Quem é influenciado pelos comportamento nomeados por esses Vocativos?

1 OXÍMORO & IRONIA Termos da oração, vozes verbais e dissertação Módulos 2...

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Termos da oração, vozes verbais e dissertação – Módulos 25 – Aposto e Vocativo 26 e 27 – Níveis de linguagem

(antítese, paradoxo, ironia,

28 e 29 – Prática de Redação (6)

apóstrofe e metonímia)

30 – Voz passiva analítica

40 e 41 – Prática de Redação (9)

31 – Crônica reflexiva x dissertação

42 – Orações coordenadas

32 e 33 – Prática de Redação (7)

43 – Dissertação – tese

34 – Voz passiva sintética

44 – Exercícios Propostos

35 – Dissertação

45 – Argumentação:

36 e 37 – Prática de Redação (8) OXÍMORO & IRONIA

38 – Índice de indeterminação do sujeito

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Aposto e Vocativo

O poema de Carlos Drummond de Andrade é base para responder às questões de números

A e B. A excitante fila do feijão Larga, poeta, a mesa de escritório, esquece a poesia burocrática e vai cedinho à fila do feijão. Cedinho, eu disse? Vai, mas é de véspera, seja noite de estrela ou chuva grossa, e sem certeza de trazer dois quilos. Certeza não terás, mas esperança (que substitui, em qualquer caso, tudo), uma espera-esperança de dez horas. Dez, doze ou mais: o tempo não importa quando aperta o desejo brasileiro de ter prato a preta, amiga vagem.

39 – Linguagem figurada

evidência e análise 46 – Delimitação de assunto 47 e 48 – Prática de Redação (10)

• Explica • Especifica • Enumera • Resume

Se nada conseguires... tudo bem. Esperar é que vale – o povo sabe enquanto leva as suas bordoadas. Larga, poeta, o verso comedido, a paz do teu jardim vocabular, e vai sofrer na fila do feijão.

A

(SENAC – MODELO ENEM) – Os versos de Drummond, com predominância das funções a) metalinguística e fática, trazem uma reflexão do eu lírico sobre a realidade por ele idealizada. Trata-se de um poema de viés filosófico. b) emotiva e poética, fazem uma descrição positiva da fila e do feijão, ambos marcas da sociedade brasileira. Trata-se de um poema de viés intimista. c) referencial e fática, apresentam a fila e o feijão como os problemas sociais mais urgen-

tes e sem solução. Trata-se de um po a de viés pessimista. d) apelativa e emotiva, revelam que o eu lírico não tem dificuldade de enfrentar fatos de seu cotidiano, como a fila e a falta de feijão. Trata-se de um poema de viés lírico. e) apelativa e metalinguística, mostram a fila do feijão como uma realidade comum dos brasileiros que gostam e necessitam do feijão. Trata-se de um poema de viés social. Resolução Trata-se de função apelativa ou conativa, porque a mensagem do poema está centrada no receptor, com o emprego de verbos na 2.a pessoa do singular. Na última estrofe, há função metalinguística, pois há referência ao ato de escrever. Resposta: E

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B

(SENAC – MODELO ENEM) – O emprego de vírgula para separar o termo poeta no verso – Larga, poeta, a mesa de escritório, – também ocorre em a) Meu amigo, que há tempos não vejo, chegará hoje. b) Pedro, o meu amigo, nasceu na mesma cidade que eu. c) Não me venha com palavras grosseiras, meu amigo. d) Amigo, às vezes, é mais do que um irmão. O sócio, amigo antigo, era de extrema confiança.

Resolução O vocativo é uma interpelação que sempre vem entre vírgulas, como é o caso de poeta e meu amigo. Resposta: C

C

(MODELO ENEM) – Em “Mira-te naquele espelho, tentação do diabo!”, o trecho destacado desempenha a mesma função que o trecho destacado em: a) “Nós, os meninos, queríamos encontrar os estragos da cheia.” (José Lins do Rego) b) “Nós já tínhamos imaginado, mamãe e eu,

A (AFA) – Leia atentamente esta tira do Hagar.

fazer uma grande peregrinação.” (Graça Aranha) c) “Não faça entrar mais ninguém hoje, Abelardo.” (Oswald de Andrade) d) “Amanhã, às oito horas, atrás da igreja.” (Antônio de Alcântara Machado) e) “Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.” (Manuel Bandeira) Resolução Os trechos destacados no enunciado e em c são vocativos, ou seja, termos exclamativos usados para chamar alguém ou alguma coisa. Resposta: C

B

Transcreva da tirinha os termos ou expressões que funcionam como aposto.

RESOLUÇÃO: “Os caras mais durões de toda a Escandinávia”, “o Horrível”, “o Malvado”, “o Terrível”, “o Nojento”, “o Legalzinho”.

C

Você deve ter observado que os apostos substituem um outro termo da oração. Nas frases abaixo, há um aposto para cada termo destacado. Grife o aposto e classifique-o de acordo com o código: 1) Aposto explicativo 2) Aposto especificativo 3) Aposto resumidor 4) Aposto enumerativo

É correto afirmar que há ocorrência de apostos nos quadrinhos a) II, III, IV, V e VI somente. b) II, IV, V, VI e VII apenas. c) I, II, III, IV, V e VI apenas. d) I, II, III, IV, V, VI e VII. RESOLUÇÃO: Resposta: C

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a)

(

4 )

“Tudo acabou: as casas, os jardins, as árvores.” –––––––––––––––––––––––––––– (Rubem Braga)

b)

(

1 )

“Já brilha na cabana do Araquém o fogo, compa–––––– nheiro da noite.” (José de Alencar) ––––––––––––––

c)

(

3 )

“Jogos, brincadeiras, conversações, tudo ––––– fazia parte das comemorações.

d)

(

2 )

“O rio Parnaíba deságua no Atlântico. ––––––––

e)

(

2 )

“Com frequência, o poeta Carlos Drummond –––––––––––––––––– de Andrade escrevia sobre sua pequena cidade –––––––– natal.

f)

(

1 )

“Maria, esposa do infeliz, abriu finalmente a –––––––––––––––– porta.” (Fernando Sabino)

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D (UNIFIL) – Mesmo pessoas que aparentemente superaram a inibição apresentaram hiperatividade na amígdala, o “centro do medo”, ... O termo isolado por vírgulas na oração destacada a) explica o que já foi dito e sintaticamente funciona como vocativo. b) explica o que já foi dito e sintaticamente funciona como aposto. c) explica o que já foi dito e sintaticamente funciona como sujeito. d) explica o que já foi dito e sintaticamente funciona como objeto direto. e) explica o que já foi dito e sintaticamente funciona como vocativo e aposto. RESOLUÇÃO: Resposta: B

e) “Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste! / Passei –––––––––––––––––––– a vida à toa, à toa...” (Manuel Bandeira) f) “O bicho, meu Deus, era um homem.” (Manuel Bandeira) –––––––––– g) “Olá, guardador de rebanhos, / aí à beira da estrada, / Que –––––––––––––––––––––– te diz o vento que passa?” (Alberto Caeiro) Concluindo:

VOCATIVO é um termo independente da oração. É um termo exclamativo, usado para chamar alguém ou alguma coisa personificada. Não faz parte nem do sujeito nem do predicado da oração. O vocativo pode ocupar qualquer posição na frase e é separado dos outros termos por vírgula.

Concluindo: APOSTO é um termo acessório da oração. O aposto explica, especifica, enumera ou resume outro termo de caráter nominal da oração, podendo substituí-lo. Examine os exemplos a seguir: Rui Barbosa, o Águia de Haia, dominava bem recursos de =============== oratória. (O Águia de Haia explica o termo Rui Barbosa, podendo ocupar o seu lugar na oração.)

A cidade de Salvador assemelha-se em alguns pontos com ========= Lisboa. (De Salvador especifica o termo cidade. Salvador pode substituir cidade.) Temos duas características: determinação e paciência. ========================== (Determinação e paciência consistem na enumeração das duas características. Podem substituir duas características.) Cores, aromas, consistências, nada evocava sensações ===== inéditas.

Cidadãos! Não me cumpre aqui apenas prometer, mas dar a minha própria vida como garantia de que, uma vez merecedor da confiança que os senhores na urna depositarão, e assim que empossado, criarei tantos empregos quantos necessários, tantas salas de aula quantas demandadas, tantos postos de saúde quantos reclamados!

F (ENEM) – A fala acima revela o discurso de um candidato em campanha eleitoral, não apenas porque fala em urna e posse, mas também porque a) as intenções de providências são objetivamente analisadas. b) a linguagem coloquial estabelece uma relação de confiança. c) a solenidade da linguagem reforça o tom de sinceridade. d) há recusa em fazer muitas promessas. e) o vocativo e as repetições reforçam a linguagem persuasiva. RESOLUÇÃO: Resposta: E

G

(UNITAU) – Os termos em negrito no poema exercem, respectivamente, a função sintática de

Ó pedaço de mim Ó metade afastada de mim Leva o teu olhar Que a saudade é o pior tormento É pior do que o esquecimento É pior do que se entrevar.

(Nada é o termo que resume cores, aromas, consistências. Pode substituir cores, aromas, consistências.)

E Sublinhe o termo usado para chamar, para interpelar algo ou alguém. Observe que esse termo pode ser retirado da frase sem alterar o sujeito nem o predicado. a) ”...Bem, vou indo, Deus lhe pague, amigo!” (Guimarães Rosa) –––––– b) “— Seu doutor, a gente não deve de ficar adiante de boi, –––––––––– nem atrás de burro, nem perto de mulher! Nunca que dá certo...” (Guimarães Rosa) c) “— Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, senhor ––––––––––––––––––––––––––––– Deus!” (Castro Alves)

(Chico Buarque de Holanda) a) sujeito; objeto direto. c) aposto; objeto direto. e) vocativo; objeto direto.

b) sujeito; sujeito. d) aposto; sujeito.

RESOLUÇÃO: Resposta: E

d) “Se encontrares louvada uma beleza, / Marília, não lhe inve–––––– jes a ventura” (Tomás Antônio Gonzaga)

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Níveis de linguagem

Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. (…) A este respeito a influência do povo é decisiva. (Machado de Assis)

Linguagem Falada e Escrita A língua escrita tem como uma de suas finalidades representar graficamente a língua falada. Contudo, os sinais gráficos não conseguem mostrar grande parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, os gestos, as expressões fisionômicas. Sendo assim, a linguagem escrita deve ser muito mais trabalhada, para compensar o que lhe falta. Mas a escrita não é apenas reprodução da fala, pois é também um meio autônomo de comunicação e produção de sentido. As grandes obras da tradição oral – isto é, obras compostas e transmitidas oralmente durante séculos, antes da existência da escrita – foram registradas por escrito e assim chegaram até nós (exemplos: a Bíblia, os poemas de Homero). Mas as obras literárias, filosóficas, científicas, etc. dependem da escrita desde o momento de sua criação: são compostas por escrito e assim transmitidas, geralmente em vista da leitura silenciosa e solitária. Não há uma língua que seja, em todos os seus campos de aplicação, um sistema uno, invariado e rígido, ainda que, frequentemente, parta-se do pressuposto de que existe um idioma padrão, falado em determinado país, aceito pela comunidade e imposto pelo uso comum. Sabe-se que, de modo geral, a língua apresenta não só variações regionais, mas também registros diferenciados de acordo com a situação, formal ou informal, em que se dá a comunicação.

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• Culta • Popular • Coloquial • Regional

Linguagem culta A linguagem culta é ensinada nas escolas e serve de instrumento para a comunicação formal (incluindo-se aí a imprensa) e para as criações da literatura, do pensamento e das ciências, nas quais se apresenta com terminologias especiais. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se por obedecer a padrões tradicionais, presentes nos textos de escritores consagrados e codificados nas gramáticas normativas, que apresentam “regras” para o que é considerado o “bom” uso da língua. (Há também gramáticas descritivas, que não contêm regras, mas apenas análise dos usos linguísticos.)

Linguagem popular Linguagem popular é a usada espontânea e livremente pelo povo. Muitas vezes foge à norma gramatical e aos padrões tradicionais, criando formas de expressão que os conservadores, presos à gramática normativa, classificam negativamente como “erros”, “vícios de linguagem”, “vulgarismos” e gíria. A gíria é uma das maiores fontes de criatividade linguística e a língua popular é um dos fatores centrais (mas não o único) a determinar as alterações e a evolução de uma língua.

Gíria Segundo Mattoso Câmara Jr., “estilo literário e gíria são, em verdade, dois pólos da Estilística, pois gíria não é a linguagem popular, como pensam alguns, mas apenas um estilo que se integra à língua popular”. Tanto que nem todas as pessoas que se exprimem por meio da linguagem popular usam gíria. No estilo literário, a gíria pode ser incluída para atribuir ao texto informalidade e espontaneidade. No entanto, o tempo de vigência de um termo de gíria pode ser efêmero, pois a gíria é muito dinâmica e suas criações

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podem desaparecer rapidamente. Sendo assim, uma obra literária que contém muitos termos de gíria corre sério risco de ficar ultrapassada. Mas, é claro que não podemos descartar a possibilidade de incorporação definitiva de termos de gíria à língua, como já aconteceu não raras vezes. Por isso, nem sempre é possível estabelecer uma distinção precisa entre gíria e palavra popular, mesmo porque ambas são, frequentemente, de origem popular.

lusitano (com diversas variantes dialetais) etc. Há regiões que contam com vários dialetos (por exemplo, há diversos dialetos paulistas: o caipira, o italianado etc.). Uma língua é um conjunto de dialetos, dos quais se destaca um que, por seu prestígio cultural e social, é considerado a língua padrão.

A linguagem regional (ou dialetal) e a língua padrão Linguagem regional é aquela marcada por características típicas de determinada região, do ponto de vista fonológico (pronúncia), vocabular e cultural – exemplos: falar ou dialeto caipira, gaúcho, carioca, mineiro, paulista,

Alguns termos de gíria e nomes que vieram do tupi Nhenhenhém: falar muito, resmungar, vem do verbo nhe’eng, que significa falar. Chorar as pitangas: pyrang em tupi é vermelho. A expressão significa pedir insistentemente algo que é negado, lamuriando-se, choramingando (até os olhos ficarem vermelhos). Jururu: aruru significa triste, cabisbaixo. Ipanema: nome de lugar fedorento.

A

(ENEM) Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo. Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito. O senhor é nosso cliente? Cliente – Sou Júlio Cesar Fontoura, também sou funcionário do banco. Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma. BORTONI-RICARDO, S.M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado). Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido a) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, caracterizada pela informalidade. b) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco. c) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais).

Pindaíba: pindá é anzol, a’ib, ruim. A expressão servia para indicar quando alguém ia mal nas pescarias e não conseguia o suficiente para comer. Hoje o termo é usado para indicar “sem dinheiro, duro”. Pernambuco: mar com fendas, rachado, o que representaria os arrecifes do mar pernambucano.

d) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo. e) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio. Resolução É bastante evidente, no diálogo transcrito, a passagem do registro formal para o informal, quando o interlocutor da gerente do banco se identifica. Índices de informalidade: você (por senhor), cara, cê (você), tivesse (estivesse) etc. Resposta: A

B

(ENEM) Iscute o que tô dizendo, Seu dotô, seu coroné: De fome tão padecendo Meus fio e minha muié. Sem briga, questão nem guerra, Meça desta grande terra Umas tarefa pra eu! Tenha pena do agregado Não me dêxe deserdado

(Revista Veja – Adaptado)

A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lirico revela-se como falante de uma variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como um falante a) escolarizado proveniente de uma metrópole. b) sertanejo morador de uma área rural. c) idoso que habita uma comunidade urbana. d) escolarizado que habita uma comunidade do interior do país. e) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país. Resolução Trata-se de um dialeto rural, como se percebe até pela referência ao trabalho no campo, um dialeto próximo do caipira (“meus fio e minha muié”), mas distinto dele por alguns traços (iscuta, no dialeto caipira, seria iscuita). A única alternativa cabível é a b, como o candidato atento facilmente perceberia. Resposta: B

PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008.

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Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala. — Não pode? perguntei com assombro. E por quê? Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode. — Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, Seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia. (Graciliano Ramos, São Bernardo)

A

A que diferença de linguagem se refere a personagem Azevedo Gondim?

RESOLUÇÃO: O diálogo salienta a existência de dois níveis de linguagem. Um deles é o padrão culto, de maior prestígio, preso a normas gramaticais, usado em situações formais e em textos literários, técnicos e científicos. O outro nível é o coloquial ou popular, de menor prestígio, descontraído, empregado em situações familiares, informais e que apresenta vícios de oralidade. O personagem Azevedo Gondim referiu-se a esta diferença: para escrever é necessário usar o padrão culto.

Texto para as questões de B a D. Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar esse fato, seu professor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luis Fernando Verissimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.

Aí, Galera Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não? — Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.

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— Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. — Como é? — Aí, galera. — Quais são as instruções do técnico? — Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. — Ahn? — É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça. — Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? — Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? — Pode. — Uma saudação para a minha progenitora. — Como é? — Alô, mamãe! — Estou vendo que você é um, um... — Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? — Estereoquê? — Um chato? — Isso. (Correio Braziliense, 13/05/1998.)

2 (ENEM) – O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas a) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe. b) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado. c) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão “progenitora”, por parte do jogador. d) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”. e) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo. RESOLUÇÃO: Resposta: E

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C (ENEM) – A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua culta, formal, por a) pegá-los na mentira. b) pegá-los desprevenidos. c) pegá-los em flagrante. d) pegá-los rapidamente. e) pegá-los momentaneamente. RESOLUÇÃO: Resposta: B

4

(ENEM) – O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa também uma inadequação da linguagem usada ao contexto. a) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” – pedestre que assistiu ao acidente comenta com outro que vai passando. b) “E aí, ô meu! Como vai essa droga?” – jovem que fala para um amigo. c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” – alguém comenta em uma reunião de trabalho. d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa” – alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego. e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros” – professor universitário em congresso internacional.

RESOLUÇÃO: Resposta: E

Considere a tirinha para responder às questões de números 5 a 7.

5 (UNIFESP) –

O termo hedonismo, na fala do pai de Calvin, está relacionado a) à sua busca por valores mais humanos. b) ao seu novo ritmo de vida. c) à sua busca por prazer pessoal e imediato. d) à sua forma convencional de viver. e) ao seu medo de enfrentar a realidade.

RESOLUÇÃO: Hedonismo é uma doutrina que prega o prazer como bem supremo e finalidade da vida. Portanto, o emprego do termo pelo pai de Calvin se justifica devido à satisfação demonstrada em suas atividades de final de semana (“Ahh, isso é que é vida!”). Resposta: C

6 (UNIFESP) – Assinale a alternativa correta, tendo como referência todas as falas do menino Calvin. a) O emprego de termos como gente e tem é inadequado, uma vez que estão carregados de marcas da linguagem coloquial desajustadas à situação de comunicação apresentada. b) Calvin emprega o pronome você não necessariamente para marcar a interlocução: antes, trata-se de um recurso da linguagem coloquial utilizado como forma de expressar ideias genéricas. c) O emprego de termos de significação ampla — como noção, tudo, normal — prejudica a compreensão do texto, pois o leitor não consegue entender, com clareza, o que se pretende dizer. d) O pronome eles é empregado duas vezes, sendo impossível, no contexto, recuperar-lhe as referências. e) O termo bem é empregado com valor de confirmação das informações precedentes. RESOLUÇÃO: O pronome você foi empregado de forma genérica, referindo-se a toda e qualquer pessoa. Resposta: B

7 (UNIFESP) –

Em — E correr uns bons 20 km! — o termo uns assume valor de a) posse. b) exatidão. c) definição. d) especificação. e) aproximação. RESOLUÇÃO: O artigo indefinido uns, no texto, sugere a ideia de cálculo aproximado. Resposta: E

(O Estado de S. Paulo, 1.°/5/2003, Adaptado.)

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H

Reescreva as frases abaixo, adequando-as ao padrão culto da língua: a) “O povo daqui é muito hospitalar.” (frase de um jogador de futebol). RESOLUÇÃO: O povo daqui é muito hospitaleiro.

b) “O que vou dizer é que tem que ter impunidade senão não vai melhorar a violência.” (frase de um jogador de futebol) RESOLUÇÃO: O que vou dizer é que deve haver punição, senão o problema da violência não será resolvido.

Todas as alternativas abaixo sobre essa piadinha estão corretas, exceto: a) As falas dos alunos dão indício de que se trata de uma comunidade linguística que usa sistematicamente o -r como o segundo fonema de certos grupos consonantais nos quais a língua padrão consagra o -I. b) A gramática dessas crianças marca o plural apenas uma vez, no artigo, como em os menino, os tiro, as fruta etc. c) Se a menina disse pedar (e não pedal), é possível prever que ela dirá também animar (e não animal), pombar (e não pombal), sordado (e não soldado) e arface (e não alface). d) As crianças ironizadas na piada falam uma variante desprestigiada do Português, mas sua língua não é um caos, ao contrário, ela tem regras como qualquer variante da Língua Portuguesa. e) Pelas falas, há indício de tratar-se de um grupo de crianças que não domina a Língua Portuguesa. RESOLUÇÃO: Resposta: E

J (UFSCar) – Levando-se em conta a norma padrão do português do Brasil, a) como você caracteriza a variação linguística que aparece em Me deu uma tontura? c) “O rapaz, que a família nos procurou, acabou sendo preso mesmo não tendo nada haver com o caso.” (redação de aluno)

RESOLUÇÃO: Me deu uma tontura é uma variante popular, pois a norma culta não admite o emprego do pronome oblíquo em início de oração.

RESOLUÇÃO: O rapaz, cuja família nos procurou, acabou sendo preso, mesmo nada tendo a ver com o caso.

I

(UNIMEP) – Leia com atenção a seguinte historinha humorística divulgada em www.uol.com.br, “Uol Crianças”, acessado em 28/06/04:

A professora pergunta para a Mariazinha: — Mariazinha, me dê um exemplo de verbo. — Bicicreta! – respondeu a menina. — Não se diz “bicicreta”, e sim “bicicleta”. Além disso, bicicleta não é verbo. Pedro, me diga você um verbo. — Prástico! – disse o garoto. — É “plástico”, não” prástico”. E também não é verbo. Laura, é sua vez: me dê um exemplo correto de verbo – pediu a professora. — Hospedar! – respondeu Laura. — Muito bem! – disse a professora. Agora, forme uma frase com este verbo. — Os pedar da bicicreta é de prástico!

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b) Como você redigiria essa frase de acordo com a norma padrão? RESOLUÇÃO: Passando a frase para a norma padrão, tem-se: Deu-me uma tontura.

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Voz Passiva Analítica

A

(MODELO ENEM) – Nas aulas de Língua Portuguesa, é muito comum, para a identificação de uma oração em voz passiva sintética (por exemplo, “Estuda-se Gramática”), proceder à sua transformação em voz passiva analítica (“Gramática é estudada”), pois as duas construções da voz passiva teriam sentido idêntico ou muito próximo. Assinale a alternativa em que esse mecanismo não funciona adequadamente, cada oração podendo significar algo diverso da outra. a) Transferiu-se a data do evento. A data do evento foi transferida. b) Estudar-se-á Química. Química será estudada. c) Aluga-se esta casa.

• Sujeito paciente • Agente da passiva

Esta casa é alugada. d) Perdeu-se a reputação. A reputação foi perdida. e) Elegem-se péssimos políticos. Péssimos políticos são eleitos. Resolução A frase “Aluga-se esta casa” indica, em seu uso corrente, que o imóvel está sendo ofertado para locação. Já a afirmação “Esta casa é alugada” normal mente significa que a casa está em regime de locação, ou seja, que quem mora nela não é seu proprietário, mas inquilino. Resposta: C

B

(MACKENZIE – MODELO ENEM) – “Depois de um ano, você é considerado um ex por

A Considerando as falas da tirinha, quem expulsou Adão e Eva do Paraíso? RESOLUÇÃO: Eles.

B Complete a primeira fala de Adão, incluindo a resposta da

muitos pneumologistas.” Transpondo o trecho acima para a voz ativa, o segmento destacado corresponde a: a) pode considerá-lo. b) lhe considerarão. c) consideram-no. d) vão estar considerando-o. e) devem considerar-lhes. Resolução O sujeito da oração na voz ativa é a expressão “muitos pneumologistas”, portanto o verbo deve ir para a terceira pessoa do plural (consideram) e o pronome oblíquo, com função de objeto direto, deve ser de terceira pessoa: o. Resposta: C

C Qual é o sujeito da frase que você completou? Esse sujeito pratica ou sofre a ação expressa pela forma verbal “fui... humilhado”? RESOLUÇÃO: O sujeito é simples (eu) e ele sofre a ação expressa pelo verbo, sendo, portanto, sujeito paciente.

pergunta anterior. RESOLUÇÃO: Eu nunca fui tão humilhado por eles.

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D Quem é o agente da ação verbal? Qual a função sintática que ele exerce? RESOLUÇÃO: O agente da ação verbal é “eles” e a expressão “por eles” exerce a função sintática de agente da passiva.

E

Qual é a voz verbal que apresenta a seguinte formação sujeito paciente + verbo ser + verbo no particípio + agente da passiva?

G Classifique os verbos das orações abaixo. Se for possível, passe a frase para a voz passiva analítica e sublinhe o agente da passiva. Se não for possível, indique o motivo. a) O jornaleiro reservou um exemplar da revista. RESOLUÇÃO: reservou: VTD Um exemplar da revista foi reservado pelo jornaleiro.

b) As saúvas atacavam as plantações. RESOLUÇÃO: atacavam: VTD As plantações eram atacadas pelas saúvas.

RESOLUÇÃO: É a voz passiva analítica.

c) O senhor o censurou?

F a) É possível transformar a fala de Adão de forma que “eles”

RESOLUÇÃO: censurou: VTD Ele foi censurado pelo senhor?

passe a ser o sujeito da oração? Faça a transformação e dê a função sintática de “eu” na oração transformada. RESOLUÇÃO: Eles nunca me humilharam tanto. O pronome pessoal reto “eu” passa a oblíquo “me” e exerce a função de objeto direto.

d) Os netos dedicarão um poema aos avós. RESOLUÇÃO: dedicarão: VTDI Um poema será dedicado aos avós pelos netos.

e) A polícia vem apurando novos fatos. b) Em que voz verbal está a frase em que “eles” é o sujeito agente?

RESOLUÇÃO: vem apurando: VTD Novos fatos vêm sendo apurados pela polícia.

RESOLUÇÃO: Está na voz ativa.

f) Apenas os mais habilitados deveriam ter prestado o exame. A voz passiva analítica é formada com o verbo auxiliar (ser, estar, ficar) seguido de particípio do verbo principal. Exemplos A brisa leva as flores. ↑

sujeito agente

g) Isso não é assunto para leigos!

VTD na voz ativa

RESOLUÇÃO: deveriam ter prestado: VTD O exame deveria ter sido prestado apenas pelos mais habilitados.

RESOLUÇÃO: Verbo de ligação não admite voz passiva.

OD

As flores são levadas pela brisa. ↑

sujeito paciente

VTD na voz passiva analítica

Os pais

darão

sujeito agente

VTDI na voz ativa

agente da passiva

outra oportunidade ao filho. ↑

objeto direto

objeto indireto

h) As crianças dormiam profundamente. RESOLUÇÃO: Verbo intransitivo não admite voz passiva.

Outra oportunidade será dada ao filho pelos pais. ↑ sujeito paciente

↑ VTDI na voz passiva analítica

OI

agente da passiva

Nota: Às vezes, a voz passiva analítica é formada com outros verbos auxiliares. Exemplos: – O rapaz vive rodeado de belas garotas. – A pequena cidade estava cercada pelas águas do rio.

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i) Acredito em você. RESOLUÇÃO: Verbo transitivo indireto não admite voz passiva.

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H Você observou que nem todas as orações puderam ser passadas para a voz passiva. Que verbos, na voz ativa, admitiram passagem para a voz passiva? RESOLUÇÃO: Os verbos transitivos diretos e os transitivos diretos e indiretos.

Concluindo: VOZ PASSIVA ANALÍTICA: a) só podem ser apassivados verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos; b) o objeto direto da voz ativa passa, na passiva, a sujeito paciente; c) o sujeito da ativa, na passiva, passa a agente da passiva (obrigatoriamente preposicionado); d) os verbos auxiliares da passiva (ser, estar, ficar) ficam no mesmo modo e tempo do verbo principal da voz ativa; e) o verbo principal da voz ativa passa para o particípio, concordando em gênero e número com o sujeito da passiva.

I (FGV) – Observe a seguinte oração: ”…os portugueses não haviam sido por uma tempestade empurrados para a terra de Santa Cruz.” a) Nessa oração, há uma locução verbal. Identifique-a.

J (MACKENZIE – MODELO ENEM) – De acordo com a norma culta, a forma passiva do segmento: “O bom jesuíta havia assim criado / uma espécie de antecipação / do computador…” é: a) Uma espécie de antecipação do computador havia assim criado o bom jesuíta. b) Uma espécie de antecipação do computador havia assim sido criada pelo bom jesuíta. c) Uma espécie de antecipação do computador foi assim criada pelo bom jesuíta. d) Criava-se assim uma espécie de antecipação do computador pelo bom jesuíta. a) Pelo bom jesuíta foi-se assim criando uma espécie de antecipação do computador. RESOLUÇÃO: Na passagem para a voz passiva analítica, o objeto direto da voz ativa – “uma espécie de antecipação do computador” – passa a sujeito paciente e à locução verbal ativa – “havia criado” – acrescenta-se o auxiliar ser. Resposta: B

K Complete o quadro de resumo.

RESOLUÇÃO: A locução verbal é haviam sido empurrados.

VOZ PASSIVA ANALÍTICA

Verbos que permitem Transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos. voz passiva

b) Em que voz ela está? RESOLUÇÃO: A oração está na voz passiva analítica.

Transformação c) Qual é o verbo principal dessa oração? RESOLUÇÃO: O verbo principal é empurrar.

objeto direto da voz ativa = sujeito da passiva (sujeito paciente)

de voz ativa em voz passiva

sujeito da voz ativa (sujeito agente ou ativo) = agente da passiva

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Crônica reflexiva x dissertação

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• Abordagem reflexiva • Posicionamento crítico

A crônica reflexiva e a dissertação aproximam-se no conteúdo, mas distinguem-se na estrutura. Com estrutura definida, a dissertação deve apresentar tese, argumentação e conclusão; na crônica, podem-se dispor as ideias livremente. Na dissertação prevalece a norma culta; na crônica, a linguagem informal, próxima do coloquial; na dissertação, discute-se uma ideia por meio de argumentação; na crônica, a crítica, o humor, o lirismo parecem produtos de uma conversa íntima que o autor trava consigo mesmo, fazendo com que o leitor compartilhe dessas reflexões. Assim, enquanto a crônica comenta, a dissertação analisa e discute.

Crônica O cronista trabalha com um instrumento de grande divulgação, influência e prestígio, que é a palavra impressa. (…) Um jornal é um pouco como um organismo humano. Se o editorial é o cérebro; os tópicos e notícias, as artérias e veias; as reportagens, os pulmões; o artigo de fundo, o fígado; e as secções, o aparelho digestivo – a crônica é o seu coração. A crônica é matéria tácita de leitura, que desafoga o leitor da tensão do jornal e lhe estimula um pouco a função do sonho e uma certa disponibilidade dentro de um cotidiano quase “muito lido, muito visto, muito conhecido”, como diria o poeta Rimbaud. Num mundo doente a lutar pela saúde, o cronista não se pode comprazer em ser também ele um doente; em cair na vaguidão dos neurastenizadores pelo sofrimento físico; na falta de segurança e objetividade dos enfraquecidos por excessos de cama e carência de exercícios. Sua obrigação é ser leve, nunca vago; íntimo, nunca intimista; claro e preciso, nunca pessimista. Sua crônica é um copo d’água em que todos bebem, e a água há que ser fresca, limpa, luminosa para a satisfação real dos que nela matam a sede. (Vinícius de Morais)

Resumindo: Crônica reflexiva: • não há preocupação com a estrutura do texto;

Nossos negros são mais brancos Numa sociedade competitiva como a nossa, o ato de etiquetar o outro como diferente e inferior tem por função definir-nos, por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa ressaltar as nossas qualidades, reais ou imaginárias. De uma forma mais precisa podemos dizer que o discurso preconceituoso procura enquadrar as diferentes minorias, a partir de um prejulgamento decorrente de generalização não demonstrada. Mas isso não importa à pessoa preconceituosa. Afirmações do tipo “os portugueses são burros”, “os italianos são grossos”, “os árabes, desonestos”, “os judeus, sovinas”, “os negros, inferiores”, “os nordestinos, atrasados”, e assim por diante, têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Por isso é que dizemos que o preconceito é de uma irracionalidade racional, por mais paradoxal que a formulação pareça. É evidente que o total de pessoas atingidas pelo preconceito constitui a maioria numérica da sociedade, principalmente se nela incluirmos as mulheres, ainda fruto de preconceitos machistas elementares (“mulher não sabe dirigir”, “mulher é objeto” são apenas alguns dos mais correntes). Se somarmos as mulheres aos negros, nordestinos e descendentes de algumas das nacionalidades já mencionadas, as “minorias” se transformarão em esmagadora maioria. O olhar branco e majoritário que lançamos pela História não perdoa nada. Somos, na visão reproduzida em muitas escolas, brancos de cultura branca, que absorveram aspectos pitorescos das outras raças, como temperos, crendices e alguns ritmos. Olhamos os negros com rancor, como se eles tivessem escolhido vir para cá “manchar a sociedade branca”. Após escravizá-los, reclamamos de seu caráter submisso. Após esmagá-los de trabalho, por séculos, falamos de sua preguiça. Depois de deixá-los na rua, quando da Abolição, não nos conformamos com sua pobreza. Por todas essas razões, combater a discriminação aos negros (e, por extensão, toda e qualquer discriminação ou preconceito) é não apenas uma atitude politicamente correta, mas racionalmente consequente e socialmente aconselhável.

Resumindo:

(Jaime Pinsky)

• admite tanto a linguagem culta quanto coloquialismos, repetições enfáticas e gírias. É a expressão espontânea do pensamento.

Dissertação:

• apresenta impressões críticas, humorísticas ou líricas sobre um assunto, cativando a sensibilidade do leitor numa abordagem descontraída.

• linguagem culta, abordagem racional e objetiva do tema;

Lirismo: em sentido figurado, exaltação do espírito, que se manifesta pela expressão viva de sentimentos; paixão. Em sentido próprio, é a qualidade da poesia do gênero lírico – a poesia centrada no eu, chamado eu lírico.

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• estrutura definida: tese, argumentação e conclusão;

• posicionamento crítico, evidência (fatos) e análise.

Neurastenizados: enervados. Enfáticas: em que há ênfase, destaque: inflamadas, veementes. Rimbaud: (pronuncia-se rambô), poeta simbolista francês.

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A

(ENEM) – A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas mesmo que isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e lidos – em CD-ROM, em livro eletrônico, em “chips quânticos”, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro em Braille, folheto, “coffee-table book”, cópia manuscrita, arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou O Livro de Piadas de Casseta & Planeta. TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com. Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes em via eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que a) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da tecnologia. b) o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de valores culturais. c) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e suportes impressos. d) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo que os livros desapareçam. e) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias dos mais diversos gêneros. Resolução O autor afirma que “qualquer texto pode se reencarnar” em qualquer dos formatos possibilitados pelas novas ou velhas tecnologias: “página impressa, livro em Braille, folheto, coffe-table book, cópia manuscrita, arquivo PDF”. Resposta: D

Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping center, delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto

e belo idioma, venho sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da soberania nacional, a saber: …… • Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu vai” em espaços públicos do território nacional; • Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e retirar ou acrescentar o plural em sentenças como “Me vê um chopps e dois pastel”; …… • Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra “borraxaria” e nenhum dono de banca de jornal anunciará “Vende-se cigarros”; …… • Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como “casar-me-ei” ou “ver-se-ão”. PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.

B

(ENEM) – No texto dado, o autor a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso. b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e socioculturais da língua. c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal pelo falante brasileiro. d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguísticos ao propor medidas que os controlem. e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar corretamente os pronomes. Resolução A série de recomendações para inibir usos regionais e socioculturais da língua é evidentemente irônica, não só pelo absurdo da imposição, como também pela sua inexequibilidade. Essas “sugestões” corroboram o tom irônico de passagens como “inimigo ianque”, “extrema importância para a preservação da soberania nacional”, dentre outras, presentes no primeiro parágrafo. Resposta: B

C (ENEM) – Em 1958, a seleção brasileira foi campeã mundial pela primeira vez. O texto foi extraído da crônica “A alegria de ser brasileiro”, do dramaturgo Nelson Rodrigues, publicada naquele ano pelo jornal Última Hora.

“Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas rolam. Convenhamos que a seleção as merece. Merece por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os olhos mortais já contemplaram, como também pelo seu maravilhoso índice disciplinar. Até este Campeonato, o brasileiro julgava-se um cafajeste nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-Ihe inveja. Achava o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia inenarráveis. E, súbito, há o Mundial. Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos, britânicos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas em penca. Só o brasileiro se mantinha ferozmente dentro dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro. Por tantos motivos, vamos perder a vergonha (...), vamos sentar no meio-fio e chorar. Porque é uma alegria ser brasileiro, amigos”. Além de destacar a beleza do futebol brasileiro, Nelson Rodrigues quis dizer que o comportamento dos jogadores dentro do campo a) foi prejudicial para a equipe e quase pôs a perder a conquista da copa do mundo. b) mostrou que os brasileiros tinham as mesmas qualidades que admiravam nos europeus, principalmente nos ingleses. c) ressaltou o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros em relação aos europeus, o que os impediu de revidar agressões sofridas. d) mostrou que o choro poderia aliviar o sentimento de que os europeus eram superiores aos brasileiros. e) mostrou que os brasileiros eram iguais aos europeus, podendo comportar-se como eles, que não respeitavam os limites da esportividade. Resolução O trecho que comprova a afirmação da alternativa b é “… o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro”. Resposta: B

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O texto a seguir, estruturado como uma carta, é um apelo de um pai a seu filho. Publicado em um jornal de grande circulação, seu conteúdo refere-se a um episódio histórico: a passeata dos caras-pintadas, em agosto de 1992, episódio de um movimento que culminou com o impeachment do presidente Collor. Como o assunto tratado na carta é de interesse geral, ela não é destinada apenas ao filho do emissor, mas a qualquer leitor envolvido nos acontecimentos da época. Por esse motivo podemos classificá-la como crônica com estrutura de carta. Observe o despojamento linguístico, a abordagem subjetiva e o emprego de figuras de linguagem.

Carta ao meu filho Filho, ligo a TV para ver o protesto dos estudantes (...) contra a corrupção (...) e, pasmo, descubro sua imagem entre os milhares de adolescentes, caminhando e cantando, como na música de Vandré (...). Tive três súbitas e sucessivas reações. A primeira foi a de que você estava matando aula. A segunda é de que exercitava a plenitude democrática (...). A terceira, um misto de orgulho e remorso. De orgulho, filho, por vê-lo empunhando a bandeira de uma causa maior, o seu país. De remorso, porque eu não o fiz herdeiro dessa mesma luta, nem do país que você e sua geração almejam e pelo qual saíram às ruas. Na juventude de seu rosto, filho, vi revelada a face anônima de jovens manifestantes do meu tempo. Não o rosto de seu pai. Eu fui um filho que fugiu à luta. PS – Acabo de ser informado pelo colégio que você, para ir à manifestação, pulou o muro. Não é essa, filho, a melhor forma de se conquistar: pulando o muro. Pior, porém, seria ficar em cima dele.

(Cleo Medeiros, Folha de S.Paulo)

A Como se pode supor que seja a relação entre pai e filho, a partir da reiteração do vocativo?

C Que sentimentos revela o emissor ao descobrir que o filho participou de uma manifestação?

RESOLUÇÃO: A reiteração do vocativo filho, assim como o teor da carta, evidencia que a relação do pai com o filho é de afetividade, brandura e aprovação, com intenção de aconselhamento.

RESOLUÇÃO: O sentimento é de orgulho por ver o filho lutando por um ideal, mas também de remorso, porque o emissor não teve coragem de participar das passeatas de seu tempo: “eu fui um filho que fugiu à luta”.

B Por que o pai menciona “caminhando e cantando” (música de Vandré), aludindo à passeata? RESOLUÇÃO: Geraldo Vandré fez sucesso com a música “Pra não dizer que não falei das flores”, nos anos de repressão política da ditatura militar (1964-1985). Essa música inicia-se com o verso “Caminhando e cantando e seguindo a canção”, que serviu de hino à juventude dos anos 60. Assim, o pai menciona um símbolo de sua época de estudante.

D A que frase antológica do patriotismo nacional refere-se a frase “Eu fui um filho que fugiu à luta”? RESOLUÇÃO: A frase antológica é um dos versos do Hino Nacional: “Verás que um filho teu não foge à luta”.

E Como se distingue semanticamente a expressão “pular o muro” de “ficar em cima dele”? RESOLUÇÃO: A primeira expressão é denotativa, tem sentido literal. No texto, o garoto pulou o muro da escola para ir à manifestação. A segunda, "ficar em cima dele", é conotativa, trata-se de uma metáfora que significa “proteger-se, não se expor, não tomar partido em qualquer problema que exija comprometimento, opinião”.

