Quantas etapas existem na teoria da Epistemologia Genética de Piaget?

A TEORIA B�SICA DE JEAN PIAGET  

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liga��o do origem
Jos� Luiz de Paiva Bello 

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      Desde muito cedo Jean Piaget demonstrou sua capacidade de observa��o. Aos onze anos percebeu um melro albino em uma pra�a de sua cidade. A observa��o deste p�ssaro gerou seu primeiro trabalho cient�fico. Formado em Biologia interessou-se por pesquisar sobre o desenvolvimento do conhecimento nos seres humanos. As teorias de Jean Piaget, portanto, tentam nos explicar como se desenvolve a intelig�ncia nos seres humanos. Da� o nome dado a sua ci�ncia de Epistemologia Gen�tica, que � entendida como o estudo dos mecanismos do aumento dos conhecimentos.

      Conv�m esclarecer que as teorias de Piaget t�m comprova��o em bases cient�ficas. Ou seja, ele n�o somente descreveu o processo de desenvolvimento da intelig�ncia mas, experimentalmente, comprovou suas teses.

      Resumir a teoria de Jean Piaget n�o � uma tarefa f�cil, pois sua obra tem mais p�ginas que a Enciclop�dia Brit�nica. Desde que se interessou por desvendar o desenvolvimento da intelig�ncia humana, Piaget trabalhou compulsivamente em seu objetivo, at� �s v�speras de sua morte, em 1980, aos oitenta e quatro anos, deixando escrito aproximadamente setenta livros e mais de quatrocentos artigos. Repassamos aqui algumas id�ias centrais de sua teoria, com a colabora��o do �Gloss�rio de Termos�.

      1 - A intelig�ncia para Piaget � o mecanismo de adapta��o do organismo a uma situa��o nova e, como tal, implica a constru��o cont�nua de novas estruturas. Esta adapta��o refere-se ao mundo exterior, como toda adapta��o biol�gica. Desta forma, os indiv�duos se desenvolvem intelectualmente a partir de exerc�cios e est�mulos oferecidos pelo meio que os cercam. O que vale tamb�m dizer que a intelig�ncia humana pode ser exercitada, buscando um aperfei�oamento de potencialidades, que evolui "desde o n�vel mais primitivo da exist�ncia, caracterizado por trocas bioqu�micas at� o n�vel das trocas simb�licas" (RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI, 1990, p. 3).

      2 - Para Piaget o comportamento dos seres vivos n�o � inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o comportamento � constru�do numa intera��o entre o meio e o indiv�duo. Esta teoria epistemol�gica (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) � caracterizada como interacionista. A intelig�ncia do indiv�duo, como adapta��o a situa��es novas, portanto, est� relacionada com a complexidade desta intera��o do indiv�duo com o meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for esta intera��o, mais �inteligente� ser� o indiv�duo. As teorias piagetianas abrem campo de estudo n�o somente para a psicologia do desenvolvimento, mas tamb�m para a sociologia e para a antropologia, al�m de permitir que os pedagogos tracem uma metodologia baseada em suas descobertas.

      3 - �N�o existe estrutura sem g�nese, nem g�nese sem estrutura� (Piaget). Ou seja, a estrutura de matura��o do indiv�duo sofre um processo gen�tico e a g�nese depende de uma estrutura de matura��o. Sua teoria nos mostra que o indiv�duo s� recebe um determinado conhecimento se estiver preparado para receb�-lo. Ou seja, se puder agir sobre o objeto de conhecimento para inser�-lo num sistema de rela��es. N�o existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha j� um conhecimento anterior para poder assimil�-lo e transform�-lo. O que implica os dois p�los da atividade inteligente: assimila��o e acomoda��o. � assimila��o na medida em que incorpora a seus quadros todo o dado da experi�ncia ou �strutura��o por incorpora��o da realidade exterior a formas devidas � atividade do sujeito (Piaget, 1982). � acomoda��o na medida em que a estrutura se modifica em fun��o do meio, de suas varia��es. A adapta��o intelectual constitui-se ent�o em um "equil�brio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomoda��o complementar" (Piaget, 1982). Piaget situa, segundo Dolle, o problema epistemol�gico, o do conhecimento, ao n�vel de uma intera��o entre o sujeito e o objeto. E "essa dial�tica resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas, gen�ticas sem estrutura, estruturalistas sem g�nese, etc. ... e permite seguir fases sucessivas da constru��o progressiva do conhecimento" (1974, p. 52).

