Que diferenças podem ser observadas entre a língua falada e a língua escrita?

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Que diferenças podem ser observadas entre a língua falada e a língua escrita?

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possibilitam falar do presente, passado ou futuro. 
 
Os estudos linguísticos não se confundem com o aprendizado de muitas línguas: o 
linguista deve estar apto a falar "sobre" uma ou mais línguas, conhecer seus princípios de 
funcionamento, suas semelhanças e diferenças. A Linguística não se compara ao estudo 
tradicional da gramática; ao observar a língua em uso o linguista procura descrever e 
 
 
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explicar os fatos: os padrões sonoros, gramaticais e lexicais que estão sendo usados, sem 
avaliar aquele uso em termos de um outro padrão: moral, estético ou crítico. 
 
As diferenças de pronúncia, de vocabulário e de sintaxe observadas por um 
habitante de São Paulo, por exemplo, ao comparar sua expressão verbal a dos falantes de 
outras regiões, como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belo Horizonte, muitas vezes o 
fazem considerar "horrível" o sotaque de algumas dessas regiões; "esquisito" seu 
vocabulário e "errada" sua sintaxe. Esses julgamentos não são levados em conta pelo 
linguista, cuja função é estudar toda e qualquer expressão Linguística como um fato 
merecedor de descrição e explicação dentro de um quadro científico adequado. 
 
O linguista procura descobrir como a linguagem funciona por meio do estudo de 
línguas específicas, considerando a língua um objeto de estudo que deve ser examinado 
empiricamente, dentro de seus próprios termos, como a Física, a Biologia etc. A 
metodologia de análise Linguística focaliza, principalmente, a fala das comunidades e, em 
segunda instância, a escrita. 
 
A prioridade atribuída pelo linguista ao estudo da língua falada explica-se pela 
necessidade de corrigir os procedimentos de análise da gramática tradicional, que se 
preocupava quase exclusivamente com a língua literária, como modelo único para qualquer 
forma de expressão escrita ou falada. O prestígio e a autoridade da língua escrita em nossa 
sociedade, muitas vezes, são obstáculos para os principiantes nos estudos da Lingüística, 
que têm dificuldade em perceber e aceitar a possibilidade de considerar a língua falada 
independentemente de sua representação gráfica. É comum ouvir dizer de uma criança 
ainda não alfabetizada, que pronuncie mola por mora, por exemplo, que "ela troca letra", 
quando na realidade ela está substituindo um som por outro. 
 
Os critérios de coleta, organização, seleção e análise dos dados linguísticos 
obedecem aos princípios de uma teoria Linguística expressamente formulada para esse 
fim. Os resultados obtidos são correlacionados às informações disponíveis sobre outras 
línguas com o objetivo de elaborar uma teoria geral da linguagem. Distinguem-se, aqui, dois 
campos de estudos: a Linguística geral e a descritiva. A Linguística geral oferece os 
conceitos e modelos que fundamentarão a análise das línguas; a Linguística descritiva 
fornece os dados que confirmam ou refutam as teorias formuladas pela Linguística geral. 
São duas tarefas interdependentes: não pode haver Linguística geral ou teórica sem a base 
 
 
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empírica da Linguística descritiva. É possível, entretanto, que uma descrição Lingüística 
tenha outros objetivos, além de oferecer elementos para a análise da Lingüística geral; o 
trabalho de descrição de uma língua pode estar preocupado em produzir uma gramática ou 
um dicionário, com o objetivo de dotá-la de instrumentos para sua difusão na forma escrita, 
como no caso de línguas indígenas, africanas ou outras que ainda não circulem no meio 
escrito. 
 
No século XIX, os linguistas preocuparam-se com o estudo das transformações por 
que passavam as línguas, na tentativa de explicar as mudanças Lingüísticas. A Lingüística 
era histórica ou diacrônica. Saussure, no início do século XX, introduziu um novo ponto de 
vista no estudo das línguas, o ponto de vista sincrônico, segundo o qual as línguas eram 
analisadas sob a forma que se encontravam num determinado momento histórico, num 
ponto do tempo. A descrição Linguística observaria "a relação entre coisas coexistentes", 
que constituiriam o sistema linguístico. Embora defendesse a perspectiva sincrônica no 
estudo das línguas, Saussure reconhecia a importância e a complementaridade das duas 
abordagens: a sincrônica e a diacrônica. Em sincronia os fatos são observados quanto ao 
seu funcionamento, num determinado momento. Em diacronia os fatos são analisados 
quanto às suas transformações, pelas relações que estabelecem com os fatos que o 
precederam ou sucederam. 
 