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Leia agora um texto dissertativo sobre os ideais da juventude atual. Observe que a estrutura apresenta tese, argumentação e conclusão; a linguagem corresponde ao padrão culto; a abordagem do tema é objetiva; o texto é opinativo e os argumentos justificam o posicionamento do autor.

Precisamos de um novo “software” para acessar o mundo. As soluções que serviam há 30 anos já não valem mais. Os jovens atuais não copiam nada, pelo contrário: são filhos da era pós-industrial e estão criando uma nova cultura. Os toques foram dados pelo psicanalista lacaniano Jorge Forbes, durante a palestra Édipo, adeus: o enfraquecimento do pai. Há uma nova ordem social no mundo. Muitos pais, educadores, psicanalistas, pensadores, todos ainda apresentam velhas soluções para novos problemas, mas é o momento de observar as mudanças, de agir de acordo com elas. Forbes lembrou que, antigamente, o jovem reclamava por não ter liberdade de escolha. Hoje, ele tem essa liberdade e se sente completamente perdido. Isso leva, entre outras coisas, às drogas e à depressão. O jovem moderno é diferente daquele da geração de 68, que levantava bandeiras e pregava planos de reforma da educação e da sociedade. A globalização provocou mudanças. Antes, as pessoas queriam pertencer a grandes corporações ou ter profissões reconhecidas. Não é mais uma honra ficar no mesmo emprego por mais de cinco anos e acabou essa história de “sujar a carteira”, termo usado para quem ficava pouco tempo num só trabalho. A globalização pulverizou os ideais e exige de cada pessoa uma escolha meio angustiante: será que realmente queremos o que desejamos? No lugar do papel contestador da geração 68, temos hoje uma geração jovem que exibe fracasso escolar, menosprezo e desinteresse pelo saber orientado. O jovem não vê razão em se formar, em ser doutor, bússola da geração dos seus pais. Vivemos uma vida que foi despadronizada. (Adaptado de Janete Trevisan, Jornal do Cambuí)

Com base na leitura do texto, responda às questões de F a H.

b) O que quer dizer a expressão saber orientado, presente no último parágrafo do texto? RESOLUÇÃO: “Saber orientado” é o conhecimento consagrado, presente nos currículos escolares e resultante da tradição.

G (UFSCar) a) A que se refere a palavra toques, em Os toques foram dados pelo psicanalista lacaniano Jorge Forbes? RESOLUÇÃO: “Toques”, termo coloquial, informal, significa “indicações” ou, numa variante consagrada na gíria escolar, “dicas”.

b) Construa uma frase com a palavra toque, no sentido empregado pela autora. RESOLUÇÃO: “No início não consegui entender o problema, mas o professor deu um toque que me orientou no sentido correto.”

H (UFSCar) – A autora utiliza alguns elementos da tecnologia para traduzir seu pensamento no texto. a) Transcreva um trecho em que isso acontece. RESOLUÇÃO: “Precisamos de um novo ‘software’ para acessar o mundo.” (Este é o único trecho em que “a autora utiliza alguns elementos da tecnologia para traduzir seu pensamento”. Não obstante, a formulação do quesito – “transcreva um trecho” – implica a existência de outros trechos de conteúdo semelhante.)

F

(UFSCar) – a) Explique a relação entre a expressão o enfraquecimento do pai, utilizada pelo psicanalista no título de sua palestra, e o conteúdo apresentado pela autora do texto. RESOLUÇÃO: A expressão “enfraquecimento do pai” indica, fundamentalmente, a perda de padrões, pois “os jovens atuais não copiam nada” (não se submetem a modelos) e pretendem criar “uma nova cultura”, segundo o espírito do tempo em que “vivemos uma vida que foi despadronizada”. A figura do pai, nesse contexto, simboliza os valores tradicionais.

b) Qual o sentido, no último parágrafo do texto, da frase Vivemos uma vida que foi despadronizada? RESOLUÇÃO: O sentido da frase é que, no mundo presente, a vida não mais é moldada por valores e modelos (“padrões”) tradicionais.

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Voz Passiva Sintética

A

(MACKENZIE – MODELO ENEM) – Assinale a alternativa em que não ocorre a voz passiva. a) Enraizaram o futebol de tal forma, nestas terras, que o povo acabou por revesti-lo com o que tem de mais particular e íntimo, que é o idioma. b) Bentinho era casmurro. O "Dom" fora acrescentado por um vizinho que lhe atribuía ares de fidalgo. c) É verdade que o Edílson foi expulso da Seleção por fazer umas embaixadas lindas, mas fora de hora? d) Poucos ganharão muito com a construção da torre de 500 metros de altura a ser levantada no Pari. e) De agora em diante, conhecer-se-á Surdulica, na Iugoslávia, como a cidade que perdeu suas crianças, vítimas de uma bomba da OTAN. Resolução Em b, a construção passiva ocorre em fora acrescentado; em c, em foi expulso; em d, em ser levantada; em e, em conhecer-se-á. Neste último caso, trata-se de voz passiva sintética ou pronominal, ou seja, formada com o concurso do pronome apassivador ou partícula apassivadora se; nos demais, ocorre a voz passiva analítica, ou seja, formada com o emprego de verbo auxiliar (ser, em todos os casos). Resposta: A

(METODISTA – MODELO ENEM) – Foi anunciada na semana passada uma descoberta que pode lançar novas luzes sobre as origens da língua escrita. Arqueólogos chineses encontraram nas escavações de um antigo altar usado para sacrifícios, na província de Shandong,

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• Sujeito paciente

leste da China, dois pedaços de ossos de cordeiro onde foram esculpidos oito caracteres, considerados uma forma primitiva de chinês. Junto com os ossos, desenterraram-se 360 peças de cerâmica pertencentes à cultura yueshi, que viveu em Shandong 3.500 anos atrás. (Ricardo Villela. Veja, ed. 1640) Nas três frases grifadas no trecho, observa-se o uso de voz passiva. a) Nas três frases grifadas no trecho, observase o uso de voz passiva. b) Nas duas primeiras frases grifadas, observase o uso de voz passiva; na última, o sujeito está indeterminado. c) Nas três frases grifadas no trecho, observase o uso de sujeito posposto e não o uso de voz passiva. d) Nas três frases grifadas no trecho, não se observa o uso de voz passiva, porque não há a presença de complemento agente da passiva. e) Nas três frases grifadas no trecho, observase o uso de oração sem sujeito. Resolução As duas primeiras orações estão na voz passiva analítica, sem agente da passiva; a última oração está na voz passiva sintética. Resposta: A

C

B

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• Pronome apassivador

(FUVEST – MODELO ENEM) – “E requisitaram-se os entalhadores, depois os santeiros e até mesmo os ceramistas.” A palavra se indica que o período acima encontra-se na voz passiva, tal como ocorre em: a) Não vi se chegaram os pedreiros e os pintores.

b) E voltaram-se contra aqueles que os entronizaram. c) Precisa-se cada vez menos de heróis nacionais. d) Se fossem revistas as penas, seriam revalidadas as leis. e) E cantaram-se os hinos e suas glórias foram reconhecidas. Resolução Tanto no enunciado quanto na alternativa e, as orações estão na voz passiva sintética e os sujeitos são respectivamente, “os entalhadores” e “os hinos”. Em a, o se é conjunção integrante e introduz oração subordinada substantiva objetiva direta; em b, o se é parte integrante do verbo “voltar-se”; em c, índice de indeterminação do sujeito; em d, conjunção subordinativa condicional. Resposta: E

D

(FGV) – Assinale a alternativa que completa corretamente a frase. _______________________________________ os documentos que encaminharemos à Prefeitura. a) Terá de serem formalizados. b) Terão de ser formalizado. c) Terá de ser formalizado. d) Terão de ser formalizados. e) Terão de ser formalizados. Resolução Na oração de voz passiva, tanto o verbo auxiliar (ter) como principal na forma de particípio (formalizados) deve concordar com o sujeito (Os documentos). Resposta: E

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A a) Transcreva da tirinha a oração que está na voz passiva analítica. RESOLUÇÃO: “Minha gravidade individual foi revertida!”

Observe que nas duas frases que você redigiu “o dever de casa” é sujeito paciente e o verbo concorda com ele. Agora, examine os conjuntos de frases abaixo. Observe o elemento da frase com que o verbo concorda.

b)

O que falta na frase apontada no exercício anterior?

RESOLUÇÃO: Falta o agente da passiva.

B

Passe a frase do exercício 1 para a voz passiva sintética, obedecendo às seguintes indicações:

I. elimine o verbo auxiliar ser; II. passe o verbo principal, que está no particípio, para o tempo verbal do auxiliar; III. acrescente ao verbo o pronome apassivador se; IV. faça a concordância do verbo com o sujeito. RESOLUÇÃO: Reverteu-se minha gravidade individual.

Aplaudiram o vencedor. – Voz ativa O vencedor foi aplaudido. – Voz passiva analítica Aplaudiu-se o vencedor. – Voz passiva sintética Derrubaram várias casas. – Voz ativa Várias casas foram derrubadas. – Voz passiva analítica Derrubaram-se várias casas. – Voz passiva sintética

D Os verbos das frases a seguir estão na voz ativa. Verifique qual(is) pode(m) ser transformado(s) em voz passiva (analítica e sintética). Justifique, no caso de não ser possível a transformação. a) Publicaram uma nova antologia de poemas. RESOLUÇÃO: Uma nova antologia de poemas foi publicada. (voz passiva analítica) Publicou-se uma nova antologia de poemas. (voz passiva sintética ou pronominal)

C A frase “Como podia fazer o dever de casa?” está na voz ativa. Passe-a para a voz passiva analítica e sintética. RESOLUÇÃO: Como o dever de casa podia ser feito? Como se podia fazer o dever de casa?

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b) Venderam ao turista dois ingressos para o desfile carnavalesco. RESOLUÇÃO: Dois ingressos para o desfile carnavalesco foram vendidos ao turista. (voz passiva analítica) Venderam-se ao turista dois ingressos para o desfile carnavalesco. (voz passiva sintética ou pronominal)

h) Esqueciam desentendimentos e grosserias. RESOLUÇÃO: Desentendimentos e grosserias eram esquecidos. Esqueciam-se desentendimentos e grosserias.

E

As frases a seguir estão na voz passiva sintética. Faça a concordância do verbo com o sujeito paciente. a) Bebeu-se duas dúzias de refrigerantes.

RESOLUÇÃO: Beberam-se duas dúzias de refrigerantes.

c) Chegou o dia do concurso.

b) Exigia-se cartas de apresentação.

RESOLUÇÃO: Verbo intransitivo não admite voz passiva.

RESOLUÇÃO: Exigiam-se cartas de apresentação.

d) Ficamos tristonhos com a notícia.

c) Vende-se passes e troca-se bilhetes.

RESOLUÇÃO: Verbo de ligação não admite voz passiva.

e) Necessitam, nesta comunidade, de trabalho voluntário. RESOLUÇÃO: Verbo transitivo indireto não admite voz passiva.

RESOLUÇÃO: Vendem-se passes e trocam-se bilhetes.

d) Ouve-se vozes no pátio. RESOLUÇÃO: Ouvem-se vozes no pátio.

e) f) Tocam uma valsa com gosto de tristeza. RESOLUÇÃO: Uma valsa com gosto de tristeza é tocada. Toca-se uma valsa com gosto de tristeza.

Afia-se tesouras e alicates.

RESOLUÇÃO: Afiam-se tesouras e alicates.

VOZ PASSIVA SINTÉTICA OU PRONOMINAL g) Jogarão futebol durante a tarde. RESOLUÇÃO: Futebol será jogado durante a tarde. Jogar-se-á futebol durante a tarde.

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Constrói-se a voz passiva sintética ou pronominal com verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos. O verbo é flexionado na terceira pessoa do singular ou do plural conforme o sujeito paciente seja singular, plural ou composto. Acompanha o verbo o pronome apassivador se. Usualmente, no português moderno, não ocorre o agente da passiva na voz passiva sintética.

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Dissertação

1. Definição e estrutura Quando as pessoas não sabem falar ou escrever adequadamente sua língua, surgem homens decididos a falar e escrever por elas e não para elas. (Wendel Johnson)

Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado assunto. É discutir essas ideias, analisá-las e apresentar provas que convençam o leitor da validade do ponto de vista de quem as defende. A dissertação, por isso, pressupõe • exame crítico do assunto sobre o qual se vai escrever; • raciocínio lógico; • clareza, coerência e objetividade na exposição. Não pense que dissertar é uma prática destinada apenas a suprir as exigências dos vestibulares, ou então um recurso exclusivo de grandes escritores ou políticos ao discutir e defender seus pontos de vista. Você também, no seu dia a dia, faz uso dos recursos que a língua oferece. Dissertar é um exercício cotidiano e você o utiliza toda vez que discute com alguém, tentando fazer valer sua opinião sobre qualquer assunto. Isso porque pensar – e, portanto, analisar, discutir, argumentar, com os outros ou conosco – é uma prática permanente da nossa condição de seres sociais, cujas ideias são formuladas, debatidas e veiculadas por meio da linguagem. Portanto, dissertar é analisar de maneira crítica situações diversas, questionando a realidade e nossa posição diante dela. A dissertação, comumente, apresenta três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. a) Introdução ou Tese: é a apresentação do assunto. O parágrafo introdutório caracteriza-se por possuir uma só ideia central, ou tópico frasal, expressa de modo genérico. b) Desenvolvimento ou Argumentação: é a análise crítica da ideia central. Pode ocupar vários parágrafos, em que se expõem juízos, ou seja, provas, exemplos, testemunhos históricos, argumentos próprios ou alheios que comprovem a ideia central expressa no primeiro parágrafo. c) Conclusão: é a parte final do texto, em que se condensa a essência das informações contidas no desenvolvimento e reafirma-se o posicionamento exposto no primeiro parágrafo (tese). Observação Um texto dissertativo argumentativo, que é aquele exigido na maioria dos exames vestibulares, apresenta

• Discussão • Ponto de vista • Opinião • Posicionamento crítico

análise, juízos críticos, ao passo que a dissertação expositiva informa, explica e interpreta. São exemplos de textos dissertativos expositivos os livros didáticos e toda e qualquer publicação meramente informativa, isto é, destituída de teor crítico. Um texto argumentativo, porém, não pode prescindir de análise crítica e da persuasão, ou seja, deve-se, por meio de argumentos, convencer o leitor do ponto de vista defendido por quem escreve.

2. Conteúdo O texto dissertativo deve apresentar: • conteúdo fundamentado em argumentos pertinentes, extraídos do acervo de conhecimentos do aluno; • linguagem representativa do padrão culto da língua; • estrutura: tese, argumentação e conclusão concatenadas e pertinentes ao tema. A argumentação deve basear-se em fatos comprovados, extraídos da História ou do cotidiano, que sejam do conhecimento de todos e que provem o ponto de vista defendido.

3. Etapas para elaborar uma dissertação 1) Ler atentamente o tema e refletir sobre o assunto de que trata. 2) Fazer um esboço mental do encadeamento que se pretende dar às ideias. Se possível ou conveniente, passá-lo para o papel na forma de um esquema dos elementos a serem desenvolvidos no texto. 3) Elaborar o rascunho, evitando desviar-se do ponto de vista assumido. 4) Ler o texto, submetendo-o a uma avaliação crítica. 5) Passá-lo a limpo, observando as regras gramaticais. 6) Dar um título à redação, adequando-o ao sentido do texto.

Resumindo O texto dissertativo pressupõe a análise crítica de algum tema. Deve ser redigido em linguagem clara e objetiva, privilegiando o nível culto da língua. A tese, a argumentação e a conclusão devem apresentar harmoniosa concatenação de ideias, e a coerência entre tema, título e texto é imprescindível.

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Observe como esses elementos se combinam no seguinte texto.

O comportamento político mundial no combate à aids A diminuição da estimativa de pessoas vivendo com HIV no mundo é bem recebida, mas não atenua a gravidade da epidemia. Estamos falando de 33 milhões de vidas. No caso do Brasil, as estimativas são de 620 mil pessoas (entre 15 a 49 anos) infectadas e 180 mil em tratamento.

Parágrafo introdutório ou tese: a gravidade da epidemia.

Mesmo considerando os avanços recentes, o compromisso político mundial no combate à epidemia ainda deixa muito a desejar. De acordo com o relatório global da Unaids, há registro de progresso no controle da aids em alguns países, mas, infelizmente, na maioria registram-se números crescentes de infectados e os mais afetados são os mais pobres.

Evidência e análise crítica: o combate à epidemia é precário junto à população pobre.

Tem sido possível mobilizar recursos para enfrentar a epidemia com a criação do Fundo Global para Aids e o engajamento de fundações importantes, chegando-se a investimentos em torno de US$ 10 bilhões. Porém, parecemos estar retrocedendo com respeito à prevenção do HIV, uma vez que os programas não estão alcançando as populações mais vulneráveis.

Evidência e análise crítica: investimentos não atingem as populações mais vulneráveis ao contágio.

O relatório da Unaids de 2006 já apontava para o fato de que apenas 9% de homossexuais e bissexuais receberam algum tipo de serviço de prevenção; menos de 20% de usuários de drogas injetáveis no mundo obtiveram acesso a serviços de prevenção de HIV; apenas 9% das grávidas tiveram cobertura com serviços de prevenção de transmissão do HIV para seus bebês; e menos de 50% de pessoas jovens no mundo demonstram ter um nível significativo de conhecimento sobre aids. Esses níveis são inaceitáveis e demonstram que as barreiras para prevenção e tratamento ainda são muitas.

Evidência e análise crítica: dados estatísticos provam que poucos têm acesso a serviços de prevenção e tratamento da aids.

Portanto, alcançar diferentes grupos, principalmente os jovens de pouca escolaridade e as mulheres, com informação, educação sexual e proteção social adequadas torna-se prioritário. Somente assim se evitará que a Aids continue se disseminando e ceifando vidas.

Conclusão: alerta final e retomada da tese.

(Adaptado – Cristina Pimenta, Coordenadora Geral da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids e doutora em Saúde Coletiva, 25/11/2007)

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Texto para as questões de

A a C.

IGNORÂNCIA E RAÇA Tenho desprezo por gente que se orgulha da própria raça. Nem tanto pelo orgulho, sentimento menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas pela estupidez. Que mérito pessoal um pobre de espírito pode pleitear por haver nascido branco, negro ou amarelo, de olhos azuis ou lilases? Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a características externas do corpo humano, como cor de pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou deixa de fazer.(...) Para o povo, raça é questão de cor de pele, tipo de cabelo e traços fisionômicos. Nada mais primário. (Drauzio Varella, Folha de S.Paulo, abril de 2006)

A

(MODELO ENEM) – Considere as proposições sobre o texto: I. O mérito pessoal associa-se indiscutivelmente a características externas do corpo hu-

mano. II. Aquele que defende a discriminação racial revela falta de discernimento. III. A frase “nada mais primário” revela o posicionamento crítico do autor do texto, que defende o conceito popular de raça. Está correto o que se afirma em a) todas as proposições. b) apenas I. c) apenas II. d) apenas I e III. e) apenas III. Resolução O autor argumenta contra o conceito popular de raça, que se baseia em características externas do corpo humano, considerando-o fruto de ignorância. Resposta: C

B

(MODELO ENEM) – Conforme o texto, a noção popular de raça a) não é passível de crítica. b) é incontestável. c) é simplória.

A Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) sobre dissertação: a) (

b) (

c) (

d) (

e) (

d) é incompreensível. e) é irrevogável. Resolução A noção popular de raça não se baseia em reflexão mais aprofundada, elaborada a partir de dados objetivos, científicos; por isso, o autor a considera primária, o que equivale a simplória, ou seja, superficial, carente de aprofundamento e complexidade. Resposta: C

C a) b) c) d) e)

(MODELO ENEM) – Inerente significa indispensável. indissimulável. inespecífico. intrínseco. inequívoco.

Resolução Intrínseco é sinônimo de inerente, que o Dicionário Houaiss define como o “que existe como um constitutivo ou uma característica essencial de alguém ou de algo”. Resposta: D

f) (

) A dissertação apresenta estrutura fixa: tese (ou parágrafo introdutório, argumentação (ou desenvolvimento) e conclusão.

) Pode-se prescindir da análise crítica, pois apenas as evidências já demonstram o posicionamento de quem disserta.

g) (

) Vocabulário rebuscado, frases prontas e clichês são adequados à modalidade dissertativa.

) Deve-se evitar o uso da primeira pessoa (eu) e a abordagem emocional.

h) (

) As ideias devem ser organizadas de forma lógica, clara e objetiva, em linguagem formal, refletindo o padrão culto da língua.

i) (

) Além da coerência entre as ideias, é necessária a coesão entre termos, orações, períodos e parágrafos.

) Pode-se construir o parágrafo introdutório utilizando citação, definição, enumeração, interrogação etc. ) A fuga ao tema proposto compromete apenas um ponto na nota.

RESOLUÇÃO: São falsas as alternativas d, f, g

) A argumentação deve ser convincente e persuasiva, contendo evidências (exemplos e justificativas) extraídas de fatos recentes e/ou históricos.

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B (UFES) – A sequência das frases que se seguem, de forma que constituam um texto coerente e coeso, está apresentada na alternativa: 1 – As crianças e os incultos – assim como também os medianamente cultos que não se dediquem a atividades intelectuais – só excepcionalmente recorrem ao dicionário, e se o fazem é a posteriori, quer dizer, não em busca de palavras novas, mas à procura do sentido de palavra ouvida ou lida. 2 – É através da língua falada de um modo geral, inclusive a que se ouve no rádio, na televisão e no cinema, que se forma grande parte do nosso léxico ativo. 3 – Entretanto, a leitura atenta de obras recomendáveis, a leitura que se faz, literalmente, de lápis na mão para sublinhar as palavras desconhecidas e, depois de consultar o dicionário, anotar-lhes o significado, esse é, sem dúvida, o melhor processo para aprimorar o vocabulário. 4 – Há vários modos de enriquecer o vocabulário; o mais eficaz, entretanto, é aquele que se baseia na experiência, isto é, numa situação real como a conversa, a leitura ou a redação. 5 – Daí a importância da redação nas suas mais variadas formas: a composição livre propriamente dita, a paráfrase, a amplificação, o resumo (condensação, sinopse), a mudança no torneio de frases e, até, a tradução. 6 – Mas, para dominar realmente o sentido das palavras assim conhecidas, para transformá-Ias em vocabulário ativo, urge procurar empregá-Ias. 7 – Só assim elas se incorporam, de fato, aos nossos hábitos linguísticos. (Othon M. Garcia)

a) b) c) d) e)

4 – 2 – 3 – 6 – 1 – 7 – 5. 2 – 4 – 1 – 5 – 7 – 6 – 3. 4 – 2 – 1 – 3 – 6 – 7 – 5. 1 – 5 – 6 – 7 – 2 – 4 – 3. 4 – 2 – 5 – 6 – 3 – 1 – 7.

RESOLUÇÃO: Resposta: C

Leia o texto para responder às questões de números C a F.

Os jovens e os dilemas da sexualidade Atualmente, os jovens estão iniciando a vida sexual mais cedo. A sexualidade tem sido discutida de forma mais “aberta”, nos discursos pessoais, nos meios de comunicação, na literatura e artes. Entretanto, essa aparente “liberdade sexual” não torna as pessoas mais “livres”, pois ainda há bastante repressão e preconceito sobre o assunto. Além disso, as regras de como devemos nos comportar sexualmente prevalecem em todos os discursos, o que se torna uma questão velada de repressão. O jovem do século XXI é visto como livre, bem informado, “antenado” com os acontecimentos, mas as pesquisas mostram que, quando o assunto é sexo, há muitas dúvidas e conflitos. Desde dúvidas específicas sobre questões biológicas, como as doenças sexualmente transmissíveis, até conflitos sobre os valores e as atitudes que devem tomar em determinadas situações.

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Apesar de iniciarem a vida sexual mais cedo, os jovens não têm informações e orientações suficientes. A mídia, salvo exceções, contribui para a desinformação sobre sexo e a deturpação de valores. A superbanalização de assuntos relacionados à sexualidade e das relações afetivas gera dúvidas e atitudes precipitadas. Isso pode levar muitos jovens a se relacionarem de forma conflituosa com os outros e também com a própria sexualidade. Enfim, hoje existe uma aparente liberdade sexual. Ao mesmo tempo em que as pessoas são, em comparação a anos anteriores, mais livres para fazer escolhas no campo afetivo e sexual, ainda há muita cobrança por parte da sociedade, e essa cobrança acaba sendo internalizada; assim, as pessoas acabam assumindo comportamentos e valores adotados pela maioria. (www.faac.unesp.br/pesquisa/nos/sexualidade, baseado nos estudos de Ana Cláudia Bertolozzi Maia. Adaptado.)

C (UNIFESP–Adaptada) – No texto, fala-se em aparente liberdade sexual, que deve ser entendida como a) a maneira incisiva e proibitiva como a sociedade hoje, muito mais que em anos passados, tem agido no que diz respeito à sexualidade dos jovens. b) a nova postura dos jovens de hoje, que têm mais liberdade em suas escolhas, embora as práticas sociais, de certa forma, influenciem de forma coercitiva seus valores. c) a banalização da sexualidade, que faz com que os grupos sociais, nos dias de hoje, deixem de se importar com questões dessa natureza. d) o total descaso da sociedade em relação à vida sexual dos jovens, apesar dos perigos a que eles estão expostos, como as doenças sexualmente transmissíveis. e) a liberação sexual que incomoda a sociedade e faz com que se cobre muito mais dos jovens, evitando-se, desse modo, a banalização da sexualidade. RESOLUÇÃO: A alternativa de resposta está mal redigida (a relação adversativa deveria ser substituída por relação concessiva: porém deveria ser trocado por embora e influenciam deveria ir para o subjuntivo); não obstante, ela resume adequadamente o primeiro parágrafo do texto. Resposta: B

D (UNIFESP – MODELO ENEM) – De acordo com o texto, é correto afirmar que a) os jovens modernos trabalham muito melhor sua sexualidade, pois têm iniciado sua vida sexual mais cedo. b) a mídia tem um papel efetivo na conscientização dos jovens, pois frequentemente rechaça valores deturpados. c) a sexualidade dos jovens é analisada, sobretudo, pela ótica dos aspectos físicos e dos valores afetivos. d) a liberdade do jovem do século XXI não o exime de vivências problemáticas quanto à sua própria sexualidade. e) a relação entre sexo e afetividade faz com que questões ligadas à saúde fiquem em primeiro plano para os jovens. RESOLUÇÃO: A alternativa d resume adequadamente o segundo parágrafo do texto. Resposta: D

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E (UNIFESP – MODELO ENEM) – Quanto aos sentidos que encerra, a frase — “Apesar de iniciarem a vida sexual mais cedo, os jovens não têm informações e orientações suficientes.” — equivale a: a) Os jovens iniciam a vida sexual mais cedo, uma vez que não têm informações e orientações suficientes. b) Como os jovens iniciam a vida sexual mais cedo, não têm informações e orientações suficientes. c) Os jovens iniciam a vida sexual mais cedo, mas não têm informações e orientações suficientes. d) Tanto os jovens iniciam a vida sexual mais cedo, que não têm informações e orientações suficientes. e) Os jovens iniciam a vida sexual mais cedo, portanto não têm informações e orientações suficientes.

G

(FUVEST – MODELO ENEM) – Do ponto de vista da competição, é correto afirmar que o capítulo “Filosofia dos epitáfios” a) é predominantemente dissertativo, servindo os dados do enredo e do ambiente como fundo para a digressão. b) é predominantemente descritivo, com a suspensão do curso da história dando lugar à construção do cenário. c) equilibra em harmonia narração e descrição, à medida que faz avançar a história e cria o cenário de sua ambientação. d) é predominantemente narrativo, visto que o narrador evoca os acontecimentos que marcaram sua saída. e) equilibra narração e dissertação, com o uso do discurso indireto para registrar as impressões que o ambiente provoca no narrador.

RESOLUÇÃO: O período original contém contraste entre duas orações, sendo a primeira uma oração subordinada adverbial concessiva. Transformada esta em oração independente, a outra, antes principal, deve ser transformada em coordenada adversativa, para que, assim, se preserve o contraste entre as duas. Resposta: C

RESOLUÇÃO: Nesse fragmento, há uma série de reflexões do narrador Brás Cubas sobre os epitáfios. Essa digressão tem como ponto de partida os dados do enredo e do ambiente (“Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios.), caracterizando-se como predominantemente dissertativa, já que existe sequência de raciocínios. Resposta: A

F (UNIFESP – MODELO ENEM) –De acordo com o texto, é correto afirmar que hoje a) é flagrante a banalização das relações afetivas e do sexo. b) o jovem tem, na realidade, menos liberdade sexual. c) a sexualidade do jovem está isenta de preconceito. d) a repressão sexual é mais explícita que no passado. e) as mudanças sexuais têm sido cada vez mais proteladas.

H

RESOLUÇÃO: O terceiro parágrafo do texto menciona a “superbanalização de assuntos relacionados à sexualidade e das relações afetivas”. Resposta: A

Texto para as questões G e H.

FILOSOFIA DOS EPITÁFIOS Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.

(FUVEST – MODELO ENEM) – “Saí afastando-me ... epitáfios.” Dando nova redação a essa frase, sem alterar as relações sintáticas e semânticas nela presentes, obtém-se: a) Quando me afastei dos grupos, fingi ler os epitáfios e então saí. b) Enquanto me afastava dos grupos e fingia ler os epitáfios, fui saindo. c) Fingi ler os epitáfios, afastei-me dos grupos e saí. d) Ao afastar-me dos grupos, fingi ler os epitáfios, antes de sair. e) Ao sair, fingia ler os epitáfios e afastei-me dos grupos.

RESOLUÇÃO: No texto, as orações reduzidas de gerúndio indicam circunstância adverbial de tempo, sendo a segunda aditiva em relação à primeira. A equivalência ocorre, pois, em: “Enquanto me afastava dos grupos e fingia ler os epitáfios, fui saindo”. Resposta: B

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

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Índice de Indeterminação do Sujeito

A

(UFMT – MODELO ENEM) – Leia atentamente as charges I e II para responder à questão.

sociopolítico, a concordância entre verbo e sujeito é ideológica, subentendendo a ideia de coletivo. IV. Se uma instituição de ensino fosse exibir um cartaz com a frase da charge II, deveria reescrevê-la da seguinte forma: “Admitem-se faxineiros com experiência”. Estão corretas as afirmativas a) II, III e IV, apenas. b) III e IV, apenas. c) I, II e III, apenas. d) I, II, III e IV. e) I e IV, apenas. Resolução As frases da charge I e II estão na voz passiva sintética. O se é pronome apassivador e o sujeito de ambas, votos e faxineiros, está no plural. Respeitando a norma culta, o verbo fica na 3.a pessoa do plural, concordando com o sujeito. Resposta: E

B

Sobre a concordância verbal nas frases: “Vendem-se votos” e “Admite-se faxineiros com experiência”, analise as afirmativas. I. A concordância do verbo com o sujeito na frase: “Admite-se faxineiros com experiência” desobedece intencionalmente às normas da escrita padrão, visando tornar a linguagem um traço característico da situação retratada. II. A indefinição da pessoa que vende votos (charge I) é marcada pela presença do se, índice de indeterminação do sujeito, o que torna a concordância verbal inadequada. III. Como a charge I insere-se num contexto

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(VUNESP – MODELO ENEM) – De acordo com a gramática normativa, a alternativa correta quanto à concordância verbal com o emprego do pronome se é: a) “Para agilizar-se as exportações (criando empregos e desenvolvendo nossa indústria) não é necessário alterar a Constituição nem esperar o novo governo.” b) “Quem estiver convencido de que é preciso que se efetue alterações profundas na Constituição é porque não conhece direito.” c) “Não se constroem partidos sérios com políticos tão oportunistas e fisiológicos.” d) “Depois de tantas experiências democráticas, ainda não se definiu projetos de estabilidade democrática.” e) “Diz-se tantas mentiras em períodos de eleição que o povo fica desorientado.” Resolução Em a, b, d e e, os verbos estão na voz passiva sintética e devem ir para o plural, concordando com os sujeitos pacientes: as exportações, alterações profundas, projetos... e tantas mentiras. Resposta: C

• Verbos transitivos indiretos • Verbos de ligação • Verbos intransitivos

Texto para a questão

C.

Tal como as novelas, a impressão é que as nossas crises se repetem no essencial, buscando as mesmas emoções, os mesmos suspenses, mudando apenas os personagens e os atores, a trilha musical e os cenários. No caso atual, o cenário é o mesmo, é a mesma a emoção com que se aguarda os próximos capítulos. (Carlos Heitor Cony, Folha de S. Paulo, 30/6/05.)

C

O trecho contém uma transgressão à norma culta, quanto à concordância verbal. a) Transcreva o trecho em que ocorre a transgressão. b) Reescreva o trecho, adequando-o ao padrão culto e justifique. Resolução a) “... com que se aguarda os próximos capítulos.” b) “... com que se aguardam os próximos capítulos.” A oração está na voz passiva sintética, tem como sujeito “os próximos capítulos” e, por isso, o verbo deve ficar no plural.

D

Assinale a alternativa em que o se não seja pronome apassivador. a) “Comia-se uma bolacha ao café (…)” (José Lins do Rego) b) “Travou-se então uma luta renhida e surda entre o português negociante de fazendas por atacado e o português negociante de secos e molhados.” (Aluísio Azevedo) c) “Amor é fogo que arde sem se ver / É ferida que dói e não se sente (…)” (Camões) d) “Nossos lábios se procuram, se acham, se esmagam.” (Érico Veríssimo) e) “Fez-se novo silêncio.” (Coelho Neto) Resolução Trata-se de pronome reflexivo recíproco. Resposta: D

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A

Só admitem a voz passiva os verbos transitivos diretos (inclusive os diretos e indiretos). Portanto, verbos transitivos indiretos, intransitivos e de ligação não se constroem na voz passiva. Quando acompanhados de se, seu sujeito é indeterminado. Isso ocorre com os verbos das frases seguintes. Classifique os verbos dessas frases e indique em que pessoa estão flexionados. a) Visava-se a grandes conquistas.

c) Mesmo que se ________________________ de pessoas honestas, exija um fiador. (trate, tratem) RESOLUÇÃO: trate

d) Quando há imagens de queimadas, _____________________ poucos bombeiros, lutando ao lado de abnegados técnicos e voluntários. ( vê-se, veem-se) RESOLUÇÃO: vêem-se

RESOLUÇÃO: VTI, verbo na terceira pessoa do singular.

b) Trabalhava-se com afinco no setor. RESOLUÇÃO: VI, verbo na terceira pessoa do singular.

c) Era-se feliz naquele tempo. RESOLUÇÃO: VL, verbo na terceira pessoa do singular.

B Passe os verbos do exercício 1 para o plural, eliminando a partícula se. RESOLUÇÃO: a) Visavam a grandes conquistas. b) Trabalhavam com afinco no setor. c) Eram felizes naquele tempo.

C Tanto nas frases do exercício 1 quanto nas que você redigiu no exercício 2, o sujeito é ________________________________ . RESOLUÇÃO: indeterminado.

SUJEITO INDETERMINADO ocorre a) com verbo na terceira pessoa do plural, sem referência a nenhum substantivo anteriormente expresso; b) com se acompanhando verbos transitivos indiretos, intransitivos e de ligação, conjugados na terceira pessoa do singular.

D Escolha a forma verbal entre parênteses que completa corretamente a lacuna. a) Não ____________________________ tantas mudanças. (se previu / se previram).

e) Já não se __________________________ a bons espetáculos. (assiste, assistem) RESOLUÇÃO: assiste

E (UNIP-SP – MODELO ENEM) – Assinale a alternativa gramaticalmente correta. a) Não mais se vê, naquela casa, sinais de destruição. b) Deverá haver algumas modificações na política econômica. c) Já que não se assistem a bons espetáculos, os torcedores não comparecem aos estádios. d) Estava faltando quinze minutos para o início do baile, quando ela chegou. e) O mal resultado conseguido pelo banco fez com que se mudasse as regras do jogo. RESOLUÇÃO: Em a, vêem; em c, assiste; em d, estavam faltando; em e, mau e mudassem. Resposta: B

F

Assinale a alternativa em que não há voz passiva sintética. a) "Os segredos não se divulgam sem a ação da língua." (Machado de Assis) b) "Chama-se ambiguidade a arte de mentir a verdade." (Millôr Fernandes) c) "As ditaduras militares queimavam os livros subversivos. Na democracia, queimam-se os livros de contabilidade." (Eduardo Galeano) d) "Destilam-se teorias complicadas, inventam-se neologismos para mostrar conhecimento e informação."(José Márcio Mendonça) e) Escreve-se difícil, cita-se abundantemente e confusamente, porque conhecimento e informação são fontes de poder." (José Márcio Mendonça)

RESOLUÇÃO: Os verbos (escrever e citar) estão na voz ativa, o sujeito é indeterminado, sendo o se índice de indeterminação do sujeito. Resposta: E

RESOLUÇÃO: se previram

b) ________________________________ de auxiliares de ensino. (Necessita-se, Necessitam-se) RESOLUÇÃO: Necessita-se

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VOZ REFLEXIVA Voz reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal. Voz reflexiva recíproca: o sujeito pratica a ação sobre um outro e recebe a mesma ação da parte desse outro. Pronomes reflexivos Me (a mim mesmo) nos (a nós mesmos) te (a ti mesmo) vos (a vós mesmos) se (a si mesmo) se (a si mesmos)

H (ENEM)

Funcionam como objeto direto reflexivo ou indireto reflexivo. Exemplos: Sempre me julguei com complacência. As crianças entreolharam-se emocionadas. Ele se deu um presente de aniversário. PARTE INTEGRANTE DO VERBO Há verbos que só podem ser conjugados com pronomes pessoais oblíquos. Denominam-se verbos pronominais, porque trazem presos a si um pronome reflexivo fossilizado, o qual não tem função sintática e passa a ser parte integrante do verbo. Exemplos: agachar-se, apiedar-se, congratular-se, dignar-se, gloriar-se, queixar-se, zangar-se, apaixonar-se, suicidar-se etc. Os verbos citados são essencialmente pronominais. Há, porém, alguns que são acidentalmente pronominais, porque não são exclusivamente pronominais. Exemplos: sentar-se (sentar), levantar-se (levantar), banhar-se (banhar), lembrar-se (lembrar), esquecer-se (esquecer) etc.

Observando as falas das personagens, analise o emprego do pronome SE e o sentido que adquire no contexto. No contexto da narrativa, é correto afirmar que o pronome SE,

G (FGV) – O pronome se tem o mesmo significado e a mesma função nas frases a seguir? Explique. – Os recém-casados se amavam intensamente: os olhares que trocaram após a cerimônia anunciaram vivamente a dedicação de cada um ao seu consorte. – A matrona feriu-se ao tropeçar no tapete estendido na varanda. – Romualdo arrependeu-se de ter tocado no tema, especialmente diante de Marisa. RESOLUÇÃO: Na frase "Os recém-casados se amavam intensamente", o pronome se é reflexivo-recíproco, exercendo a função sintática de objeto direto. Na segunda frase, "A matrona feriu-se ao tropeçar...", o se é apenas reflexivo e exerce a função sintática de objeto direto. Na última frase, "Romualdo arrependeu-se de ter tocado no tema... ", o pronome se é parte integrante do verbo e não exerce nenhuma função sintática. Portanto, o sentido do pronome varia nas três frases, mas sua função sintática é a mesma nas duas primeiras.

(QUINO. Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993)

a) em I, indica reflexividade e equivale a "a si mesmas". b) em II, indica reciprocidade e equivale a "a si mesma". c) em III, indica reciprocidade e equivale a "umas às outras". d) em I e III, indica reciprocidade e equivale a "umas às outras". e) em II e III, indica reflexividade e equivale a "a si mesma " e "a si mesmas", respectivamente. RESOLUÇÃO: O pronome se pode ser empregado como puramente reflexivo, como ocorre nos quadrinhos II e III, ou como recíproco, como ocorre em I. Observe-se que, no quadrinho I, o sentido do se é de “umas às outras”. Resposta: E

Resumindo: Funções do se Partícula apassivadora Índice de indeterminação do sujeito Pronome reflexivo Pronome reflexivo recíproco Parte integrante do verbo

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Indicadores acompanha verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos acompanha verbos que NÃO SÃO transitivos diretos e que DEVEM ESTAR na terceira pessoa do singular ou no infinitivo acompanha verbos transitivos diretos e indiretos acompanha verbos transitivos diretos e indiretos aparece sempre junto a verbos essencialmente pronominais

Como descobrir passar a frase para a voz passiva analítica eliminar o se e acrescentar alguém ou eliminar o se e passar o verbo para a terceira pessoa do plural substituir por a si mesmo(a) acrescentar um ao outro, reciprocamente, mutuamente não pode ser eliminado da frase

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Linguagem figurada (antítese, paradoxo, ironia, apóstrofe e metonímia)

As figuras que mais interessam à dissertação são a antítese, o paradoxo, a ironia e a metonímia. Vamos estudá-las.