      4 - O desenvolvimento do indiv�duo inicia-se no per�odo intra-uterino e vai at� aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui tamb�m ap�s o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A constru��o da intelig�ncia d�-se portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas �s outras. A isto Piaget chamou de �construtivismo sequencial�.

      A seguir os per�odos em que se d� este desenvolvimento motor, verbal e mental.

      A. Per�odo Sens�rio-Motor - do nascimento aos 2 anos, aproximadamente.

      A aus�ncia da fun��o semi�tica � a principal caracter�stica deste per�odo. A intelig�ncia trabalha atrav�s das percep��es (simb�lico) e das a��es (motor) atrav�s dos deslocamentos do pr�prio corpo. � uma intelig�ncia iminentemente pr�tica. Sua linguagem vai da ecolalia (repeti��o de s�labas) � palavra-frase ("�gua" para dizer que quer beber �gua) j� que n�o representa mentalmente o objeto e as a��es. Sua conduta social, neste per�odo, � de isolamento e indiferencia��o (o mundo � ele). 

      B. Per�odo Simb�lico - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente.

      Neste per�odo surge a fun��o semi�tica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imita��o, da dramatiza��o, etc.. Podendo criar imagens mentais na aus�ncia do objeto ou da a��o � o per�odo da fantasia, do faz de conta, do jogo simb�lico. Com a capacidade de formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfa��o de seu prazer (uma caixa de f�sforo em carrinho, por exemplo). � tamb�m o per�odo em que o indiv�duo �d� alma� (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem est� a n�vel de mon�logo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumenta��es dos outros. Duas crian�as �conversando� dizem frases que n�o t�m rela��o com a frase que o outro est� dizendo. Sua socializa��o � vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. N�o h� lideran�a e os pares s�o constantemente trocados.

      Existem outras caracter�sticas do pensamento simb�lico que n�o est�o sendo mencionadas aqui, uma vez que a proposta � de sintetizar as id�ias de Jean Piaget, como por exemplo o nominalismo (dar nomes �s coisas das quais n�o sabe o nome ainda), superdetermina��o (�teimosia�), egocentrismo (tudo � �meu�), etc. 

      C. Per�odo Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente.

      Neste per�odo j� existe um desejo de explica��o dos fen�menos. � a �idade dos porqu�s�, pois o ind�viduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu pensamento continua centrado no seu pr�prio ponto de vista. J� � capaz de organizar cole��es e conjuntos sem no entanto incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto � linguagem n�o mant�m uma conversa��o longa mas j� � capaz de adaptar sua resposta �s palavras do companheiro.

      Os Per�odos Simb�lico e Intuitivo s�o tamb�m comumente apresentados como Per�odo Pr�-Operat�rio.

      D. Per�odo Operat�rio Concreto - dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente.

      � o per�odo em que o indiv�duo consolida as conserva��es de n�mero, subst�ncia, volume e peso. J� � capaz de ordenar elementos por seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando ent�o o mundo de forma l�gica ou operat�ria. Sua organiza��o social � a de bando, podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. J� podem compreender regras, sendo fi�is a ela, e estabelecer compromissos. A conversa��o torna-se poss�vel (j� � uma linguagem socializada), sem que no entanto possam discutrir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclus�o comum. 

      E. Per�odo Operat�rio Abstrato - dos 11 anos em diante.

      � o �pice do desenvolvimento da intelig�ncia e corresponde ao n�vel de pensamento hipot�tico-dedutivo ou l�gico-matem�tico. � quando o indiv�duo est� apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados para o futuro. �, finalmente, a �abertura para todos os poss�veis�. A partir desta estrutura de pensamento � poss�vel a dial�tica, que permite que a linguagem se d� a n�vel de discuss�o para se chegar a uma conclus�o. Sua organiza��o grupal pode estabelecer rela��es de coopera��o e reciprocidade.

