Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

A contração do músculo esquelético está diretamente relacionada com a interação entre as proteínas miosina e actina.

Os músculos são estruturas formadas por tecido muscular que desempenham importante papel na locomoção e na contração de órgãos. Existem três tipos de tecido muscular no nosso organismo: estriado esquelético, estriado cardíaco e não estriado. O músculo estriado esquelético é caracterizado por ter contração voluntária, ou seja, que ocorre de acordo com a nossa vontade. Os músculos não estriados e cardíacos, por sua vez, apresentam contração involuntária.

A contração dos músculos esqueléticos é um processo que resulta no encurtamento das fibras musculares, estruturas alongadas que apresentam duas proteínas contráteis: a miosina e a actina. A miosina é responsável por formar os filamentos grossos, enquanto a actina forma os filamentos finos. Esses dois filamentos juntos são chamados de miofibrilas.

As miofibrilas estão organizadas em bandas claras e escuras, que formam o padrão característico dos músculos estriados. A banda clara, também denominada de banda I, é formada por filamentos finos (actina). Já a banda A, também chamada de escura, é formada por filamentos finos intercalados com filamentos grossos (miosina). As unidades contráteis lateralmente são delimitadas pela linha Z, que é formada por alfa-actina. Na região central da banda I, encontra-se uma lâmina escura denominada linha Z, e no centro da banda A encontra-se uma zona clara denominada zona H. Duas linhas Z, delimitando duas bandas I e uma banda A central, formam um sarcômero.

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Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

Observe atentamente a estrutura de um sarcômero

Para que ocorra a contração de fibras musculares esqueléticas, elas devem sofrer estímulos nervosos. Esses estímulos desencadeiam a liberação de acetilcolina na fenda sináptica, que leva à despolarização da membrana da célula muscular. Esse processo resulta na abertura dos canais de Ca2+, fazendo com que eles sejam lançados no citoplasma pelo retículo endoplasmático, também denominado, nessas células, de sarcoplasmático. Na região do citoplasma, o cálcio forma um complexo com proteínas responsáveis pela contração. Esse processo desencadeia a interação entre miosina e actina.

Na presença de Ca2+, as extremidades dilatadas da miosina fazem ligação com as moléculas de actina próximas e dobram-se com rapidez. Isso faz com que o filamento de actina seja deslocado para o centro, levando à aproximação das duas linhas Z, o que diminui o tamanho do sarcômero. Se vários sarcômeros contraem-se ao mesmo tempo, observa-se a contração de todo um músculo.

Cessado o estímulo, o cálcio é rebombeado para o interior do retículo sarcoplasmático, diminuindo-se, assim, os níveis dessa substância no citoplasma da célula. Com isso, observa-se o relaxamento do músculo e o fim do processo de contração muscular.

Índice

  • 1 Biofísica da Contração Muscular
    • 1.1 Junção Neuromuscular
    • 1.2 Posts relacionados

Confira um artigo completo que falamos sobre a Biofísica da Contração Muscular para esclarecer todas as suas dúvidas. Ao final, confira alguns materiais educativos para complementar ainda mais os seus estudos.

Boa leitura!

Biofísica da Contração Muscular

A força muscular é um conjunto de forças cuja origem está no tecido muscular. Fisiologicamente, nesse tecido, acontecem interações de proteínas que geram mudanças de configuração, proporcionando, assim, uma contração rápida e voluntária. A ação dessa força é consequência da transformação de energias, como descrito:

Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

Nesse processo, o músculo transforma energia química em trabalho e calor, onde a sua contração é medida pela alteração da força exercida em seus pontos fixos ou pelo simples encurtamento das fibras musculares. Sendo assim, a musculatura transmite uma resposta a estimulação para o meio ambiente por meio de movimentos.

Quando o músculo se contrai contra uma carga, ele realiza trabalho. Isso significa que a energia é transferida do músculo para a carga externa, para levantar um objeto até a maior altura ou para superar a resistência ao movimento.

Em termos matemáticos, o trabalho é definido pela equação: T = C x D, na qual T é o rendimento do trabalho, C é a carga e D a distância do movimento contra a carga. A energia necessária para se realizar trabalho é derivada de reações químicas nas células musculares durante a contração.

SE LIGA! A contração muscular é um processo extraordinário que permite a geração de força para mover ou resistir a uma carga. Em fisiologia muscular, a força produzida pela contração muscular é chamada de tensão muscular. A contração, a geração de tensão pelo músculo, é um processo ativo que necessita de energia fornecida pelo ATP, já o relaxamento é a liberação da tensão que foi produzida durante a contração.

Do ponto de vista morfológico, pode-se diferenciar entre músculo esquelético, músculo cardíaco e músculo liso. Esses três tipos de músculo apresentam pecularidades no mecanismo de contração. A maioria dos músculos esqueléticos está unida aos ossos do esqueleto, o que capacita esses músculos a controlarem os movimentos corporais. O músculo cardíaco é encontrado apenas no coração e movimenta o sangue pelo sistema circulatório. Os músculos esquelético e cardíaco são classificados como músculos estriados, devido ao padrão alternado de bandas claras e escuras observado na microscopia óptica.

Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

A contração muscular esquelética envolve uma série de eventos celulares, que tem início na junção neuromuscular através da conversão de um sinal químico (a acetilcolina liberada pelo neurônio motor somático) em um sinal elétrico na fibra muscular, seguida da etapa de acoplamento excitação-contração, que é o processo onde os potenciais de ação musculares produzem um sinal de cálcio, o qual, por sua vez, ativa o ciclo de contração-relaxamento. Por fim, no nível molecular, o ciclo de contração-relaxamento é explicado pela teoria dos filamentos deslizantes da contração muscular.