1. ANTÍTESE é a figura pela qual se opõem, numa mesma frase, palavras ou expressões de sentido contrário.

• Oposição • Depreciação • Invocação

Exemplos: Que classe sossegada esta! – e a algazarra continuava. Ele não deu os brinquedos às crianças. Ele é realmente um homem muito bonzinho!

Exemplos: “Tudo que é bom faz mal e bem.” (Guimarães Rosa)

Desde o instante em que se nasce já se começa a morrer. (Cassiano Ricardo)

2. PARADOXO (ou oxímoro) é a reunião de ideias que se contradizem, referindo-se uma à outra (calor frio) ou referindo-se ambas ao mesmo termo. (“O mito é o nada que é tudo”, Fernando Pessoa). Exemplos: [Amor] ... é dor que desatina sem doer.

4. METONÍMIA é, segundo o Dicionário Aurélio, uma figura de linguagem ou “tropo que consiste em designar um objeto por palavra designativa doutro objeto que tem com o primeiro uma relação de causa e efeito (trabalho, por obra), de continente e conteúdo (copo, por bebida), lugar e produto (porto, por vinho do Porto), matéria e objeto (bronze, por estatueta de bronze), abstrato e concreto (bandeira, por pátria), autor e obra (um Camões, por um livro de Camões), a parte pelo todo (asa, por avião) etc.”.

(Camões)

O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. (Fernando Pessoa)

3. IRONIA é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).

Exemplos: a) O continente pelo conteúdo e vice-versa. Bebeu o cálice acre de vinagre. (isto é, o vinagre contido no cálice) b) A causa pelo efeito e vice-versa. O sol está escaldante. (isto é, o calor)

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c)

O autor pela obra. Junto do leito meus poetas dormem — Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron Na mesa confundidos. (Álvares de Azevedo)

d) O nome do lugar pela coisa aí produzida. Comprei uma garrafa de Porto. (isto é, do vinho produzido na cidade do Porto) e) O abstrato pelo concreto. A vingança vai-lhes no encalço. (vingança = vingadores)

Obs.: Chama-se sinédoque a este tipo de metonímia, que inclui também a substuição do plural pelo singular (O esporte do espanhol é a tourada; o do brasileiro, o futebol.).

5. APÓSTROFE é a invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão. Exemplos: Com que tu, clara Grécia, o céu penetras, E não menos por armas que por letras. (Camões)

Apóstrofe: “clara (ilustre, notável) Grécia”

(Alexandre Herculano)

f)

O inventor pelo invento. Edson ilumina o mundo. (isto é, as lâmpadas iluminam o mundo)

g) O símbolo pela coisa simbolizada. Os seminaristas que trocaram o turíbulo pelo rifle do guerrilheiro... (Viana Moog) (turíbulo = sacerdócio, vida religiosa) h) A parte pelo todo e vice-versa. Mil braços trabalhavam naquela lavoura. (braços = pessoas) A cidade acordou apavorada. (cidade = os habitantes da cidade)

A

(ENEM) – As histórias em quadrinhos, por vezes, utilizam animais como personagens e a eles atribuem comportamento humano. O gato Garfield é exemplo desse fato.

Apóstrofe: “Ó Senhor!”

Van Gogh, pintor holandês nascido em 1853, é um dos principais nomes da pintura mundial. É dele o quadro abaixo.

VAN GOGH Autorretrato de orelha cortada

(Caderno Vida e Arte, Jornal do Povo, Fortaleza)

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O 3.o quadrinho sugere que Garfield a) desconhece tudo sobre arte, por isso faz a sugestão. b) acredita que todo pintor deve fazer algo diferente. c) defende que para ser pintor a pessoa tem de sofrer. d) conhece a história de um pintor famoso e faz uso da ironia. e) acredita que seu dono tenha tendência artística e, por isso, faz a sugestão. Resolução No quadrinho em questão, o gato ironiza os projetos artísticos de seu dono, sugerindo-lhe que se inicie como pintor imitando Van Gogh — não em sua produção pictórica, mas em seu gesto desesperado de automutilação. Resposta: D

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A (ENEM) – Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.

Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em a) “Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão.” b) “…a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão” c) “Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De que sequer suspeitava.” d) “…o operário faz a coisa E a coisa faz o operário.” e) “Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão.” (MORAIS, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.)

RESOLUÇÃO: Nos versos transcritos na alternativa b, o sujeito casa recebe dois predicativos que se contradizem e excluem (“liberdade” e “escravidão”), o que constitui a figura de linguagem chamada oxímoro. Em nenhuma das demais alternativas ocorre a mesma estrutura de significação. Resposta: B

B (FUVEST – MODELO ENEM) – Consideradas no contexto em que ocorrem, constituem um caso de antítese as expressões: a) “disse-lhe alguma graça” – “pisou-lhe o pé”. b) “acertaram-se” – “amaram-se”. c) “os dedos no tacho” – “os olhos na costura”. d) “logo desesperada” – “amanhã resignada”. e) “na lama” – “no hospital”. RESOLUÇÃO: O caráter antitético das expressões da alternativa d deve-se à oposição entre desesperada (“aflita e atormentada com a falta de esperança, de perspectiva”) e resignada (“conformada com sua situação”). Tal oposição é reforçada com os advérbios logo e amanhã. Resposta: D

C (FUVEST – MODELO ENEM) – Dos verbos no infinitivo que ocorrem na resposta do sacristão e da sacristã, o único que deve ser entendido necessariamente em dois sentidos diferentes é: a) Queimar. b) Comer. c) Andar. d) Adoecer. e) Sarar. RESOLUÇÃO: O verbo no infinitivo que pode ser entendido em dois sentidos diferentes é queimar, no trecho “queimar os dedos nos tachos; os olhos na costura”. No primeiro segmento, o sentido é literal; no segundo, é metafórico, equivalendo a “desgastar, consumir, exaurir, extenuar”. Resposta: A

Texto para as questões de B a D.

— Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando a missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de D. Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: — Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: — Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia.

D (FUVEST) – A palavra assinalada no trecho “que devia ser sua colaboradora na vida de D. Plácida” mantém uma relação sinonímica com a palavra dia(s) em: a) “um dia, (…), viu entrar a dama”. b) “Viu-a outros dias”. c) “ao acender os altares, nos dias de festa”. d) “podia dizer aos autores de seus dias”. e) “até acabar um dia na lama”. RESOLUÇÃO: A expressão “seus dias”, no contexto, é metonímia para indicar vida: “autores de seus dias” = seus pais, geradores de sua vida. Resposta: D

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

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…Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)

a) comparações. d) perífrases.

b) metáforas. e) sinestesias.

c) metonímias.

RESOLUÇÃO: O narrador utilizou o continente (vestimenta: seda e casimira/ pano) para designar o conteúdo, ou seja, os gêneros masculino (homem = casimira/pano) e feminino (mulher = seda). Resposta: C

E (FUVEST – MODELO ENEM) – Na frase “(...) data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal”, ocorre o mesmo recurso expressivo de natureza semântica que em: a) “Meu coração/ Não sei por que/ Bate feliz, quando te vê.” b) “Há tanta vida lá fora,/ Aqui dentro, sempre,/ Como uma onda no mar.” c) “Brasil, meu Brasil brasileiro,/ Meu mulato inzoneiro,/ Vou cantar-te nos meus versos.” d) “Se lembra da fogueira,/ Se lembra dos balões,/ Se lembra dos luares, dos sertões?” e) “Meu bem querer/ É segredo, é sagrado,/ Está sacramentado/ Em meu coração.” RESOLUÇÃO: A antítese, configurada nas expressões antônimas “independência política” e “cativeiro pessoal”, é um recurso expressivo de natureza semântica que aparece em “lá fora” / “aqui dentro”. Resposta: B

F (ITA) – Assinale a figura de linguagem predominante no seguinte trecho: A engenharia brasileira está agindo rápido para combater a crise de energia.

H (ESPM) – No diálogo transcrito acima, constata-se: a) Pleonasmo vicioso, pois se associa aprendizagem com óbvia facilidade. b) Redundância, pois se explicita a sinceridade com um comentário repetitivo e desnecessário. c) Paradoxo, pois se contrapõem duas ideias antagônicas: fingimento e sinceridade. d) Ironia, pois se desdenha a falta de conhecimento do padre sobre sucesso e liderança. e) Eufemismo, pois se suaviza a resposta ante uma pergunta tão ingênua. RESOLUÇÃO: Resposta: C

a) Metáfora. d) Hipérbole.

b) Metonímia. e) Pleonasmo.

c) Eufemismo.

RESOLUÇÃO: No caso, a metonímia corresponde à substituição do concreto (os engenheiros brasileiros) pelo abstrato (“a engenharia brasileira”). Resposta: B

G

(UNIMES) – O canto já estava ocupado por um monte de sedas, que deixou escapar-se um ligeiro farfalhar; conchegando-se para dar-me lugar. Sentei-me; prefiro sempre o contato da seda à vizinhança da casimira ou do pano. O texto acima reproduz parte da cena do primeiro encontro de Carlota e do narrador-personagem de Cinco minutos, romance de estreia de José de Alencar. Ao contar o critério utilizado por ele para escolher seu assento no ônibus de Andaraí, o narrador lança mão, duas vezes, da mesma figura de linguagem. Trata-se das expressões “monte de sedas” e “da casimira ou do pano”, ambas

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Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongado as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. (José de Alencar, Iracema)

I Sobre a expressão “verdes mares”, assinale a alternativa incorreta: a) Trata-se de vocativo. b) Está personificada. c) Configura uma apóstrofe. d) É o interlocutor do narrador. e) É o sujeito da oração. RESOLUÇÃO: Resposta: E

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Orações Coordenadas

• Adição • Oposição • Condução • Explicação

INSTRUÇÃO: Considere o seguinte trecho da Bíblia para responder às questões de números

A e B. E disse [Deus]: Certamente tornarei a ti por este tempo da vida; e eis que Sara tua mulher terá um filho. E Sara escutava à porta da tenda, que estava atrás dele. E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados em idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres. Assim, pois, riu-se Sara consigo, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho? (...) E concebeu Sara, e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha falado. (www.bibliaonline.com.br, Gn 18, 10-12; 21, 2)

A

(UNIFESP – MODELO ENEM) – No trecho, afirma-se que Abraão e Sara já estavam adiantados em idade e que a Sara já havia cessado o costume das mulheres. Essas expressões são a) eufemismos, que remetem, respectivamente, à velhice e ao ciclo menstrual. b) metáforas, que remetem, respectivamente, à idade adulta e ao vigor sexual. c) hipérboles, que remetem, respectivamente, à velhice e à paixão feminina. d) sinestesias, que remetem, respectivamente, à decrepitude e à sensualidade. e) sinédoques, que remetem, respectivamente, à idade adulta e ao amor. Resolução Eufemismo consiste no emprego de palavra ou expressão mais suave, para minimizar o peso conotativo de outra palavra. Assim, “adiantados em idade” substitui “velhos” e “costume das mulheres”, “menopausa”. Resposta: A

B

(UNIFESP – MODELO ENEM) – Em: • “Assim, pois, riu-se Sara consigo...” • “... que Deus lhe tinha falado.” a conjunção pois tem valor ______________ e o pronome lhe refere-se ao termo ____________

Os espaços devem ser preenchidos, respectivamente, com a) conclusivo e Abraão. b) explicativo e Sara. c) causal e Sara. d) explicativo e Abraão. e) condicional e Abraão. Resolução A oração iniciada por pois é coordenada conclusiva. Deus falara a Abraão, antes mencionado e retomado no pronome lhe (objeto indireto). Resposta: A

C

(FGV – MODELO ENEM) – O trabalho é bom para o homem _______________________ distrai-o da própria vida _______________ desvia-o da visão assustadora de si mesmo; _______________ impede-o de olhar esse outro que é ele e que lhe torna a solidão horrível. Assinale a alternativa em que o emprego de elementos de ligação sintática e de sentido nas lacunas mostra-se, pela ordem, adequado ao contexto. a) porque... portanto... no entanto b) pois – e – assim c) portanto – desde que – todavia d) porque – também – por isso e) visto que – entretanto – logo Resolução A oração “distrai-o da própria vida” e “desvia-o da visão assustadora de si mesmo” são coordenadas entre si e explicativas em relação à oração “O trabalho é bom para o homem”. A conjunção assim estabelece nexo conclusivo em relação ao afirmado anteriormente. Resposta: B

D

(ITA) – Quais conectivos não podem ser colocados entre a primeira e a segunda frase e entre esta e a terceira, respectivamente, preservando-se o sentido proposto pelo texto? De vez em quando, ferem, aleijam ou matam um garoto na cretinice do trote. Ninguém é punido. Os oligarcas velhos relevam: “acidente”. a) pois; e. c) e; porque. e) porque; mas.

b) porém; pois. d) mas; e.

Resolução No contexto, entre a primeira e a segunda frase poderia haver tanto relação de oposição (alternativas b, c e d) quanto de causalidade ou de explicação da primeira pela segunda (alternativas a e e). Entre a segunda frase e a terceira, as relações poderiam ser de adição (alternativas a e d), causa ou explicação (alternativas b e c), mas não de oposição (alternativa e). Resposta: E

E

(CÁSPER LÍBERO) – Gostando, pois, de Clarice Lispector, só poderia ser misterioso como ela. I. Gostando, embora, de Clarice Lispector, só poderia ser igualmente misterioso. II. Gostando, portanto, de Clarice Lispector, só poderia ser misterioso como ela. III. Gostando, entretanto, de Clarice Lispector, só poderia ser misterioso como ela.

Apresenta(m) o mesmo sentido do enunciado a(s) frase(s) a) I e III. b) II. c) III. d) II e III. e) I. Resolução No contexto, pois (depois do verbo) e portanto estabelecem relação de conclusão. Resposta: B

F

(UFPB) – Observe a passagem:

Pensara fazer-se senhor do Brasil e fizera-se escravo de uma brasileira mal-educada e sem escrúpulos de virtude! Imaginara-se talhado para grandes conquistas, e não passava de uma vítima ridícula e sofredora! (Aluísio Azevedo, O Cortiço) Tendo em vista a relação de sentido entre os termos e as orações, a conjunção e possui, respectivamente, um valor a) aditivo, aditivo, adversativo,adversativo. b) adversativo, aditivo, adversativo, aditivo. c) adversativo, adversativo, aditivo, adversativo. d) aditivo, adversativo, aditivo, adversativo. e) aditivo, aditivo, aditivo, aditivo. Resolução No 1.° e 3.° emprego do e , a relação que se estabelece entre as orações é de oposição, podendo-se substituir a conjunção e por mas. Resposta: B

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EPIGRAMA DO ESPELHO INFIEL Entre o desenho do meu rosto e o seu reflexo, meu sonho agoniza, perplexo. Ah! Pobres linhas do meu rosto desmanchadas do lado oposto, e sem nexo! E a lágrima do seu desgosto Sumida no espelho convexo.

b) As orações funcionam como termos de outras? RESOLUÇÃO: As orações não funcionam como termos de outras e cada uma tem sentido completo.

c) Como se chama a relação que mantêm entre si as orações independentes de um período? RESOLUÇÃO: Chama-se coordenação. Por isso, as orações independentes são coordenadas umas às outras.

(Cecília Meireles)

A No poema acima, há período simples ou composto? RESOLUÇÃO: Há três períodos simples ou orações absolutas, pois só há um verbo em cada oração ["agoniza", "desmanchadas" (com verbo auxiliar elíptico), "sumida" (com verbo auxiliar elíptico)].

As conquistas da medicina e a melhor alimentação elevaram sensivelmente a vida média do homem, mas a aids mata com crueza e a tuberculose voltou a ser quase epidêmica. (Gilberto Dupas)

B a)

Quantas orações contém o período acima?

RESOLUÇÃO: Há três orações, cujos verbos são "elevaram", "mata" e a locução "voltou a ser".

C Indique a relação que a oração sublinhada estabelece com a outra oração do período. Relações: a) soma, adição b) oposição c) alternância d) conclusão e) explicação ( b ) “Fui como as ervas, e não me arrancaram.” (Fernando Pessoa) ( e ) “Não leia no escuro, que faz mal à vista.” ( a ) “Marta não veio nem telefonou.” ( d ) “Ganhas pouco; portanto, procura economizar.” ( b ) “Tanto tenho aprendido, e não sei nada.”(Florbela Espanca) ( c ) “O Antunes das duas uma: ou não compreendia bem ou não ouvia nada do que lhe dizia o seu companheiro.” (Almada Negreiros) ( d ) “As ruas estão molhadas; deve ter chovido, pois. ( e ) Respeita-o; pois ele é teu pai. ( a ) Ele não só estava louco; mas também o sabia.

A oração que não funciona como um termo de outra oração do mesmo período chama-se oração independente. As orações independentes vêm coordenadas entre si e classificam-se como mostra o quadro seguinte. ORAÇÕES COORDENADAS não funcionam como termos de outras orações ASSINDÉTICAS SINDÉTICAS

não vêm introduzidas por conjunção vêm introduzidas por conjunção

Classificação

aditivas – relação de soma: e, nem, não só... mas também, tanto... como etc. adversativas – relação de oposição: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto etc. alternativas – relação de alternância: ou, ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer etc. conclusivas – relação de conclusão: logo, portanto, por isso, pois [após o verbo], de modo que, por conseguinte etc. explicativas – relação de explicação: pois [antes do verbo], porque, porquanto, que etc. Nota: A conjunção e pode substituir mas, ligando orações de sentidos opostos, ou seja, adversativas: Ela gostou do filme, e ele o detestou. Eles iam passear no bosque, e choveu.

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D Assinale o período em que não se estabelece relação de adição entre as orações: a) "Assim como uma boa história precisa de heróis fascinantes, precisa também de pérfidos e cruéis vilões." (Alexandre Dumas) b) "A solução dos graves problemas sociais não é papel apenas dos governantes, mas também dos empresários e da sociedade civil." (Zilda Arns) c) "Além de parecer não ter rotação, a Terra parece também estar imóvel." (Roberto de A . Martins) d) "Galileu duvidou tanto de Aristóteles quanto das Escrituras." (Fuvest) e) "Tanto tenho aprendido, e não sei nada." (Florbela Espanca)

H

(FUVEST) – Considerando-se a relação lógica existente entre os dois segmentos dos provérbios adiante citados, o espaço pontilhado não poderá ser corretamente preenchido pela conjunção mas apenas em: a) “Morre o homem, (…) fica a fama.” b) “Reino com novo rei, (…) povo com nova lei.” c) “Por fora bela viola, (…) por dentro pão bolorento.” d) “Amigos, amigos! (…) negócios à parte.” e) “A palavra é de prata, (…) o silêncio é de ouro.” RESOLUÇÃO: Resposta: B

Texto para a questão I.

RESOLUÇÃO: Resposta: E (oposição)

O MUNDO É GRANDE O mundo é grande e cabe Nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe Na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe No breve espaço de beijar

Reflita sobre as suas bênçãos, pois todas as pessoas as têm, e não nas passadas infelicidades, porque todas as pessoas sofreram algumas. (Charles Dikens)

E As orações coordenadas acima, com exceção da primeira (geralmente assindética e chamada inicial), podem ser classificadas como a) explicativa, aditiva, conclusiva. b) conclusiva, adversativa, explicativa. c) explicativa, aditiva, alternativa. d) explicativa, adversativa, explicativa. e) conclusiva, aditiva, conclusiva. RESOLUÇÃO: Resposta: D

Outrora viajei países imaginários, fáceis de habitar, ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e [convocando ao suicídio. (Carlos Drummond de Andrade)

F A locução conjuntiva “não obstante” pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por a) portanto. b) contudo. c) porque. d) enquanto. e) contanto que. RESOLUÇÃO: Resposta: B

— Eu também já fui brasileiro moreno como vocês. Ponteei viola, guiei forde e aprendi na mesa dos bares que o nacionalismo é uma virtude. Mas há uma hora em que os bares se fecham e todas as virtudes se negam. (Carlos Drummond de Andrade)

G (MACKENZIE) – Assinale a alternativa que apresenta conjunção com sentido equivalente ao de Mas (sexto verso). a) Anda que anda até que desanda. b) Não só venceu mas também convenceu. c) Mas que beleza, Dona Creuza! d) Atirou-se do vigésimo sétimo andar e não se feriu. e) Há sempre um “mas” em nossos discursos. RESOLUÇÃO: Resposta: D

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1983.)

I

(ENEM) – Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de a) oposição. b) comparação. c) conclusão. d) alternância. e) finalidade. RESOLUÇÃO: Cada oração introduzida pela conjunção e está em relação de oposição com a oração que a antecede. Observe-se, contudo, que não é a conjunção e que “estabelece” essa relação, conforme propõe o enunciado da questão, pois a oposição decorre do sentido das orações em confronto. Resposta: A

Observe que a conjunção pois pode ser empregada em uma oração coordenada sindética • explicativa, quando explica a declaração contida na oração anterior. Nesse caso, aparece antes do verbo e pode ser substituída pela conjunção porque; • conclusiva, quando exprime a conclusão de um raciocínio. Nesse caso, geralmente aparece depois do verbo e pode ser substituída pela conjunção portanto. A construção de períodos com orações coordenadas é mais simples do que a construção de períodos com orações subordinadas. Isso porque a relação que se estabelece entre uma oração coordenada e outra – que são independentes e, portanto, podem ser separadas – é menos complexa que a relação de subordinação em que uma oração inteira funciona como termo de outra. Assim, se observarmos a linguagem infantil, notamos muitas construções com orações coordenadas, devido à sua relativa facilidade, se comparadas às orações subordinadas. Isso não significa que os adultos e as pessoas com bom domínio da linguagem não construam períodos com orações coordenadas. Todos usamos orações coordenadas, mas as crianças e as pessoas com pouco domínio da linguagem utilizam-nas com maior frequência, muitas vezes por não conseguirem estabelecer relações mais complexas entre afirmações.

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Dissertação – tese

A linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas vontades e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base última e mais profunda da sociedade humana. (Louis Hjelmslev)

1. O parágrafo dissertativo A importância da paragrafação (divisão em parágrafos), no texto dissertativo, explica-se pela necessidade de que as partes que compõem a dissertação – tese, desenvolvimento/argumentação e conclusão – sejam delimitadas. Em princípio, são necessários pelo menos três parágrafos, um para cada parte, se a dissertação for breve. É habitual, porém, que dissertações mais longas e complexas dediquem mais de um parágrafo a cada parte, especialmente ao desenvolvimento, que é a parte mais extensa.

2. Procedimentos introdutórios da dissertação Há muitos procedimentos para se elaborar o parágrafo introdutório (tese): usando afirmações, dados estatísticos, linguagem figurada, narração, comparações, conceitos, definições, citações, interrogações etc. O parágrafo introdutório (tese) apenas apresenta o assunto a ser discutido. A tese sempre contém uma ideia-núcleo ou tópico frasal. Os parágrafos subsequentes devem desenvolver a ideia ou ideias contidas na tese, ampliando-as por meio de exemplos, evidências, juízos etc. A tese pode apresentar um procedimento que não precisa, necessariamente, manter-se no desenvolvimento do texto. Assim, se a tese apresenta uma trajetória histórica, o desenvolvimento não precisa, obrigatoriamente, apresentar um conteúdo de igual teor. Os exemplos de tese abaixo têm como tema o trabalho. • Traçando uma trajetória histórica do passado ao presente Desde que aprendeu a manejar o fogo e a roda, o homem passou a gerar uma força produtiva que desencadeou invenções, conquistas e progresso. • Comparando socialmente, geograficamente, ou fazendo oposições de qualquer natureza Nos países capitalistas, o trabalho tanto oprime quanto liberta: para os assalariados, ele é a síntese das injustiças sociais; para o empresário, é o exemplo da livre iniciativa. Nos países socialistas, o operariado e o campesinato trabalham para uma força totalitária – o Estado.

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• Narração • Citação • Interrogação • Enumeração

• Conceituando ou definindo uma ideia ou uma situação Trabalho é uma força produtiva que se opera pelo empreendimento físico ou intelectual. Uma sociedade revela-se injusta quando subestima o trabalho artístico, avilta o intelectual e marginaliza o braçal em favor daqueles que detêm a propriedade, a indústria e o comércio. • Utilizando uma citação “O trabalho enobrece o homem." Essa máxima, que somos levados a respeitar, oculta a divisão de trabalho que avilta, usurpa, desgasta, sem jamais enobrecer. Ao conceito de trabalho deveriam corresponder a realização, a estabilidade e a valorização, além da diminuição da exploração e das diferenças de classe. • Elaborando uma sequência de interrogações O que define o trabalho? O tempo investido na manufatura de um produto? O esforço empreendido para se executar uma tarefa? A prestação de serviços? Trabalho é um meio de realização pessoal ou de exploração alheia? • Elaborando uma enumeração de informações Discutir o trabalho é aprofundar questões sociais. Aos nossos questionamentos não faltam a preocupação com a escolha profissional, a remuneração, a satisfação pessoal e o status, fatores que distinguem o trabalho em todas as suas variantes, do braçal ao intelectual. • Caracterizando espaços ou aspectos O som ensurdecedor dos teares, a atmosfera saturada das usinas, a monotonia dos escritórios e o estafante serviço doméstico – é o trabalho sistemático que se resume em condicionada servidão. • Narrando um fato Eram 4h30min da manhã quando Pedro arrumou a marmita de arroz, feijão e farinha e foi para a obra, onde é servente de pedreiro. Trabalhou até às 18h e pegou o trem do subúrbio, completando uma rotina idêntica à de milhões de brasileiros cuja mão de obra é desqualificada. • Fazendo uso de linguagem figurada O trabalho é o motor da sociedade. Cada atividade ou mão de obra articula-se na indústria, no comércio e na prestação de serviços, formando uma grande máquina movida pelo trabalhador. • Apresentando dados estatísticos A constatação da Fundação Seade é que a taxa de desemprego alcançou 15% em março, comparativamente a 13,8% em fevereiro. O porcentual é o maior dos últimos 21 meses e se aproxima dos 15,2% observados no mês anterior ao da entrada em vigor do Real. Equivale a afastar 100 mil pessoas do mercado de trabalho.

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Texto para as questões de

A e B.

Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês. TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond. 2000 (adaptado).

A

(ENEM) – Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, a norma padrão da língua portuguesa é empregada com a finalidade de a) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa língua materna. b) situar os dois lados da interlocução em posições simétricas. c) comprovar a importância da correção gramatical nos diálogos cotidianos. d) mostrar como as línguas indígenas foram incorporadas à língua portuguesa.

e) ressaltar a importância do código linguístico que adotamos como língua nacional. Resolução O autor se refere ao emprego de um código, linguístico ou outro, que o torne compreensível a seu interlocutor. Resposta: B

B

(ENEM) – Os procedimentos argumentativos utilizados no texto permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor foca o seu discurso, pertence a) ao mesmo grupo social do falante/autor.

A

Classifique as teses a seguir, considerando os seguintes procedimentos: a) Apresentando dados estatísticos. b) Apresentando uma citação. c) Fazendo uso de linguagem figurada. d) Conceituando ou definindo uma ideia ou fato. e) Elaborando uma afirmação. f) Estabelecendo comparação ou oposição. g) Narrando um fato. h) Traçando uma trajetória histórica ou geográfica. i) Elaborando uma interrogação ou uma sequência de interrogações. 1 – ( b ) A alma das mulheres Balzac certa vez escreveu: “... as mulheres veem tudo ou não veem nada, segundo as disposições de sua alma: o amor é a sua única luz”. E as disposições da alma feminina são, a um só tempo, insondáveis e previsíveis. (Editorial, Folha de S.Paulo) 2 – ( d ) Greve Greve é uma palavra francesa, nome da praça de Paris onde operários, no século passado, se concentravam para reivindicar melhores condições de trabalho. É também um direito democrático, reconhecido pela doutrina social da Igreja e assegurado na Constituição brasileira. Direito que ainda não foi absorvido nem pela consciência autoritária do governo nem pela mídia eletrônica, que nunca abre à versão dos trabalhadores o mesmo espaço dado à versão das empresas. Numa sociedade desigual, quem está por cima parece ter sempre razão. (Frei Betto, O Estado de S. Paulo)

b) a um grupo de brasileiros considerados como não índios. c) a um grupo étnico que representa a maioria europeia que vive no país. d) a um grupo formado por estrangeiros que falam português. e) a um grupo sociocultural formado por brasileiros naturalizados e imigrantes. Resolução É evidente que o emissor do texto é um índio que se dirige a não índios, como se vê em “nós não queremos tomar o Brasil de vocês.” Resposta: B

3 – ( h ) O Brasil colonial Quando os portugueses descobriram o Brasil, em 1500, conquistaram um mundo – milhões de quilômetros quadrados de terra fértil, um éden desconhecido de madeiras, frutas e raízes comestíveis, e um subsolo riquíssimo. Mas deram pouca atenção ao novo território, e quando resolveram colonizá-lo para valer, já em meados do século XVI, assustaram-se com o que viram. Os poucos brancos, negros e índios que aqui estavam, haviam aprendido a viver longe da civilização, numa sociedade que parecia confusa aos olhos dos portugueses. (Revista Superinteressante) 4 – ( c ) Safra de governadores é pobre Os governantes nacionais, regra geral, carecem de brilho. Falta-lhes espírito inventivo. Sobra-lhes uma gordura epidérmica, que os torna pachorrentos e inertes. (Gaudêncio Torquato, O Estado de S. Paulo) 5 – ( i ) O espelho partido O que seria de nós todos, para entendermos nosso tempo, se não pudéssemos contar com o registro implacável da imprensa, da telinha, do rádio, dos jornais e das revistas? (Jornal do Brasil)

6 – ( i/e ) Jornada aviltante O que é, o que é, que trabalha mais do que o homem, mas cujos resultados da labuta são bastante inferiores? Se você respondeu “a formiga”, errou. Como mostra relatório da ONU divulgado esta semana, a resposta correta é “a mulher”. (IstoÉ)

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7 – ( g ) Infringindo a lei Sábado à noite, milhares e milhares de adolescentes lotam os barzinhos da moda ou botecos populares. Na cabeça, muita vontade de se divertir. Nas mãos, latinhas de cerveja ou bebidas mais fortes. Essa é uma cena tão comum em qualquer cidade do País que nem sequer chama a atenção. As autoridades, às quais competiria punir os donos de estabelecimentos que servem álcool a menores de 18 anos, nem cogitam a possibilidade de reprimir a flagrante contravenção. (Veja) 8 – ( e ) Nova campanha É hoje inquestionável a importância das campanhas regulares contra a disseminação do vírus da Aids no País. Nelas, a informação clara e precisa desempenha uma função decisiva. E, quanto mais diversificadas forem suas mensagens, maior será o público atingido. (Editorial, Folha de S.Paulo) 9 – ( f ) O sem-terra e o costas largas O que diferencia o sem-terra do costas largas é a forma como o Estado trata um e outro quando flagrados à margem da lei. Como no poema de Augusto dos Anjos, a reação divide-se entre o mimo e a agressão. Diante de um costas largas infrator, a mão do Estado afaga. Frente ao transgressor sem-terra, ela apedreja. (Josias de Souza) 10 – ( a ) Miséria crônica Para a FGV, são 19,3% de brasileiros em condição limítrofe, ou 36,2 milhões de pessoas – a menor parcela desde 1992. Para o IETS (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), contam-se 26,9% (49 milhões de miseráveis). Nos dois casos, de um ano a outro quase 6 milhões de pessoas teriam deixado o contingente arbitrariamente definido, mas não há motivo para júbilo em verificar que um quinto ou um quarto do país ainda sobrevive com valores pífios. (Editorial, Folha de S.Paulo)

B

(UNICAMP) – Defender a língua é, de modo geral, uma tarefa ambígua e até certo ponto inútil. Mas também é quase inútil e ambíguo dar conselhos aos jovens de uma perspectiva adulta e no entanto todo adulto cumpre o que julda seu dever (…) Ora, no que se refere à língua, o choque ou oposição situam-se normalmente na linha divisória do novo e do antigo. Mas fixar no antigo a norma para o atual obrigaria este antigo a recorrer a um mais antigo, até ao limite das origens da língua. A própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou recusar. A língua mastiga e joga fora inúmeros arranjos de frases e vocábulos. Outros, ela absorve e integra a seu modo de ser. (Vergílio Ferreira, “Em defesa da língua”, em: Estão

a assassinar o português! – trecho adaptado)

a) Transcreva a tese de Vergílio Ferreira, isto é, a afirmação básica que o autor aceita como verdadeira e defende nesse trecho. RESOLUÇÃO: “Defender a língua é, de modo geral, uma tarefa ambígua e até certo ponto inútil.”

b) Transcreva o argumento no qual o autor se baseia para defender sua tese. RESOLUÇÃO: “A própria língua, como ser vivo que é… a seu modo de ser.”

Texto para as questões C e D.

DAS VÃS SUTILEZAS Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe três medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si. (Montaigne, Ensaios)

C

(FUVEST – MODELO ENEM) – O texto revela, em seu desenvolvimento, o seguinte: a) formulação de uma tese; ilustração dessa tese por meio de uma narrativa; reiteração e expansão da tese inicial. b) formulação de uma tese; refutação dessa tese por meio de uma narrativa; formulação de uma nova tese, inspirada pela narrativa. c) desenvolvimento de uma narrativa; formulação de tese inspirada nos fatos dessa narrativa; demonstração dessa tese. d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da narrativa; formulação de uma hipótese inspirada nos fatos narrados. e) segmento dissertativo introdutório; desenvolvimento de uma descrição; rejeição da tese introdutória.

RESOLUÇÃO: Resposta: A

D

(FUVEST – MODELO ENEM) – A expressão sublinhada no trecho: “...ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si.” pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido, por a) desde que. b) contanto que. c) uma vez que. d) a não ser que. e) se bem que.

RESOLUÇÃO: A expressão do texto é concessiva, como a da alternativa e. Resposta: E

E

(PUCCAMP) – Na prática política, a palavra negociação associa-se ora ao requisito clássico da democracia, que é a busca do “acordo entre partes”, ora ao fundamento mercantilista dos “negócios”, ou mesmo das “negociatas”. Vários políticos valem-se dessa duplicidade de significados: sendo, de fato, espertos negociantes, justificam-se como hábeis negociadores. Considere as seguintes afirmações sobre o texto acima. I. O tema explorado é o do duplo sentido que a palavra negociação ganha no âmbito da prática política. II. A tese defendida é a de que a acepção mercantilista do termo negociação pode ser maliciosamente encoberta pela acepção democrática. III. O tema é a prática da má política, e a tese é a de que as palavras deixam de ter sentido por causa dessa prática. Em relação ao texto, está correto o que vem afirmado em a) II somente. b) I e II somente. c) I e III somente. d) II e III somente. e) I, II e III. RESOLUÇÃO: Resposta: B

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Argumentação: evidência e análise

• Fatos históricos • Registros jornalísticos • Experiências cotidianas

Numa dissertação denomina-se evidência a apresentação de fatos históricos, registros jornalísticos, as experiências cotidianas ou qualquer tipo de informação objetiva individual ou coletiva, que sirva para fundamentar o texto dissertativo. Análise é o exame crítico e interpretativo das evidências apresentadas, a discussão de pontos de vista, ou opiniões. Assim, um bom texto dissertativo deve apresentar evidências e consequente análise, se possível em cada um dos parágrafos argumentativos. Com base no que foi exposto, leia o texto abaixo e observe os procedimentos utilizados pelo autor.

O fanatismo de cada um “A fonte de nosso declínio, a principal explicação dos sofrimentos de nosso povo reside em seu desprezo pelas estruturas da nossa fé. Nossa juventude foi corrompida pela música, pelo fato de andar com roupas sumárias, pelos jogos de xadrez e gamão, pelo fato de ir ao cinema e de se vestir airosamente.”

Tese construída a partir de uma citação.

É curioso notar como os moralistas – de todos os credos, tempos e latitudes – têm sempre um discurso semelhante. Este acima não é de um ministro da Justiça brasileiro, ou bispo censor, ou de senhoras chocadas com o realismo das novelas televisivas: é de Khomeini, em 1980.

Evidência e análise: observação crítica que explica a citação introdutória e confirma um fato.

(…) A história religiosa e política mostra que, em todos os tempos, o fanatismo é a arma principal daqueles que acreditam que a sua é a única visão válida da vida e que todas as outras visões devem ser destruídas.

Análise: posicionamento crítico sobre o assunto.

A perseguição aos cristãos (Roma), a Inquisição (Europa medieval), o massacre dos judeus (nazismo, século XX) e o confinamento dos intelectuais (stalinismo, século XX) são apenas alguns pouquíssimos exemplos de intolerância. Basta lembrar que houve um longo tempo em que os católicos promoviam chacinas e perseguições contra todos os infiéis, enquanto os islamitas se especializavam em queimar bibliotecas em nome de Deus. (“Se todos esses livros falam de coisas com que concordo, são inutéis; se falam de coisas de que discordo, precisam ser destruídos”, disse um desses líderes fanáticos.)

Evidência: fundamentação histórica com exemplos de intolerância ideológica.

(…) Todos podemos agora olhar para nós mesmos e procurar o que existe de Khomeini no nosso interior. Basta olhar para o espelho e procurar conhecer nossa intolerância diária – religiosa, política, profissional, esportiva, sexual. Curiosamente, talvez descubramos que somos todos fanáticos: basta que alguém arranhe alguma das nossas crenças.

Conclusão: análise sucinta do tema (o reconhecimento de nossos fanatismos).

(Marco Antônio de Carvalho) PORTUGUÊS

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A

(ENEM) – O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e suas dificuldades. E depois aponta para um paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo. NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época 25 abr. 2009. O autor discute problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos que levam a inferir que seu objetivo é a) esclarecer que a velhice é inevitável. b) contar fatos sobre a arte de envelhecer. c) defender a ideia de que a velhice é desagradável. d) influenciar o leitor para que lute contra o envelhecimento. e) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia, o envelhecimento. Resolução O autor, ao comentar a obra mencionada de Cícero, mostra que é possível ver a chegada da velhice como uma celebração das realizações da vida, aliviando, assim, o estado de melancolia e de amargura que envolve a senilidade. Resposta: E Texto para as questões de

B a D.

Adquirir a capacidade de usar bem a língua requer – como toda atividade artística – uma rigorosa disciplina: só se pode manejar o meio, fazê-lo obedecer à nossa intenção expressiva, quando por nossa vez obedecemos sem discutir à sua estrutura própria, que nos precede e nos ultrapassa. No caso da escrita, é preciso seguir escrupulosamente a ossatura do idioma, mesmo quando se quer trincá-lo de leve: conhecer e respeitar a pontuação, a regência, a concordância, as normas de colocação das palavras na frase, as regras de coordenação e subordinação das orações ... A arte de escrever consiste em servir a língua para dela poder

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servir-se; a vassalagem é aqui condição do domínio do meio e, portanto, da possibilidade de exercitar a liberdade criativa. Renato Mezan

B

(MODELO ENEM) – De acordo com o texto, a) a variante linguística popular, em especial a sua realização oral, é condenável, pois se afasta do padrão culto. b) deve-se evitar ao máximo trincar o idioma, mesmo que seja de leve; por isso, é fundamental obedecer às regras gramaticais. c) a prática da liberdade criativa na expressão escrita independe do sistema linguístico. d) o escritor deixará de ser criativo quando ousar trincar de leve as regras gramaticais consideradas imutáveis. e) somente o domínio das regras básicas do idioma dá ao escritor a oportunidade de comunicar-se criativa e expressivamente. Resolução A alternativa e corresponde, precisamente, ao que se afirma no primeiro parágrafo do texto e se reitera em todo o desenvolvimento dele. Resposta: E

C

(MODELO ENEM) – Assinale a alternativa correta. a) Do segundo período em diante, o texto desenvolve, por especificação, o tópico frasal apresentado no primeiro período. b) O texto é descritivo e seu desenvolvimento é indutivo: inicia com uma particularização e conclui com uma generalização. c) A argumentação desenvolve-se por comparação, confirmando a relação entre a escrita e as artes plásticas. d) O texto estrutura-se como uma narração de fatos que se sucedem em progressão temporal, numa relação de causa e efeito. e) É um texto dissertativo cujos argumentos finais se opõem à afirmação inicial, relativizando, assim, a tese defendida. Resolução A justificativa desta resposta encontra-se na observação que fizemos ao teste anterior. Resposta: A

D (MODELO ENEM) – Portanto, a arte de escrever consiste em servir a língua para dela poder servir-se.