      5 - A import�ncia de se definir os per�odos de desenvolvimento da intelig�ncia reside no fato de que, em cada um, o indiv�duo adquire novos conhecimentos ou estrat�gias de sobreviv�ncia, de compreens�o e interpreta��o da realidade. A compreens�o deste processo � fundamental para que os professores possam tamb�m compreender com quem est�o trabalhando.

      A obra de Jean Piaget n�o oferece aos educadores uma did�tica espec�fica sobre como desenvolver a intelig�ncia do aluno ou da crian�a. Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta caracter�sticas e possibilidades de crescimento da matura��o ou de aquisi��es. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer est�mulos adequados a um maior desenvolvimento do indiv�duo.

      �Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocar� turbulenta revolu��o no processo escolar (o professor transforma-se numa esp�cia de �t�cnico do time de futebol�, perdendo seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo tem de modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (ali�s, � assim que age a ci�ncia e a pedagogia come�a a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ci�ncias biol�gicas, psicol�gicas e sociol�gicas). Onde houver um professor �ensinando�... a� n�o est� havendo uma escola piagetiana!� (Lima, 1980, p. 131).

      O lema �o professor n�o ensina, ajuda o aluno a aprender�, do M�todo Psicogen�tico, criado por Lauro de Oliveira Lima, tem suas bases nestas teorias epistemol�gicas de Jean Piaget. Existem outras escolas, espalhadas pelo Brasil, que tamb�m procuram criar metodologias espec�ficas embasadas nas teorias de Piaget. Estas iniciativas passam tanto pelo campo do ensino particular como pelo p�blico. Alguns governos municipais, inclusive, j� tentam adot�-las como preceito pol�tico-legal.

      Todavia, ainda se desconhece as teorias de Piaget no Brasil. Pode-se afirmar que ainda � limitado o n�mero daqueles que buscam conhecer melhor a Epistemologia Gen�tica e tentam aplic�-la na sua vida profissional, na sua pr�tica pedag�gica. Nem mesmo as Faculdades de Educa��o, de uma forma geral, preocupam-se em aprofundar estudo nestas teorias. Quando muito oferecem os per�odos de desenvolvimento, sem permitir um maior entendimento por parte dos alunos. 

     Em 1919, Piaget mudou-se para a Fran�a onde foi convidado a trabalhar no laborat�rio de Alfred Binet, um famoso psic�logo infantil que desenvolveu testes de intelig�ncia padronizados para crian�as. Piaget notou que crian�as

francesas da mesma faixa et�ria cometiam erros semelhantes nesses testes e concluiu que o pensamento se desenvolve gradualmente. O ano de 1919 foi o marco em sua vida. Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a mente humana e come�ou a pesquisar tamb�m sobre o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento de biologia levou-o a enxergar o

desenvolvimento cognitivo de uma crian�a como sendo uma evolu��o gradativa. Em 1921, Piaget voltou a Su��a e tornou-se diretor de estudos do Instituto J. J. Rousseau da Universidade de Genebra.

        L� ele iniciou o maior trabalho de sua vida, ao observar crian�as brincando e registrar meticulosamente as palavras, a��es e processos de racioc�nio delas. Em 1923, Piaget casou-se com Valentine Ch�tenay com quem teve 3 filhos: Jacqueline(1925), Lucienne(1927) e Laurent (1931). As teorias de Piaget foram, em grande parte, baseadas em estudos e observa��es de seus filhos que ele realizou ao lado de sua esposa. Enquanto prosseguia com suas pesquisas e publica��es de trabalhos, Piaget lecionou em diversas universidades europ�ias. Registros revelam que ele foi o �nico su��o a ser convidado a lecionar na Universidade de Sorbonne (Paris, Fran�a), onde permaneceu de 1952 a 1963. At� a data de seu falecimento, Piaget fundou e dirigiu o Centro Internacional para Epistemologia Gen�tica. Ao longo de sua brilhante carreira, Piaget escreveu mais de 75 livros e centenas de trabalhos cient�ficos. 