SE LIGA! Nos músculos intactos, um único ciclo de contração-relaxamento é chamado de abalo muscular.

Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

A unidade básica de contração em um músculo esquelético íntegro é a unidade motora, formada por um grupo de fibras musculares que trabalham em conjunto e pelo neurônio motor somático que inerva essas fibras. Quando o neurônio motor somático dispara um potencial de ação, todas as fibras musculares daquela unidade motora se contraem.

SE LIGA! Embora um neurônio motor somático inerve diversas fibras musculares, cada fibra muscular é inervada por apenas um neurônio motor.

Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

Imagem: Unidade motora. Fonte: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. SILVERTHORN, Dee Unglaub. 7. ed. Porto Alegre (2017)

Junção Neuromuscular

As vias motoras somáticas, que controlam a musculatura esquelética, diferem das vias autonômicas, tanto anatômica quanto funcionalmente. Sabe-se que as vias motoras somáticas são constituídas por um neurônio único que se origina no SNC e projeta seu axônio até o tecido-alvo, que é sempre um músculo esquelético e são sempre excitatórias, diferentemente das vias autonômicas, que podem ser excitatórias ou inibidoras.

A sinapse entre um neurônio motor somático e uma fibra muscular esquelética é chamada de junção neuromuscular. Assim como todas as outras sinapses, a junção neuromuscular tem três componentes: o terminal axonal pré-sináptico do neurônio motor, contendo vesículas sinápticas e mitocôndrias, a fenda sináptica e a membrana pós-sináptica da fibra muscular esquelética.

No terminal axonal há muitas mitocôndrias que fornecem trifosfato de adenosina (ATP), a fonte de energia que é usada para a síntese de transmissor excitatório: a acetilcolina (ACh).

O receptor nicotínico da acetilcolina medeia a neurotransmissão pós-sináptica na junção neuromuscular e nos gânglios autônomos periféricos. Sabe-se que o receptor nicotínico no adulto é composto por cinco peptídeos: dois peptídeos α, um peptídeo β, um peptídeo γ e um peptídeo δ.

Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

Imagem: Receptor nicotínico de acetilcolina. Fonte: Farmacologia básica e clínica. Katzung. 13. ed. Porto Alegre (2017)

A ativação de receptor nicotínico causa despolarização da célula nervosa ou da membrana da placa terminal neuromuscular, devido a ligação de duas moléculas de acetilcolina aos receptores nas subunidades α-β e δ-α, o que determina a abertura do canal. O movimento subsequente de sódio e de potássio através do canal está associado a uma despolarização graduada da membrana da placa motora, sendo essa mudança de voltagem denominada potencial da placa motora.

Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

Imagem: Abertura do receptor nicotínico de acetilcolina. Fonte: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. SILVERTHORN, Dee Unglaub. 7. ed. Porto Alegre (2017)

Se o potencial for pequeno, a permeabilidade e o potencial da placa motora normalizam-se e, dessa forma, não há propagação de um impulso da região da placa motora para o restante da membrana muscular. Entretanto, se o potencial da placa motora for grande, a membrana muscular adjacente é despolarizada e ocorre propagação de um potencial de ação ao longo de toda a fibra muscular.

Quem controla os movimentos de contração muscular no músculo esquelético?

Imagem: Potencial de ação muscular. Fonte: Fisiologia humana: uma abordagem integrada. SILVERTHORN, Dee Unglaub. 7. ed. Porto Alegre (2017)

Em relação aos aspectos quantitativos dos potenciais musculares, o potencial de repouso da membrana é de cerca de -80 a -90 milivolts nas fibras musculares esqueléticas, o mesmo das grandes fibras nervosas mielinizadas. A duração do potencial de ação é de 1 a 5 milissegundos no músculo esquelético, cerca de cinco vezes mais prolongado que nos grandes nervos mielinizados. A velocidade de condução é de 3 a 5 m/s, cerca de 1/13 da velocidade de condução nas grandes fibras nervosas mielinizadas que excitam o músculo esquelético.

SE LIGA! A magnitude do potencial da placa motora está diretamente relacionada com a quantidade de acetilcolina liberada.

No músculo esquelético, o influxo resultante de sódio que despolariza a fibra muscular dispara um potencial de ação que leva a contração da célula muscular esquelética. A ação da acetilcolina na placa motora terminal do músculo esquelético é sempre excitatória, produzindo contração muscular.

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Quem controla a contração dos músculos?

O controle da musculatura é realizado pelo sistema nervoso, sendo que a precisão de cada movimento pode ser maior ou menor de acordo com a quantidade de unidades motoras (motoneurônio e fibras musculares) envolvida na ação.

Quem controla os movimentos de contração e relaxamento dos músculos?

Resposta: Nervos motores controlam a contração normal das fibras musculares esqueléticas. Explicação: Ramificados dentro do tecido conjuntivo do perimísio neste local de inervação, o nervo perde sua bainha de mielina e forma a dilatação que se situa dentro de uma depressão da superfície da fibra muscular.

Qual sistema comanda a contração do músculo estriado esquelético?

A contração do músculo esquelético ocorre com a ação de impulsos nervosos, liberando íons cálcio que atuarão com moléculas de ATP no movimento dos filamentos das miofibrilas.

Como ocorre o processo de contração do músculo esquelético?

O músculo estriado esquelético apresenta uma contração rápida e vigorosa. Essa contração é voluntária, ou seja, está relacionada à nossa vontade e acontece por causa da sobreposição de filamentos finos e grossos.