Alterando a frase dada, a nova forma está correta em: a) A arte de escrever portanto, consiste em servir a língua; Para dela, poder servir-se. b) A arte de escrever, portanto, consiste em servir a língua, para dela poder servir-se. c) Portanto a arte de escrever, consiste: em servir à língua para dela, poder servir-se. d) Portanto a arte, de escrever, consiste em servir, à língua: Para dela poder servir-se. e) Portanto, a arte de escrever, consiste em: servir, à língua para dela, poder servir-se. Resolução A conjunção conclusiva portanto, quando deslocada de sua posição original (início da oração), deve vir entre vírgulas como ocorre na alternativa b. Também é correto separar a oração adverbial final por vírgula. Resposta: B

E

(FUVEST – MODELO ENEM) Não se trata aqui, é óbvio, de procurar eximir os meios de comunicação da responsabilidade por seus produtos. Mas determinar de antemão o que não pode ser veiculado é policiar a expressão livre de ideias e informações – ou seja, chancelar a censura. (Folha de S. Paulo, 28/08/97, 1-2) Depreende-se do texto que seu autor a) pretende corroborar a censura, embora afirme que os meios de comunicação devem ser responsabilizados por seus produtos. b) isenta os meios de comunicação de responsabilidades em relação aos produtos que veiculam. c) posiciona-se contra a censura prévia e reconhece que os meios de comunicação podem ser responsabilizados pelos produtos que veiculam. d) pretende evitar a censura, estabelecendo critérios prévios quanto ao que pode ou não ser veiculado nos meios de comunicação. d) busca transferir para o próprio órgão de imprensa a responsabilidade pela censura prévia. Resolução O segundo período do texto implica uma condenação da censura prévia e o primeiro período afirma, explicitamente, a responsabilidade dos meios de comunicação por aquilo que veiculam, ou seja, por seus produtos. Resposta: C

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Texto para responder às questões de números A e B. (1) Outra vez, o terror arranha nossos olhos. Como é de seu feitio, cai sobre inocentes, de surpresa e à toa, para que voltemos a nos lembrar dele. De fato, sinto-me provocada a dar atenção a ele e a tentar compreendê-lo – do ponto de vista não político, mas humano. (2) Na sua expressão política, o terror está sempre amparado por uma razão ideológica ou religiosa. Razões supremas e sobre-humanas, pensa-se (a lei da natureza, a lei da história, a lei de Deus), e que, por isso mesmo, justificariam todo o mal decorrente de sua efetivação.

do agente. Sempre através de uma violência que não se anuncia, potencializada pelas armas e com o poder de exterminar sem dar direito à defesa. (5) Em nome de que um homem pratica o terror? O que o autoriza? Qual o seu propósito? (6) Penso que o terror tenha sua origem na arrogância, nesse ato de tomar só para si o poder de julgar os outros, de dar aos outros o que se pensa que merecem, recompensa ou castigo, a vida ou a morte, de decidir por eles, especialmente sobre o seu destino.

(3) Mas, na vida cotidiana, nada legitima o terror, além da vontade e do interesse dos seus agentes. Guardadas as devidas medidas e proporções, são também atos de terrorismo aqueles que invadem as cenas cotidianas: da violência doméstica à "guerra civil" que vem se instalando em algumas cidades brasileiras e cujas primeiras manifestações já eram os "arrastões" realizados nas praias cariocas nos anos 80.

(7) A razão de ser do terror é a arrogância. Não importa o motivo – se por ódio, se por amor, se por justiça, se por verdade. O arrogante não faz acordos nem observa regras. A lei é a sua. A palavra é a sua. O momento é o seu. A arrogância condenou à morte Jesus, Sócrates, Gandhi. Deu suporte ao nazismo, ao stalinismo, à Inquisição; sustenta fundamentalismos políticos e religiosos.

(4) Seja na esfera da vida política, seja na da vida privada, o ato de terror visa submeter os outros homens à vontade

(Dulce Critelli, Folha Equilíbrio, 1º/4/2004.)

A (FATEC – MODELO ENEM) – Segundo o texto, a) existe a crença de que as motivações do terror político ultrapassam as motivações meramente humanas; justifica-se, assim, o mal que ele causa. b) a legitimação do terror na vida cotidiana excede o desejo e o arbítrio dos que praticam essa forma de violência. c) a aceitação do terror, do ponto de vista humano, é garantida pela feição política desse fenômeno que atinge tantos inocentes no mundo. d) a arrogância só leva ao terror quando há motivos fortes – o ódio ou a justiça, entre outros. e) a submissão dos homens à vontade do agente do terror não se expõe na violência das armas. RESOLUÇÃO: A alternativa a retoma a afirmação contida no segundo parágrafo do texto, em que se menciona a crença segundo a qual "razões supremas e sobre-humanas" justificariam os males resultantes dos atos de terror. Resposta: A

B

(FATEC) – Considere as seguintes afirmações sobre a organização do texto. I. Didaticamente, o 2.° parágrafo contém desmembramento das ideias expostas no parágrafo anterior. II. O 4.° parágrafo reúne ideias expostas nos parágrafos anteriores, por meio da identificação de um ponto em comum: o objetivo do terror. III. As indagações contidas no 5.° parágrafo são meramente recurso retórico, visto que a sequência do texto não cuida de dar respostas a elas. IV. O 7.° parágrafo consiste numa expansão do 6.°, desenvolvendo a tese, expressa neste último, de que o homem pratica o terror movido pela arrogância.

Estão corretas apenas as afirmações a) I e II. b) I, II e III. c) I e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV. RESOLUÇÃO: A afirmação III está errada, pois as interrogações mencionadas não são retóricas, mas exprimem questões reais, que a autora cuida de responder em seguida. Resposta: D

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Leia o texto, para responder à questão de número C.

(ENEM) – Texto para a questão D.

Uma das razões da glorificação de Tiradentes é o apelo popular da fusão, em sua pessoa, de herói nacional e ícone religioso. Os artistas inventaram para ele um rosto inspirado naquele inventado para Jesus Cristo. Como Jesus Cristo, ele é o protagonista de uma paixão. Sua caminhada, na manhã daquele 21 de abril – um sábado, como neste ano –, da cela que ocupava na Cadeia Velha, situada onde atualmente fica o Palácio Tiradentes, até a forca, no lugar do Calvário. A esses fatores exteriores soma-se que, nos três anos em que permaneceu preso, marcados pelas privações, pelos interrogatórios, pela expectativa da morte e pela assistência dos padres, Tiradentes deixou-se tomar pela religiosidade. Ao subir ao cadafalso, beijou os pés do carrasco. Depois rezou o credo. Era um Cristo entregando-se à sua sorte. (Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 25/4/2007, Adaptado)

C (UFTM) – Assinale a alternativa contendo apreciação correta desse texto. a) Como argumentos para sustentar a associação entre Cristo e Tiradentes, mencionam-se o martírio da história cristã e a iconografia sobre o herói brasileiro. b) O autor sugere que o enforcamento de Tiradentes deu-se no mesmo dia em que os cristãos católicos comemoram o sábado de Aleluia, após a paixão de Cristo. c) Defende-se no texto a ideia de que havia semelhança física entre Tiradentes e Jesus Cristo, como provam os retratos do brasileiro pintados pelos artistas. d) Predomina, no texto, a ideia de que a heroicidade de Tiradentes deu lugar à religiosidade que este adotou antes de ser enforcado. e) Nota-se nas ideias do autor a tendência a influenciar o leitor, levando-o a compartilhar a compaixão pelo herói mineiro martirizado. RESOLUÇÃO: Resposta: A

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(Folha de S. Paulo, 8/4/2009, p. A2)

D Por meio da charge de Angeli, pode-se inferir uma crítica a) à crise no funcionalismo provocada pela falta de mão de obra especializada. b) ao excesso de especialização profissional como causa do desemprego. c) à prática de contratação de parentes (nepotismo) e funcionários-fantasma. d) ao enxugamento da máquina estatal, concentrador de recursos humanos. e) à falta de formalidade que permeia as relações profissionais brasileiras. RESOLUÇÃO: A charge de Angeli faz referência a duas práticas políticas comuns no Brasil: à contratação de funcionários-fantasma (que assumem um cargo, recebem por ele, sem sequer aparecerem para exercer de fato a função para a qual foram nomeados), o que se percebe pelo título “Os fantasmas se divertem” — referência ao título em português do filme Beetle Juice (EUA, 1988) — e pela ausência de pessoas no ambiente retratado. Há também uma referência ao nepotismo (favorecimento a parentes) pelo fato de todos os funcionários apontados possuírem o mesmo sobrenome, “Nini”. Resposta: C

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Delimitação de assunto

Quando temos um assunto para discutir, faz-se necessário delimitá-lo para que possamos abordá-lo com mais pertinência. Por exemplo, se o assunto a ser discutido é televisão, devemos selecionar alguns aspectos para abordar, considerando o tempo limitado para elaborar o texto no vestibular. ASSUNTO: a televisão. DELIMITAÇÃO DO ASSUNTO: 1. Causas da preferência popular pela televisão. 2. O papel privilegiado da televisão entre os meios de comunicação de massa. 3. A televisão e a criança. 4. A televisão ditando modelos de comportamento. 5. A violência através da televisão. 6. O papel na televisão. 7. Concorrência por audiência entre as emissoras de televisão. 8. A televisão e a criação de mitos. 9. A televisão: monopólio de lazer das massas. 10. Televisão: o apelo visual compromete o interesse pela leitura?

Além das delimitações dadas, outras poderiam ser acrescidas e cada uma delas seria um tema para um texto dissertativo. Note que, para cada assunto abrangente e genérico proposto para uma dissertação, faz-se necessária uma delimitação para que a redação não resulte numa costura de muitas abordagens, o que torna a argumentação estéril e superficial. Assim, pense nas possíveis delimitações que os seguintes assuntos podem sugerir: violência, religião, família, ecologia, desemprego, publicidade, sexualidade, educação, amor, saúde etc. A delimitação do assunto é muito pessoal e para isso concorrem a experiência e o repertório de conhecimentos. Observe como o autor desenvolveu o tema da violência no texto ao lado.

• Análise de tema • Crítica social

Lá vem o Brasil, descendo a ladeira Deitado em berço esplêndido às margens da vida real da Nação, o Congresso ainda não incluiu em sua pauta a revogação da pena de morte. Não da lei inexistente, e sim do fato em si. Quem nunca foi assaltado? Se não pelo bandido, certamente pelo medo. Não se sabe se o filho retornará da escola com o tênis, se a filha perderá na esquina o relógio, se a casa ou o apartamento estará com seus móveis imóveis na volta do fim de semana. E se digo bandido não é para qualificar apenas pivetes, homens mal-encarados ou mulheres desdentadas, que usam de violência para obter meios de sobrevivência. É para englobar fiscais que achacam, políticos que exigem comissões, empresas que tabelam a moral alheia, policiais que fazem de sua autoridade uma arma de extorsão. Enquanto a maioria trafega na insegurança, prisioneira do próprio domicílio, a morte grassa em nome da impunidade. Na periferia das grandes cidades, as gangues se enfrentam, empunhando, na falta de educação e ideais, fuzis AR-15 ou AK-47. Nos campos de futebol, a agressividade — inoculada pelo trabalho mal remunerado, pelo bairro desprovido de áreas de lazer, pela vida ceifada de oportunidades, pela cidadania restrita em direitos — explode no tacão que racha cabeças e mancha o verde da grama de vermelho do sangue. Com tanta impunidade, não é de estranhar que o Brasil se encontre, aqui e agora, contaminado por tamanha ferocidade. Se a sociedade civil não reagir enquanto é tempo, muito em breve esta nação, que hoje constrói mais prisões que escolas, estará empenhada em multiplicar cemitérios. Então, se viver é um risco, nascer parecerá um atrevimento. (Frei Betto, O Estado de S.Paulo)

revogação: anulação, extinção. achacam: roubam, intimidam. extorsão: crime de constranger alguém, mediante violência ou ameaça, com o intento de obter indevida vantagem econômica. trafega: vive, transita. grassa: alastra-se, propaga-se. inoculada: introduzida, transmitida ou difundida. ceifada: isenta, privada. impunidade: falta de castigo ou punição. ferocidade: agressividade.

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A

O humor presente na tirinha decorre principalmente do fato de a personagem Mafalda a) atribuir, no primeiro quadrinho, poder ilimitado ao dedo indicador. b) considerar seu dedo indicador tão importante quanto o dos patrões. c) atribuir, no primeiro e no último quadrinhos, um mesmo sentido ao vocábulo “indicador”. d) usar corretamente a expressão “indicador de desemprego”, mesmo sendo criança. e) atribuir, no último quadrinho, fama exagerada ao dedo indicador dos patrões.

(ENEM)

Resolução O humor da tirinha deve-se sobretudo à confusão da personagem com dois diferentes sentidos de indicador: (1) um dos dedos da mão e (2) índice estatístico. Se Mafalda não empregasse a palavra, no último quadrinho, no mesmo sentido em que a empregara no primeiro (sentido 1), a tirinha não teria o efeito humorístico que tem. No último quadrinho, seria adequado o sentido 2, não o sentido 1. Resposta: C

a) “tristeza e indignação são grandes porque os atentados ocorreram em Nova Iorque.” b) “ao longo da história, o homem civilizado globalizou todas as suas mazelas.” c) “a Europa nos explorou vergonhosamente.” d) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo resolve.” e) “os negócios das indústrias de armas continuam de vento em popa.” Resolução O texto oferece uma visão dos problemas do planeta, como desigualdade social, fome, guerras e outras mazelas, hoje globalizadas. Resposta: B INSTRUÇÃO: Texto para as questões de números

C e D.

B

(ENEM) – Um jornalista publicou um texto do qual estão transcritos trechos do primeiro e do último parágrafos:

“‘Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?’ Jamais esquecerei a cena que vi, na TV francesa, de uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que trocava os curativos de seus dois cotos de braços. (...)” ......................................................................... “Como manter a paz num planeta onde boa parte da humanidade não tem acesso às necessidades básicas mais elementares? (...) Como reduzir o abismo entre o camponês afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor de Wall Street? Como explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de remédios, bloqueados pelo Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como dizer aos chechenos que o que aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam Grozny, a capital da Chechênia, arrasada pelos russos. Alguém se incomodou com os sofrimentos e as milhares de vítimas civis, inocentes, desse massacre? Ou como explicar à menina da Costa do Marfim o sentido da palavra ‘civilização’ quando ela descobrir que suas mãos não crescerão jamais?” (UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001.) Apresentam-se, a seguir, algumas afirmações também retiradas do mesmo texto. Aquela que explicita uma resposta do autor para as perguntas feitas no trecho citado é

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(Gilberto Dimenstein, Como não ser enganado nas eleições.)

C

(UNIFESP) – Neste texto, a relação entre a imagem e a fala permite concluir que a atitude da personagem revela a) intimidação. b) honestidade. c) agressividade. d) preocupação. e) dissimulação. Resolução A atitude do falante revela a intenção de se eximir da responsabilidade pelo documento que assinou. Como sua assinatura é inegável, ele tenta dissimular de forma absurda. Resposta: E

D

(UNIFESP) – Se a personagem fosse enfática e dissesse: “... eu não reconheço o documento, eu não reconheço o documento...”, a oração repetida, de acordo com a norma padrão, assumiria a seguinte forma: a) eu não o reconheço. b) eu não reconheço-lhe. c) eu não reconheço ele. d) eu não lhe reconheço. e) eu não reconheço-lo. Resolução O pronome oblíquo átono a tem a função de objeto direto de “reconheço”, substituindo “o documento”. Resposta: A

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O texto que você vai ler é uma dissertação, cujo tema também é a violência. Observe que o jornalista denuncia um problema social, empregando linguagem metafórica.

O Brasil Negreiro Passaram-se 125 anos desde o dia em que “O Navio

A

Em que aspectos o título do texto recupera o título do antológico poema de Castro Alves?

RESOLUÇÃO: No aspecto fonético, “Brasil” e “navio” rimam (-il / -io). No aspecto semântico, “navio” e “Brasil” são espaços físicos responsáveis pelo destino de pessoas. “Negreiro”, associado tanto a “navio” quanto a “Brasil”, é expressão conotativa que metaforicamente denuncia tanto a vinda dramática dos negros ao Brasil quanto a condição de miséria de boa parte dos brasileiros descendentes de africanos.

Negreiro” de Castro Alves singrou mares de inspiração, para enganchar suas âncoras na história da literatura brasileira. Desde então, a turba de deserdados, antigas “legiões de homens negros como a noite”, se morenizou. Porém, o “sonho dantesco” desfiado pelo cantor dos escravos não acabou. O “tinir de ferros” e o “estalar do açoite” que feriram o tímpano da pena de Castro Alves deram lugar a um silêncio ensurdecedor. Mas a “multidão faminta” do poeta ainda “cambaleia”. Os carrascos, estes sim, sofreram profunda mutação. Ao esforço imposto pelo manuseio do chicote, preferem subjugar de formas mais sutis. Com a mão esquerda, afagam. Com a direita, concentram a renda. Pela manhã, impõem a corrosão do imposto inflacionário aos salários. À noite, engordam o lucro no giro da interminável ciranda financeira. Na eleição transbordam paternalismo. No exercício da função, traem e saqueiam. Nesse ambiente sinistro, as mulheres do poeta, que o tempo e a miscigenação cuidaram de desbotar, continuam

B

Considerando que o texto retoma o poema de Castro Alves para simbolizar a situação atual do país, o que significa a passagem “Desde então, a turba de deserdados, antigas ‘legiões de homens negros como a noite’, se morenizou”. Que outra passagem do texto se refere ao mesmo fenômeno étnico?

RESOLUÇÃO: Significa que houve miscigenação, que resultou em mulatos, pardos e cafuzos, mas a condição de deserdados permanece sob a forma de miséria. Outro momento do texto com significado semelhante é “nesse ambiente sinistro, as mulheres do poeta, que o tempo e a miscigenação cuidaram de desbotar…”.

levando às tetas magras crianças. Passando mais de um século, os “gritos, ais, maldições e preces” que embalaram o navio da agonia continuam produzindo turbulência. O Brasil sacode-se nas ondas da escravidão social. A multidão de excluídos, antes isolada pelas correntes no “porão negro, fundo, infecto, apertado e imundo” da embarcação de Castro Alves, hoje desfila ameaçadora pelo convés. Sequiosa de vingança, a patuleia força seus algozes a gradearem as cabines chiques das grandes cidades. Vez por outra se ouve o “baque de um corpo ao mar”. Mas a identificação da vítima já não é automática. Sem prévia checagem, não se sabe se tombou um escravo ou um dono de chibata, vítima da virulência da senzala pós-moderna.

C

a) Identifique a figura sonora presente em “O tinir de ferros” e “estalar de açoite”.

RESOLUÇÃO: Trata-se de onomatopeia, pois “tinir” e “estalar” sugerem os sons, respectivamente, das correntes de ferro atadas aos escravos e do chicote usado para castigá-los.

Enquanto a nação se afoga em discussões intermináveis e estéreis, o Brasil se parece cada vez mais com a nação daquele abril de 1868 em que a mão do poeta tingiu o papel com as cores da revolta. (Josias de Souza)

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b) O que significa a expressão em destaque em “feriram o tímpano da pena de Castro Alves”? RESOLUÇÃO: A pena era o instrumento usado para escrever, como hoje é a caneta, e tímpano é a membrana do ouvido. Assim, a expressão é figurada e significa que o sofrimento dos escravos motivou Castro Alves a escrever sobre eles. Pena é uma metonímia (o instrumento indicando o que é feito com ele: a obra escrita); tímpano da pena é uma metáfora, pois tímpano indica aí algo semelhante a ouvido que houvesse na pena de Castro Alves.

H Na frase “não se sabe se tombou um escravo ou um dono de chibata, vítima da virulência da senzala pós-moderna”, o que se pode depreender denotativamente? RESOLUÇÃO: Depreende-se que a violência atinge tanto as populações miseráveis quanto as mais abastadas.

I

Em “Enquanto a nação se afoga em discussões intermináveis e estéreis” e “em que a mão do poeta tingiu o papel com as cores da revolta”, identifique as figuras de linguagem.

D

Identifique o parágrafo inteiramente construído por oposição, em que há termos que configuram claramente antíteses.

RESOLUÇÃO: Metonímia em “nação” (abstrato pelo concreto) e “mão” (a parte pelo todo), prosopopeia ou personificação em “nação se afoga” e metáfora em “tingiu o papel com as cores da revolta”.

RESOLUÇÃO: É o terceiro parágrafo, em que cada oração se opõe à anterior, configurando antíteses claras.

E Na disposição em que se encontram, formando uma sequência de pares, a construção do terceiro parágrafo caracteriza um recurso estilístico denominado:

J Que nome recebe o recurso estilístico utilizado por Josias de Souza ao incorporar ao seu discurso e ao título trechos do poema “Navio Negreiro”, de Castro Alves? RESOLUÇÃO: Intertextualidade, superposição de um texto literário a outro.

RESOLUÇÃO: Paralelismo sintático, porque se repete a mesma construção sintática: adjunto adverbial + verbo + complemento verbal (objeto direto).

K F O que se depreende da expressão “continuam levando às tetas magras crianças”? RESOLUÇÃO: Significa que a fome e a miséria mantêm-se até hoje.

G “Sequiosa de vingança, a patuleia força seus algozes a gradearem as cabines chiques das grandes cidades.” Identifique a figura de linguagem e o significado que ela encerra. RESOLUÇÃO: Trata-se de metáfora e significa que a elite social sente-se intimidada e ameaçada pela massa empobrecida, diante da qual ergue grades de proteção e monta esquemas de segurança.

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Que conclusão o texto de Josias de Souza nos sugere?

RESOLUÇÃO: A conclusão é que deveríamos ter em mente que as causas da desigualdade social residem nas raízes históricas da escravidão e que a violência, disseminada por todo o país, é consequência tanto da nossa omissão (“silêncio ensurdecedor”) quanto da falta de iniciativas públicas e privadas para minimizar essa desigualdade. [O professor pode permitir que o aluno elabore uma resposta pessoal.] Obs.: Não devemos usar mensagem para indicar o sentido de um texto, pois mensagem é o texto.

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COLÉGIO

MÓDULOS

28 e 29

Prática de Redação 6 (Para Casa)

Nome legível __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador

Você fará dois exercícios neste módulo. 1.

Reescreva o texto abaixo, adaptando-a à norma culta.

Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os homens, mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre dão para descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado, pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio. A situação estava ruça, e eu entrando em parafuso, quando encontrei um chapa meu que tinha sido leão comigo numa boate em Copacabana e disse que conhecia um pinta que tava precisando de um cara como eu, parrudo e decidido. Eu moitei que tinha andado em cana, disse que tinha dado uns bordejos por São Paulo e agora estava de volta (...) (Rubem Fonseca, Feliz Ano Novo, “Botando pra quebrar”)

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Universidade Federal do Paraná – adaptado O texto que se segue é uma transcrição de um bate-papo entre estudantes. Leia-o com atenção. Falante 1: Eu não sei, tem dia... depende do meu estado de espírito, tem dia que a minha voz..., mas tá assim, sabe? taquara rachada? Fica assim aquela voz, baixa. Outro dia eu fui ler um artigo, ler …foi horrível. Um menino lá que faz pós-graduação da de economia, ele me, nós ficamos até duas horas da manhã, ele me explicando toda a matéria de economia, das nove da noite. Falante 2: Nossa! Falante 1: Ele fez esse resumo...que era pra mim ir lá na frente, né, na classe, ler, eu sei que, esse papo que eu tive com ele clareou mais a matéria pra mim mas eu fui lá na frente, né, ler… e a voz sumiu. (Adaptado de TARALLO. F. Tempos Linguísticos. São Paulo, Ática, 1990.)

2. Como você deve ter observado, a linguagem oral apresenta características bastante diferentes das da linguagem escrita. Tendo em vista essas diferenças, relate o que disse o falante 1, em discurso indireto, utilizando até o máximo de 10 linhas e obedecendo às normas da modalidade escrita da língua. Sem título. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Observações do(a) corretor(a):

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Nome: ________________________

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COLÉGIO

MÓDULOS

32 e 33

Prática de Redação 7 (Para Casa)

Nome legível __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador

– Consiste na ajuda financeira às famílias pobres (definidas como aquelas que possuem renda per capita de 70 até 140 reais) e extremamente pobres (com renda per capita menor que 70 reais). A contrapartida é que as famílias beneficiárias mantenham seus filhos e/ou dependentes com frequência na escola e vacinados. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bolsa_Fam%C3%ADlia) Em 2012, foi criado o programa Brasil Carinhoso, novo benefício que compõe o Bolsa Família, voltado para famílias que possuem crianças entre 0 e 6 anos e que vivem em situação de extrema pobreza. Dirigido a 13 milhões de famílias – quase 50 milhões de pessoas –, o Bolsa Família tem orçamento superior a R$ 16 bilhões para 2012. A previsão é que os novos repasses do Brasil Carinhoso consumam R$ 1,3 bilhão neste ano, totalizando custo anual de R$ 2,1 bilhões em 2013. (http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id =14619&catid=159&Itemid=75)

Não sou contra as medidas assistencialistas, desde que provisórias e que apontem o rumo da porta de saída, de modo que o beneficiário possa ficar independente das benesses do poder público e dispor de meios para gerar a própria renda. Obs.: Na primeira ilustração, o agente do governo está entregando (Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, frade dominicano e escritor) à mulher o cartão do Programa Bolsa Família.

O Brasil tem a mais perversa distribuição de renda do planeta, 48% está concentrada nas mãos de 10% da população, ao passo que os mais pobres detêm 0,6%. Com base nos textos, faça uma dissertação em prosa que responda à seguinte pergunta-tema: Programas assistencialistas são a solução para atenuar a desigualdade social no Brasil?

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Nome do corretor: ___________________________________________

Competência

1 2 3 4 5 296

Critério Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação das ideias (coesão e coerência). Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.

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Peso

2 2 2 2 2

Nota atribuída

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COLÉGIO

MÓDULOS

36 e 37

Prática de Redação 8 (Para Casa)

Nome legível __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador

Sexo sem proteção aumenta entre jovens Uma nova pesquisa realizada em vários países mostra que o sexo sem proteção entre os mais jovens aumentou nos últimos dois anos. Isso pode estar ampliando a exposição a doenças sexualmente transmissíveis, Aids e gestação indesejada. Foram entrevistados mais de 5 mil jovens, em 26 países, entre abril e maio de 2011. Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde tem identificado alguns grupos mais vulneráveis entre os mais jovens, como as garotas de 13 a 19 e os garotos que fazem sexo com garotos. Esses grupos estariam se cuidando menos. Os motivos para a falha de proteção são clássicos: a falsa sensação de que, por fazer sexo com alguém jovem, não existe risco; a dificuldade das garotas em negociarem o uso da camisinha; a vergonha de ter de comprar preservativo ou de pegar nos postos de saúde; o medo da camisinha atrapalhar a transa, entre outros. (Jairo Bouer, Folhateen, 3/10/2011)

Eu estou com 27 anos. Quando tinha 16, fiz uma viagem de navio com meu pai e minha irmã, conheci um rapaz, e a gente começou a namorar. Depois de seis meses de namoro, a gente resolveu transar. Infelizmente eu não pedi que ele usasse camisinha, a gente nem tocou nesse assunto, porque, naquela época, segundo o meu namorado, camisinha era coisa de prostituta. Eu não era prostituta, era a namorada linda dele, então não precisava de camisinha. A gente continuou namorando mais ou menos uns seis meses. Quando eu estava com 18 anos, sentia uma certa dor de estômago, não era nada sério, mas, como eu estava indo viajar para Nova York, resolvi passar no médico. E ele viu que eu estava com sapinho no esôfago, que é uma doença bastante associada com o HIV positivo, e pediu um exame de Aids. Sem que eu soubesse, deu o resultado para os meus pais. (Valéria Polizzi, contraiu o vírus HIV aos 16 anos, autora do livro Depois daquela viagem.)

Leia, com atenção, os textos e escreva um texto dissertativo que responda à seguinte pergunta-tema: Por que, mesmo conhecendo as formas de prevenção, os adolescentes continuam assumindo um comportamento de risco? _______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________

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Nome do corretor: ___________________________________________

Competência

Critério

Peso

1

Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita.

2

2

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

2

3 4 5 298

Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação das ideias (coesão e coerência). Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos. PORTUGUÊS

2 2 2

Nota atribuída

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O VALOR DA BELEZA AS TRÊS GRAÇAS

Um doutor em estética do corpo, ao visitar o Museu do Prado, em Madri, achou que as Três Graças, na tela de Rubens, sofriam de celulite, mais acentuada na Graça do centro. Procurou o diretor do museu e sugeriu-lhe que o quadro fosse submetido a tratamento especial, de modo a ajustar os nus femininos aos cânones de beleza e saúde que hoje cultuamos. O diretor ouviu-o polidamente e respondeu que nada havia a fazer, pois as obras-primas do passado são intocáveis, salvo quando acidente ou atentado tornam imperativa a restauração. Além do mais, pode ser que no século XVII o que hoje chamamos de celulite fosse uma graça suplementar. À noite, o esteta inconformado tentou penetrar no museu, foi impedido e preso. Interrogado, explicou que queria raptar o quadro e confiá-lo a famoso especialista em cirurgia plástica, pois o caso não era de restauração nem de regime alimentar. Seria a primeira vez em que uma obra de arte receberia tratamento médico especializado, feito o qual tornaria ao museu. O homem foi mandado embora, com a advertência de que sua presença não seria mais tolerada em museus espanhóis. E aconselhado a frequentar assiduamente as praias, para se habituar às imperfeições do corpo humano, que formam a perfeição relativa. (Carlos Drummond de Andrade) Obs.: Se você quiser conhecer as Três Graças de Rubens, que está no Museu do Prado, acesse: http://biztravels-pix.net/biztravels/pictures.php?id=315&fi=0&o=p&lg=pt. Você irá se surpreender com o padrão de beleza feminina do século XVII.

Era uma moça baixinha, com rosto redondo e nariz de passarinho. Fiz uma simulação no computador. Era mais fácil ela nascer de novo. (Ewaldo Bolivar, cirurgião plástico, sobre uma cliente que, segundo ele, desejava ficar igual à atriz Vera Fischer, Folha de S. Paulo, 28/6/2004.) Meu sonho é ficar com um corpo parecido com o da Barbie. (Rosane Braga, 26, que extraiu uma costela para reduzir sua cintura, além de ter feito lipoaspiração, correção cirúrgica do nariz e implante de próteses nos seios, Folha de S. Paulo.)

Fala-se muito em culto ao corpo hoje em dia, mas tal culto não deixa de conter em si a contradição do desprezo pelo corpo. Na verdade, todas as ações e gestos envolvidos na corrida por um corpo ideal (desde as academias de ginástica até as clínicas de cirurgia plástica) revelam em seu fundo uma intolerância real pelo corpo. O culto ao corpo pode ser encarado, na verdade, como culto a um ideal de beleza que muitas vezes parece ter verdadeiro horror pelo corpo real – aquele que não é o ideal. É preciso lembrar que o que se chama “ideal” é sempre algo inventado pela mente, pela linguagem, pelos valores de cada época, não algo que vale por si só, mas que se refere sempre a um tempo que o legitima e que lucra com ele. (Márcia Tiburi, Revista Vida Simples) PORTUGUÊS

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Rascunho

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COLÉGIO

MÓDULOS

40 e 41

Prática de Redação 9 (Para Casa)

Nome legível __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador

Depois da leitura dos textos, escreva uma dissertação em prosa, posicionando-se a respeito da seguinte afirmação: Devemos “habituar-nos às imperfeições do corpo humano, que formam a perfeição relativa”.

PORTUGUÊS

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Depois da leitura dos textos, escreva uma dissertação em prosa, posicionando-se a respeito da seguinte afirmação: Devemos “habituar-nos às imperfeições do corpo humano, que formam a perfeição relativa”.

Nome do corretor: ___________________________________________

Competência

1 2 3 4 5 302

Critério Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação das ideias (coesão e coerência). Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.

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Peso

2 2 2 2 2

Nota atribuída

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44

Exercícios Propostos (Para Casa)

O verbo na frase dissertativa O verbo é uma das classes de palavras mais importantes na construção de frases dissertativas. Assim como os conectivos (elementos de ligação) estabelecem relações entre palavras, orações e parágrafos, os verbos são responsáveis pelas relações semânticas. Observe os dois possíveis inícios de orações comuns na dissertação: 1) A Fundação Casa é... 2) A Fundação Casa pretende... O verbo ser da frase 1 não apresenta significado preciso, é muito genérica. Será complicado para o autor completá-la de forma objetiva e clara. O verbo pretender da frase 2 é significativo, estabelece relação de finalidade. Será bem mais fácil completá-la, com objetividade, clareza e precisão.

Relações

Afirmação Causalidade Finalidade

definir

originar

representar determinar

Verbos

Oposição

pretender

contrariar

objetivar

impedir

significar

permitir

visar

opor-se

evidenciar

causar

promover

negar

afirmar

gerar

aumentar

resultar

defrontar-se com

mostrar

provocar

contrastar

contribuir denotar

A Preencha as lacunas com os verbos adequados que estão no quadro abaixo do texto. TEXTO I

A publicidade de bebidas alcoólicas mostram Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em abril _______ ______ o aumento do percentual dos que bebem em excesso. alegam Diversos especialistas em saúde pública _________________ reverter ser impossível conceber uma política pública para ____________ combater ________ essa alarmante situação sem _________________ o estímulo exercido pela publicidade, especialmente a de cerveja, associa que _________________ seu consumo a imagens e situações atraentes, divertidas, bonitas ou eróticas. Veiculada com impressionante frequência, especialmente interferir na TV, a publicidade é capaz de _________________ na liberdade de decisão de adolescentes e jovens adultos, por serem eles mais vulneráveis. No entanto, a proposta de proibir a publicidade de cerveja como medida útil para reduzir o alcoolismo vem provocando _________________________ reação de setores publicitários e de mídia, que alegam tratar-se de cerceamento de sua liberdade de expressão ou censura. Será que esses setores corporativos têm razão? A interferência do Estado na economia não é novidade nem arbitrária; é bem-vinda como resultado da evolução do direito para conciliar o capitalismo com a promoção do bem-estar social. promover Ora, como _________________ a saúde e o meio ambiente, controlar por exemplo, sem _________________ (quando possível) certas

atividades que comprovadamente causam doenças ou poluem? A imposição de algumas restrições às empresas se justifica _________________, portanto, quando orientadas a proteger eficientemente e na justa medida interesses sociais valiosos. questionar Parece-nos legítimo _________________ se as cervejarias bombardear devem ter direito irrestrito de _________________ crianças e adolescentes com todo tipo de assédio publicitário – altamente sofisticado e persuasivo –, quando argumentos consistentes demonstram _________________ a gravidade dos problemas de saúde pública causados pelo álcool e a influência da publicidade sobre esses consumidores. Será que interesses empresariais devem, nesse caso, se sobrepor a interesses sanitários? Ainda que se reconheça sua importância, a publicidade não merecem pode gozar da mesma proteção legal que _________________ as manifestações artísticas, literárias, políticas ou jornalísticas, pois justificam os valores que _________________ a defesa intransigente destas absolutamente não estão presentes na mensagem de fim comercial. restringiu-se Cabe lembrar que, desde 1996, _________________ a propaganda de bebidas de alto teor alcoólico, sem que fosse abalado o prestígio de nossa democracia. O que é inadmissível, em uma sociedade verdadeiramente democrática, é a prevalência de interesses econômicos quando está em jogo a saúde de jovens que são persuadidos diariamente a consumir bebidas alcoólicas. (João Lopes Guimarães Júnior e Ilana Pinsky – Folha de S.Paulo, 2/6/2011.)

Verbos para completar o Texto I: justifica – alegam – questionar – interferir – combater – justificam – controlar – bombardear – associa – mostram – vem provocando – merecem – restringiu-se – promover – reverter – demonstram

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B Preencha as lacunas com os verbos e conectivos adequados que estão no quadro abaixo do texto. enquanto ____________________ consumidores, mas exemplos mostram

TEXTO II

que proibir não é a melhor solução.

Proibir publicidade resolve os problemas?

gera Toda proibição, além de não inibir o consumo, ____________

distorções econômicas e sociais, e o maior prejudicado é o mostram Diariamente são divulgados estudos que ________________

o quanto a população está sujeita a riscos.

consumidor, seja ele criança, adolescente ou adulto. Em vez de ____________________ pensar em novas leis (e há mais de

De danos causados pelo consumo excessivo de sal ao uso

200 projetos sobre o assunto em tramitação no Congresso), a

de celulares, exemplos mostram o quanto é arriscado viver nos

ação eficaz é fazer com que as já existentes sejam

Vivemos dias de hoje. ____________________ a era da informação, com

como efetivamente ____________________ cumpridas, ____________________ a lei

os seus benefícios e dilemas.

que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18

entra Nesse cenário, ____________________ a publicidade, que,

anos.

lado nos traz informação,

Sem dúvida ____________________, o papel decisivo na educação de

gera por outro ____________________ ____________________ polêmica quando

crianças e adolescentes cabe aos pais e às famílias.

voltada a crianças e adolescentes. Mas será que proibir a

Essa ____________________ tarefa não pode ser terceirizada ou

publicidade de alimentos e bebidas acabará com a obesidade e

delegada. Em vez de buscar “culpados” para os problemas

com o consumo de álcool?

agir sociais, é muito mais produtivo ____________________ na

se

por um ______________________

desaparece Será que, extinguindo a publicidade, ____________________

consolidação de uma sociedade livre, educada, informada e

o desejo de consumir das crianças e adolescentes? Será que,

capaz de tomar suas próprias decisões sem a tutela do Estado.

sem propaganda, os problemas desaparecerão, ou estamos

educar É preciso ______________________ nossos jovens para o

enxergando atacar ____________________ só a ponta do iceberg ao _____________

de forma consumo consciente, ____________________ a dar a eles poder

um suposto causador de um problema bem mais complexo?

para que ____________________, ao se tornarem adultos, possam exer-

merecem É evidente que crianças e adolescentes _________________

atenção e cuidados especiais e que têm direito a proteção

cer sua liberdade da maneira mais responsável possível. (Patricia Blanco – Folha de S.Paulo, 21/6/2011)

Verbos para completar o Texto II: desaparece – por um – gera – atacar – agir – em vez de – efetivamente – para que – enxergando – enquanto – entra – vivemos – de forma – gera – como – por outro – mostram – essa – sem dúvida – educar – merecem

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COLÉGIO

MÓDULOS

47 e 48

Prática de Redação 10 (Para Casa)

Nome legível __________________________________________________________________ Unidade ______________________________________________________________________ Ano/Classe _____________________________________ Data _________________________ N.o de Computador

Ver com olhos livres. (Oswald de Andrade) O preconceito é filho da ignorância. (William Healitt) Época triste é a nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo. (Albert Einstein) Por que havemos de ser sempre inimigos uns dos outros, uma vez que olhamos para as mesmas estrelas, habitamos transitoriamente o mesmo planeta e respiramos sob o mesmo céu? (Quinto Aurélio Símaco, político romano, séc. IV)

UNS IGUAIS AOS OUTROS Os homens são todos iguais Os homens são todos iguais Ingleses, indianos Africanos contra africanos Aos humildes o reino dos céus Ao povo alemão e ao de Israel Putas, ladrões e aidéticos Católicos e evangélicos Todos os homens são iguais Brancos, pretos e orientais Todos são filhos de Deus Os pretos são os judeus Cristãos e protestantes Kaiowas contra xavantes Árabes, turcos e iraquianos São iguais os seres humanos São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros (...) (Titãs, C. Gavin/S. Brito)

Com base na leitura dos textos, redija uma dissertação em prosa discutindo a seguinte afirmação: Todos podemos agora olhar para nós mesmos e procurar o que existe de pior em nosso interior. Basta olhar para o espelho e procurar conhecer nossa intolerância diária: religiosa, política, profissional, esportiva, sexual. Curiosamente, talvez descubramos que somos todos intolerantes: basta que alguém arranhe alguma das nossas crenças. (Adaptado, Marco Antônio de Carvalho)

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Nome do corretor: ___________________________________________

Competência

1 2 3 4 5 306

Critério Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a articulação das ideias (coesão e coerência). Elaborar conclusão coerente com as ideias discutidas ou elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito aos direitos humanos.

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Realismo – Simbolismo – Módulos 17 e 18 – Raul Pompeia

27 – Camilo Pessanha

19 – Realismo-Naturalismo

28 e 29 – Cruz e Sousa: “Antífona”

20– Raça: “conceito” e preconceito

30 – Cruz e Sousa: “Lésbia”

21 e 22 – Parnasianismo: introdução

31 – Alphonsus de Guimaraens

23– Olavo Bilac: “A um Poeta”

32 – Pedro Kilkerry: “O Verme e a Estrela”

24– Olavo Bilac: “Língua Portuguesa” 25 e 26 – Simbolismo: introdução Aluísio Azevedo (1857-1913)

17 e 18

Raul Pompeia

Texto para os testes A e B.

“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.

A

(MODELO ENEM) – O texto inicia O Ateneu, de Raul Pompeia. Percebe-se nele que a escola é apresentada como a) refúgio para os problemas da sociedade. b) lugar em que se manifesta a alienação social. c) reprodução do mundo em pequena escala (microcosmo). d) salvação para o caráter corrompido do homem. e) instrumento para a construção de um mundo melhor. Resolução Segundo se depreende do texto, os problemas que viriam a ser enfrentados pelo narrador-personagem, no tempo que passou no Ateneu, foram como que uma antecipação dos problemas que viriam a ser enfrentados mais tarde, em sua vida

• O Ateneu • romance de formação • romance memorialista

adulta. Por essa razão, o Ateneu era uma espécie de microcosmo, ou seja, uma reprodução do mundo, mas em pequena escala. Resposta: C

B

(MODELO ENEM) – É característica da literatura realista, presente no excerto, a) a predileção pelo passado. b) o cunho memorialista e afetivo. c) a visão pessimista. d) a valorização da família. e) a oposição entre feminino (mãe) e masculino (pai). Resolução A análise crítica da sociedade e o pessimismo que disso decorre são características da literatura realista. Resposta: C

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Texto para as questões A e B.