        Pensamento predominante � �poca

     At� o in�cio do s�culo XX assumia-se que as crian�as pensavam e raciocinavam da mesma maneira que os adultos. A cren�a da maior parte das sociedades era a de que qualquer diferen�a entre os processos cognitivos entre crian�as e adultos era sobretudo de grau: os adultos eram superiores mentalmente, do mesmo modo que eram fisicamente maiores, mas os processos cognitivos b�sicos eram os mesmos ao longo da vida.

     Piaget, a partir da observa��o cuidadosa de seus pr�prios filhos e de muitas outras crian�as, concluiu que em muitas quest�es cruciais as crian�as n�o pensam como os adultos. Por ainda lhes faltarem certas habilidades, a maneira de pensar � diferente, n�o somente em grau, como em classe.

     A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo � uma teoria de etapas, uma teoria que pressup�e que os seres humanos passam por uma s�rie de mudan�as ordenadas e previs�veis. 

        * Pressupostos b�sicos de sua teoria:

          o interacionismo, a id�ia de construtivismo seq�encial e os fatores que interferem no desenvolvimento.

    A crian�a � concebida como um ser din�mico, que a todo momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas.

     Essa intera��o com o ambiente faz com que construa estrutura mentais e adquira maneiras de faz�-las funcionar. O eixo central, portanto, � a intera��o organismo-meio e essa intera��o acontece atrav�s de dois processos simult�neos: a organiza��o interna e a adapta��o ao meio, fun��es exercidas pelo organismo ao longo da vida.

     A adapta��o, definida por Piaget, como o pr�prio desenvolvimento da intelig�ncia, ocorre atrav�s da assimila��o e acomoda��o. Os esquemas de assimila��o v�o se modificando, configurando os est�gios de desenvolvimento.

     Considera, ainda, que o processo de desenvolvimento � influenciado por fatores como: matura��o (crescimento biol�gico dos �rg�os), exercita��o (funcionamento dos esquemas e �rg�os que implica na forma��o de h�bitos), aprendizagem social (aquisi��o  de valores, linguagem, costumes e padr�es culturais e sociais) e equilibra��o (processo de auto regula��o interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequil�brio ap�s cada desequil�brio sofrido).

     A educa��o na vis�o Piagetiana: com base nesses pressupostos, a educa��o deve possibilitar � crian�a um   desenvolvimento amplo e din�mico desde o per�odo sens�rio- motor at� o operat�rio abstrato.

     A escola deve partir ( ver: Piaget na Escola de Educa��o Infantil) dos esquemas de assimila��o da crian�a, propondo atividades desafiadoras que provoquem desequil�brios e reequilibra��es sucessivas, promovendo a descoberta e a constru��o do conhecimento.

     Para construir esse conhecimento, as concep��es infantis combinam-se �s informa��es advindas do meio, na medida em que o conhecimento n�o � concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pela crian�a, nem transmitido de forma mec�nica pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como resultado de uma intera��o, na qual o sujeito � sempre um elemento ativo, que procura ativamente compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interroga��es que esse mundo provoca.

     � aquele que aprende basicamente atrav�s de suas pr�prias a��es sobre os objetos do mundo, e que constr�i suas pr�prias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. N�o � um sujeito que espera que algu�m que possui um conhecimento o transmita a ele por um ato de bondade.

     Vamos esclarecer um pouco mais para voc�: quando se fala em sujeito ativo, n�o estamos falando de algu�m que faz muitas coisas, nem ao menos de algu�m que tem uma atividade observ�vel.

     O sujeito ativo de que falamos � aquele que compara, exclui, ordena, categoriza, classifica, reformula, comprova, formula hip�teses, etc... em uma a��o interiorizada (pensamento) ou em a��o efetiva (segundo seu grau de desenvolvimento). Algu�m que esteja realizando algo materialmente, por�m seguindo um modelo dado por outro, para ser copiado, n�o � habitualmente um sujeito intelectualmente ativo.

    Principais objetivos da educa��o: forma��o de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas cr�ticas e ativas, e na busca constante da constru��o da autonomia.

    Devemos lembrar que Piaget n�o prop�e um m�todo de ensino, mas, ao contr�rio, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investiga��es cujos resultados s�o utilizados por psic�logos e pedagogos.