2.2. Gramática: o ponto de vista normativo-descritivo 
A gramática tradicional propagou falsos conceitos sobre a natureza da linguagem já 
que fundamentou sua análise na língua escrita e não reconhece a diferença entre língua 
escrita e língua falada. A gramática tradicional assumiu uma visão prescritiva, normativa 
em relação à língua. Tanto que a primeira descrição Linguística de que se tem notícia, a do 
sânscrito, feita pelo gramático hindu Panini (século IV a.c) surgiu no momento em que a 
língua sânscrita culta (blasha) precisava ser estabilizada para defender-se da "invasão" dos 
falares populares (prácritos), portanto num momento em que uma determinada variedade 
Linguística deveria ser valorizada e difundida. 
 
Visto que a norma da correção é prescrita por uma fonte de autoridade, as demais 
variedades são consideradas inferiores e incorretas. Por outro lado, nas sociedades 
contemporâneas expressar-se segundo a norma, falar certo continua sendo valorizado, 
 
 
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porque a correção da linguagem está associada às classes altas e instruídas, é uma das 
marcas distintivas das classes sociais dominantes. 
 
 
 
A tarefa do gramático se desdobra em dizer o que é a língua, descrevê-la, e ao 
privilegiar alguns usos, dizer como deve ser a língua. Abordar a língua 
exclusivamente sob uma perspectiva normativa contribui para gerar uma série 
de falsos conceitos e até preconceitos, que vêm sendo desmistificados pela 
Linguística. 
 
 
Está suficientemente demonstrado que a língua escrita não pode ser modelo para a 
língua falada. Além do fato histórico de a fala ter precedido e continuar precedendo a escrita 
em qualquer sociedade, a diferença entre essas duas formas de expressão verifica-se 
desde sua organização até o seu uso social. 
 
Ao comparar as línguas em qualquer que seja o aspecto observado, fonologia, 
sintaxe ou léxico, o linguista constata que elas não são melhores nem piores, são, 
simplesmente, diferentes. Tampouco encontram-se evidências de uma língua que esteja 
próxima do princípio de uma escala evolutiva, que possa ser considerada primitiva em 
relação a outras já evoluídas. Todas as línguas até hoje estudadas constituem um sistema 
de comunicação estruturado, complexo e altamente desenvolvido. Nenhum traço da 
estrutura linguística pode ser atribuído a um reflexo da estrutura diferenciada de uma 
sociedade agrícola ou de uma sociedade moderna industrializada. Como Soares (1994, p. 
40) retifica: 
(...), tal como não se pode falar de "inferioridade" ou "superioridade" entre línguas, 
mas apenas de diferenças, não se pode falar de inferioridades ou superioridade 
entre dialetos geográficos ou sociais ou entre registros. Também aqui, como ocorre 
em relação ás línguas, cada dialeto e cada registro é adequado ás necessidades e 
características do grupo a que pertence o falante, ou á situação em que a fala 
ocorre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nossa gramática foi escrita como uma forma de separar a língua portuguesa 
europeia, considerada de maior prestígio, da língua que se falava nas ruas 
pelos pobres e negros.

Quais são as diferenças entre a língua falada e escrita?

A língua falada pode ser mais informal. Ela é tão flexível que cada dia aparecem palavras novas: gírias, neologismos, etc. Já a língua escrita requer mais formalidade, todas as palavras escritas corretamente. Tudo tem que estar em seu lugar”.

Quais são as principais diferenças entre a oralidade e a escrita?

A oralidade, comumente, utiliza uma forma mais coloquial de expressão. Enquanto isso, a escrita segue a linguagem formal (culta), indo paralelo às normas padrão da língua portuguesa. Cada variação linguística apresenta suas regras, portanto devem ser alocadas da forma que melhor se adéquam.

Qual a diferença entre o português escrito e o português falado?

na língua falada há um contato direto com o falante ( interlocutor)oque a torna mais concreta mais espontânea não apresentando grande preocupação gramatical . a linguagem escrita mantem o contato direto entre quem escreve e quem lê. espero ter ajudado.

Porque há diferenças entre a modalidade oral e escrita da língua?

As modalidades oral e escrita constituem universos específicos de linguagem e, como tal, possuem características próprias. A modalidade escrita parece caminhar para o espaço da totalidade, do distanciamento máximo entre produtor e interlocutor, enquanto a oralidade pressupõe um envolvimento maior entre os falantes.