O ATENEU Quando os rapazes se sentaram, em bancos vindos do Ateneu de propósito, e um gesto do diretor ordenou o assalto, as tábuas das mesas gemeram. Nada pôde a severidade dos vigilantes contra a selvageria da boa vontade. A licença da alegria exorbitou em canibalismo. Aves inteiras saltavam das travessas; os leitões, à unha, hesitavam entre dois reclamos1 igualmente enérgicos, dos dois lados da mesa. Os criados fugiram. Aristarco, passando, sorria do espetáculo como um domador poderoso que relaxa. As garrafas, de fundo para cima, entornavam rios de embriaguez para os copos, excedendo-se pela toalha em sangueira. Moderação! moderação! clamavam os inspetores, afundando a boca em aterros de farofa dignos do Sr. Revy. Alguns rapazes declamavam saúdes, erguendo, em vez de taça, uma perna de porco. À extremidade da última das mesas um pequeno apanhara um trombone e aplicava-se, muito sério, a encher-lhe o tubo de carne assada. Maurílio descobriu um repolho recheado e devorava-o às gargalhadas, afirmando que era munição para os dias de gala 2. Cerqueira, ratazana, curvado, redobrado, sobre o prato, comia como um restaurante, comia, comia, comia como as sarnas, como um cancro 3. Sanches, meio embriagado, beijava os vizinhos, caindo, com os beiços em tromba. Ribas, dispéptico 4, era o único retraído; suspirava de longe, anjo que era, diante dos reprovados excessos da bacanal. (Raul Pompeia, O Ateneu, cap. VIII) 1 – Reclamo: reclamação, exigência. 2 – Gala: festa solene, de muita riqueza. 3 – Cancro: câncer. 4 – Dispéptico: que sofre de má digestão.

A Neste

texto, do romance O Ateneu, seu autor, Raul Pompeia, distorce grotescamente objetos e partes da cena que descreve. Aponte três exemplos.

RESOLUÇÃO: “Aves inteiras saltavam das travessas; os leitões, à unha, hesitavam entre dois reclamos igualmente enérgicos, dos dois lados da mesa”; “Moderação! moderação! clamavam os inspetores, afundando a boca em aterros de farofa (...)”; “Cerqueira, ratazana, curvado, redobrado, sobre o prato, comia como um restaurante, comia, comia, comia como as sarnas, como um cancro”.

B Como se caracteriza a técnica de distorcer grotescamente objetos e partes da cena descrita, tal como se viu na questão 1? RESOLUÇÃO: Essa técnica é expressionista, exatamente porque a distorção é grotesca, tendendo ao doentio e mórbido: “(...) comia, comia, comia como as sarnas, como um cancro”.

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O prédio do internato, segundo desenho de Raul Pompeia.

Texto para as questões de C a H.

Aristarco, sentado, de pé, cruzando terríveis passadas, imobilizando-se a repentes inesperados, gesticulando como um tribuno1 de meetings2, clamando3 como para um auditório de dez mil pessoas, majestoso sempre, alçando os padrões admiráveis, como um leiloeiro, e as opulentas4 faturas5, desenrolou, com a memória de uma última conferência, a narrativa dos seus serviços à causa santa da instrução. Trinta anos de tentativas e resultados, esclarecendo como um farol diversas gerações agora influentes no destino do país! E as reformas futuras? Não bastava a abolição dos castigos corporais, o que já dava uma benemerência6 passável. Era preciso a introdução de métodos novos, supressão7 absoluta dos vexames de punição, modalidades aperfeiçoadas no sistema das recompensas, ajeitação dos trabalhos, de maneira que seja a escola um paraíso; adoção de normas desconhecidas cuja eficácia ele pressentia, perspicaz8 como as águias. Ele havia de criar... um horror, a transformação moral da sociedade! Uma hora trovejou-lhe à boca, em sanguínea eloquência9, o gênio do anúncio. Miramo-lo na inteira expansão oral, como, por ocasião das festas, na plenitude da sua vivacidade prática. Contemplávamos (eu com aterrado10 espanto) distendido11 em grandeza épica — o homem-sanduíche da educação nacional, lardeado12 entre dois monstruosos cartazes. Às costas, o seu passado incalculável de trabalhos; sobre o ventre, para a frente, o seu futuro: a réclame13 dos imortais projetos. (Raul Pompeia, O Ateneu, cap. I) 1 – Tribuno: orador que defende os direitos do povo. 2 – Meeting (inglês): reunião para discutir questões políticas e sociais; comício. 3 – Clamar: gritar. 4 – Opulento: rico. 5 – Fatura: nota fiscal, lista de mercadorias. 6 – Benemerência: qualidade do que é benemérito, ou seja, digno de aplauso. 7 – Supressão: eliminação. 8 – Perspicaz: esperto, sagaz. 9 – Eloquência: capacidade de falar bem. 10 – Aterrado: aterrorizado, espantado. 11 – Distendido: espichado, inchado. 12 – Lardear: embutir (recheio numa carne). 13 – Réclame (francês; pronúncia: reclám): anúncio, propaganda.

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G Por que “a transformação moral da sociedade” é avaliada, pelo narrador, como “um horror”? RESOLUÇÃO: Porque revela o autoritarismo do diretor, que expressa seu desejo de transformar a sociedade segundo projeto pessoal, ou seja, segundo suas próprias convicções.

Aristarco, em desenho de Raul Pompeia.

C Quais expressões do texto sugerem a personalidade megalomaníaca e o estilo exaltado de Aristarco? (Megalomania: supervalorização doentia de si.) RESOLUÇÃO: “Terríveis passadas”, “repentes inesperados”, “clamando... majestoso”, “trovejou”.

D Quais expressões sugerem liberalismo da parte do diretor? RESOLUÇÃO: “Abolição dos castigos corporais”, “introdução de métodos novos”, “supressão absoluta dos vexames de punição”, “modalidades aperfeiçoadas no sistema de recompensas”, “ajeitação dos trabalhos”, “paraíso”.

H (MODELO ENEM) – A leitura atenta do fragmento sugerenos que, muitas vezes, por trás de “ideais nobres” se escondem outras motivações. No caso de Aristarco, por exemplo, a educação é vista como mercadoria, como algo que pode ser “comercializado”. Esse aspecto fica mais claro quando observamos o emprego de palavras como a) “leiloeiro”, “faturas” e “anúncio”. b) “anúncio”, “tribuno” e “homem-sanduíche”. c) “faturas”, “reformas” e “projetos”. d) “leiloeiro”, “cartazes” e “auditório”. e) “réclame”, “meetings” e “cartazes”. RESOLUÇÃO: De todas as palavras apresentadas nas alternativas acima, “leiloeiro”, “faturas”, “anúncio”, “cartazes” e “réclame” são típicas do comércio. O emprego dessas expressões sugere o caráter mercantilista dos propósitos pedagógicos de Aristarco: na realidade, o que ele deseja, sob a aparência de um discurso liberal, é obter lucros com sua escola. Resposta: A

E O que ocorre no presente: autoritarismo ou liberalismo? E o que é prometido para o futuro: autoritarismo ou liberalismo? O que isso evidencia do caráter das propostas pedagógicas do diretor? RESOLUÇÃO: No presente ocorre autoritarismo, e o liberalismo é uma promessa para o futuro. Isso evidencia inconsistência, incoerência, falta de verdade mesmo nas propostas pedagógicas do diretor.

F No fragmento, há clichês ou lugares-comuns da retórica solene dos discursos educacionais. Quais são clichês? Por que podem ser considerados lugares-comuns? RESOLUÇÃO: Os clichês são “serviços à causa santa da instrução” e “esclarecendo como um farol diversas gerações”. São lugarescomuns ou clichês por serem expressões muito repetidas em determinados contextos e que não dizem nada: são afirmações vazias que apenas conferem ar solene aos banalizados discursos escolares.

“Dentre as suíças, como um gorjeio do bosque, saía um belo nariz alexandrino de dois hemistíquios, artisticamente longo, disfarçando o cavalete da cesura, tal qual os da última moda no Parnaso.” (O Ateneu, cap. XI).

!

O Destaque

RAUL D’Ávila POMPEIA (18631895): Nasceu em Angra dos Reis (RJ) e estudou Direito em São Paulo. Ocupou cargos públicos, militou nos movimentos abolicionista e republicano e colaborou na Gazeta de Notícias, de José do Patrocínio. Envolveu-se em diversas polêmicas e num duelo com Olavo Bilac. Suicidou-se na noite de Natal de 1895, aos 32 anos. Sua obra mais importante, o romance O Ateneu (1888), focaliza a vida em um internato, apresentando profunda análise social e psicológica das personagens. PORTUGUÊS

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Realismo-Naturalismo

A (MODELO ENEM) – Todas as características seguintes se aplicam ao Naturalismo, exceto: a) defesa do livre-arbítrio. b) linguagem sinestésica. c) personagens animalizadas. d) obsessão pela miséria e pelos aspectos degradantes da vida. e) movimentos de massa. Resolução Uma das principais características do Naturalismo é o determinismo, que se opõe ao livre-arbítrio. Resposta: A

B

(MODELO ENEM) – A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona“, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo.

O texto permite afirmar que a) o Naturalismo e o Realismo, a fim de evidenciarem as mazelas do tempo, deram ênfase à análise do comportamento psicológico. b) a prosa romântica se pautou por uma visão mecanicista do homem e das relações humanas.

Textos para as questões de A a D.

• prosa realista • crítica social • Realismo • Naturalismo

c) o Realismo caracterizou a realidade por meio da metáfora elegante, da ironia, de um cinismo penetrante e refinado. d) o Romantismo, incorporando elementos populares e prosaicos, idealizou a força física e a pujança moral do povo. e) a estética naturalista realça certos pormenores do quadro, modificando o equilíbrio entre as partes que o compõem. Resolução A estética naturalista realça as mazelas sociais e, sobretudo, as mazelas do ser humano. Resposta: E

adjetivo valorativo como “elegante” revela apenas aspectos físicos.

Texto 1

Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo acabado de brasileiro, se não foram os grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez morena e amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz direto e fronte espaçosa. A parte mais característica de sua fisionomia eram os olhos — grandes, ramalhudos, cheios de sombras azuis; pestanas eriçadas e negras, pálpebras de um roxo vaporoso, como a nanquim, faziam sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da barba raspada, lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre o papel de arroz. (Aluísio Azevedo, O Mulato, cap. III)

B A descrição contida no primeiro texto pode ser considerada objetiva ou subjetiva? Por quê? RESOLUÇÃO: Objetiva, porque os dados da descrição não dependem da visão particular de uma pessoa, mas são características físicas, verificáveis, que poderiam ser observadas por todos.

C Machado de Assis chega a fornecer algum traço físico da personagem? Em caso afirmativo, qual? RESOLUÇÃO: Não.

Texto 2

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei de extraordinário: a cor e a doçura eram minhas conhecidas. (Machado de Assis, Dom Casmurro, cap. XXXII)

A Na descrição apresentada no texto de Aluísio Azevedo, é possível inferir alguma característica da personalidade da personagem? Por quê? RESOLUÇÃO: Não, pois a descrição se atém a retratar traços físicos que nada revelam sobre a personalidade da personagem. Mesmo um

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D Pela descrição de Machado de Assis, é possível inferir algo sobre a personalidade da personagem? Explique. RESOLUÇÃO: Sim. Os “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” indicam fingimento e mistério, que são traços de comportamento, ou seja, de personalidade. Também a “doçura” dos olhos indica característica psicológica.

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As Respigadeiras (1857), Jean-François Millet (1814-1875), óleo sobre tela, Musée d’Orsay, Paris. Os realistas concentraram-se na crítica às instituições burguesas; os naturalistas escolheram o proletariado, o campesinato e as camadas marginais.

E Considere o que se afirma a seguir e responda ao que se pede. • O Realismo é um conceito genérico, que designa, sobretudo, uma reação antirromântica e o compromisso com a objetividade; • O Naturalismo é uma tendência cientificista e determinista do Realismo, na qual o homem é encarado como animal, regido pelos instintos, pelos aspectos biofisiológicos de sua constituição, e condicionado pelo meio em que vive. São frequentes os registros de aspectos “baixos” do corpo e do comportamento. Assinale com R, nos trechos abaixo, aqueles que podem ser considerados simplesmente realistas e com N os que apresentam um enfoque naturalista. I. ( N ) Também cantou. E cada verso que vinha de sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbado de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra. II. ( R ) ... E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida... III. ( R ) Este honesto tabelião era um dos homens mais perspicazes do século. Está morto: podemos elogiá-lo à vontade. Tinha um olhar de lanceta, cortante e agudo. Ele adivinhava o caráter das pessoas que o buscavam para escriturar os seus acordos e resoluções; conhecia a alma de um testador muito antes de acabar o testamento. IV. ( N ) ... Ele pôs-se a devorar, sofregamente, olhando inquieto para os lados, como se temesse que alguém lhe roubasse a comida da boca. Engolia sem mastigar, empurrando aos bocados com os dedos, agarrando-se ao prato e escondendo nas algibeiras o que não podia de uma só vez meter para dentro do corpo. / Causava terror aquela sua implacável mandíbula, assanhada e devoradora; aquele enorme

queixo, ávido, ossudo e sem um dente, que parecia engolir tudo, tudo (...) De repente, um pedaço de carne, grande demais para ser ingerido de uma vez, engasgou-o seriamente. Libório começou a tossir, aflito, com os olhos sumidos, a cara tingida de uma vermelhidão apoplética. (...) O glutão arremessou sobre a toalha da mesa o bocado de carne já meio triturado... V. ( N ) E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicarse como larvas no esterco. VI. ( R ) ... Há dessas lutas terríveis na alma de um homem. Não, ninguém sabe o que se passa no interior de um sobrinho, tendo de chorar a morte de um tio e receber-lhe a herança. Oh, contraste maldito! Aparentemente tudo se recomporia, desistindo o sobrinho do dinheiro herdado; ah! mas então seria chorar duas coisas: o tio e o dinheiro. VII. ( N ) E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça, apoderando-se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não podia apoderar-se logo com as unhas. Texto para o teste F.

Também cantou. E cada verso que vinha de sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbado de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra. (Aluísio Azevedo, O Cortiço)

F (PUCCamp-SP – adaptado – MODELO ENEM) – O trecho anterior é tipicamente naturalista porque a) a minúcia da descrição retrata a idealização a que estão submetidas as personagens. b) mostra a natureza como um espelho das personagens, revelando seus estados de alma, numa clara projeção de suas emoções. c) o espírito avesso ao romântico se manifesta no descritivismo atento aos pormenores. d) retrata a vida campestre e seus costumes, numa tentativa de registrar o pitoresco do espírito autenticamente brasileiro. e) apresenta o homem reduzido ao nível animal, numa atitude caracteristicamente antirromântica no tratamento da personagem. RESOLUÇÃO: Repare que, no trecho transcrito, as atitudes e os gestos das personagens relacionam-se ao comportamento de animais, com o claro objetivo de estabelecer a aproximação/semelhança entre essas duas naturezas (a humana e a animal). Esse é um procedimento comum entre os escritores naturalistas. Resposta: E

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Raça: “conceito” e preconceito

Texto para os testes de A a C.

IGNORÂNCIA E RAÇA Tenho desprezo por gente que se orgulha da própria raça. Nem tanto pelo orgulho, sentimento menos nobre, porém inerente à natureza humana, mas pela estupidez. Que mérito pessoal um pobre de espírito pode pleitear por haver nascido branco, negro ou amarelo, de olhos azuis ou lilases? Tradicionalmente, o conceito popular de raça está ligado a características externas do corpo humano, como cor da pele, formato dos olhos e as curvas que o cabelo faz ou deixa de fazer. (...) Na Alemanha nazista, bastava ter a pele morena para o cidadão ser considerado de uma raça inferior à dos que se proclamavam arianos. Nos Estados Unidos, são classificadas como negras pessoas que no Brasil consideramos brancas. (...) (...) Para o povo, raça é questão de cor da pele, tipo de cabelo e traços fisionômicos. Nada mais primário! (...) Pessoas com mesma cor de pele podem apresentar profundas divergências genéticas, como é o caso de um negro brasileiro comparado com um aborígene1 australiano ou com um árabe de pele escura. Ao contrário, indivíduos semelhantes geneticamente, quando submetidos a forças seletivas distintas, podem adquirir aparências diversas. (...)

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Excluídos os gêmeos univitelinos, entre os 6 bilhões de seres humanos não existem dois indivíduos geneticamente idênticos. Dos 30 mil genes que formam nosso genoma, os responsáveis pela cor da pele e pelo formato do rosto não passam de algumas dezenas. Como as combinações de genes maternos e paternos admitem infinitas alternativas, teoricamente pode haver mais identidade genética entre dois estranhos do que entre primos consanguíneos; entre um negro brasileiro e um branco argentino, do que entre dois negros sul-africanos ou dois brancos noruegueses. (Drauzio Varella, Folha de S.Paulo, 1.o/4/2006.) 1 – Aborígene: mesmo que aborígine.

A (MODELO ENEM) – Para o autor, a) a raça nasce da ignorância. b) nem todas as raças podem ser motivo de orgulho. c) todas as raças merecem desprezo. d) não há por que se orgulhar de pertencer a alguma raça. e) a raça leva as pessoas a sentimentos menos nobres. Resolução O primeiro parágrafo do texto deixa bem clara a opinião do autor a respeito da questão. Resposta: D

• racismo • discriminação racial • preconceito

B (MODELO ENEM) – Segundo o texto, a) a cor de pele é um índice seguro para a determinação das características genéticas de uma pessoa. b) não só a cor da pele, mas também o tipo de cabelo e os traços fisionômicos são sinais decisivos das características genéticas. c) semelhanças na aparência de duas pessoas podem encobrir grandes diferenças genéticas entre elas. d) a semelhança genética sempre se traduz em semelhança no aspecto das pessoas. e) apenas uns poucos genes são responsáveis por diferenças profundas entre as pessoas, como, por exemplo, na cor da pele ou dos olhos. Resolução O autor afirma que “pessoas com mesma cor de pele podem apresentar profundas divergências genéticas”. Resposta: C

C

(MODELO ENEM) – Os únicos indivíduos geneticamente idênticos são os a) negros brasileiros. b) aborígenes australianos. c) árabes de pele escura. d) gêmeos univitelinos. e) germânicos. Resolução O autor declara: “Excluídos os gêmeos univitelinos, entre os 6 bilhões de seres humanos não existem dois indivíduos geneticamente idênticos.” Resposta: D

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Releia o texto “Ignorância e Raça”, apresentado nos exercícios resolvidos, e responda às questões A e B.

A Conforme o texto, a noção popular de raça tem fundamento objetivo? Explique. RESOLUÇÃO: Não, a noção popular de raça não tem fundamento objetivo, pois não é confirmada pelos fatos estudados pela ciência. Ela se baseia em características externas, como cor da pele ou formato do rosto, que correspondem a uma parte mínima das características genéticas humanas e não indicam a identidade genética implicada na ideia de raça.

B (MODELO ENEM) – Aponte a alternativa cuja afirmação não encontra apoio no texto. a) Um branco e um negro apenas excepcionalmente apresentam semelhança genética entre si. b) Um gêmeo univitelino não apresentará semelhança com ninguém além de outro gêmeo univitelino. c) Todo sentimento racista é desprezível e fundado na ignorância. d) A distinção racial geralmente se baseia em traços externos, o que é primário e insustentável do ponto de vista científico. e) A distinção racial pode ser também motivada por fatores culturais, variando de uma sociedade para outra. RESOLUÇÃO: O autor afirma que “pessoas com mesma cor de pele podem apresentar profundas divergências genéticas” e que “teoricamente pode haver mais identidade genética (...) entre um negro brasileiro e um branco argentino, do que entre dois negros sul-africanos ou dois brancos noruegueses”. Não se trata, portanto, de fenômeno excepcional a semelhança genética entre um branco e um negro. Resposta: A

Operários (1933), Tarsila do Amaral, óleo sobre tela, Coleção do Governo do Estado de São Paulo.

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Texto para as questões de C a F.

SER NEGRO Ser negro no Brasil não é fácil. Talvez não seja tão difícil quanto foi antes, mas não é fácil. E não o é porque o negro teve aqui uma história iníqua1, que o marcou e nos marca a todos, fez da cor de sua pele um sinal de desigualdade. Independentemente da vontade de quem quer que seja, a pele de cor negra indica uma origem socialmente “inferior”, ainda que saibamos e acreditemos que todas as pessoas são iguais. (...) A ciência hoje ensina que a humanidade é constituída de indivíduos que, resultantes de imprevisíveis combinações de uns mesmos elementos genéticos, guardam sua inconfundível individualidade: alguns são mais saudáveis, outros menos; alguns são mais criativos que outros, mais hábeis que outros, mais tímidos, mais extrovertidos ou mais violentos ou mais desabusados, enfim, uma variedade de tipos que seria impossível enumerá-los todos. E isso não depende da etnia e muito menos da cor da pele. Por isso, em que pesem tantos traços individuais próprios, somos todos uma única espécie — a espécie humana, definida, mais que tudo, por sua capacidade de inventar-se e inventar o mundo em que vive. O homem, filho da natureza como todos os demais seres, define e enriquece sua humanidade na medida mesma em que supera impulsos egoístas e se reconhece no outro, irmão do outro, solidário e justo. O racismo é fruto do atraso e da pobreza espiritual, mantém-se na contramão da evolução cultural do homem em direção à fraternidade e à solidariedade. (Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo, 8/4/2007) 1 – Iníquo: injusto, perverso.

C Transcreva o trecho em que o autor denuncia o fato de que, na nossa sociedade, há preconceito quanto à origem social do indivíduo. RESOLUÇÃO: “A pele de cor negra indica uma origem socialmente ‘inferior’, ainda que saibamos e acreditemos que todas as pessoas são iguais.”

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D

Para o autor, o que nos define enquanto espécie humana?

RESOLUÇÃO: A nossa capacidade de inventar não somente a nós próprios, como também o mundo em que vivemos.

E Ferreira Gullar afirma que “o negro teve aqui uma história iníqua”. Qual o período mais iníquo dessa história? Quando ele ocorreu? RESOLUÇÃO: A escravidão foi o período mais perverso da história dos negros no Brasil. Ela durou mais de trezentos anos, tendo-se estendido de meados do século XVI (1559 é a data oficial do início do tráfico negreiro, embora ele já ocorresse antes) até o final do século XIX (1888, Abolição).

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F A “história iníqua” a que se refere Ferreira Gullar seria nociva não apenas para a população negra, mas para o país como um todo. Transcreva o(s) trecho(s) em que ele faz tal afirmação e a esclarece. RESOLUÇÃO: “... o negro teve aqui uma história iníqua, que o marcou e nos marca a todos, fez da cor de sua pele um sinal de desigualdade.” [“Independentemente da vontade de quem quer que seja, a pele de cor negra indica uma origem socialmente ‘inferior’, ainda que saibamos e acreditemos que todas as pessoas são iguais.”]

Texto para a questão G.

Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida pelo calor. Quase que não se podia sair à rua: as pedras escaldavam; as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes; as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante, abalando os prédios; e os aguadeiros, em mangas de camisa e pernas arregaçadas, invadiam sem cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido; só os pretos faziam as compras para o jantar ou andavam no ganho1. (Aluísio Azevedo, O Mulato) 1 – Andavam no ganho: trabalhavam como vendedores ambulantes (para o ganho de seus senhores).

G A expressiva descrição do calor atinge o clímax ao focalizar a cidade paralisada (“... não se encontrava viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido...”), para em seguida se encerrar com uma menção aos negros, reforçando o contraste entre a situação destes e o que ocorria na cidade. Explique o que se pode inferir (concluir) daí sobre a condição dos negros na época. RESOLUÇÃO: Pode-se inferir que a condição dos negros era de extrema inferioridade (na verdade, eles eram escravos), pois, quando a cidade se recolhia e descansava, eles eram os únicos a trabalhar sob o calor intenso, submetidos a condições desumanas, que nenhum branco enfrentava.

!

O Destaque

DRAUZIO VARELLA (1943): Médico cancerologista, Drauzio Varella foi um dos fundadores do Curso Objetivo, onde lecionou Química. Foi um dos pioneiros no tratamento da AIDS no Brasil, promovendo, desde 1986, campanhas educativas sobre a prevenção dessa doença. Em 1989, iniciou um trabalho de pesquisa sobre a prevalência do vírus HIV na população carcerária da Casa de Detenção do Carandiru, onde trabalhou como médico voluntário até a desativação do presídio, em setembro de 2002. Durante 20 anos, dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer (SP). Atualmente, dirige o projeto da UNIP (Universidade Paulista) de bioprospecção de plantas brasileiras na região do Rio Negro (Amazônia). Publicou os seguintes livros: AIDS Hoje (co-autoria), Estação Carandiru, Macacos, Nas Ruas do Brás (infantil), De Braços para o Alto (infantil), Florestas do Rio Negro (coord.), Maré – Vida na Favela (co-autoria), Por um Fio, Borboletas da Alma, O Médico Doente.

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Parnasianismo: introdução

Textos para os testes A e B. Texto 1

OUVIR ESTRELAS “Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!” E eu vos direi, no [entanto, que, para ouvi-las, muita vez desperto e abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda noite, enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em [pranto, inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” (BILAC, Olavo. Ouvir Estrelas. In: Tarde, s/l, 1919.) Texto 2

OUVIR ESTRELAS Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo que estás beirando a maluquice extrema. No entanto o certo é que não perco o [ensejo De ouvi-las nos programas de cinema. Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo que mais eu gozo se escabroso é o tema. Uma boca de estrela dando beijo é, meu amigo, assunto pra um poema.

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• poesia parnasiana • Olavo Bilac • Os Sapos

Direis agora: Mas, enfim, meu caro, As estrelas que dizem? Que sentido têm suas frases de sabor tão raro?

Texto 3

Amigo, aprende inglês para entendê-las, Pois só sabendo inglês se tem ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.

Che scuitá strella, né meia strella! Vucê stá maluco! e io ti diró intanto, Chi p’ra iscuitalas moltas veiz livanto, I vô dá una spiada na gianella.

(TIGRE, Manuel Bastos. Ouvir Estrelas. In: BECKER, I. Humor e Humorismo: antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961.)

A

(ENEM) – A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que, a) no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deu em linguagem denotativa, enquanto no de Tigre, em linguagem conotativa. b) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis aos que as ouvem e as entendem. c) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estruturas como “dir-vos-ei sem pejo” e “entendê-las”. d) no texto de Tigre, se percebe o uso de linguagem metalinguística no trecho “Uma boca de estrela dando beijo / é, meu amigo, assunto pra um poema”. e) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe de seu poema com a recomendação de compreensão de outras línguas. Resolução Apenas um pequeno trecho do poema de Bastos Tigre teria sido suficiente para propor um teste com igual poder de verificação do conhecimento das funções da linguagem e a discriminação da função em causa — a metalinguística. Resposta: D

UVI STRELLA

I passo as notte accunversáno c’oella, lnquanto che as otra lá d’un canto Stó mi spiano. I o sol come un briglianto Nasce. Oglio p’ru ceu: — Cadê strella?! Direis intó: — Ó migno inlustre amigo! O chi é chi as strellas ti dizia Quando illas viéro acunversá contigo? E io ti diró: — Studi p’ra intendela, Pois só chi giá studô Astrolomia, É capaiz de intendê istas strella. (Juó Bananere,

La Divina Increnca, 1915)

B (MODELO ENEM) – Além da intertextualidade, que perpassa os textos 1, 2 e 3, é correto afirmar que a) o texto 3 é plágio do texto 1. b) os textos 2 e 3 são paródias do texto 1. c) o texto 3 é uma tradução do texto 1. d) o texto 3 emprega linguagem formal. e) os 3 textos divergem quanto à forma. Resolução Bastos Tigre e Juó Bananere retomam o famoso poema de Bilac e alteram o sentido original, acrescentando-lhe, sobretudo no caso de Bananere, uma boa dose de humor. Resposta: B

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O Parnasianismo, no Brasil, não foi a única das tendências poéticas de espírito realista, mas foi a corrente mais representativa, em poesia, de alguns ideais e traços estéticos — como o objetivismo e o apuro formal — que o Realismo desenvolveu na prosa. O Parnasianismo dominou a poesia brasileira no fim do século XIX, e por muito tempo ainda prevaleceu sobre o gosto poético brasileiro. De influência francesa, inspirou-se na publicação coletiva Le Parnasse Contemporain (O Parnaso Contemporâneo), cujos autores pregavam contra a linguagem romântica, propondo uma poesia formalista, objetiva e descritiva. O aspecto neoclássico do movimento é evocado por seu nome: Parnaso, na mitologia grega, é um monte consagrado a Apolo e às Musas, divindades da poesia e das artes. Os parnasianos veneravam a harmonia e o equilíbrio das formas, procuravam temas universais e tinham por objetivo o ideal do “belo”. Seu lema era “arte pela arte”, ou seja, a ideia de que a arte, criadora da beleza, deve existir por si mesma, sem justificar-se por algum objetivo (social, político ou religioso) exterior a ela. Nesse ponto, os parnasianos afastavam-se radicalmente do programa dos realistas, pois estes últimos se voltavam para a análise da sociedade e a participação nas grandes lutas sociais de sua época. Segue um trecho do poema “Profissão de Fé”, que abre o livro Poesias, de Olavo Bilac:

PROFISSÃO DE FÉ Não quero o Zeus Capitolino1, hercúleo e belo, talhar no mármore divino com o camartelo.

forte como Hércules instrumento de escultor

(...)

Vive! Que eu viverei servindo teu culto, e, obscuro, Tuas custódias esculpindo no ouro mais puro.

Invejo o ourives quando escrevo: imito o amor com que ele, em ouro, o alto relevo faz de uma flor.

vasos de ouro para hóstias

Celebrarei o teu ofício no altar: porém, se inda é pequeno o sacrifício, morra eu também!

(...) Quero que a estrofe cristalina, dobrada ao jeito do ourives, saia da oficina sem um defeito:

Caia eu também, sem esperança, porém tranquilo, inda, ao cair, vibrando a lança, em prol do Estilo! em defesa

(...) Ver esta língua, que cultivo, sem ouropéis, mirrada ao hálito nocivo dos infiéis!...

Que a minha dor nem a um amigo inspire dó... Mas, ah! que eu fique só contigo, contigo só!

enfeites brilhantes que [imitam ouro

Não, morra tudo que me é caro, fique eu sozinho! Que não encontre um só amparo em meu caminho!

Olavo Bilac (1865-1918), em caricatura para a capa do número 94 da revista Careta. Bilac, eleito o primeiro “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, compôs, com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, a chamada “Trindade Parnasiana”.

OLAVO BILAC – o caçador de rimas.

1 – Zeus Capitolino: grande estátua de Júpiter (Zeus), no Monte Capitólio, na Roma antiga.

A Com que trabalho artesanal é comparado o ofício do poeta? Qual a ideia do trabalho poético que fundamenta essa comparação? RESOLUÇÃO: Bilac compara o trabalho do poeta com o delicado ofício do ourives (“invejo o ourives quando escrevo”); é a ele que o poeta deve imitar, e não ao escultor de grandes estátuas (“Não quero o Zeus Capitolino... talhar no mármore...”). A ideia que fundamenta essa comparação é que a obra poética deve ser trabalhada com precisão, requinte e atenção ao detalhe, como se fosse uma joia preciosa.

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B Nas estrofes 6, 7 e 8, a que se referem os pronomes assinalados em “que eu fique só contigo”, “viverei servindo / Teu culto” e “Celebrarei o teu ofício”? RESOLUÇÃO: Referem-se à “língua”, o idioma português, mencionado logo acima (“Ver esta língua, que cultivo, / sem ouropéis”).

D Por que o poema “Profissão de Fé” pode ser considerado um manifesto do Parnasianismo? RESOLUÇÃO: Porque, tendo como tema a própria poesia, este poema expõe uma concepção acerca do fazer poético, de acordo com os princípios da escola parnasiana.

C

Segundo o poema, o que o poeta deve defender até a morte?

RESOLUÇÃO: O estilo, o culto da forma, os adornos e ouropéis da linguagem.

Assim como foi admirado por muitos, o Parnasianismo foi violentamente criticado, sobretudo pelos modernistas. Essas críticas referiam-se aos excessos formalistas, que, ao privilegiar a métrica rigorosa e os modelos poéticos fixos, acabavam por deixar o poema vazio de conteúdo, aliando a “riqueza” formal à pobreza de sentido. O mais famoso desses ataques foi o poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, declamado durante a Semana de Arte Moderna de 1922:

OS SAPOS Enfunando1 os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos2. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi3: — “Meu pai foi à guerra!” — “Não foi! — “Foi!” — “Não foi!”4

Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma10.

Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe)12, Falam pelas tripas: — “Sei! — “Não sabe!” — “Sabe!”

Clame a saparia Em críticas céticas11: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas...”

O sapo-tanoeiro5, Parnasiano aguado, Diz: — “Meu cancioneiro É bem martelado.

Urra o sapo-boi: — “Meu pai foi rei” — “Foi!” — “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

Vede como primo Em comer hiatos6! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos7.

Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: — “A grande arte é como Lavor de joalheiro.

— O meu verso é bom Frumento8 sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio9.

Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo.”

1 – Enfunar: inchar. Note o sentido figurado: os sapos incham os papos = os parnasianos se enchem de vaidade. 2 – Note a aliteração expressiva do p, desde o 1.o verso, sugerindo os pulos dos sapos. 3 – Sapo-boi: espécie de sapo; note a aliteração do r. 4 – Representação da “conversa mole” dos parnasianos. 5 – Sapo-tanoeiro: o mesmo que sapo-ferreiro, assim chamado porque seu coaxar lembra a batida do martelo do ferreiro ou do tanoeiro (construtor de tonéis). 6 – Os parnasianos impunham a elisão e a sinalefa (junção de vogais na pronúncia) e proibiam os hiatos (separação de vogais) na poesia. 7 – O parnasiano Hermes Fontes se gabava num livro de nunca rimar palavras da mesma classe gramatical, impropriamente chamadas termos cognatos (p. ex.: os particípios cansado/amado).

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Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Verte a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau13 profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio14, Sapo-cururu15 Da beira do rio... (1918)

8 – Frumento: trigo. Note o deboche com o gosto parnasiano da palavra rara. 9 – Uso francês de incluir na rima a consoante que precede a sílaba tônica (ex.: requer/qualquer, onde o q é a consoante de apoio). O neoparnasiano Goulart de Andrade se orgulhava de utilizar esse tipo de rima. 10 – Entenda: fiz a forma virar fôrma (crítica radical da poética parnasiana). 11 – Cético: descrente, desconfiado. 12 – Alusão ao poeta gordo Emílio de Menezes. 13 – Perau: barranco. 14 – Transido de frio: gelado de frio. 15 – Representação do não parnasiano, do poeta marginalizado.

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E Aponte um trecho do texto em que há referência ao poema

G (UNIP-SP – MODELO ENEM) – A palavra outono, que já

“Profissão de Fé”, de Olavo Bilac.

aparece no título do poema, foi empregada duas vezes na primeira estrofe. Primeiro, o leitor a entende em sentido literal, indicando uma estação do ano. Depois, ela desenvolve sentido figurado, integrado ao sentido geral do poema. Qual dos seguintes termos do poema mais diretamente exprime esse sentido figurado? a) “Jardim calado.” b) “Absorto.” c) “Arrebol.” d) “Viuvez.” e) “Velhice.”

RESOLUÇÃO: “A grande arte é como / Lavor de joalheiro. / Ou bem de estatuário. / Tudo quanto é belo, / Tudo quanto é vário, / Canta no martelo.”

RESOLUÇÃO: A palavra outono é metáfora de velhice. Essa metáfora é frequente na literatura. Resposta: E

F Comente o trocadilho “Reduzi sem danos / A fôrmas a forma”. RESOLUÇÃO: Com esse trocadilho, combate-se o esteticismo parnasiano. Ironiza-se o fato de que a rigidez das regras parnasianas era tão forte que reduzia a forma da poesia a um molde, um modelo fixo, uma fôrma.

H (UNIP-SP – MODELO ENEM) – “Belo navio”, na segunda estrofe, tem também sentido figurado, metafórico. Tal sentido deve referir-se a a) uma experiência de viagem. b) uma experiência mística. c) uma experiência amorosa. d) uma experiência marítima. e) uma experiência de desencanto com a mesquinhez humana. RESOLUÇÃO: A metáfora “belo navio” sugere tratar-se de uma experiência amorosa. Nesse caso, o eu lírico fala de um amor (“belo navio”) que chega quando ele já se sente velho (“mar inabitado e morto”). Resposta: C

Texto para os testes G e H.

EM UMA TARDE DE OUTONO Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas Sobre o jardim calado e as águas miro, absorto. Outono... Rodopiando, as folhas amarelas Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto... Por que, belo navio, ao clarão das estrelas, Visitaste este mar inabitado e morto, Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas, Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto? A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos... — Mas chegaste com a noite e fugiste com o Sol! E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste, E contemplo o lugar por onde te sumiste, Banhado no clarão nascente do arrebol... (Olavo Bilac)

A “Trindade Parnasiana”, da esquerda para a direita: Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.

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Olavo Bilac: “A um Poeta”

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Texto para os testes A e B.

• poesia parnasiana • formalismo parnasiano • soneto

A (VUNESP/UNOPAR – MODELO ENEM) – Benedicite é um vocativo latino que significa “abençoai”. A partir disso, o poema a) enumera todos aqueles que o poeta abençoa. b) opõe os que são benditos e os que não são. c) relaciona aqueles que o eu lírico deseja que sejam abençoados. d) estabelece quais são os seres abençoados no mundo. e) reflete sobre por que alguns seres devem ser abençoados e outros não. Resolução O eu lírico solicita que sejam abençoados — a forma verbal abençoai indica que quem abençoa é outro (Deus), e não ele — todos aqueles que realizaram as ações e feitos enumerados ao longo dos versos. O eu lírico não estabelece quem, no mundo, é abençoado, tampouco apresenta uma reflexão acerca do mérito da bênção divina. Resposta: C

BENEDICITE! Bendito o que, na terra, o fogo fez, e o teto; E o que uniu a charrua ao boi paciente e amigo; E o que encontrou a enxada; e o que, do chão abjeto, Fez, aos beijos do sol, o ouro brotar do trigo; E o que o ferro forjou, e o piedoso arquiteto Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo; E o que os fios urdiu; e o que achou o alfabeto; E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo; E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano; E o que inventou o canto, e o que criou a lira; E o que domou o raio; e o que alçou o aeroplano... Mas bendito, entre os mais, o que, no dó profundo, Descobriu a Esperança, a divina mentira, Dando ao homem o dom de suportar o mundo! (Olavo Bilac)

Texto 1

B (VUNESP/UNOPAR – MODELO ENEM) – A repetição da conjunção e, no poema bilaquiano, denomina-se a) antítese. b) onomatopeia. c) elipse. d) assíndeto. e) polissíndeto. Resolução À repetição do conectivo coordenativo, como no caso presente, corresponde a figura de linguagem chamada polissíndeto. Resposta: E

Texto 2

A UM POETA

A UM POETA Surge et ambula1

Tu, que dormes, espírito sereno, Posto à sombra dos cedros seculares, Como um levita à sombra dos altares, Longe da luta e do fragor terreno,

sacerdote ruído, estrondo

Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno, Afugentou as larvas tumulares... Para surgir do seio d’esses mares, Um mundo novo espera só um aceno...

Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego.

Escuta! é a grande voz das multidões! São teus irmãos, que se erguem! são canções... Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício:

ataque

Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade.

Ergue-te, pois, soldado do Futuro, E dos raios de luz do sonho puro, Sonhador, faz espada de combate! (Antero de Quental)

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improdutivo

(Olavo Bilac)

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A Na primeira estrofe do texto 1, a quem o poeta é comparado? RESOLUÇÃO: A um sacerdote: “Como um levita à sombra dos altares / Longe da luta e do fragor terreno”.

C Ainda no poema de Antero de Quental, há um jogo de claroescuro. O momento das sombras é o do poeta descompromissado com os problemas do mundo (“à sombra dos altares, longe da luta e do fragor terreno”). Em que consiste o momento das luzes? RESOLUÇÃO: É o momento da poesia a serviço das grandes causas humanitárias: “Ergue-te, pois, soldado do Futuro, / E dos raios de luz do sonho puro, / Sonhador, faz espada de combate!”.

B De acordo com o poema de Antero de Quental, o poeta deve abandonar uma certa atitude para desempenhar um determinado papel. Explique-os. RESOLUÇÃO: O poeta deve deixar de lado o exercício poético solitário, tornar-se “a grande voz das multidões”, transformando sua poesia em arma de combate.

D No poema de Bilac, a quem é comparado o poeta? O que sugere essa comparação? RESOLUÇÃO: O poeta é comparado a um monge enclausurado. O poeta deve manter-se impassível, excluído do cotidiano, distante de quaisquer questões mundanas, dedicado totalmente ao aprimoramento formal, ao seu ideal de “arte pela arte”.