   Desse modo, suas pesquisas recebem diversas interpreta��es que se concretizam em propostas did�ticas tamb�m diversas.

Implica��es do pensamento piagetiano para a aprendizagem

    * Os objetivos pedag�gicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do aluno.

    * Os conte�dos n�o s�o concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.

    * primazia de um m�todo que leve ao descobrimento por parte do aluno ao inv�s de receber passivamente atrav�s do professor.

    * A aprendizagem � um processo constru�do internamente.

    * A aprendizagem depende do n�vel de desenvolvimento do sujeito.

    * A aprendizagem � um processo de reorganiza��o cognitiva.

    * Os conflitos cognitivos s�o importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.

    * A intera��o social favorece a aprendizagem.

    * As experi�ncias de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colabora��o, a coopera��o e interc�mbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.

      Piaget n�o aponta respostas sobre o que e como ensinar,  mas permite compreender como a crian�a e o adolescente aprendem, fornecendo um referencial para a identifica��o das possibilidades e limita��es de crian�as e adolescentes. Desta maneira, oferece ao professor uma atitude de respeito �s condi��es intelectuais do aluno e um modo de interpretar suas condutas verbais e n�o verbais para poder trabalhar melhor com elas.

Autonomia para Piaget

    Jean Piaget, na sua obra discute com muito cuidado a quest�o da autonomia e do seu desenvolvimento. Para Piaget a autonomia n�o est� relacionada com isolamento (capacidade de aprender sozinho e respeito ao ritmo pr�prio - escola comportamentalista), na verdade entende Piaget que o florescer do pensamento aut�nomo e l�gico operat�rio � paralelo ao surgimento da capacidade de estabelecer rela��es cooperativas. Quando os agrupamentos operat�rios surgem com as articula��es das intui��es, a crian�a torna-se cada vez mais apta a agir cooperativamente.

    No entender de Piaget ser aut�nomo significa estar apto a cooperativamente construir o sistema de regras morais e operat�rias necess�rias � manuten��o de rela��es permeadas pelo respeito m�tuo.

    Jean Piaget caracterizava "Autonomia como a capacidade de coordena��o de diferentes perspectivas sociais com o pressuposto do respeito rec�proco". (Kesselring T. Jean Piaget. Petr�polis: Vozes, 1993:173-189).

    Para Piaget (1977), a constitui��o do princ�pio de autonomia se desenvolve juntamente com o processo de desenvolvimento da autoconsci�ncia. No in�cio, a intelig�ncia est� calcada em atividades motoras, centradas no pr�prio indiv�duo, numa rela��o egoc�ntrica de si para si mesmo. � a consci�ncia centrada no eu. Nessa fase a crian�a joga consigo mesma e n�o precisa compartilhar com o outro. � o estado de anomia. A consci�ncia dorme, diz Piaget, ou � o indiv�duo da n�o consci�ncia. No desenvolvimento e na complexifica��o das a��es, o indiv�duo reconhece a exist�ncia do outro e passa a reconhecer a necessidade de regras, de hierarquia, de autoridade. O controle est� centrado no outro. O indiv�duo desloca o eixo de suas rela��es de si para o outro, numa rela��o unilateral, no sentido ent�o da heteronomia. A verdade e a decis�o est�o centradas no outro, no adulto. Neste caso a regra � exterior ao indiv�duo e, por conseq��ncia, sagrada A consci�ncia � tomada emprestada do outro. Toda consci�ncia da obriga��o ou do car�ter necess�rio de uma regra sup�e um sentimento de respeito � autoridade do outro. Na autonomia, as leis e as regras s�o op��es que o sujeito faz na sua conviv�ncia social pela auto-determina��o. Para Piaget, n�o � poss�vel uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas se sustentam no respeito m�tuo, o qual, por sua vez, se sustenta no respeito a si pr�prio e reconhecimento do outro como ele mesmo.

    A falta de consci�ncia do eu e a consci�ncia centrada na autoridade do outro impossibilitam a coopera��o, em rela��o ao comum pois este n�o existe. A consci�ncia centrada no outro anula a a��o do indiv�duo como sujeito. O indiv�duo submete-se �s regras, e pratica-as em fun��o do outro. Segundo Piaget este est�gio pode representar a passagem para o n�vel da coopera��o, quando, na rela��o, o indiv�duo se depara com condi��es de possibilidades de identificar o outro como ele mesmo e n�o como si pr�prio. (PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento. Porto: R�s Editora, 1978).

