o período colonial, com a maior parte das grandes formações urbanas localizada nas zonas litorâneas, algo que ainda se reflete atualmente. Inicialmente, essas cidades tinham funções econômicas específicas, voltadas para a administração da produção agrícola direcionada à coroa portuguesa. Dentre essas cidades, destacaram-se Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Recife (PE) e outras.

Com o tempo, o processo de urbanização do Brasil aconteceu motivado por outras práticas econômicas. No século XVIII, por exemplo, surgiram grandes cidades em algumas localidades influenciadas pela prática da mineração, muito forte no país nesse período. Esse foi o caso de cidades como Cuiabá (MT), Vila Rica (MG), Goiás (GO), Lages (SC), entre muitas outras. A economia do café, no século XIX, também contribuiu nesse mesmo sentido, com o aumento substancial de várias cidades, principalmente na região Sudeste, a exemplo de São Paulo (SP).

No entanto, quando falamos da urbanização brasileira de forma mais intensa e completa, referimo-nos ao século XX, quando o Brasil foi gradativamente deixando de ser um país predominantemente rural para tornar-se majoritariamente urbano. Podemos dizer que o principal fator responsável por isso foi o crescimento da industrialização, pois a construção e o crescimento das indústrias geraram mais empregos nas cidades e atraíram uma maior quantidade de pessoas para esses espaços.

Além disso, ao longo desse século, a atividade industrial também contribuiu para a mecanização do campo, com a introdução de maquinários cada vez mais modernos que substituíram, em partes, a mão de obra dos trabalhadores do meio rural. Esse processo, associado à elevada concentração de terras, contribuiu para aumentar a migração da população do campo para as cidades, fenômeno chamado de êxodo rural, que se intensificou no Brasil a partir da década de 1950 em diante. Observe o gráfico a seguir:

Qual foi a atividade econômica que contribuiu para a industrialização do Brasil?

Gráfico explicando a evolução da urbanização no Brasil.

A grande questão é que a urbanização no Brasil ocasionou dois problemas principais: ela foi concentrada e acelerada. A maior parte do processo de urbanização ocorreu nas grandes cidades da região Sudeste, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Não por acaso, essa é a região mais habitada do país. Além disso, tudo ocorreu em apenas algumas poucas décadas, de modo que as infraestruturas dessas cidades não acompanharam tal evolução, havendo muitas áreas periféricas, inchaços urbanos, formação de favelas e cortiços, entre outros problemas, com boa parte da população pobre vivendo em condições precárias.

Outra consequência da rápida urbanização do Brasil foi a formação das grandes metrópoles – cidades com um avanço econômico complexo – e das regiões metropolitanas, que passaram a integrar um grande número de cidades em um mesmo espaço urbano. A região metropolitana de São Paulo, por exemplo, envolve 39 municípios e abriga mais de 20 milhões de pessoas, um número de habitantes maior do que o de vários estados brasileiros e até mesmo de algumas regiões.

Índice

Introdução

O processo de industrialização brasileira - ou seja, o fortalecimento dos investimentos no setor fabril e a expansão e crescimento econômico das indústrias - é considerado tardio, uma vez que, enquanto as potências europeias já experienciaram suas revoluções industriais desde os primeiros anos do século XIX, o Brasil ainda vivia sob o regime de economia colonial.

Foi só a partir de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, que o Brasil passou a investir no segundo setor - ou setor industrial - e passou por profundas mudanças econômicas, políticas e sociais.

Mais tarde, durante o governo de Juscelino Kubitschek, o país viu seu ramo industrial crescer exponencialmente, diante do slogan “50 anos em 5” do então presidente.

Veremos, aqui, os fatores centrais da industrialização brasileira durante esses períodos. 

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Antecedentes

Enquanto o Brasil teve Portugal como metrópole (1500-1808), a implantação de indústrias foi proibida na colônia, a fim de se evitar a concorrência comercial dos produtos e, principalmente, que o país conquistasse autonomia financeira suficiente para uma possível independência.

Por isso, durante mais de 300 anos, a produção no Brasil foi exclusivamente artesanal, salvo o caso dos engenhos de açúcar

Em 1808, com a chegada da família real portuguesa no Brasil, o cenário começou a mudar: a implantação de indústrias foi permitida e a importação de matéria-prima para abastecimento das fábricas também.

Entretanto, alguns requisitos deveriam ser cumpridos, como o pagamento de taxas de importação de 15%.

As primeiras indústrias surgidas no Brasil dedicavam-se à produção de tecidos, sabão, alimentos e outros produtos que não demandavam alto grau de tecnologia.

Apesar do surgimento dessas indústrias neste período, até os últimos anos da década de 1920 o maior interesse e investimento econômico no país era direcionado para a ampliação e exportação do café

A partir de 1929, o Brasil viveu uma grave crise do modelo agrário-exportador, com a intensa queda do rendimento de lucro das plantações de café.

Crise do Café fez com que os investimentos passassem a ser direcionados para atividades urbanas como as indústrias e, devido à redução das importações, tornou-se necessária a produção de bens de consumo, o que também impulsionou as indústrias. 

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A Industrialização Brasileira começa

Entre 1930 e 1955, o setor industrial recebeu muitos investimentos dos ex-cafeicultores que haviam acumulado lucros. Com a crise do café, não investiriam mais no setor agrário.

Além disso, outros fatores foram importantes para possibilitar o crescimento da indústria no Brasil:

  • a chegada dos imigrantes estrangeiros e suas técnicas industriais;
  • a dificuldade de importação de produtos em decorrência da Primeira Guerra Mundial;
  • o começo da formação da classe média urbana consumidora.