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E Transcreva um exemplo de polissíndeto extraído do texto 2. RESOLUÇÃO: “Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!”

F Dê exemplos, do poema de Bilac, de rimas “ricas”, ou seja, rimas entre palavras de classes gramaticais diferentes.

H (MODELO ENEM) – Ao encadeamento sintático entre os versos, que ficam sem pausa no final, dá-se o nome de a) hipálage. b) quiasmo. c) elisão. d) crase. e) enjambement. RESOLUÇÃO: Segundo o Dicionário Houaiss, enjambement ou cavalgamento consiste na “partição de uma frase no final de um verso ou uma estrofe, sem respeitar as fronteiras dos sintagmas, colocando um termo do sintagma no verso anterior e o restante no verso seguinte; (...) [Cria um efeito de coesão entre os versos, pois aquele onde começa o enjambement não pode ser lido com a habitual pausa descendente no final, e sim com entonação ascendente, que indica continuação da frase, e com uma pausa mais curta ou sem pausa.]” Resposta: E

RESOLUÇÃO: São rimas “ricas”: rua (substantivo) / sua (verbo); emprego (substantivo) / grego (adjetivo); construa (verbo) / nua (adjetivo) e agrade (verbo) / Verdade (substantivo).

!

G Ao se aproximar a poesia da arquitetura, no texto 2, que característica da poesia parnasiana é ressaltada? RESOLUÇÃO: A preocupação formal.

O Destaque

OLAVO Brás Martins dos Guimarães BILAC (18651918): Cursou Medicina e Direito, mas não chegou a se formar. Foi jornalista e participou de campanhas cívicas pela alfabetização e pelo serviço militar obrigatório. Sua poesia une equilibradamente o formalismo parnasiano à tradição romântica (ainda presente em nossa cultura). Os temas de que tratou foram o amor, a mulher, o sofrimento, a pátria. Compôs poemas com forte erotismo. O volume Poesias (1888) inclui Panóplias, Via-Láctea, Sarças de Fogo, Alma Inquieta, As Viagens, O Caçador de Esmeraldas e, depois, o livro póstumo Tarde (1919). Publicou também Poesias Infantis (1904) e Conferências Literárias (1917), entre outros.

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Olavo Bilac: “Língua Portuguesa”

Texto para o teste A.

Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Sem um defeito. (Olavo Bilac)

A (MODELO ENEM) – O texto acima a) põe em relevo uma das características mais marcantes do Parnasianismo: a preocupação com a forma. b) se caracteriza pela quebra do ritmo e pela estrofe irregular, enquadrando-se na estética modernista. c) se filia ao Simbolismo, em função do cuidado do autor na escolha do léxico. d) é arcádico: o racionalismo do autor tende a sufocar qualquer excesso sentimental. e) é marcadamente barroco, por causa das violentas inversões sintáticas e do vocabulário incomum.

• poesia parnasiana • formalismo parnasiano

Resolução Ao comparar o trabalho com a estrofe (a poesia) ao trabalho do ourives, o eu lírico expressa a preocupação dos parnasianos com a forma. Resposta: A Texto para o teste B.

Defende-te a ti próprio: é cheio o mundo De venenos de um gosto tão sutil Que só se sente o mal chegando ao fundo. Acha um amigo entre inimigos mil! Tens um resfriado? Não terás segundo: Defende os teus pulmões! Toma BROMIL. (Olavo Bilac)

B (MODELO ENEM) – O texto acima, além de filiar-se ao gênero poético, em que se destaca, portanto, a função poéti-

ca da linguagem, pode também ser classificado como um texto a) informativo, e a função da linguagem que se destaca, nesse caso, é a metalinguística. b) dissertativo, e a função da linguagem que se destaca, nesse caso, é a referencial. c) satírico, e a função da linguagem que se destaca, nesse caso, é a emotiva. d) argumentativo, e a função da linguagem que se destaca, nesse caso, é a fática. e) de propaganda, e a função da linguagem que se destaca, nesse caso, é a conativa. Resolução Trata-se, evidentemente, de um texto de propaganda. Olavo Bilac compôs esse poema-propaganda para um xarope chamado Bromil. A presença de várias formas verbais no imperativo e a interpelação ao interlocutor (“Tens um resfriado?”) são características da função conativa da linguagem. Resposta: E

Texto 1

LÍNGUA PORTUGUESA Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga1 impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, som forte e estridente Que tens o trom e o silvo da procela estrondo – assobio – E o arrolo2 da saudade e da ternura! [tempestade

1 – Ganga: em trabalho de mineração, resíduo de minério não aproveitável numa jazida ou filão (veio).

Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

frescor

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!” E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! (Olavo Bilac)

2 – Arrolo: canto com o qual se faz adormecer a criança.

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Texto 2

LÍNGUA Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões. Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões. Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa, E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade. E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixa os portugais morrerem à míngua, “Minha pátria é minha língua” — Fala, Mangueira! Flor do Lácio, Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua? (…)

RESOLUÇÃO: No poema de Bilac, os versos são decassílabos e estruturados na forma tradicional do soneto italiano: dois quartetos e dois tercetos. No texto de Caetano Veloso, os versos são livres e não obedecem a nenhuma estrutura tradicional de estrofação, que nesse caso também é livre.

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RESOLUÇÃO: Tanto o possessivo em “minha língua”, como o demonstrativo em “esta língua” referem-se à língua portuguesa em sua vertente brasileira. As referências ao país estão em: – Sambódromo: espaço criado no Rio de Janeiro para os desfiles das escolas de samba; – “Lusamérica”: neologismo que se refere à colonização do Brasil por Portugal; – “— Fala, Mangueira”: referência à escola de samba carioca.

(Caetano Veloso)

A (VUNESP-SP) – Não são raros, em nossa literatura, os poemas que tomam por tema a própria língua em que são realizados. Comparando os dois textos acima, encontramos entre ambos identidade e diferenças. Uma das diferenças está no plano da forma poemática: estrofação e tipo de verso utilizado. Observe esses dois aspectos e comente as diferenças de composição.

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B (VUNESP-SP) – O texto de Bilac contém referências ao Brasil ou ao português aqui falado, como, por exemplo, em: “Amo o teu viço agreste e o teu aroma / De virgens selvas e de oceano largo!”. Localize no texto de Caetano Veloso duas passagens em que se faça referência ao português do Brasil ou a qualquer outro fato associado ao Brasil.

C (VUNESP-SP) – No verso “És, a um tempo, esplendor e sepultura”, Bilac trabalhou a tessitura sonora pela aliteração do /p/ e do /t/. Em seu texto, Caetano Veloso serve-se diversas vezes do mesmo recurso. Com base nessas informações: a) defina aliteração; b) indique um verso de Caetano Veloso em que esse recurso é bastante evidente. RESOLUÇÃO: a) A aliteração consiste na repetição de fonemas consonantais iguais ou semelhantes; b) No texto de Caetano Veloso, os versos “GoSTo de SenTir a minha Língua roÇar / A Língua de LuíS de CamõeS” apresentam aliteração dos fonemas /s/, /t/ e /l/. Nos versos “A criar conFuSões de ProSódia / E uma ProFuSão de Paródias”, temos aliteração dos fonemas /f/, /z/ e /p/.

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D

F (VUNESP-SP) –

RESOLUÇÃO: Ao aproximar palavras de sentidos opostos — “esplendor”, que sugere ideia de vida, e “sepultura”, que sugere ideia de morte —, Bilac cria uma antítese. Resposta: C

RESOLUÇÃO: Os dois escritores mencionados são Fernando Pessoa, autor de Mensagem e outras obras assinadas com seu nome, além de numerosos textos, geralmente poemas, atribuídos por ele a autores fictícios, conhecidos como seus heterônimos (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares são os mais importantes), e Guimarães Rosa, autor de Sagarana, Grande Sertão: Veredas, Primeiras Estórias etc.

(MODELO ENEM) – Qual a figura de linguagem presente na expressão “esplendor e sepultura”? a) Metonímia. b) Paradoxo. c) Antítese. d) Comparação. e) Eufemismo.

Além de Luís de Camões, mencionado nos dois textos, a letra de Caetano Veloso menciona outros dois escritores. Identifique-os e cite uma obra de cada um deles.

E (VUNESP-SP – adaptada) –

A que fato histórico fundamental fazem alusão as expressões “Flor do Lácio” e “latim em pó”? RESOLUÇÃO: O latim, falado na região do Lácio, centrada na cidade de Roma, estendeu-se por quase toda a Europa ocidental por meio da expansão do Império Romano, dando origem às diversas línguas neolatinas, entre elas o português, aqui identificado metaforicamente como uma das flores do “jardim” do Lácio. A expressão “latim em pó” refere-se ao mesmo processo de expansão e consequente transformação do latim.

G (VUNESP-SP) –

Segundo o gramático Celso Cunha, vocativo é o termo que serve “apenas para invocar, chamar ou nomear, com ênfase maior ou menor, uma pessoa ou coisa personificada”. Tendo em mente essa definição, cite um exemplo de vocativo no texto de Bilac e outro no de Caetano Veloso.

RESOLUÇÃO: Olavo Bilac: “Última flor do Lácio, inculta e bela” e “...ó rude e doloroso idioma”; Caetano Veloso: “Mangueira!”.

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Simbolismo: introdução

Texto para o teste A.

Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la [que assoma Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã [nasce... Oh sonora audição colorida do aroma!

• poesia simbolista • sinestesia • Verlaine • Mallarmé • Rimbaud

evidente em passagens como: “a luz tem cheiro”, repetida em posição “cruzada” (quiasmo) no verso seguinte “tem cheiro a luz”, além da “alucinação sensorial” do último verso: “sonora audição colorida do aroma”. Resposta: C

(Alphonsus de Guimaraens)

Atente para a afirmação sobre o Simbolismo:

(UNIP-SP – MODELO ENEM) – A linguagem poética, em todas as épocas, foi e é simbólica; o Simbolismo recebeu esse nome por levar essa tendência ao paroxismo. Os versos acima atestam essa exuberância, pela harmonização de imagens sensoriais, constituindo um exemplo de a) polissíndeto. b) sinédoque. c) sinestesia. d) eufemismo. e) paradoxo. Resolução A harmonização de sensações visuais, auditivas e olfativas configura a sinestesia,

Trata-se, na verdade, de um apelo ao inconsciente, às camadas mais profundas da mente humana — do “eu profundo” — com a finalidade de resgatar o homem do materialismo desenfreado em que vive. (AMARAL, Emília. et al., org. Novo Manual – Nova Cultural: redação, gramática, literatura. São Paulo: 1991, p. 258)

A

B

(UFV-MG – MODELO ENEM) – Dentre as afirmativas seguintes, assinale aquela que não contém características do Simbolismo expressas no texto.

O Simbolismo foi um movimento que surgiu na própria revista Le Parnasse Contemporain (O Parnaso Contemporâneo), que divulgava a poesia parnasiana, e em grande medida significou, como se verá, uma reação contra elas. A princípio indistintas, as concepções parnasianas e as simbolistas (sem terem ainda esse nome) começam a se distinguir em 1881, quando poetas como Verlaine, Mallarmé e Rimbaud são chamados de “decadentes”. A partir de então, acolhido até por alguns dos próprios poetas, o termo “Decadentismo” perdeu o tom pejorativo que tinha e passou a designar a atitude existencial e poética desses e de outros autores. Produto de um mundo em crise, diferente daquele que viu, com espanto e entusiasmo, o nascimento da indústria e a vitória do progressismo da sociedade burguesa, os simbolistas tinham uma visão complexa das relações entre o imaginário e o real. Apreciavam sobretudo as épocas de esgotamento estético, como a alexandrina, no mundo grego, e a do fim do Império Romano, em que a literatura se torna intensamente artificial, erudita e refinada. Admiravam um Oriente exótico, lânguido e sensual, atraídos pelas sensações muito raras de tóxicos como o ópio, e entediados com tudo que lhes parecesse vulgar, como as ideias socialistas, consideradas subproduto burguês. O termo Simbolismo foi proposto em 1885 por Jean Moréas.

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a) O Simbolismo foi um período literário que se manifestou por meio de um conteúdo predominantemente espiritual. b) A poesia simbolista fugiu da realidade material por meio dos voos da imaginação e de uma visão mística da vida. c) O estado de espírito pessimista e uma pesquisa do “eu profundo” marcaram as manifestações da arte simbolista. d) A estética simbolista privilegiou uma poesia mais sensorial e totalmente voltada para a forma. e) O Simbolismo deu ênfase aos elementos do inconsciente e à expressão da essência das coisas. Resolução Nada há no texto que permita a conclusão de que a estética simbolista privilegiou “uma poesia... totalmente voltada para a forma”. Resposta: D

Stéphane Mallarmé (18421898), em foto de Nadal. O grande mestre da poesia simbolista dizia que, enquanto os parnasianos procuravam descrever os objetos, os simbolistas queriam sugeri-los por meio de um estado de espírito ou extrair dos objetos a sugestão de um estado de espírito.

Arthur Rimbaud (18541891), para quem a palavra poética deveria abrir-se a todas as significações, à fixação do inexprimível, às alucinações sensoriais e ao que chamou “alquimia verbal”. Escreveu dos 14 aos 20 anos, idade com a qual abandona definitivamente a poesia.

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Paul Verlaine (1844-1896). Verlaine explorou sobretudo as possibilidades sugestivas dos sons das palavras (as aliterações, as assonâncias). Para ele, poesia é música.

Texto

ARTE POÉTICA Antes de tudo, a Música. Preza Portanto o Ímpar. Só cabe usar O que é mais vago e solúvel no ar, Sem nada em si que pousa ou que pesa. Pesar palavras será preciso, Mas com algum desdém pela pinça: Nada melhor do que a canção cinza Onde o Indeciso se une ao Preciso. Uns belos olhos atrás do véu, O lusco-fusco no meio-dia, A turba azul de estrelas que estria O outono agônico pelo céu!

crepúsculo, anoitecer risca em agonia, próximo da [morte nuança: matiz, tom – [é vitoriosa

Pois a Nuance é que leva a palma, Nada de Cor, somente a nuance! Nuance, só, que nos afiance O sonho ao sonho e a flauta na alma!

Foge do Chiste, a Farpa mesquinha, Frase de espírito, Riso alvar, Que o olho do Azul faz lacrimejar, Alho plebeu de baixa cozinha!

gracejo, brincadeira,“gozação” branco, esbranquiçado

A eloquência? Torce-lhe o pescoço! E convém empregar de uma vez A rima com certa sensatez Ou vamos todos parar no fosso!

fala fácil e abundante

Quem nos dirá dos males da rima! Que surdo absurdo ou que negro louco Forjou em joia este toco oco Que soa falso e vil sob a lima? Música ainda, e eternamente! Que teu verso seja o voo alto Que se desprende da alma no salto Para outros céus e para outra mente. Que teu verso seja a aventura Esparsa ao árdego ar da manhã Que enchem de aroma o timo e a hortelã... E todo o resto é literatura.

impetuoso tomilho, erva [aromática

(Paul Verlaine, tradução de Augusto de Campos) O poema “Arte Poética”, de Verlaine, pode ser considerado um manifesto simbolista. Note a clareza com que se exprimem pontos do programa simbolista, como o ideal de musicalidade, o gosto pelo que é raro (“o Ímpar”), incluídos os ritmos incomuns (os ritmos ímpares, difíceis em francês), a busca da linguagem exata (“Pesar palavras”, “Preciso”), mas carregada de sugestão e minúcia (“Nuance”), de vaguidade (“Indeciso”), de notações de sonho. Considerando o que se acaba de afirmar, responda às questões de A a F.

B As obras parnasianas revelam preocupação com a descrição precisa. O exame do poema de Verlaine permite concluir o mesmo das obras simbolistas? Justifique. RESOLUÇÃO: Não. O poema fala da união do “Indeciso” com o “Preciso”, permitindo concluir que o Simbolismo faz uso também do impreciso, do vago, do meio-tom (“nuance”).

A Os parnasianos consideravam as artes plásticas (pintura, escultura) como modelo para a arte poética. O exame atento do poema transcrito permite concluir que esse era o ideal também dos simbolistas? Justifique. RESOLUÇÃO: Não. O ideal dos simbolistas era a musicalidade: “Antes de tudo, a Música.”

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C Identifique, nas quatro primeiras estrofes, palavras ou expressões que se associam ao ideal poético simbolista. RESOLUÇÃO: “Música”, “Ímpar”, “vago e solúvel no ar”, “canção cinza”, “Indeciso”, “olhos atrás do véu”, “lusco-fusco”, “Nuance” etc.

D Quanto à métrica, os versos são pares ou ímpares? Por quê?

F (MODELO ENEM) – Considerando as características simbolistas verificadas no poema de Verlaine, indique o trecho que não pode ser associado a essas características. a)

Enche de estranhas vibrações sonoras A tua Estrofe, majestosamente... Põe nela todo o incêndio das auroras Para torná-la emocional e ardente.

b)

Derrama luz e cânticos e poemas No verso, e torna-o musical e doce Como se o coração, nessas supremas Estrofes, puro e diluído fosse.

c)

Pelas regiões tenuíssimas da bruma Vagam as virgens e as Estrelas raras... Como que o leve aroma das searas Todo o horizonte em derredor perfuma.

d)

Não quero, a Vênus opulenta e bela De luxuriantes formas, entrevê-la Da transparente túnica através.

e)

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras... vasos para queimar

RESOLUÇÃO: Os versos são ímpares, pois têm nove sílabas métricas (versos eneassilábicos).

farta, corpulenta vigorosas

[incensos

E A despeito do que declara o eu lírico na estrofe 7, o que se observa no poema no que diz respeito ao uso de rimas? RESOLUÇÃO: Os versos apresentam esquema regular de rimas, que são interpoladas (ou seja: em cada estrofe, o primeiro verso rima com o quarto e o segundo rima com o terceiro).

RESOLUÇÃO: Na alternativa d, a presença do elemento mitológico (Vênus) e as bruscas inversões dos termos são características da poesia parnasiana. Trata-se de uma estrofe do poema “Plena Nudez”, de Raimundo Correia. Resposta: D

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Camilo Pessanha

Texto para os testes A e B.

A (ENEM) – A imagem contida em “lentas gotas de som”

EPÍGRAFE1 Murmúrio de água na clepsidra2 gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante3 Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... Homem, que fazes tu? Para que tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a Beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa... (Eugênio de Castro, Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa) 1 – Epígrafe: inscrição colocada no ponto mais alto; tema. 2 – Clepsidra: relógio de água. 3 – Pedra do quadrante: parte superior de um relógio de sol.

Texto 1

Passou o outono já, já torna o frio... — Outono do seu riso magoado. Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado... — O sol, e as águas límpidas do rio. Águas claras do rio! Águas do rio, Fugindo sob o meu olhar cansado, Para onde me levais meu vão cuidado? Aonde vais, meu coração vazio?

• poesia simbolista • Simbolismo em Portugal

muito frio

preocupação

Ficai, cabelos dela, flutuando, E, debaixo das águas fugidias, Os seus olhos abertos e cismando... Onde ides a correr, melancolias? — E refractadas, longamente ondeando, refletidas As suas mãos translúcidas e frias... transparentes (Camilo Pessanha)

(verso 2) é retomada na segunda estrofe por meio da expressão a) “tanta ameaça”. b) “som de bronze”. c) “punhado de areia”. d) “sombra que passa”. e) “somente a Beleza”. Resolução “Gotas de som” é uma metáfora sinestésica (porque envolve percepções sensoriais de órgãos diversos — visão e audição) que indica as badaladas de um relógio a marcar a passagem do tempo. A mesma referência ao relógio ocorre em “som... de bronze”. Resposta: B

B (ENEM) – Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a a) infantilidade do ser humano. b) destruição da natureza. c) exaltação da violência. d) inutilidade do trabalho. e) brevidade da vida. Resolução O tema do poema transcrito é a passagem do tempo (“assim se escoa a hora”) e a frágil finitude da vida (“assim se vive e morre...”), sendo a duração da vida comparada a um “punhado infantil de areia ressequida”. Resposta: E

(Note que a figura feminina que aparece nas duas últimas estrofes está submersa, afogada, flutuando sob as águas fugidias daquele rio incessante, que tudo leva. Temos aí uma utilização do clichê literário de Ofélia, personagem de Hamlet, de Shakespeare — a amada jazendo morta sob a água, figura que Camilo Pessanha utiliza de maneira personalíssima, integrando-a em sua rede de temas e imagens. A imagem das águas do rio, fugindo, se sobrepõe às imagens dos cabelos dela, flutuando, dos seus olhos abertos e cismando, das suas mãos translúcidas e frias; isso lembra um recurso de montagem que o cinema depois utilizaria sistematicamente, a fusão. Óscar Lopes considera, entretanto, que no cinema não se poderá encontrar “a mesma sugestão de intermitência, tenuidade e recíproca fusão que a linguagem alcança, problematizando, dialetizando a percepção vulgar”.)

A Quantas sílabas métricas têm os versos deste soneto? E como é a distribuição de rimas? RESOLUÇÃO: Têm dez sílabas métricas (versos decassílabos) e a seguinte distribuição de rimas: ABBA-ABBA-CDC-DCD.

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B

As linhas pontilhadas são do original e sugerem uma estrofe que não foi escrita, na qual se contaria uma parte da história que o leitor pode supor pelo contexto.

O que o outono evoca?

RESOLUÇÃO: Evoca o riso magoado da figura feminina.

E Há uma presença feminina no poema. Como ela é sugerida no texto? (Transcreva as palavras que a indicam.) RESOLUÇÃO: A alusão à figura feminina é extraordinariamente discreta, limitada ao gênero de algumas palavras: o adjetivo “branca”, o particípio “vencida”, o pronome possessivo “minha” e os pronomes pessoais “a” (duas vezes) e “ela”.

C

O que evoca o estado de espírito atual do eu poético?

RESOLUÇÃO: O inverno frio.

D Que imagem o poeta sobrepõe à imagem da figura feminina? RESOLUÇÃO: A imagem das águas do rio, fugindo.

F

Texto 2

Se andava no jardim, Que cheiro de jasmim! Tão branca do luar! ..................................... ..................................... ..................................... Eis tenho-a junto a mim. Vencida, é minha, enfim, Após tanto a sonhar... Por que entristeço assim?... Não era ela, mas sim (O que eu quis abraçar), A hora do jardim... O aroma de jasmim... A onda do luar... (Camilo Pessanha)

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O eu lírico conta uma história. Qual é ela?

RESOLUÇÃO: A história é a de um sujeito que, num jardim perfumado e enluarado, vê uma mulher, passa a desejá-la e, quando finalmente a tem nos braços, se entristece, pois o que ele queria não era ela, mas tudo aquilo que fazia o encanto daquele momento no jardim.

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G

Por que o eu lírico exprime sua tristeza com a situação?

RESOLUÇÃO: Ele fica triste porque sente a distância entre o sonho e a vida, ou entre o ideal e o real, ou entre a magia do momento em que nasceu o desejo e o atual momento sem magia em que o desejo é (aparentemente) satisfeito.

H (MODELO ENEM) – Todas as alternativas seguintes apresentam afirmações corretas sobre as duas quadras transcritas, menos uma. Indique-a. a) Em Pessanha, o “país perdido”não é indicado por meio de nenhum lugar preciso: só sabemos que é um lugar de “luz”. b) Em Carlos de Oliveira, o “país perdido” é indicado precisamente: é o passado, cuja luz parece dever-se às coisas não obtidas ou às coisas obtidas e perdidas. c) O poema de Pessanha parece referir-se a um “país” abstrato da alma, uma espécie de região platônica de onde a alma se acha exilada. d) O verso “Eu vi a luz em um país perdido”, em Pessanha, refere-se a uma experiência que lhe trouxe a serenidade desejada. e) No poema de Oliveira, o “país perdido” é a experiência de frustrações e privações, de um passado agora totalmente desaparecido. RESOLUÇÃO: Da experiência referida no verso “Eu vi a luz em um país perdido”, em Pessanha, resultou o abatimento da alma (“lânguida”: sem forças; “inerme”: indefesa) e o desejo de evasão deste mundo sem luz (“No chão sumir-se, como faz um verme...”) Resposta: D

!

Textos para o teste H.

INSCRIÇÃO Eu vi a luz em um país perdido. A minha alma é lânguida e inerme. Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído! No chão sumir-se, como faz um verme... (Camilo Pessanha, 1922) RETRATO DO AUTOR POR CAMILO PESSANHA (COLAGEM) A cinza arrefeceu sobre o brasido das coisas não logradas ou perdidas: olhos turvos de lágrimas contidas, eu vi a luz em um país perdido. (Carlos de Oliveira, 1950)

O Destaque

CAMILO Almeida PESSANHA (1867-1926): Filho natural de estudante universitário de Coimbra e da governanta que trabalhava em sua casa, formou-se advogado na mesma universidade de Coimbra. Foi viver na ilha de Macau, a colônia portuguesa na China, onde se tornou professor de filosofia, orientalizou-se e começou a consumir ópio. Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu único livro, Clepsidra (1920), foi publicado sem a sua participação (pois se encontrava em Macau) por Ana de Castro Osório a partir de manuscritos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha se salvaram do esquecimento. Apesar da pequena dimensão da sua obra, é considerado um dos poetas mais importantes da língua portuguesa. Morreu em Macau, isolado e consumido pela droga.

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Cruz e Sousa: “Antífona”

Texto para o teste A.

CÁRCERE DAS ALMAS Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! (CRUZ E SOUSA. Poesia Completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura; Fundação Banco do Brasil, 1993.)

A

(ENEM) – Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema “Cárcere das Almas”, de Cruz e Sousa, são a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética, que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

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Resolução O refinamento estético da forma poética, visível na capacidade expressiva de Cruz e Sousa, e o tratamento metafísico de temas universais, evidenciado na abordagem sobre a transcendência e a perenidade da alma, são recorrentes neste soneto. Resposta: C Texto para o teste B.

ANTÍFONA Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras... Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas... Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... (...) Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios. (...) Que o pólen de ouro dos mais finos astros Fecunde e inflame a rima clara e ardente... Que brilhe a correção dos alabastros Sonoramente, luminosamente. Forças originais, essência, graça De carnes de mulher, delicadezas... Todo esse eflúvio que por ondas passa Do Éter nas rosas e áureas correntezas... Cristais diluídos de clarões alacres, Desejos, vibrações, ânsias, alentos,

• poesia simbolista • Simbolismo no Brasil

Fulvas vitórias, triunfamentos acres, Os mais estranhos estremecimentos... Flores negras do tédio e flores vagas De amores vãos, tantálicos, doentios... Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios... Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, Passe, cantando, ante o perfil medonho E o tropel cabalístico da Morte...

B (PUC-SP – MODELO ENEM) – No poema de Cruz e Sousa, ocorre o predomínio das seguintes características: a) invocações, misticismo, ausência de sequência temporal e maiúsculas alegorizantes. b) explicações, sequência de traços, sequência temporal e narrador-personagem. c) explicações, sequência de traços, ausência de conflito narrativo e ausência de narrador. d) invocações, concomitância de traços, estaticidade, ausência de conflito narrativo e ausência de narrador. e) invocações, concomitância de traços, estaticidade, sequência temporal e descritor observador. Resolução O poema “Antífona” já pressupõe, no título, o caráter de uma espécie de oração ou ladainha simbolista, uma invocação às formas alvas e evanescentes, para que fecundem a posia do autor com “a chama ideal de todos os mistérios”. Harmonizando sensações visuais, olfativas, sonoras e tácteis, Cruz e Sousa aspira à fusão do espiritual com o sensorial, professando uma poética identificada com as sugestões transcendentalistas em voga na sua época. Resposta: A

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(Re)Leia a seguir o poema “Antífona”, constante dos exercícios resolvidos, e responda ao que se pede.

A

Texto

RESOLUÇÃO: Sim, todos os versos são decassílabos. A distribuição de rimas, na primeira estrofe, obedece ao esquema ABBA (rimas interpoladas) e, na segunda, ao esquema CDCD (rimas alternadas ou cruzadas).

ANTÍFONA1 Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras...

O poema apresenta regularidade métrica? Qual a distribuição de rimas das duas primeiras estrofes?

vasos para queimar [incenso – altares

Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas...

orvalhadas, úmidas mágoas, dores

Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

missa (ou [música) fúnebre

(...) Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios.

B

Localize no poema termos do vocabulário litúrgico, religioso. Que atmosfera geral esses termos conferem ao poema?

(...) Que o pólen de ouro dos mais finos astros Fecunde e inflame a rima clara e ardente... Que brilhe a correção dos alabastros rochas de cor branca Sonoramente, luminosamente.

RESOLUÇÃO: “Antífona”, “incensos”, “turíbulos”, “aras”, “Virgens”, “Santas”, “Réquiem”. Esses termos conferem ao poema uma atmosfera mística, espiritual.

Forças originais, essência, graça De carnes de mulher, delicadezas... Todo esse eflúvio que por ondas passa emanação, exalação Do Éter nas rosas e áureas correntezas... Cristais diluídos de clarões alacres, Desejos, vibrações, ânsias, alentos, Fulvas vitórias, triunfamentos acres, Os mais estranhos estremecimentos...

por álacres: alegres amarelas – amargos

Flores negras do tédio e flores vagas De amores vãos, tantálicos, doentios... Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

torturantes

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, redemoinhos – Passe, cantando, ante o perfil medonho [irreais, fantásticos E o tropel cabalístico da Morte... cavalgada tumultuosa – [secreto, obscuro, misterioso

(Cruz e Sousa) 1 – Antífona: versos recitados na missa, em responsório, antes e depois do salmo.

Olhos Fechados (1890), Odilon Redon (1840-1916) óleo sobre tela, Musée d’Orsay, Paris.

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C (MODELO ENEM) – No poema, o eu lírico faz uma invocação. Quem ele invoca e qual a função da linguagem implicada nessa invocação? a) O eu lírico invoca a luz e a função da linguagem implicada é a emotiva. b) O eu lírico invoca as Formas e a função da linguagem implicada é a conativa. c) O eu lírico invoca o deus Amor e a função da linguagem implicada é a poética. d) O eu lírico invoca as formas poéticas e a função da linguagem implicada é a metalinguística. e) O eu lírico invoca a amada e a função da linguagem implicada é a conativa.

F

Essas imagens visuais sugerem formas exatas, bem definidas? Justifique.

RESOLUÇÃO: Não, ao contrário, sugerem formas tênues, indefinidas, até invisíveis.

RESOLUÇÃO: São invocadas as Formas que o poeta pretende captar ou sugerir em seu poema. A função da linguagem implicada no recurso da invocação é a função conativa. Resposta: B

G

Que imagens olfativas estão presentes no poema?

RESOLUÇÃO: “Incensos dos turíbulos das aras”, “Harmonias da Cor e do Perfume”.

D

Pode-se considerar este poema metalinguístico? Justifique.

RESOLUÇÃO: Sim, pois seu tema é o fazer poético, a criação literária.

H E Que imagens visuais são usadas na primeira estrofe para caracterizar as Formas? RESOLUÇÃO: “Alvas”, “brancas”, “claras”, “de luares”, “de neves”, “de neblinas”, “vagas”, “fluidas”, “cristalinas”.

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As Formas são associadas a alguma imagem sonora?

RESOLUÇÃO: Sim: “Indefiníveis músicas supremas”, “Que brilhe a correção dos alabastros / Sonoramente, luminosamente”.

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I

Observe o uso de reticências. O que o seu emprego suge-

re? RESOLUÇÃO: As reticências sugerem o indizível, aquilo que não pode ser exatamente definido.

J O que as palavras “Mistério”, “Sonho”, “cabalístico”, presentes nos versos, sugerem? RESOLUÇÃO: Sugerem algo desconhecido, inatingível, que não pode ser diretamente apreendido pela razão.

K

Este poema constitui um verdadeiro manifesto simbolista. Analisando-o, que características podemos depreender da poesia simbolista?

RESOLUÇÃO: Palavras empregadas não com significado exato, mas como símbolos, como imagens sensoriais que sugerem realidades invisíveis e interiores; vocabulário litúrgico; atmosfera mística e misteriosa; sinestesias; musicalidade.

!

O Destaque

João da CRUZ E SOUSA (18611898): Filho de escravos, foi criado e educado pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa. Enfrentou grandes dificuldades, devidas sobretudo ao preconceito racial e a problemas com a saúde dos filhos e da mulher, que enlouqueceu. Finalmente, sua própria saúde ficou seriamente abalada. Tuberculoso, foi a Minas tratar-se e aí faleceu. Iniciou sua produção sob a influência abolicionista de Castro Alves. Sua formação científica e estética foi naturalista, aderiu à “Escola Nova” dos parnasianos e só se integrou ao Simbolismo depois dos 30 anos. Com isso, sua obra apresenta grande originalidade, ao combinar elementos simbolistas (musicalidade, sugestão, vagueza), parnasianos (fraseado oratório e acabamento formal) e naturalistas (temática pessimista). Recebeu a influência decisiva de Baudelaire (um dos pais do Simbolismo francês) e de Antero de Quental. Sua obra em prosa consiste em Tropos e Fantasias (em colaboração com Virgílio Várzea, 1893), Missal (poemas em prosa, 1893), Evocações (poemas em prosa, 1898). Seus livros de poesia são Broquéis (1893), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).

No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite PORT2M206

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Cruz e Sousa: “Lésbia”

Textos para o teste A.

A

Texto 1

Grande amor, grande amor, grande [mistério, que as nossas almas trêmulas enlaça... Céu que nos beija, céu que nos abraça num abismo de luz profundo e céreo. Eterno espasmo de um desejo etéreo e bálsamo dos bálsamos da graça, chama secreta que nas almas passa e deixa nelas um clarão sidéreo. (Cruz e Sousa) Texto 2

Ah, quem me dera ver-te Sempre ao meu lado Sem precisar dizer-te Jamais: cuidado... Ah, quem me dera ver-te! Ah, quem me dera ter-te Como um lugar Plantado num chão verde Para eu morar-te Morar-te até morrer-te... (Vinicius de Moraes)

(ECMAL-AL – MODELO ENEM) – Comparando-se os dois textos, pode-se afirmar: a) O sujeito poético, em ambos os textos, vê a amada como objeto de desejo reprimido e sublimado. b) O texto 1 sugere ser o grande amor experiência transcendental; no texto 2, o eu lírico deseja viver o amor por meio da posse plena da amada. c) A linguagem predominante no texto 1 é a conotativa e, no texto 2, é a denotativa. d) Os dois textos aproximam-se pela forma, uma vez que apresentam rima e métrica semelhantes. e) A natureza, nos dois textos, reflete os sentimentos do sujeito poético, redefinindo-os. Resolução Os erros consistem em: a) a expressão “desejo reprimido e sublimado” não se aplica aos textos; c) a linguagem é figurada ou conotativa em ambos os fragmentos; d) a forma e o esquema de rimas dos versos não são semelhantes; e) não há nada nos versos que estabeleça uma relação entre a natureza e os sentimentos expressos. Resposta: B

• poesia simbolista • Simbolismo no Brasil

Texto para o teste B.

Faz descer sobre mim os brandos véus [da calma. Sinfonia da Dor, ó Sinfonia muda, Voz de todo meu Sonho, ó noiva da [minh’alma, Fantasma inspirador das Religiões de Buda.

B (UEL-PR – MODELO ENEM) – A estrofe acima é de Cruz e Sousa, e nela estão os seguintes elementos característicos da poesia simbolista: a) realidade urbana, linguagem coloquial, versos longos. b) erotismo, sintaxe fluente e direta, ironia. c) desprezo pela métrica, linguagem concretizante, sátira. d) filosofia materialista, linguagem rebuscada, exotismo. e) misticismo, linguagem solene, valorização do inconsciente. Resolução Misticismo, linguagem solene, valorização do inconsciente, maiúsculas alegorizante, musicalidade, entre outras, são algumas das características da poesia simbolista. Resposta: E

O poema a seguir se encontra no livro Broquéis, de 1893. Leia-o atentamente e responda ao que se pede.

LÉSBIA sensual Cróton1 selvagem, tinhorão2 lascivo, Planta mortal, carnívora e sangrenta, depravada, ligada à orgia – Da tua carne báquica rebenta [arrebenta A vermelha explosão de um sangue vivo.

que morde – contraído, Nesse lábio mordente e convulsivo, Ri, ri risadas de expressão violenta [acompanhado de convulsão O Amor, trágico e triste, e passa, lenta, contração involuntária A morte, o espasmo gélido, aflitivo... [de músculos – muito frio

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Lésbia nervosa, fascinante e doente, Cruel e demoníaca serpente Das flamejantes atrações do gozo.

que lançam chamas, [labaredas

Dos teus seios acídulos, amargos, Fluem capros3 aromas e os letargos4, Os ópios 5 de um luar tuberculoso.

levemente ácidos

(Cruz e Sousa) 1 – Cróton: planta venenosa, medicinal, considerada afrodisíaca. 2 – Tinhorão: erva ornamental extremamente venenosa. 3 – Capro: relativo a bode (animal tradicionalmente associado ao diabo, segundo a cultura cristã). 4 – Letargo: letargia, inconsciência, parecida com o sono profundo, do qual a pessoa pode ser acordada, mas para o qual retorna logo a seguir. 5 – Ópio: droga extraída da papoula e que tem caráter narcótico e hipnótico.

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RESOLUÇÃO: a) “Selvagem”, “lascivo”, “mortal”, “carnívora”, “sangrenta”, “báquica”, “vermelho”; b) Aliterações em k e t, coliterações em p e b.

Tinhorão.

Cróton (Foto de Daniel Camara Barcellos).

A Lésbia é, em poemas do grande autor latino Catulo (84-54 a.C.), o nome de uma mulher celebrada com paixão e ódio — em alguns poemas, é objeto de um amor sem limites; em outros, é tratada como devassa e traidora. O nome parece referir-se a Clódia, aristocrata romana que teria amado e abandonado o poeta, como a vários outros amantes. Os poemas de Catulo tornaram Lésbia o símbolo da mulher libertina, imoral. Em que aspecto essa imagem é adequada ao poema de Cruz e Sousa? Transcreva trechos do texto que confirmem a sua resposta.

D Além da musicalidade expressiva, o cromatismo (emprego sugestivo das cores) contribui para que se crie o clima de sensualidade no poema. Indique a cor associada à sensualidade, na primeira estrofe, e transcreva as palavras que a sugerem. RESOLUÇÃO: Trata-se do vermelho, presente em “sangrenta”, “vermelha explosão” e “sangue vivo” (muito vermelho). (As flores do cróton e do tinhorão apresentam a cor vermelha, como se vê nas ilustrações.)

RESOLUÇÃO: A mulher celebrada no poema de Cruz e Sousa é representada como uma devassa, pois o poeta se refere a sua “carne báquica” e a descreve como uma sedutora perversa (“Cruel e demoníaca serpente / Das flamejantes atrações do gozo”).

E “Lésbia” é um poema surpreendente para a época, no Brasil, B Sabendo-se que a cultura greco-latina da Antiguidade não era cristã — os cristãos a chamavam de “pagã” —, indique um elemento pelo qual esse poema de Cruz e Sousa se afasta do universo greco-latino. RESOLUÇÃO: Ao associar o intenso erotismo da mulher ao mal e ao demônio (portanto, ao “pecado”), o poema afasta-se dos valores morais greco-latinos, em que não há a noção de pecado e o sexo e a sensualidade não são condenados.

C O clima de sensualidade explosiva associada ao pecado é, na primeira estrofe, sugerido pelo vocabulário e realçado sonoramente por aliterações (repetições das mesmas consoantes) e coliterações (repetições de consoantes muito semelhantes). a) Indique alguns dos adjetivos que colaboram para criar tal clima. b) Indique algumas das aliterações ou coliterações de consoantes oclusivas que realçam esse clima. (Consoantes oclusivas são momentâneas e soam como uma pequena explosão do ar bloqueado — exemplos: k [quê], g [guê], b, p, d, t —, diferentemente das constritivas, que não são “explosivas” e podem ser prolongadas — exemplos: s [cê], z, v, f, g [jê], x [chê].)

e revela a influência de um grande “poeta maldito”, um renovador da poesia, o francês Charles Baudelaire, autor de Flores do Mal (1857). Aponte, nos tercetos do soneto de Cruz e Sousa, os elementos chocantes para os padrões da época no Brasil. RESOLUÇÃO: A mulher, na condição de puro objeto erótico, é descrita como atraente e fascinante, mas também “nervosa” e “doente”, tal como uma “demoníaca serpente” cujo corpo exala aromas malignos, que intoxicam e levam à inconsciência.

F Além da expressão “demoníaca serpente”, qual outra, presente na última estrofe, reforça a imagem de Lésbia como uma entidade maligna, relacionando o desejo e o prazer sexual com o diabo? RESOLUÇÃO: A imagem demoníaca é reforçada pela expressão “capros aromas”, associada aos seios da mulher.

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Alphonsus de Guimaraens

Texto para os testes A e B.

Eras o Cordeiro, a Pomba, A crença que o amor renova... És agora a cruz que tomba À beira da tua cova.

ERAS A SOMBRA DO POENTE Eras a sombra do poente Em calmarias bem calmas; E no ermo agreste, silente, Palmeira cheia de palmas.

(Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, 1923, In: GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesias – I. Rio de Janeiro: Org. Simões, 1955, p. 284.)