    "Na medida em que os indiv�duos decidem com igualdade - objetivamente ou subjetivamente, pouco importa - , as press�es que exercem uns sobre os outros se tornam colaterais. E as interven��es da raz�o, que Bovet t�o justamente observou, para explicar a autonomia adquirida pela moral, dependem, precisamente, dessa coopera��o progressiva. De fato, nossos estudos t�m mostrado que as normas racionais e, em particular, essa norma t�o importante que � a reciprocidade, n�o podem se desenvolver sen�o na e pela coopera��o. A raz�o tem necessidade da coopera��o na medida em que ser racional consiste em 'se' situar para submeter o individual ao universal. O respeito m�tuo aparece, portanto, como condi��o necess�ria da autonomia, sobre o seu duplo aspecto intelectual e moral. Do ponto de vista intelectual, liberta a crian�a das opini�es impostas, em proveito da coer�ncia interna e do controle rec�proco. Do ponto de vista moral, substitui as normas da autoridade pela norma imanente � pr�pria a��o e � pr�pria consci�ncia, que � a reciprocidade na simpatia." (Piaget, 1977:94). (PIAGET, Jean. O julgamento moral na crian�a. Editora Mestre Jou. S�o Paulo, 1977).

    Como afirma Kamii, seguidora de Piaget, "A ess�ncia da autonomia � que as crian�as se tornam capazes de tomar decis�es por elas mesmas. Autonomia n�o � a mesma coisa que liberdade completa. Autonomia significa ser capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o melhor caminho da a��o. N�o pode haver moralidade quando algu�m considera somente o seu ponto de vista. Se tamb�m consideramos o ponto de vista das outras pessoas, veremos que n�o somos livres para mentir, quebrar promessas ou agir irrefletidamente"

(Kamii C. A crian�a e o n�mero. Campinas: Papirus).

    Kamii tamb�m coloca a autonomia em uma perspectiva de vida em grupo. Para ela, a autonomia significa o indiv�duo ser governado por si pr�prio. � o contr�rio de heteronomia, que significa ser governado pelos outros. A autonomia significa levar em considera��o os fatores relevantes para decidir agir da melhor forma para todos. N�o pode haver moralidade quando se considera apenas o pr�prio ponto de vista.

Refer�ncias

CHIABAI, Isa Maria. A influ�ncia do meio rural no processo de cogni��o de crian�as da pr�-escola: uma interpreta��o fundamentada na teoria do conhecimento de Jean Piaget. S�o Paulo, 1990. Tese (Doutorado), Instituto de Psicologia, USP. 165 p.

LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. 2. ed. S�o Paulo: Summus, 1980. 284 p.

PIAGET, Jean. O nascimento da intelig�ncia na crian�a. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 389 p.

Quais são as fases da Epistemologia Genética de Jean Piaget?

Os quatro estágios foram denominados de sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. Por sua vez, para um estudo mais detalhado, os estágios foram subdivididos em níveis. Se para Piaget a inteligência dá saltos - muda de qualidade, cada estágio representa uma qualidade desta inteligência.

Quais as teorias da epistemologia genética?

A Epistemologia Genética defende que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da sua vida. O desenvolvimento é observado pela sobreposição do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, resultando em adaptação.

Quais são as principais correntes epistemológicas?

A EPISTEMOLOGIA LÓGICA, que estuda a linguagem científica e a pesquisa das regras lógicas do empirismo; A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA, que estuda a atividade científica partindo de uma psicologia da inteligência, que finda em um estruturalismo genético; A EPISTEMOLOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA, que estuda a produção das teorias e ...

Qual teoria educacional ficou conhecida por se fundamentar na epistemologia genética?

Um conceito essencial da epistemologia genética é o egocentrismo, que explica o caráter mágico e pré-lógico do raciocínio infantil. A maturação do pensamento rumo ao domínio da lógica consiste num abandono gradual do egocentrismo.