Governo Getúlio Vargas

A industrialização brasileira teve como consequência a transformação do espaço geográfico e mudanças em diversos aspectos sociais e econômicos, impulsionados pelo Governo Getúlio Vargas.

Dentre elas podemos citar:

  • melhoria dos meios de transporte (malha ferroviária e malha rodoviária, principalmente) para facilitar a distribuição dos produtos;
  • criação da Companhia Siderúrgica Nacional (1942-1947) em Volta Redonda, responsável pela produção de metais - principalmente aço - fornecidos como matéria-prima para outras fábricas;
  • criação da Companhia Vale do Rio Doce, empresa de exploração de mineração;
  • criação da Petrobrás, empresa estatal produtora de energia;
  • criação das Leis Trabalhistas pelo governo de Getúlio.

Construção da Companhia Siderúrgica Nacional

É importante pontuar que a maior parte das indústrias neste período encontravam-se no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. A concentração de infraestrutura, mercado consumidor e mão de obra qualificada tornaram a Região Sudeste pioneira na industrialização do país.

Entre 1930 e 1955, as indústrias produziram tanto bens de consumo duráveis - como automóveis - quanto bens de consumo não duráveis - desde calçados e roupas até alimentos.

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Industrialização no Governo JK

O processo de industrialização brasileiro adquiriu novos rumos a partir do governo do presidente Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1960. 

Governo JK é considerado nacional-desenvolvimentista, uma vez que o Estado é o grande responsável pelo desenvolvimento econômico e industrial nacional, ao mesmo tempo em que existe certa abertura para o capital estrangeiro. É por conta dessa política que JK acabou por aumentar muito a dívida externa brasileira

Foi durante esse período que houve um grande crescimento industrial e o consequente aumento do padrão de vida, além da possibilidade de consumo de uma parcela da população: a classe média.

Entretanto, houve também o grande aumento da desigualdade social.  

Algumas das características centrais das políticas para a indústria nesse período foram:

  • internacionalização da economia: ou seja, abertura para o capital internacional, o que levou a entrada de grandes indústrias multinacionais no país - principalmente automobilísticas - como a Ford, General Motors etc;
  • economia baseada em três pilares:
  • o Estado e seu capital investindo nas indústrias de base e infraestrutura;
  • o capital privado nacional direcionado às indústrias de bens de consumo não duráveis;
  • o capital internacional, com investimentos na produção de bens duráveis;
  • grande desenvolvimento das áreas urbanas: enquanto foram escassos os investimentos nas áreas rurais.

Inauguração da fábrica da GM pelo presidente JK 

E os últimos anos?

As premissas básicas das políticas industriais de JK, apesar de adaptadas, permanecem no país até hoje.

Durante a Ditadura Militar, por exemplo, foi intensificada a entrada de empresas e capital estrangeiro, o que veio a comprometer a autonomia do crescimento econômico do país.

Além disso, a modernização econômica que deu origem ao chamado “Milagre Econômico”, entre 1968 e 1973, que aconteceu diante do aprofundamento da dívida externa.

O desgaste causado pelas políticas dos militares foi sentido na década de 1980, quando Brasil teve sua atividade industrial reduzida e altas taxas de inflação

Desde a década de 1990, as políticas industriais têm sido marcadas pela perspectiva neoliberal, com privatizações de empresas estatais, flexibilização das leis trabalhistas, redução de investimentos em âmbitos sociais etc. 

Exercício de fixação

ENEM/2013

Observe a charge abaixo:

Qual foi a atividade econômica que contribuiu para a industrialização do Brasil?

Meta de Faminto

JK   —  Você agora tem automóvel brasileiro, para correr em estradas pavimentadas com asfalto brasileiro, com gazolina brasileira. Que mais quer?

JECA — Um prato de feijão brasileiro, seu doutô!

(THÉO. In; LEMOS, R. (Org ). Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2001) Rio de Janeiro: Bom Texto; Letras & Expressões, 2001)

A charge ironiza a política desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, ao:

A evidenciar que o incremento da malha viária diminuiu as desigualdades regionais do país.

B destacar que a modernização das indústrias dinamizou a produção de alimentos para o mercado interno.

C enfatizar que o crescimento econômico implicou aumento das contradições socioespaciais.

D ressaltar que o investimento no setor de bens duráveis incrementou os salários de trabalhadores.

E mostrar que a ocupação de regiões interioranas abriu frentes de trabalho para a população local.

O que contribuiu para a industrialização no Brasil?

Vários fatores contribuíram para o processo de industrialização no Brasil no começo do século XX: a exportação de café gerou lucros que permitiram o investimento na indústria; os imigrantes estrangeiros traziam consigo as técnicas de fabricação de diversos produtos; a formação de uma classe média urbana consumidora.

Qual foi a atividade econômica que ajudou no crescimento da industrialização no Brasil?

A industrialização no Brasil ocorreu de forma tardia por meio da política de substituição das importações no contexto de ocorrência da Primeira Guerra Mundial. Os capitais oriundos de cultivos agrícolas, com destaque para o café, foram primordiais para o desenvolvimento da indústria brasileira.

Qual era a principal atividade econômica no Brasil antes da industrialização?

Por muitos anos, o cultivo da cana era a principal atividade econômica no Brasil.

Qual atividade econômica contribuiu para o desenvolvimento da urbanização e industrialização do Brasil?

A economia brasileira durante a República Velha centrou-se em torno do café. Os processos de urbanização e o início da indústria no Brasil estão ligados a esse produto.