A (VUNESP-SP – adaptado – MODE-

Eras a canção de outrora, Por entre nuvens de prece; Palidez que ao longe cora E beijo que aos lábios desce.

LO ENEM) – O texto em pauta, de Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), apresenta nítidas características do Simbolismo literário brasileiro. As alternativas seguintes apontam alguns desses elementos simbolistas, menos uma. Assinale-a. a) Espiritualismo. b) Maiúscula alegorizante. c) Musicalidade. d) Mitologia clássica. e) Imagens sinestésicas.

Eras a harmonia esparsa Em violas e violoncelos: E como um voo de garça Em solitários castelos. Eras tudo, tudo quanto De suave esperança existe; Manto dos pobres e manto Com que as chagas me cobriste.

• poesia simbolista • Simbolismo no Brasil

Resolução Não há nenhum elemento ligado à mitologia clássica; aliás, a mitologia clássica é frequente na poesia parnasiana, e não na simbolista. Resposta: D

B (VUNESP-SP – adaptado – MODELO ENEM) – O poema é rico no emprego de figuras de linguagem, como se comprova em todas as alternativas a seguir, exceto em: a) aliteração (fonema /s/, por exemplo). b) antítese (“palidez” x “cora”). c) prosopopeia (“nuvens de prece”). d) anáfora (repetição de eras no início de cada estrofe). e) metáfora (“Cordeiro”, “Pomba”). Resolução Na expressão “nuvens de prece” não há prosopopeia (personificação), mas sim uma metáfora sinestésica. Resposta: C

O tema de “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens, é o desejo de transcendência, associado no poema à loucura e à morte. O anseio pelo Absoluto é simbolizado na aspiração “louca” de alcançar, a um só tempo, a lua do céu e a lua do mar.

ISMÁLIA Quando Ismália enlouqueceu,

E como um anjo pendeu

Pôs-se na torre a sonhar...

As asas para voar...

Viu uma lua no céu,

Queria a lua do céu,

Viu outra lua no mar.

Queria a lua do mar...

No sonho em que se perdeu,

As asas que Deus lhe deu

Banhou-se toda em luar...

Ruflaram de par em par...

agitaram-se

Queria subir ao céu,

Sua alma subiu ao céu,

[com rumor

Queria descer ao mar...

Seu corpo desceu ao mar...

E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar...

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loucura

(Pastoral aos Crentes do Amor

e da Morte, 1923, obra póstuma) Ofélia (1895), Paul Albert Steck (1866?-1924), óleo sobre tela, Musée de la Ville de Paris.

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A Este é um dos poemas mais populares de Alphonsus de Guimaraens. Sua popularidade se deve, em grande parte, a um verso muito comum na lírica popular da língua portuguesa, associado à tradição poética e musical da Idade Média. Qual o número de sílabas métricas desse verso? RESOLUÇÃO: O verso tem sete sílabas métricas. Trata-se do verso redondilho maior.

C Ismália — que pode ser um símbolo da criatura já tocada pela “loucura” divina, ou seja, já convocada pelo chamado de Deus — encontra-se na torre. Assim, podemos concluir que ela ainda faz parte do mundo terreno ou já se encontra no mundo espiritual? RESOLUÇÃO: Ela está em vias de abandonar este mundo de baixo, terreno. O fato de estar na torre indica que sua “loucura” já a situa acima do plano habitual da vida terrena, acima do mar, mas ainda abaixo do céu.

B Há um sistema de oposição no texto que forma o esquema básico de seu sentido. Quais os pares de palavras que formam essas oposições? RESOLUÇÃO: O sistema de oposições é constituído pelos pares “céu” / “mar”, “subir” / “descer”, “alma” / “corpo”.

O poema que se vai ler, “A Catedral”, também de Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, exprime o transcorrer de um dia, desde a aurora até o anoitecer. Nele, a espiritualidade é simbolicamente representada pela catedral e o poeta evoca seus estados de alma, por meio da musicalidade, da vagueza, do cromatismo, que sugerem, sem nitidez, momentos do dia.

A CATEDRAL Entre brumas ao longe surge a aurora, nevoeiro o hialino orvalho aos poucos se evapora, transparente agoniza o arrebol. vermelhidão do nascer do Sol A catedral ebúrnea do meu sonho de marfim aparece, na paz do céu risonho, toda branca de sol. E o sino canta em lúgubres responsos: “Pobre Alphonsus, pobre Alphonsus!” O astro glorioso segue a eterna estrada. Uma áurea seta lhe cintila em cada refulgente raio de luz. A catedral ebúrnea do meu sonho, onde os meus olhos tão cansados ponho, recebe a bênção de Jesus.

tristes, fúnebres – [versículos cantados [alternadamente na missa Sol

E o sino chora em lúgubres responsos: “Pobre Alphonsus, pobre Alphonsus!” O céu é todo trevas: o vento uiva. Do relâmpago a cabeleira ruiva vem açoitar o rosto meu. E a catedral ebúrnea do meu sonho afunda-se no caos do céu medonho como um astro que já morreu.

chicotear

E o sino geme em lúgubres responsos: “Pobre Alphonsus, pobre Alphonsus!” (Alphonsus de Guimaraens)

E o sino clama em lúgubres responsos: “Pobre Alphonsus, pobre Alphonsus!” Por entre lírios e lilases desce a tarde esquiva: a amargurada prece põe-se a lua a rezar. A catedral ebúrnea do meu sonho aparece, na paz do céu tristonho, toda branca de luar.

D Aponte, no poema, imagens do vago. RESOLUÇÃO: “Brumas”, “hialino orvalho aos poucos se evapora”, “arrebol”, “catedral ebúrnea”, “tarde esquiva” etc.

fugidia

A Catedral de Rouen Plena de Sol, Claude Monet (1840-1926), óleo sobre tela, Rouen. Entre 1892 e 1893, Monet pintou uma série de imagens da Catedral de Rouen, em vários horários e pontos de vista diferentes. Vinte pinturas da catedral foram exibidas na galeria Durand-Ruel em 1895.

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E (MODELO ENEM) – Como é próprio da poesia simbolista, há forte presença de termos pertencentes ao léxico e à ambientação litúrgica (sobretudo em um poema intitulado “A Catedral”). Nas alternativas a seguir, todos os termos pertencem ao léxico litúrgico, exceto: a) “Catedral”. b) “responsos”. c) “prece”. d) “bênção de Jesus”. e) “aurora”.

G A palavra céu, em três estrofes diferentes, vem modificada por três adjetivos. Quais são esses adjetivos? O que eles evocam? RESOLUÇÃO: Os adjetivos são risonho, tristonho, medonho. Eles evocam estados de espírito do eu lírico em três momentos diferentes.

RESOLUÇÃO: Entre as opções apresentadas, a única que apresenta termo não pertencente ao léxico litúrgico é a alternativa e. Resposta: E

F O texto sugere o andamento monótono do toque de um sino, por meio da musicalidade fortemente marcada por dois versos com sílabas repetidas e vogais fechadas, “escuras”. Quais são esses versos? RESOLUÇÃO: São os versos do refrão: “E o sino canta (clama, chora, geme) em lúgubres responsos: / Pobre Alphonsus, pobre Alphonsus!”.

!

O Destaque

ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870-1921): Afonso Henriques da Costa Guimarães realizou os primeiros estudos em Minas Gerais e interrompeu-os ao morrer sua prima Constança, por quem era apaixonado. Estudou Direito em São Paulo, na Faculdade do Largo São Francisco, e obteve o cargo de promotor em Conceição do Serro. Nessa e em outras pequenas cidades mineiras, viveu recluso com esposa e 14 filhos. Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado “o solitário de Mariana”.

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Pedro Kilkerry: “O Verme e a Estrela”

Texto para os testes A e B.

O VERME E A ESTRELA Agora sabes que sou verme. Agora, sei da tua luz. Se não notei minha epiderme... É, nunca estrela eu te supus! Mas, se cantar pudesse um verme, Eu cantaria a tua luz! E eras assim... Por que não deste Um raio, brando, ao teu viver? Não te lembrava. Azul-celeste O céu, talvez, não pôde ser... Mas, ora! enfim, por que não deste Somente um raio ao teu viver? Olho, examino-me a epiderme, Olho e não vejo a tua luz! Vamos que sou, talvez, um verme...

Estrela nunca eu te supus! Olho, examino-me a epiderme... Ceguei! ceguei da tua luz? (Pedro Kilkerry)

• poesia simbolista • Simbolismo no Brasil

suas variantes teu, tua, te. Verme seria o eu lírico, na opinião daquela “estrela” (“sabes que sou verme”). Resposta: B

A (MODELO ENEM) – As palavras ver- B me e estrela devem ser entendidas a) em sentido literal, pois o poeta se zoomorfiza para enaltecer a amada. b) em sentido figurado, pois são metáforas do eu lírico e da interlocutora. c) em sentido literal, pois verme indica baixeza e estrela, elevação. d) em sentido figurado, conotando a condição social do eu lírico e de sua amada. e) em sentido literal, compondo uma antítese entre o vulgar e o sublime. Resolução São metáforas: estrela é a pessoa, presumivelmente uma mulher, indicada com o pronome tu, sujeito dos verbos, e

(MODELO ENEM) – No poema, as palavras verme e estrela são associadas a) a diferenças socioeconômicas. b) a diferenças culturais. c) a diferenças raciais. d) à oposição entre ideais de vida. e) à incompatibilidade amorosa. Resolução Fica evidente no texto que as palavras verme e estrela são metáforas para o eu lírico e a interlocutora por causa da diferença de cor de pele: “Se não notei minha epiderme...” Resposta: C

(Re)leia o poema “O Verme e a Estrela”, apresentado nos exercícios resolvidos, e responda ao que se pede.

B O eu lírico é verme para a estrela. Pode-se dizer que ela seja

A A oposição entre estrela e verme se associa à oposição

RESOLUÇÃO: Não, pois o eu lírico afirma e reafirma que nunca supôs que ela fosse estrela, nem parece entender a razão de ela não ter posto sequer um pouco de brilho em sua vida: “por que não deste / Somente um raio ao teu viver?”. Esse “raio” que abrilhantaria a sua vida poderia bem ser a relação com o eu lírico, que a “estrela” teria rejeitado por preconceito.

entre luz e obscuridade. Explique o sentido de obscuridade, nos termos do poema. RESOLUÇÃO: A obscuridade que caracteriza o eu lírico como verme se deve à cor de sua pele. Ele não tinha levado em consideração essa cor: “Se não notei minha epiderme...”, nem tinha considerado a pretensa “superioridade” daquela mulher: “nunca estrela eu te supus!”

estrela para o eu lírico?

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C Apesar de tudo, o eu lírico manifesta sua paixão pela “estrela”, ainda que o faça com resignação irônica. Transcreva os versos em que o eu lírico exprime essa paixão, a despeito da distância impossível entre ele e a estrela. RESOLUÇÃO: “Mas, se cantar pudesse um verme, / Eu cantaria a tua luz!”

D A estrela não se lembrou de dar um raio a sua vida. Em outras palavras, sua atitude sem brilho teria impedido algo que prometia felicidade: a relação com o eu lírico. Que imagem sugere, no poema, essa felicidade não ocorrida? RESOLUÇÃO: É a imagem do céu azul-claro: “Azul-celeste / O céu, talvez, não pôde ser...”.

F (MODELO ENEM) – Apesar de sua linguagem coloquial, de conversação irônica, o poema é inteiramente regular quanto a estrofação (três sextilhas ou estrofes de seis versos), rimas (ABABAB CDCDCD ABABAB) e métrica. Quanto à métrica, os versos do poema são a) redondilhos menores (pentassílabos). b) hexassílabos. c) redondilhos maiores (heptassílabos). d) octossílabos. e) decassílabos. RESOLUÇÃO: Os versos do poema contam oito sílabas métricas: A-go-ra-sa-besque-sou-ver(-me). Resposta: D

E Há ironia no poema. Explique como essa ironia se manifesta no convite contido na última estrofe. RESOLUÇÃO: No convite final (“Vamos”), a condição de “verme” do eu lírico é deixada na incerteza (“talvez”). Ele reconhece que não há luz em sua pele, mas também não há luz na vida dela, ou talvez ele não esteja vendo a luz (da vida dela como da sua pele) por ter cegado — cegado por causa do brilho que ela irradia, ou por efeito de seu desejo por ela...

Aranha Chorando (1881), Odilon Redon, desenho com carvão, Coleção Particular.

!

O Destaque

PEDRO Militão KILKERRY (pronúncia: kilkérri; 1885-1917): Nasceu na Bahia e viveu apenas 32 anos. A pequena produção que dele resta (36 poemas) basta para o situar entre os melhores e mais originais poetas simbolistas da língua portuguesa. Não publicou nenhum livro, só poemas esparsos em jornais e revistas. Foi pouquíssimo conhecido em vida e totalmente ignorado depois da morte, tendo sido “redescoberto” e reavaliado apenas em 1971, com a publicação de Re-Visão de Kilkerry, do poeta e crítico Augusto de Campos. Para esse autor, “Kilkerry não só compreendeu mais conscientemente que outros simbolistas o papel desempenhado na criação pelo subconsciente — mais tarde supervalorizado pelo Surrealismo — como soube levar mais longe a liberdade de associação imagética. Por outro lado, a capacidade de síntese, assim como a consciência das limitações da sintaxe ordinária, são mais agudas em Kilkerry do que em qualquer outro poeta do nosso Simbolismo”. Bem-humorado, aos que estranhavam seu nome o poeta assim o “interpretava”: “Pedro mil... e tão Kilkerry!”. Mulato, ele deve ter sido objeto de preconceito em sua vida amorosa, como sugere o poema “O Verme e a Estrela”, dirigido a uma “estrela” branca e orgulhosa, mas sem brilho em sua vida. Esse poema é exemplo da linguagem coloquial-irônica do poeta, caso raro no Simbolismo brasileiro e português, em que predomina a linguagem “elevada” e o tom grave do registro chamado “sério-estético”.

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No Portal Objetivo Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite PORT2M207

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EXERCÍCIOS-TAREFAS FRENTE 1 Módulo 25 – Aposto e vocativo

1

Coloque (A) para aposto e (V) para vocativo. ) Este escritor, como romancista, nunca foi superado. ) Mestres de todas as horas, os livros nos ensinam e divertem. ( ) Dize, meu filho, quem te fez chorar? ( ) Jerônimo, nosso vizinho, montou uma oficina. ( ) Ó Vitória, por que não varre esta casa direito? ( ) Essa moçarada é teimosa, seu doutor!

a) ( b) ( c) d) e) f)

B

Indique a função sintática dos termos destacados. Trago-te flores, restos arrancados da terra, que nos viu passar unidos e ora mortos nos deixa e separados. a) sujeito. b) objeto indireto. c) objeto direto. d) vocativo. e) aposto.

C

(VUNESP-SP) – “Os colegas — o equilibrista, aqueles dois que conversavam em voz baixa, todos enfim — sabiam de sua história e não haviam preparado a mínima homenagem.” Na frase acima, o travessão é empregado para a) destacar o aposto e deixar claro o nexo entre o sujeito e o predicado. b) indicar mudança de interlocutor. c) indicar a coordenação entre os diferentes núcleos do sujeito composto. d) assinalar uma retificação do que se disse anteriormente, no início da frase. e) realçar ironicamente o valor significativo da palavra colegas.

D a) b) c) d)

(FEFASP-SP) – Em que alternativa não há aposto? Homens, animais e árvores, tudo é terra e da terra. A cidade do Rio comove aos mais duros de sentimentos. Antão só pensava na linda Thereza, filha de Theodoro. Aves brancas e delicadas enfeitavam a beira da lagoa.

E

(UNIP-SP) – Em Abaixe a cabeça, leitor, faça todos os gestos de incredulidade. (Machado de Assis), o termo leitor é __________ e os verbos são _____________ . a) vocativo – intransitivos. b) aposto – intransitivos. c) vocativo – transitivos diretos. d) aposto – transitivos diretos. e) sujeito simples – transitivos diretos.

F Nas orações a seguir, sublinhe com dois traços o termo que explica, especifica, enumera ou resume o termo sublinhado, podendo substituí-lo. Classifique o aposto das orações de acordo com o código: 1) Aposto explicativo 2) Aposto especificativo 3) Aposto resumidor 4) Aposto enumerativo a) ( ) O mês de agosto não é o mês do desgosto. b) ( ) “... seringa, termômetro, tesoura, gaze, esparadrapo, boneca, tudo se derrama pelo chão.” (P. M. C.) c) ( ) “Duas coisas o incomodavam, a saber, o barulho da rua e o frio intenso.” (E.B.) d) ( ) “Ana, minha irmã, era uma pessoa fantástica.” e) ( ) A palavra adeus tem cinco letras. f) ( ) “Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três cousas: olhos, espelho e luz.” (Pe. Antônio Vieira)

Módulos 26 e 27 – Níveis de linguagem Texto para as questões 1 e B.

Curitiba, 20 de novembro de 2003. À Verde Vivo – Paisagismo e jardinagem At.: Joaquim Maria Matos Assunto: Solicitação de vaga. Senhor Gerente: Buscando pleitear uma vaga em sua conceituada empresa, encaminho meu currículo resumido. Também informo que possuo disponibilidade para viagens. No aguardo de uma resposta, desde já agradeço a atenção dispensada. Atenciosamente, João Fabrício Mazza

1

(PUC-PR) – A respeito da caracterização do gênero textual, assinale a alternativa incorreta: a) O texto é predominantemente narrativo. b) O nível de linguagem está adequado, porque se trata de uma situação que exige formalidade. c) Trata-se de um gênero que circula em núcleos de atividade comercial. d) A objetividade e a precisão na seleção vocabular são fundamentais no gênero carta empresarial. e) A apropriação do espaço na página pode variar, portanto, esse aspecto não representa uma das exigências do gênero em questão.

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B

(PUC-PR) – Nesse texto, podem-se destacar alguns conectores responsáveis pela coesão, tanto no interior da frase quanto na relação entre uma e outra. São eles: a) uma, a. b) em, meu. c) que, no. d) também, desde já. e) senhor, atenciosamente.

C (PUC-PR) – Assinale a alternativa incorreta a respeito das estruturas do texto: “Quando falei sobre o caso do jogador que está fora do país e não está jogando, é evidente que vão surgir exceções. Deverão ser poucas, mas vão haver porque não se pode abrir mão de um bom jogador porque ele eventualmente não esteja jogando.” (O Globo, 22/10/00.) a) O uso coloquial da linguagem permite o emprego de “vão surgir” ou “deverão ser”, mas, para um nível mais formal, o emprego seria, respectivamente, “surgirão” ou “serão”. b) Em nível formal, a expressão “vão haver” deveria ser “haver”. c) O uso da expressão “evidente que” e da palavra “eventualmente” revela aproximação com a oralidade. d) Também é correto inferir que, num nível de formalidade, deve-se evitar a utilização dupla de conector “porque” num mesmo período. e) A norma padrão da linguagem seria mantida se a expressão “vão haver” fosse substituída por “vai haver”.

D

Identifique o (tipo) nível de linguagem próprio de cada trecho. a) “Nóis cunhece o caminho da roça cumo ninguém.” (Propaganda dos Correios) b) “Oi, brother! Você que manja de uma leitura legal, tem mais é que entrar numa tremenda curtição! Nada de moleza, malandro! Num dia de sol beleza como esse, pegue a sua mina e faça um programa diferente. Se a galera está noutra, vocês podem ir ao clube ou mesmo ao bosque curtir uma leitura maneira.” c) “... eu já falei com ele, já surrei ele, ele não vai fazer mais isso nunca mais (...).” (Lígia Fagundes Telles) d) “Vendem-se passes escolares neste guichê.”

Módulo 30 – Voz passiva analítica

1

(SANTA CASA-SP) – Transpondo para a voz ativa a frase O processo deve ser revisto pelos dois funcionários, obtém-se a forma verbal a) deve-se rever. b) será revisto. c) devem rever. d) reverão. e) rever-se.

B

(SANTA CASA-SP) – Transpondo para a voz passiva a oração O faro dos cães guiava os caçadores, obtém-se a forma verbal

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a) guiava-se. d) eram guiados.

b) ia guiando. e) foram guiados.

c) guiavam.

C

(UNISA-SP) – Em ... uns diziam isto, outros aquilo... colocando-se o verbo na voz passiva, temos a) tinham dito. b) foi dito. c) era dito. d) seria dito. e) haviam dito.

D

Colocando-se a oração “A televisão transmitirá o jogo final ao vivo” na voz passiva analítica, obtém-se a forma verbal a) foi transmitido. b) transmitira-se. c) será transmitido. d) seria transmitido. e) era transmitido.

E Colocando-se a oração “O técnico da seleção brasileira deveria ter convocado o jogador corintiano” na voz passiva analítica, obtém-se a forma verbal a) deveria ser convocado. b) dever-se-ia convocar. c) deveria ter sido convocado. d) deverá ser convocado. e) devia ser convocado. F Transpondo para a passiva a frase “A assembleia aplaudiu com vigor as palavras do candidato”, obtém-se a forma verbal a) foi aplaudido. b) aplaudiu-se. c) está aplaudindo. d) foram aplaudidas. e) tinha aplaudido. G

(UFM) – O verbo da oração “Os pesquisadores orientarão os alunos” terá, na voz passiva, a forma a) haverão de orientar. b) haviam orientado. c) orientaram-se. d) terão orientado. e) serão orientados.

H

(UEL-PR) – Transpondo para a voz ativa a frase “As propostas de mudança seriam apresentadas por um dos diretores da empresa”, obtém-se a forma verbal a) foram apresentadas. b) apresentou. c) eram apresentadas. d) apresentaria. e) apresentariam.

I (MACKENZIE-SP) – Assinale a única alternativa em que há agente da passiva. a) Nós seremos julgados pelos nossos atos. b) Olha essa terra toda que se habita dessa gente sem lei, quase infinita. c) Agradeço-lhe pelo livro. d) Ouvi a notícia pelo rádio. e) Por mim, você pode ficar.

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Módulo 31 – Crônica reflexiva x dissertação

Módulo 34 – Voz passiva sintética

Use o código:

(UFV-MG) – A passiva sintética está correta em todos os itens, exceto: a) Fala-se, aqui, uma bela língua. b) Assistiu-se o enfermo com desvelo. c) Procedeu-se à verificação de aprendizagem. d) Ouviu-se um barulho estranho. e) Abriu-se uma clareira naquela mata.

a) dissertação b) crônica reflexiva

1

B

C

D

(

(

(

(

) “O envelhecimento é um processo evolutivo que depende dos fatores hereditários, do ambiente e da idade, embora ainda não tenham sido descobertas as causas precisas que o determinam.” (Ana Aslan) ) “Hoje vivemos a sociedade tecnológica dos produtos descartáveis. De fraldas a geladeiras, tudo se torna descartável (e até já inventaram cantores descartáveis...). E isso pode transmitir a falsa ideia de que podemos ser superficiais em nossas profissões, já que tudo é feito para ser jogado fora. Mas já é do conhecimento da maioria que nosso planeta exaurido não possui recursos infinitos para sustentar os declínios consumistas impostos por nossa sociedade industrial. Uma ciência corretamente aplicada para corrigir tais desvarios exigirá cada vez mais competência e participação de todos os tipos de profissionais. E a única maneira de obter competência numa profissão é estudar muito e aprender a fazer bem as coisas de que gostamos.” (Dulce Whitaker) ) “E se um pequeno rumor chega ao seu ouvido e um vulto parece apontar na esquina, o guarda-noturno torna a trilar longamente como quem vai soprando um longo colar de contas de vidro. E recomeça a andar, passo a passo, firme e cauteloso, dissipando ladrões e fantasmas. É a hora muito profunda em que os insetos do jardim estão completamente extasiados ao perfume da gardênia e à brancura da lua. E as pessoas adormecidas sentem, dentro de seus sonhos, que o guarda-noturno está tomando conta da noite, a vagar pelas ruas, anjo sem asas, porém armado.” (Cecília Meireles) ) “E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida, talvez fosse mais triste; talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval – uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito – e depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado – sem glória nem humilhação.” (Rubem Braga)

1

B

Transforme a voz passiva analítica em passiva sintética, conservando o modo e o tempo. (modelo: Foi vendida a casa. Vendeu-se a casa).

Hoje não são mais feitos carros como antigamente.

C

Assinale a alternativa em que ocorre uma voz passiva pronomial: a) Vive-se muito bem no Brasil. b) Encerram-se hoje as inscrições. c) O menino feriu-se por acaso. d) Nenhuma das anteriores.

D (MACKENZIE-SP) – Em todos, nos corpos emagrecidos e nas vestes em pedaços, liam-se as provações sofridas. (Euclides da Cunha) Aponte a alternativa correta sobre a frase acima. a) O sujeito provações sofridas confirma a ideia de sofrimento contida nos adjuntos adverbiais. b) O objeto direto provações sofridas ratifica a ideia de sofrimento dos adjuntos adverbiais. c) A indeterminação do sujeito em liam-se aponta para um observador que não assume a própria palavra. d) O sujeito nos corpos emagrecidos completa-se, no horror da descrição, por meio de outro sujeito, nas vestes em pedaços. e) A ordem direta da frase expressa um raciocínio retilíneo, sem meandros de expressão.

E

Dois ninhos repletos de ovos de dinossauro foram descobertos na província argentina de Rio Negro.

Estaria mantida a correção da frase acima caso ela fosse reescrita como está proposto na alternativa: a) Tinham sido descobertos dois ninhos repletos de ovos de dinossauro na província argentina de Rio Negro. b) Descobriram-se dois ninhos repletos de ovos de dinossauro na província argentina de Rio Negro. c) Descobriu-se dois ninhos repletos de ovos de dinossauro na província argentina de Rio Negro. d) Tinham descoberto dois ninhos repletos de ovos de dinossauro na província argentina de Rio Negro. e) Haviam descoberto dois ninhos repletos de ovos de dinossauro na província argentina de Rio Negro.

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F

(UNITAU – SP) – Na frase Encontraram-se os livros indicados nas livrarias, assinalar o sujeito. a) nas livrarias. b) os livros indicados. c) sujeito indeterminado. d) não existe sujeito. e) sujeito oculto.

G

(FADISC) – Em Aqui se faz, aqui se paga – há dois casos de voz passiva sintética. Se se transformassem estas formas sintéticas em passivas analíticas, quais seriam as construções corretas? a) foi feito aqui, foi pago aqui. b) aqui era feito, aqui era pago. c) aqui não se faz, aqui não se paga. d) aqui é feito, aqui é pago. e) aqui será feito, aqui será pago.

Módulo 35 – Dissertação

1 (UNIFENAS) – Para possibilitar o teste, na cópia deste trecho não se obedeceu à ordem original dos períodos. Indique a alternativa cuja sequência de ideias, indicada por numerais, deve compor, com coerência e coesão, o texto dissertativo original. I. O pesquisador observa o mundo muitas vezes com o auxílio de instrumentos que prolongam ou amplificam a capacidade de seus sentidos. II. Nem se trata de afirmar que a observação leiga é imprecisa e a observação científica, exata ou acurada, mas sim que o pesquisador não apenas busca fanaticamente a exatidão dos dados observados, mas também busca, com máximo empenho, controlar as condições de observação científica. III. Em ocasiões fazemo-lo com grande displicência, como quando observamos transeuntes: em outros casos, nos empenhamos mais na observação, como ao atravessar uma rua movimentada ou conferir um pagamento que temos a efetuar. IV. Mas não é o instrumento que diferencia a observação do pesquisador da observação não científica. V. Com maior ou menor acuidade, todos nós observamos o mundo que nos cerca.

a) b) c) d) e)

V, I, IV, III, II. I, IV, V, III, II. V, III, IV, I, II. I, IV, II, III, V. V, III, I, IV, II.

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Texto para as questões B e C. A LIBERDADE DO VOTO

63% da população brasileira não quer ser obrigada a votar. E há mesmo razões para acreditar que a democracia se fortaleceria com a introdução do voto facultativo. É eloquente o exemplo dos EUA, onde o sistema democrático é ponto de honra para qualquer cidadão, mas nem por isso verifica-se um alto índice de comparecimento às urnas. Quem quer votar pode fazê-lo, com a garantia de saber que ninguém o está obrigando a isso. Pode parecer abusiva a comparação entre um país de longa tradição democrática e o Brasil, onde apenas 46% estão plenamente convencidos das vantagens do sistema. O argumento de que essas vantagens devam ser ensinadas ao cidadão através de uma obrigatoriedade reduz, em última análise, o voto ao ato mecânico de preencher uma cédula. Ser obrigado a fazê-lo não leva necessariamente à compreensão da importância do voto. Com o voto facultativo, no entanto, a tendência seria de uma diminuição no número dos eleitores desinteressados, que escolhem um candidato por acaso apenas para cumprir o dever legal, em favor daqueles mais conscientes, que depositam um voto mais responsável. Tal situação só poderia trazer benefícios para o processo democrático, além, é claro, de eliminar a distorção de obrigar cidadãos a exercer aquilo que é um direito seu. A liberdade de escolha deve incluir obrigatoriamente a liberdade de não escolher. (Editorial – Folha de S. Paulo)

B Defina a modalidade do texto acima (dissertação, descrição ou narração) e justifique sua resposta. C Segundo o texto: a) O voto obrigatório conscientiza o povo da importância desse ato democrático. b) As pesquisas e dados estatísticos apresentam resultados desfavoráveis ao voto facultativo. c) Foi pouco ilustrativo usar os EUA como exemplo de democracia. d) 46% da população brasileira estão convencidos das vantagens de um sistema que obriga o cidadão a votar. e) Negar-se a escolher um candidato é direito do cidadão num regime democrático. Módulo 38 – Índice de indeterminação do sujeito

A

Assinale as frases em que o se é índice de indeterminação do sujeito a) ( ) Não se levaram em conta as atitudes estranhas do zelador do prédio. b) ( ) Come-se bem neste restaurante. c) ( ) Vendem-se tijolos. d) ( ) Comentou-se muito sobre a nossa viagem. e) ( ) Gostava-se daquelas praias ensolaradas.

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B a) b) c) d) e)

Indique a alternativa em que não há voz passiva sintética. Esconderam-se os documentos no armário. Precisa-se de pássaros para alegrar a vida. Pode-se dizer a verdade. Encontrou-se a moça que havia fugido de casa. Tocou-se uma valsa para animar os mais velhos.

Módulo 39 – Linguagem figurada (FUVEST - transferência) – Texto para as questões 1 e B.

C a) b) c) d) e)

(FAMECA-SP) – Assinale a alternativa errada. Creio que hão de existir razões. Ouviram-se lindas melodias. Amanhã vai fazer dois anos que eles vieram ao Brasil. Assistiu-se a dois bons espetáculos. Nenhuma das anteriores.

D Escolha a forma verbal entre parênteses que completa corretamente a lacuna. a) Não ________________________________ tantas mudanças. (se previu / se previram) b) ___________________________________a dezenas de filmes durante a Mostra de Cinema. (Assistiu-se / Assistiram-se) c) ___________________ feliz naquela época. (Era-se / Eram-se) d) ____________________ muito pouco nos dias atuais. (Lê-se / Leem-se) e) ________________________________ muito de profissionais competentes. (Precisa-se / Precisam-se) f) ____________________________ todas as portas e janelas do palácio. (Abriu-se / Abriram-se) g) Não _______________________________________ em certos políticos. (se pode confiar / se podem confiar). E Classifique a palavra se. a) “Falou-se muito tempo dos ladrões que tinham arrombado a porta da cozinha das Teixeiras.” (Rubem Braga) b) “Pina Menichelli suicidou-se no sexto ato e ele na saída encontrou o Albertino.” (Antônio A. Machado) c) “Assustou-se quando me viu, foi como se o tivesse apanhado em flagrante roubando um talher de prata.” (Lygia Fagundes Telles) d) “Facilmente acreditará o leitor que estes dois amigos se fizessem confidentes de todas as coisas, principalmente de coisas de amores.” (Machado de Assis) e) “Apertaram-se os laços da amizade entre os dois colegas. Oliveira mudou-se para a cidade, o que deu azo a que os dois amigos se encontrassem mais vezes.” (Machado de Assis) f) “Sinha Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas.” (Graciliano Ramos) g) “A raiva cessou, os dedos que feriam a palma descerraramse...” (Graciliano Ramos)

A

Nãoooo! Tô brincando de múmia paralítica.

Evidencia-se, nessa resposta do personagem, acentuada a) indecisão. b) brandura. c) ironia. d) melancolia. e) franqueza.

B

Não menti! Só temperei a adversidade.

O “tempero da adversidade”, a que o personagem se refere, não está presente em: a) Aquele prefeito deixou de honrar os bens públicos. b) A crise econômica afeta todos os cidadãos. c) Seu corpo será levado ao campo santo. d) Havia no ar um cheiro nada agradável. e) Estava sozinho quando disse adeus ao mundo.

C

Nomeie as figuras que aparecem nos trechos abaixo: a) “Um carro começa a buzinar ... Talvez seja algum amigo que venha me desejar Feliz Natal. Levanto-me, olho e sorrio; é um caminhão de lixo. Bonito presente de Natal!” (Rubem Braga) b) “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) c) “O meu amigo ouvia-me calado... em uma pausa de conversa, ao esgotarmos os copos.” (Lima Barreto)

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Textos para a questão D.

Não te embales muito na miragem do longe e do depois, a fim de não perderes o que arde invisível no perto e sopra em silêncio no agora. (Aníbal Machado) (antítese: longe/perto, depois/agora)

I.

Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. (Vinícius de Moraes) (paradoxo – “infinito enquanto dure”)

II.

III. Devolva o Neruda que você me tomou E nunca leu. (Chico Buarque) (metonímia: autor – Neruda – pela obra)

D a) b) c) d) e)

Sobre os trechos acima: apenas I está correto. apenas II e III estão corretos. apenas I e III estão corretos. apenas II está correto. Todos estão corretos.

Módulo 42 – Orações coordenadas

A Indique a relação que a oração sublinhada estabelece com outra oração do período. Relações: a) soma, adição d) conclusão I. ( II. ( III. (

IV. (

b) oposição e) explicação

c) alternância

) “As máquinas, um dia, talvez venham a pensar, mas nunca terão sonhos.” (Theodor Heuss) ) “Confie em si, que saberá como viver.” (Goethe) ) “O Antunes das duas uma: ou não compreendia bem ou não ouvia nada do que dizia o seu companheiro.” (Almada Negreiros) ) “Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo (...)” (Cecília Meireles)

B Classifique as orações sublinhadas: I. oração coordenada assindética; II. oração coordenada sindética aditiva; III. oração coordenada sindética adversativa; IV. oração coordenada sindética alternativa; V. oração coordenada sindética conclusiva; VI. oração coordenada sindética explicativa. a) ( b) (

348

) Não chores, que eu estou aqui. ) “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” (Fernando Pessoa)

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c) d) e) f)

( ( ( (

) ) ) )

g) (

)

h) ( i) ( j) (

) ) )

A criança caiu do 6º andar, e não morreu. Fique calmo, que tudo dará certo. Tudo dará certo; daí fique calmo. “Sua imaginação povoava o mundo de demônios, e esse mundo fantástico não só continuava como também se alargava em seus sonhos e meditações.” (Érico Veríssimo) Aquele abono deve ter sido bom, pois até agora não houve nenhuma reclamação. Ora fazia calor, ora fazia frio. Tudo muda, tudo passa, Deus permanece. Os fantasmas são produtos de mentes doentias; portanto não existem.

C Assinale as alternativas em que as orações sublinhadas são coordenadas sindéticas conclusivas. a) Não se atrase, pois aqui valorizam a pontualidade. b) Valorizam a pontualidade; não admitem, pois, atrasos. c) O céu está nublado; choverá, pois. d) Choveu, pois o chão está molhado. e) O chão está molhado; choveu, pois. D A conjunção e normalmente aparece como aditiva. Porém, em algumas orações, esta conjunção pode ter valor de adversativa ou de consecutiva (esta última, você estudará mais adiante, quando vir as orações subordinadas adverbiais). Assinale a oração em que a conjunção e introduz uma oração coordenada sindética adversativa. a) Antônio trabalha e Manuel estuda. b) Estudou muito, e não foi aprovado. c) Olha com atenção e reflete profundamente. d) Ouvi sua opinião e mudei de ideia. e) Vai e vem mil vezes por dia. E

(UFABC) Marte e Urano, em seu setor astral de saúde e rotina, anunciam oscilações nos planos que fez para o dia de hoje. A Lua em Virgem sugere uma onda de pensamentos repetitivos e preocupações insistentes que não só ajudam, como distraem sua atenção. Controle isso para não se acidentar. Assinale a alternativa cuja redação recupera a coesão e torna o trecho em destaque coerente, no contexto das demais

informações. a) que não só não ajudam, como também distraem. b) que só não ajudam nem distraem. c) que não só ajudam e distraem. d) que não ajudam só, distraem. e) que não só não ajudam, pois distraem.

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Módulo 43 – Dissertação – tese O texto dissertativo pode ter vários tipos de introdução ou tese. Faça a correspondência correta, considerando cada tipo de introdução. a) Tese expositiva ou afirmativa; b) Tese histórica; c) Tese com dados estatísticos; d) Tese por contestação de uma ideia.

A

(

) A AIDS é um dos maiores problemas do Centro dos Hemofílicos do Estado de São Paulo (CHESP), associação sem fins lucrativos, criada em 1966 por doentes, seus pais e amigos. O princípio básico desta iniciativa comunitária é congregar esforços em prol dos interesses desses pacientes, levando assistência médica e enfatizando a necessidade de tratamento com equipes multidisciplinares e hemoterápicas. (Fabiana Cardoso)

B

(

) Simplicidade e objetividade. Uma campanha publicitária de prevenção contra a AIDS que não tiver estas características não estará cumprindo sua missão de informar, o que ainda é a arma mais valiosa contra a doença. No entanto, a sociedade e especialmente o governo não estão tratando o tema como deveriam. (João Carlos Gomes)

C

D

(

(

) Merece elogios a iniciativa de se distribuir entre os presos da Casa de Detenção de São Paulo uma revista em quadrinhos que incentiva o uso de preservativos nas relações sexuais. Os elogios se transformam em aplausos quando se considera que pelo menos 17% dos 4.500 presidiários dessa instituição são portadores do vírus da AIDS. (Editorial – Jornal de S. Paulo)

) Cada vez mais populares, as camisas-de-vênus (ou condom) surgiram no século XVIII como prevenção contra a sífilis. Foi o anatomista italiano Falopius que reivindicou a sua invenção. Inicialmente, fabricadas com tripa de carneiro e, às vezes, pele de peixe, as camisinhas eram vendidas em bordéis. Com o seu nome inspirado na deusa do amor Afrodite (Vênus, na versão itálica), os preservativos foram, durante anos, associados à promiscuidade, uma verdadeira prova do pecado. Hoje, sua utilização é indício de uma ideologia assimilada com o advento da AIDS. (Denise Lopes/Rosemeire Rocco/Paula Caleffi)

E

(

) O número de mulheres com mais de 50 anos infectadas pelo vírus da AIDS triplicou em dez anos no Brasil. Em 1996, havia 3,7 casos para cada 100 mil habitantes; em 2006, a proporção chegou a 11,6 por 100 mil. Entre todas as faixas etárias, foi nessa que a doença mais cresceu ao longo do período: 213,5%. O segundo maior crescimento, de 76%, foi registrado entre homens com mais de 50. Uma pesquisa inédita do Ministério da Saúde indica que 72% das mulheres com mais de 50 não usam preservativo nem nas relações casuais. Segundo Jean Gorinchteyn, coordenador do ambulatório de AIDS em idosos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo, os idosos costumam ter resultados melhores do que os jovens no tratamento, pois o seguem à risca. O Brasil registrou, até junho de 2008, 506.499 casos de AIDS. O governo estima que outras 250 mil pessoas tenham o vírus e não saibam. A maior incidência é entre homens e mulheres de 25 a 39 anos – são 41,3 registros a cada 100 mil habitantes. (Fábio Grellet)

Módulo 45 – Argumentação: evidência e análise Texto para as questões de A a D.

“Os arquivos do Tribunal Superior Eleitoral mostram um dos efeitos mais incisivos da indigência educacional brasileira: 68% dos votos que elegeram o presidente da República, em 1989, vieram de indivíduos limitados a, no máximo, quatro anos de escolaridade. Na fronteira do século 21, o Brasil atingiu a modernidade política, mas os aproximadamente 60 milhões de analfabetos e semianalfabetos o colocam na pré-história da cidadania. Por qualquer ângulo escolhido, ensino básico, 2.o grau, universidades ou pesquisas científicas, constata-se a deterioração. A cada dia se repetem ingredientes que transformam o país na ‘república da ignorância’. Não é apenas a cidadania que está ameaçada. É o próprio desenvolvimento econômico. Esgota-se rapidamente o tempo em que se podia crescer com mão de obra abundante, sem qualificação e ignorante. Os novos e inexoráveis padrões de tecnologia exigem um trabalhador mais preparado e capaz de controlar a qualidade do produto.” (Folha de S.Paulo)

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A

Considerando a teoria sobre evidência e análise, os conteúdos a seguir, extraídos do texto que você leu, podem ser identificados, respectivamente como: a) ____________________________: “Os arquivos do Tribunal Superior Eleitoral mostram”, “68% dos votos que elegeram o presidente da República, em 1989, vieram de indivíduos limitados a, no máximo, quatro anos de escolaridade”, “Na fronteira do século 21”, “os aproximadamente 60 milhões de analfabetos e semianalfabetos”, “ensino básico, 2.o grau, universidades ou pesquisas científicas”. b) __________________________: “um dos efeitos incisivos da indigência educacional brasileira”, “o Brasil atingiu a modernidade política”, “o colocam na pré-história da cidadania”, “Por qualquer ângulo escolhido, constata-se a deterioração”, “A cada dia se repetem ingredientes que transformam o país na ‘república da ignorância’”, “Não é apenas a cidadania que está ameaçada. É o próprio desenvolvimento econômico. Esgota-se rapidamente o tempo em que se podia crescer com mão de obra abundante, sem qualificação e ignorante. “Os novos e inexoráveis padrões de tecnologia exigem um trabalhador preparado e capaz de controlar a qualidade do produto”.

B Assinale a alternativa incorreta: a) As evidências comprovam a intenção crítica do texto. b) As análises têm fundamentação crítica porque decorrem das evidências. c) Apresentando apenas evidências, o texto torna-se uma dissertação expositiva. d) Desprovido de evidências, o texto torna-se pouco convincente. e) Análises apoiadas em evidências, são essenciais à boa argumentação de um texto dissertativo. C a) b) c)

d)

e)

Conforme o texto, podemos admitir que rapidamente o país deixará de absorver mão de obra abundante e desqualificada. os novos padrões de tecnologia tenderão a absorver a mão de obra sem qualificação. os padrões de tecnologia atuais nem sempre exigem um trabalhador mais preparado e capaz de controlar a qualidade do produto. o desenvolvimento econômico está ameaçado com o esgotamento do tempo em que podia crescer a mão de obra desqualificada. tanto a cidadania quanto o desenvolvimento econômico são ameaças à mão de obra sem qualificação e ignorante.

D De acordo com o texto, podemos entender “indigência educacional” como a) a educação exercida sem competência. b) a educação desprovida de profissionais qualificados. c) o descaso com a educação. d) o estado deplorável das escolas públicas. e) a condição irrecuperável do ensino público. 350

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Módulo 46 – Delimitação de assunto

A

(UNISAL) – O texto abaixo encontra-se fora de ordem. Leiao atentamente e indique que alternativa apresenta a correta organização para ele. I. Dessa forma, os colonizados de ontem e de hoje são obrigados a assumir formas políticas, hábitos culturais, estilos de comunicação, gêneros de música e modos de produção e consumo dos colonizadores. II. Atualmente se verifica uma poderosa “hamburguerização” da cultura culinária e uma “rockiquização” dos estilos musicais. Os que detêm o monopólio do ter, do poder e do saber controlam os mercados e decidem sobre o que se deve produzir, consumir e exportar. III. Toda colonização – seja a antiga, pela invasão dos territórios, seja a moderna, pela integração forçada no mercado mundial – significa sempre um ato de grandíssima violência. IV. Numa palavra, portanto, os colonizados são impedidos de fazer suas escolhas, de tomar as decisões que constroem a sua própria história. V. Isso ocorre porque a colonização implica o bloqueio do desenvolvimento autônomo de um povo. Representa a submissão de parcelas importantes da cultura, com sua memória, seus valores, suas instituições, sua religião, à outra cultura invasora. (Adaptado de Leonardo Boff, A águia e a galinha. 24ª ed., Petrópolis: Vozes, 1998, pp.21-22.) a) b) c) d) e)

III – V – I – II – IV. I – II – IV – V – III. III – V – I – IV – II. III – II – I – V – IV. IV – I – III – V – II.

B

(UNIV. DO AMAZONAS) – A sequência em que os fragmentos abaixo devem ser dispostos para se obter um texto coeso e coerente é: 1. Enquistado, durante séculos, em regiões distantes do litoral, o sertanejo manteve o idioma dos antigos colonizadores. 2. O sertanejo não fala errado, mas apenas diferente. 3. Um estudo urgente impor-se-ia para recolher centenas de vocabulários clássicos ainda manejados usualmente. 4. O sertanejo usa, em proporção séria, o português do século XVI, da era dos descobrimentos. 5. Com a rodovia, rompeu-se o isolamento, de sorte que, daqui a algum tempo, o sertanejo falará como todos nós. 6. Sua prosódia, construção gramatical e vocabulário não são atuais nem faltos de lógica. a) b) c) d) e)

4–1–3– 4–2–6– 2–3–4– 1–5–3– 2–6–4–

6–5–2 5–1–3 6–1–5 4–2–6 1–3–5

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FRENTE 2

IV. (

Módulos 17 e 18 – Raul Pompeia V. ( Releia o trecho de O Ateneu analisado em sala de aula — nas questões 1 e 2 — e responda ao que se pede.

A Extraia do texto expressões sensoriais e indique a que sentido se referem (visão, audição etc.). B A retração de Ribas é realçada por meio de uma figura de linguagem. Identifique-a. a) Metonímia. b) Prosopopeia (personificação). c) Onomatopeia. d) Antítese. e) Comparação. Releia o trecho de O Ateneu analisado em sala de aula — nas questões de 3 a 8 — e responda ao que se pede.

C

Nesse fragmento, Raul Pompeia descreve Aristarco, o diretor do colégio. O que, no fragmento, nos permite concluir que o narrador participa da narrativa, ou seja, é um narrador de primeira pessoa?

D “Ele havia de criar... um horror, a transformação moral da sociedade!” Este trecho reproduz palavras do diretor ou simplesmente apresenta um aparte do narrador? Explique.

E a) b) c) d) e)

Sobre o mesmo trecho, justifica-se o uso de reticências para indicar que a parte suprimida não interessa à citação. deixar por conta do leitor dar continuidade à parte que foi suprimida e que está pressuposta. expressar a incerteza do narrador quanto ao que será declarado a seguir. indicar sentimento que o autor se abstém de manifestar. indicar pausa maior do que a sugerida pela vírgula.

F

Nos itens a seguir, identifique as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F) a respeito de O Ateneu, de Raul Pompeia. I. ( ) A classificação de O Ateneu é problemática, pois a obra contém elementos realistas, naturalistas, impressionistas, expressionistas e simbolistas. II. ( ) O Ateneu, cujo subtítulo é “crônica de saudades”, reconstrói, por meio da memória, a vida em um internato. Sérgio, narrador-protagonista, é o próprio autor, Raul Pompeia. III. ( ) Aproxima-se do romance realista machadiano quanto ao caráter memorialista, à finura de observação moral e ao pessimismo. Por outro lado, distancia-se, pois o estilo de O Ateneu é tenso, com grande carga passional.

) “Vais encontrar o mundo”, disse meu pai à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Começa a ruptura com a vida familiar, definida como “estufa de carinho”. ) O Ateneu é o microcosmo em que se projetam todas as mazelas do mundo. O incêndio significa a recusa selvagem da vida adulta.

Módulo 19 – Realismo-Naturalismo Texto para as questões de A a E.

— Ele não é feio... a senhora não acha, D. Bibina?... segredava Lindoca à outra sobrinha de D. Maria do Carmo, olhando furtivamente para o lado de Raimundo. — Quem? O primo d’Ana Rosa? — Primo? Eu creio que ele não é primo, dona! — É! sustentou Bibina, quase com arrelia. É primo sim, por parte de pai!... (...) Por outro lado, Maria do Carmo segredava a Amância Souselas: — Pois é o que lhe digo, D. Amância: muito boa preta!... negra como este vestido! Cá está quem a conheceu!... E batia no seu peito sem seios. — Muita vez a vi no relho1. Iche! — Ora quem houvera de dizer!... resmungou a outra, fingindo ignorar da existência de Domingas, para ouvir mais. Uma coisa assim só no Maranhão! Credo! (Aluísio Azevedo, O Mulato) 1 – Relho: chicote.

A Observe, no texto, o uso de reticências. Elas foram empregadas para a) indicar certa malícia, segunda intenção de quem fala, que o autor se abstém de declarar explicitamente. b) marcar a suspensão da ideia que vinha sendo desenvolvida. c) realçar a palavra ou grupo de palavras que se seguem. d) indicar pausa maior do que aquela sugerida pela vírgula. e) indicar que a continuação da frase não interessa ao leitor. B Em “muito boa preta”, que ideia o adjetivo boa confere à expressão? C

Em linhas gerais, em que consistem esses diálogos?

D Que preconceito da província (São Luís) se revela no segundo diálogo? E

Pode-se dizer que nos diálogos há idealização das personagens, como no Romantismo? Justifique.

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F

(UFV-MG – modificado) – Sobre o romance realistanaturalista, é incorreto afirmar: a) A narrativa naturalista substitui a brandura romântica por uma visão de mundo mais cruel e mais rude. b) O romance realista caracteriza-se pela observação da realidade contemporânea e por uma profunda reflexão sobre a condição humana. c) O romance naturalista cede espaço a uma concepção determinista de suas personagens, opondo-se ao idealismo anterior. d) O darwinismo, o evolucionismo e o positivismo constituem algumas das doutrinas relevantes para a compreensão da prosa de ficção realista-naturalista. e) O escritor naturalista procura descrever as impressões dos acontecimentos em sua memória, deixando-se levar pelas sugestões da imaginação.

G (MACKENZIE-SP) – Vários autores afirmam que a diferença entre Realismo e Naturalismo é muito sutil. Um dos trechos abaixo é claramente naturalista. Assinale-o. a) “Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça, embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma cousa nunca antes cantada nem sabida.” b) “Enfim chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos.” c) “Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro do café aquecia, suplantando todos os outros...” d) “Foi por esse tempo que eu me reconciliei outra vez com o Cotrim, sem chegar a saber a causa do dissentimento. Reconciliação oportuna, porque a solidão pesava-me, e a vida era para mim a pior das fadigas, que é a fadiga sem trabalho.” e) “E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.” Módulo 20 – Raça: “conceito” e preconceito Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.

Como a maioria dos conceitos, o de raça tem seu campo semântico e uma dimensão temporal e espacial. (...) (...) A variabilidade humana é um fato empírico incontestável que, como tal, merece uma explicação científica. Os conceitos

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e as classificações servem de ferramentas para operacionalizar o pensamento. É nesse sentido que o conceito de raça e a classificação da diversidade humana em raças teriam servido. Infelizmente, desembocaram numa operação de hierarquização que pavimentou o caminho do racismo. (...) (...) Em qualquer operação de classificação, é preciso primeiramente estabelecer alguns critérios objetivos com base na diferença e semelhança. No século XVIII, a cor da pele foi considerada como um critério fundamental e divisor de águas entre as chamadas raças. Por isso a espécie humana ficou dividida em três raças estanque que resistem até hoje no imaginário coletivo e na terminologia científica: raça branca, negra e amarela. Ora, a cor da pele é definida pela concentração da melanina. É justamente o grau dessa concentração que define a cor da pele, dos olhos e do cabelo. (...) a cor da pele resultante do grau de concentração da melanina, substância que possuímos todos, é um critério relativamente artificial. Apenas menos de 1% dos genes que constituem o patrimônio genético de um indivíduo é implicado na transmissão da cor da pele, dos olhos e cabelos. (...) No século XIX, acrescentaram-se ao critério da cor outros critérios morfológicos, como a forma do nariz, dos lábios, do queixo, o formato do crânio, o ângulo facial, etc., para aperfeiçoar a classificação. (...) Porém, em 1912, o antropólogo Franz Boas observou, nos Estados Unidos, que o crânio dos filhos de imigrados não brancos, por definição braquicéfalos, apresentavam tendência a alongar-se, o que tornava a forma do crânio uma característica dependente mais da influência do meio do que dos fatores raciais. No século XX, descobriu-se, graças aos progressos da Genética Humana, que havia no sangue critérios químicos mais determinantes para consagrar definitivamente a divisão da humanidade em raças estanque. (...) (...) Os patrimônios genéticos são diferentes, mas essas diferenças não são suficientes para classificá-las em raças. O maior problema não está nem na classificação como tal, nem na inoperacionalidade científica do conceito de raça. Se os naturalistas dos séculos XVIII-XIX tivessem limitado seus trabalhos somente à classificação dos grupos humanos em função das características físicas, eles não teriam certamente causado nenhum problema à humanidade. (...) (Kabengele Munanga (antropólogo), “Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia”, 2003 – adaptado.)

A Comparando-se o texto de Drauzio Varella estudado em sala de aula com o de Kabengele Munanga, que transcrevemos aqui, é correto afirmar que há entre ambos convergência ou divergência? Explique. B

A que se deve, de acordo com o antropólogo Kabengele Munanga, a busca de um conceito de raça?

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C No segundo parágrafo do texto, o autor nos afirma que o conceito de raça não é nocivo em si mesmo, quando usado apenas para classificar a diversidade humana. Quando, então, segundo o texto, o conceito de raça pode ser pernicioso? D Além do critério baseado na cor da pele, quais outros já foram utilizados na classificação da espécie humana, nos séculos XIX e XX? E Segundo um estudo do antropólogo Franz Boas realizado nos Estados Unidos, que fator exerceria influência no formato do crânio dos filhos de imigrados não brancos? a) A alimentação. b) A raça. c) O meio. d) A herança genética. e) A inteligência. F

“Se os naturalistas dos séculos XVIII-XIX tivessem limitado seus trabalhos somente à classificação dos grupos humanos em função das características físicas, eles não teriam certamente causado nenhum problema à humanidade.” Comente a afirmação.

Módulos 21 e 22 – Parnasianismo: introdução Texto para as questões A e B.

Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego. Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

B

(PUC-SP) – Aponte os termos que, metaforizados, se referem à construção do texto poético.

C (PUC-SP) – Indique duas características do poema que justificam sua classificação como parnasiano. D

O Parnasianismo brasileiro foi inspirado pelos autores de nacionalidade _____________________, que apresentavam seus poemas na publicação coletiva intitulada __________________.

E

Contra o excesso de subjetivismo romântico, os parnasianos pretendiam que a atitude do poeta fosse ______________.

F Contra as imagens vagas dos românticos, voltados para o mundo interior, os parnasianos, voltados para aspectos concretos do mundo, privilegiavam a ______________________ precisa da realidade. G

A respeito do Parnasianismo, indique com C os itens corretos e com I os incorretos. I. ( ) Tendência para a descrição de objetos de arte ou antiguidades, cenas da natureza e da história. II. ( ) Presença de temática e linguagem do cotidiano. III. ( ) Constante subjetivismo, com tendência para intenso sentimentalismo. IV. ( ) Temas de caráter universal, conceito de poesia e arte como valores em si mesmos. V. ( ) Atitude antirromântica, tendência neoclássica.

Texto para o teste H.

Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego.

E sobre mim, silenciosa e triste, A Via-Láctea se desenrola Como um jarro de lágrimas ardentes.

Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício:

(Olavo Bilac)

Porque a beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade. (Olavo Bilac)

A (PUC-SP) – Este texto de Olavo Bilac retoma “Profissão de Fé”, também de sua autoria. Ambos tratam de um mesmo tema: a construção da forma poética. É um poema que fala, portanto, da linguagem poética. Assim sendo, explique o significado, no poema, dos termos beneditino e claustro.

H (CEFET-PR – modificado) – Sobre os versos acima, não é correto afirmar: a) A Via-Láctea sofre um processo de personificação. b) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu poético. c) A opção pelo sintagma “se desenrola como um jarro de lágrimas ardentes” visa a presentificar o movimento dos astros. d) Há predomínio de linguagem figurada e descritiva. e) A visão de mundo melancólica do eu lírico projeta-se sobre o objeto poetizado.

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Módulo 23 – Olavo Bilac: “A um Poeta” Texto para as questões de A a E.

INANIA VERBA1 Ah! Quem há de exprimir, alma impotente e escrava, O que a boca não diz, o que a mão não escreve? — Ardes, sangras, pregada à tua cruz e, em breve, Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava... O Pensamento ferve e é um turbilhão de lava: A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve... E a Palavra pesada abafa a Ideia leve, Que, perfume e clarão, refulgia e voava. Quem o molde achará para a expressão de tudo? Ai! Quem há de dizer as ânsias infinitas Do sonho? E o céu que foge à mão que se levanta? E a ira muda? E o asco mudo? E o desespero mudo? E as palavras de fé que nunca foram ditas? E as confissões de amor que morrem na garganta?! (Olavo Bilac) 1 – Inania verba: latim: palavras vãs.

A O Parnasianismo privilegiava a métrica rigorosa e os modelos poéticos fixos. O poema de Bilac reflete essas características do Parnasianismo? Justifique. B

Em linhas gerais, do que trata o poema?

C

Aponte as antíteses das duas primeiras estrofes.

D

Segundo a crítica dos modernistas, a poesia dos parnasianos, devido aos excessos formalistas, era vazia de conteúdo. Este poema de Olavo Bilac comportaria essa crítica? Justifique.

E Os autores parnasianos pregavam contra os excessos da linguagem romântica e preconizavam uma atitude impassível e objetiva por parte do poeta. Este poema reflete essas características? F (FIT-SP) – “Bilac, por toda sua vida de poeta, oscila entre os dois polos: o objetivismo e o subjetivismo. Nunca abandona a correção formal, mas nunca consegue também ser inteiramente objetivo. Pode-se mesmo dizer que o parnasianismo de Bilac é, antes de tudo, formal; sua inspiração é mais romântica, sem, evidentemente, cair no exagero emocional dos românticos.” (Goulart e Souza, 1990 – adaptado) Considerando o que se afirma no texto de Goulart e Souza, assinale a alternativa em que os versos de Bilac, isentos de subjetivismo, expressam ideais parnasianos. 354

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a) Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia Assim! De um sol assim! Tu, desgrenhada e fria, Fria! Postos nos meus os teus olhos molhados, E apertando nos teus os meus dedos gelados... b) Abre a janela... acorda! Que eu, só por te acordar, Vou pulsando a guitarra, corda a corda, Ao luar! c) Longe de ti, se escuto, porventura, Teu nome, que uma boca indiferente Entre outros nomes de mulher murmura, Sobe-me o pranto aos olhos, de repente... d) Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade. e) Não me amedrontas, Morte! O teu apelo escuto Conto sem mágoa os sóis que me acercam de ti, E sem tremer à porta ouço o teu passo astuto.

Módulo 24 – Olavo Bilac: “Língua Portuguesa” Texto para as questões de A a E.

A SESTA DE NERO

Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso, O palácio imperial de pórfiro1 luzente E mármor2 de Lacônia. O teto caprichoso Mostra, em prata incrustado, o nácar3 do Oriente. Nero no trono, ebúrneo4 estende-se indolente5... Gemas6 em profusão7, no estrágulo8 custoso De ouro bordado veem-se. O olhar deslumbra, ardente, Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso. (...) (Olavo Bilac) 1 – Pórfiro: nome genérico de diversas rochas que contêm cristais de feldspato ou quartzo. 2 – Mármor: mármore. 3 – Nácar: substância calcária, dura, branca e furta-cor, que se encontra no interior das conchas de vários moluscos; madrepérola. 4 – Ebúrneo: de marfim. 5 – Indolente: indiferente. 6 – Gema: pedra preciosa. 7 – Profusão: abundância. 8 – Estrágulo: manto.

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A

O poema revela cuidado com a métrica e a rima? Justifique.

B

No poema, predomina a descrição, narração ou dissertação? Qual o tema abordado?

C

A que época o poema faz referência?

D

Há envolvimento sentimental do eu lírico?

E As alternativas a seguir sintetizam as características da poesia parnasiana verificadas nos versos transcritos, exceto: a) Riqueza vocabular. b) Rigor formal. c) Predomínio da descrição. d) Referência à Antiguidade Clássica. e) Expressão das emoções do eu lírico. Texto para o teste F.

Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Sem um defeito: E que o lavor do verso, acaso, Por tão sutil, Possa o lavor lembrar de um vaso De Becerril. E horas sem conta passo, mudo, A olhar atento, A trabalhar, longe de tudo O pensamento.

Módulos 25 e 26 – Simbolismo: introdução

A O Simbolismo foi um movimento de poesia surgido na própria revista dos poetas parnasianos, chamada ____________ ____________________________________. B O movimento simbolista teve, na França, como grandes expoentes os poetas____________________________________, ______________________________________________________ e ______________________________________________, que eram chamados de __________________________. C Todas as alternativas abaixo apresentam características da poesia simbolista, exceto: a) Musicalidade como elemento significativo. b) Emprego de vocabulário litúrgico. c) Utilização de maiúsculas alegorizantes. d) Objetivismo descritivo. e) Interesse pelo inconsciente. D (PUC-SP) – O poeta francês Stéphane Mallarmé, referindose ao Simbolismo, afirmou: “Nomear um objeto é suprimir três quartos do prazer do poema, que é feito da felicidade em adivinhar pouco a pouco; sugeri-lo, eis o sonho (...), pois deve haver sempre enigma em poesia, e é o objetivo da literatura — e não há outro — evocar os objetos.” Demonstre, nos seguintes versos de Cruz e Sousa, como essa afirmação se confirma.

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras... (Cruz e Sousa)

E

Porque o escrever — tanta perícia, Tanta requer, Que ofício tal... nem há notícia De outro qualquer.

Segundo Mallarmé, os parnasianos procuravam _________ ___________os objetos, ao passo que os ___________________ queriam ______________________.

Assim procedo. Minha pena Segue esta norma, Por te servir, Deusa serena, Serena Forma! (Olavo Bilac, “Profissão de Fé”)

Músicas passam, perpassam, finas, diluídas, finas, diluídas, e delas, como se a cor ganhasse ritmos preciosos, parece se desprender, se difundir uma harmonia azul, azul, de tal inalterável azul, que é ao mesmo tempo colorida e sonora, ao mesmo tempo cor e ao mesmo tempo som...

F (UNAMA-AM) – Qual das características da poesia parnasiana se destaca neste fragmento? a) Universalismo. b) Racionalismo. c) Descritivismo. d) Culto da Forma. e) Impassibilidade.

F Estas linhas, de um poema em prosa de Cruz e Sousa, apresentam-nos sensações visuais, sobretudo cromáticas, e auditivas, mescladas umas com as outras. A esse fenômeno, em que se mesclam sensações oriundas de diferentes órgãos dos sentidos, corresponde uma figura de linguagem chamada: a) aliteração. b) sinestesia. c) anáfora. d) onomatopeia. e) assonância.

Texto para o teste F.

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Texto para as questões G e H.

A Há no poema uma metáfora, associada à passagem do tempo, indicadora de tristeza. Entre as opções a seguir, qual apresenta essa metáfora? a) “Álgido inverno.” b) “Outono do seu riso magoado.” c) “Oblíquo o sol.” d) “Fugindo sob o meu olhar cansado.” e) “Para onde me levais, meu vão cuidado?”

SUPREMO DESEJO Eternas, imortais origens vivas Da Luz, do Aroma, segredantes vozes Do mar e luares de contemplativas, Vagas visões volúpicas, velozes...

B Que personagem do poema é representada nos versos 6, 7 e 8? a) A amada. b) O rio. c) O próprio eu lírico. d) A água fugidia. e) A natureza.

Aladas alegrias sugestivas De asa radiante e branca de albornozes, Tribos gloriosas, fúlgidas, altivas, De condores e de águias e albatrozes... Espiritualizai nos Astros louros, Do Sol entre os clarões imorredouros Toda esta dor que na minh’alma clama...

C

Quero vê-la subir, ficar cantando Na chama das Estrelas, dardejando Nas luminosas sensações da chama. (Cruz e Sousa)

G O soneto de Cruz e Sousa constrói-se todo por meio de sensações. Qual a sensação predominante? Relacione as palavras do texto que se inscrevem na área semântica dessa sensação. H Indique as expressões que nos remetem à linguagem vaga, sugestiva, imprecisa e nebulosa do Simbolismo.

Releia o poema “Passou o outono já, já torna o frio”, estudado em sala de aula, e responda ao que se pede.

Passou o outono já, já torna o frio... — Outono do seu riso magoado. Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado... — O sol, e as águas límpidas do rio. Águas claras do rio! Águas do rio, Fugindo sob o meu olhar cansado, Para onde me levais, meu vão cuidado? Aonde vais, meu coração vazio? Ficai, cabelos dela, flutuando, E, debaixo das águas fugidias, Os seus olhos abertos e cismando... Onde ides a correr, melancolias? — E refractadas, longamente ondeando, As suas mãos translúcidas e frias... (Camilo Pessanha)

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Texto para o teste D.

Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranquila, — Perdida a voz que de entre as mais se exila, — Festões de som dissimulando a hora.

D

Módulo 27 – Camilo Pessanha

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Há no poema uma expressão em que palavras contraditórias são relacionadas entre si, formando a figura de linguagem chamada oxímoro (espécie de antítese em que um termo nega o outro). De que expressão se trata? a) “Coração vazio.” b) “Álgido inverno.” c) “Sol oblíquo.” d) “Mãos translúcidas.” e) “Sol gelado.”

(FUVEST-SP – adaptado) – Os versos transcritos associam-se à poesia simbolista e marcam-se pela presença ________________. a) da comparação b) da aliteração c) do paralelismo d) da antítese e) do polissíndeto

E Leia as afirmações sobre Camilo Pessanha e assinale V (verdadeira) ou F (falsa). I. ( ) Camilo Pessanha é o principal poeta simbolista português. II. ( ) O pessimismo presente nos poemas de Camilo Pessanha manifesta o espírito do Decadentismo. III. ( ) É notável em sua poesia a aproximação com a música, seguindo de perto a proposta do francês Paul Verlaine (“Antes de tudo a música”). IV. ( ) Em seus poemas, por meio de metáforas insólitas, símbolos, sinestesias e da melopeia (exploração da sonoridade das palavras), predomina o apelo às sensações, ao vago e ao difuso, contrariamente ao descritivismo objetivo dos parnasianos.

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F (CESESP-PE – modificado) – O _______________________ está para o Parnasianismo, assim como a/o _________________ está para o Simbolismo. A alternativa que não preenche corretamente as lacunas é: a) verso de ouro – dimensão mística b) artesanato da palavra – vocabulário litúrgico c) culto da forma – musicalidade d) lirismo exacerbado – realidade chã e) perfeccionismo métrico – evocação de sensações

Módulos 28 e 29 – Cruz e Sousa: “Antífona” Texto para as questões A e B.

DILACERAÇÕES1

Texto para as questões C e D.

CARNAL E MÍSTICO Pelas regiões tenuíssimas1 da bruma, Vagam as Virgens e as Estrelas raras... Como que o leve aroma das searas2 Todo o horizonte em derredor perfuma. Numa evaporação de branca espuma, Vão diluindo as perspectivas claras... Com brilhos crus e fúlgidos3 de tiaras, As Estrelas apagam-se uma a uma. E então, na treva, em místicas dormências, Desfila, com sidéreas4 latescências5, Das Virgens o sonâmbulo cortejo... Ó formas vagas, nebulosidades! Essência das eternas virgindades! Ó intensas quimeras6 do Desejo... (Cruz e Sousa)

Ó carnes que eu amei sangrentamente, Ó volúpias2 letais3 e dolorosas, Essências de heliotropos4 e de rosas De essência morna, tropical, dolente5... Carnes virgens e tépidas do Oriente Do Sonho e das Estrelas fabulosas, Carnes acerbas6 e maravilhosas, Tentadoras do Sol intensamente... Passai, dilaceradas pelos zelos7, Através dos profundos pesadelos Que me apunhalam de mortais horrores... Passai, passai, desfeitas em tormentos, Em lágrimas, em prantos, em lamentos, Em ais, em luto, em convulsões, em dores... (Cruz e Sousa, Broquéis) 1 – Dilacerar: rasgar, despedaçar, torturar. 2 – Volúpia: grande prazer. 3 – Letal: mortal. 4 – Heliotropo: heliotrópico (que acompanha o Sol). 5 – Dolente: dolorido, magoado. 6 – Acerbo: cruel. 7 – Zelo: inquietude, preocupação.

A

O texto é articulado em torno de um longo vocativo. Que sugestão está contida nesse vocativo?

B No segundo terceto, ocorre um processo de sinonímia — acúmulo de palavras de mesmo significado. Indique os grupos de sinônimos e comente sua expressividade.

1 – Tenuíssimo: muito tênue, leve. 3 – Fúlgido: cintilante. 5 – Latescência: brancura.

2 – Seara: campo cultivado. 4 – Sidéreo: espacial, celeste. 6 – Quimera: delírio.

C Observa-se, a partir do título, que o poema apresenta dois aspectos: carnalidade e misticismo. No corpo do soneto o que simboliza a carnalidade? E o misticismo? D Obedecendo à “teoria das correspondências”, o simbolista se vale frequentemente das cores para expressar seus sentimentos. Qual a cor mais explorada pelo poeta e o que ela sugere? Módulo 30 – Cruz e Sousa: “Lésbia” Texto para as questões de A a H.

BALADA DE LOUCOS Mudos atalhos afora, na soturnidade [atmosfera sombria, triste] de alta noite, eu e ela caminhávamos. Eu, no calabouço [prisão subterrânea] sinistro de uma dor absurda, como de feras devorando entranhas, sentindo uma sensibilidade atroz morder-me, dilacerar-me. Ela, transfigurada por tremenda alienação, louca, rezando e soluçando baixinho rezas bárbaras. Eu e ela, ela e eu! — ambos alucinados, loucos, na sensação inédita de uma dor jamais experimentada. A pouco e pouco — dois exilados personagens do Nada — parávamos no caminho solitário, cogitando o rumo, como quando se leva alguém a enterrar alguém, as paradas rítmicas do esquife [caixão]... Eram em torno paisagens tristes, torvas [pavorosas], árvores esgalhadas [com ramos cortados] nervosamente, epilepticamente — espectros [fantasmas] de esquecimento e de tédio, braços múltiplos e vãos, sem apertar nunca outros braços amados!

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Em cima, na eloquência lacrimal do céu, uma lua de últimos suspiros, morta, agoniadamente morta, sonhadora e niilista [descrente de tudo] cabeça de Cristo de cabelos empastados nos lívidos [descorados, acinzentados] suores e no sangue verde de letais gangrenas. Eu e ela caminhávamos nos despedaçamentos da Angústia, sem que o mundo nos visse e se apiedasse, como duas Chagas mascaradas na Noite. Longe, sob a galvanização [revestimento] espectral do luar, corria uma língua verde de oceano, como a orla de um eclipse. (Cruz e Sousa, Evocações)

A O texto transcrito, um poema em prosa, já no primeiro parágrafo traz, sintetizadas em uma expressão, informações sobre a atmosfera reinante durante a caminhada das personagens. Qual é essa expressão e que atmosfera ela sugere? B

O que o narrador nos informa no segundo parágrafo?

C

O que o narrador nos informa no terceiro parágrafo?

D

O que ele nos informa no quarto parágrafo?

E

Quais os parágrafos que se detêm unicamente na descrição da paisagem, sem fazer referência direta às personagens?

F

O narrador, ao descrever a paisagem, põe em evidência detalhes objetivos? Justifique.

G A descrição da paisagem harmoniza-se com a descrição das personagens ou se opõe a ela? H Identifique a seguir a expressão, extraída do texto, que se associa ao título do poema. a) “Eu, (...) sentindo uma sensibilidade atroz morder-me.” b) “Ela, transfigurada por tremenda alienação.” c) “A pouco e pouco — dois exilados personagens do Nada.” d) “Em cima, (...) uma lua (...) morta, agoniadamente morta.” e) “Eu e ela caminhávamos nos despedaçamentos da Angústia.” Módulo 31 – Alphonsus de Guimaraens Releia a seguir o poema “Ismália”, analisado em sala de aula, e responda ao que se pede.

ISMÁLIA Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.

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No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... (Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte)

A

Do que os versos tratam?

B O que exprime o sistema de oposições constituído pelos pares “céu” / “mar”, “subir” / “descer”, “alma” / “corpo”? C

Que elemento de cada par exprime o mundo terreno?

D

Que elemento de cada par exprime o mundo espiritual?

Texto para as questões de E a G.

LUA NOVA Pobre lua nova tão pequena, Pelo infinito do céu perdida, Tão magoada, tão cheia de pena, Da cor de uma menina sem vida... Pobre lua nova, que te pôs Tão nua assim num salão tamanho, Com o corpo cheio de pó de arroz, Como um anjo que saiu do banho? Que mãe sem alma (se fez tal frio!) Te deixou nua num céu como este? Caíram todos na água do rio Os vestidos de luar que perdeste... Vela-te, pois, e vai te esconder Atrás das nuvens, ó lua nova. Se estás tão branca, se vais morrer, Dentro das nuvens tens uma cova. Cova de arminho, cova de neve, Berço onde o olhar do bom Deus flutua... Como o teu corpo, que é assim tão leve, Vais ficar bem, pequena lua!

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Logo depois ressuscitarás: Serás então já mulher completa, De seios brancos de amor e paz, Deusa da noite, visão de asceta. E serão de neve os teus noivados, Terás grinaldas brancas de areia... Menina-lua, dias passados, Serás a senhora lua cheia. (Alphonsus de Guimaraens)

E

O que a lua metaforiza no texto?

F Transcreva do texto as aproximações imprevistas e as imagens insólitas que caracterizam a riqueza imagística do poema. G

O eu lírico dirige-se a uma interlocutora, a lua nova. A esse recurso, expresso sintaticamente por meio do vocativo, corresponde a seguinte função da linguagem: a) metalinguística. b) conativa ou de apelo. c) poética. d) fática. e) emotiva.

Módulo 32 – Pedro Kilkerry: “O Verme e a Estrela” Texto para as questões de A a F.

O MURO Movendo os pés doirados, lentamente, Horas brancas lá vão, de amor e rosas As impalpáveis formas, no ar, cheirosas... Sombras, sombras que são da alma doente! E eu, magro, espio... e um muro, magro, em frente Abrindo à tarde as órbitas musgosas cavidades — Vazias? Menos do que misteriosas — [dos olhos Pestaneja, estremece... O muro sente! (...)

A A poesia simbolista mistura objetivo e subjetivo, ou seja, dados da realidade exterior e da realidade interior. Nos versos acima, que iniciam um soneto de Pedro Kilkerry, o grande e ignorado poeta baiano refere-se à passagem do tempo com a expressão “horas brancas”, associadas a “impalpáveis formas” — formas de “amor e rosas”. Tais formas são representadas como um reflexo do mundo interior perturbado. Transcreva o verso em que se afirma ou sugere isso.

B O poeta personifica as “horas brancas”, tratando-as como um ser animado. Justifique essa afirmação, transcrevendo um verso do texto. C Pode-se dizer que há prosopopeia ou personificação na referência ao muro? Explique. D As estrofes transcritas iniciam um soneto. Quantos versos faltam para que o poema esteja completo? Explique. E Quantas sílabas métricas tem cada verso? Comprove sua resposta, escandindo os dois primeiros versos. F

Qual o esquema de rimas dessas quadras.

G

Analise os textos I e II:

Texto I

Pelas regiões tenuíssimas da bruma, Vagam as Virgens e as Estrelas raras... Como que o leve aroma das searas Todo o horizonte em derredor perfuma. Texto II

E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a fervilhar, a crescer um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larva no esterco. Comparando-se os excertos, percebe-se que: a) A diferença fundamental que separa o Naturalismo do Simbolismo é que o primeiro, na tentativa de apreender o caráter substantivo da realidade, economiza ao máximo o caráter expressivo da linguagem. b) O Naturalismo e o Simbolismo encontram identidade tão somente na preocupação em denunciar as dificuldades do ser humano, vitimado por uma sociedade pouco generosa. c) O Naturalismo preocupa-se com o retrato pormenorizado da realidade objetiva, ao passo que o Simbolismo busca registrar emoções indefiníveis e subjetivas. d) O subjetivismo simbolista, ao contrário da preocupação social naturalista, cria um universo que ignora ou ameniza os problemas do homem. e) Naturalismo e Simbolismo fixam as mazelas da realidade cotidiana, de apreensão imediata, embora se utilizem de estilos radicalmente diferentes.

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RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS-TAREFAS FRENTE 1

Módulo 31 – Crônica reflexiva x dissertação

Módulo 25 – Aposto e vocativo

1

Resposta: A

B Resposta: A

C

Resposta: B

D Resposta: B

1

a) A

B

Resposta: E

C Resposta: A

Módulo 34 – Voz passiva sintética

D

Resposta: D

E Resposta: C

1

Resposta: C

F

a) (2) O mês de agosto não é o mês do desgosto. ========

B

Hoje não se fazem mais carros como antigamente.

C

Resposta: B

D Resposta: A

F Resposta: B

G Resposta: D

b) A c) V

d) A e) V f) V

b) (3) “... seringa, termômetro, tesoura, gaze, esparadrapo, boneca, tudo se derrama pelo chão.” (P. M. C.) ==== c) (4) “Duas coisas o incomodavam, a saber, o barulho da ========== rua e o frio intenso.” (E.B.) ================== d) (1) “Ana, minha irmã, era uma pessoa fantástica.” ========== e) (2)

A palavra adeus tem cinco letras. =====

f) (4)

“Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três cousas: olhos, espelho e luz.” (Pe. An================== tônio Vieira).

Módulos 26 e 27 – Níveis de linguagem

1 D

Resposta: A

B Resposta: D

C Resposta: C

a) linguagem regional b) gíria c) linguagem coloquial d) linguagem culta

1

Resposta: C

B Resposta: D

C Resposta: C

D Resposta: C

E Resposta: C

F Resposta: D

G Resposta: E

H Resposta: D

I Resposta: A

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Módulo 35 – Dissertação

1 B

C

Resposta: D Trata-se de um texto dissertativo, pois apresenta tese, argumentação e conclusão, além de linguagem culta, abordagem impessoal, objetividade e clareza na exposição de ideias, teor crítico e questionador. Há exemplificação (dados estatísticos) e justificativas que reforçam a tese. Resposta: E

Módulo 38 – Índice de indeterminação do sujeito

1

b, d, e. Nas demais o se é pronome apassivador.

B

Resposta: B

D

Módulo 30 – Voz passiva analítica

E Resposta: B

E

a) c) e) g) a) b) c) d) e)

se previram Era-se Precisa-se se pode confiar

C Resposta: E b) Assistiu-se d) Lê-se f) Abriram-se

índice de indeterminação do sujeito pronome fossilizado pronome reflexivo pronome reflexivo recíproco pronome apassivador; pronome fossilizado; pronome reflexivo recíproco f) pronome reflexivo g) pronome reflexivo

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Módulo 39 – Linguagem figurada

Módulo 46 – Delimitação de assunto

1

Resposta: C

1

Em “temperei a adversidade”, tem-se eufemismo, que também está presente nas alternativas a, c, d, e. Resposta: B

B

B

C D

a) ironia b) paradoxo c) metonímia – o continente (copo) pelo conteúdo (bebida). Resposta: E

Resposta: A A disposição correta dos parágrafos, conforme a sequência apresentada na alternativa E, segue a estrutura dissertativa: tese “O sertanejo não fala errado”, argumentação, desenvolvida a partir de uma caracterização da fala sertaneja, e conclusão, a saber: é necessário um estudo urgente para registrar essa variante linguística, antes que, devido ao advento das rodovias, o sertanejo “atualize” sua fala.

Módulo 42 – Orações coordenadas

1

I) b

B

a) VI; b) I; c) III; d) VI; e) V; f) II; g) VI; h) IV; i) I; j) V

C

b, c, e

E

II) e

III) c

FRENTE 2 Módulos 17 e 18 – Raul Pompeia

IV) d

D Resposta: B

A relação que se estabelece entre as orações é de adição; porém, para se manter o sentido negativo nas duas orações, é necessário acrescentar à primeira o advérbio de negação não, modificando o verbo ajudar, pois o não de não só… como também é apenas integrante da correlação que promove a adição enfática. Resposta: A

1

B

Módulo 43 – Dissertação – tese

1

Resposta: A

B Resposta: D

D

Resposta: B

E Resposta: C

C Resposta: C

Módulo 45 – Argumentação: evidência e análise

1 B

C

D

a) evidência

C

O trecho “As garrafas, de fundo para cima, entornavam rios de embriaguez para os copos, excedendo-se pela toalha em sangueira” tem o apelo visual da cor vermelha na comparação implícita entre o vinho (“rios de embriaguez”) e sangue (“sangueira”) sobre o fundo branco da toalha. Os trechos “Moderação! moderação! clamavam os inspetores”, “Alguns rapazes declamavam saúdes” e “devorava-o às gargalhadas” têm apelo auditivo. Ribas é caracterizado como “anjo”, em oposição à “bacanal” instalada no ambiente. Trata-se, portanto, de uma antítese. Resposta: D

D

Os verbos em primeira pessoa (miramos, contemplávamos) e o trecho, entre parênteses, “eu com aterrado espanto”. O trecho reproduz palavras do diretor — “a transformação moral da sociedade” — e apresenta a avaliação do narrador — “um horror”.

E

Resposta: E

F

Todas as afirmações são verdadeiras.

b) análise

As evidências podem fundamentar, mas não garantem a intenção crítica do texto. Resposta: A

Módulo 19 – Realismo-Naturalismo

1

Se houver adaptação aos novos padrões tecnológicos, a mão de obra será qualificada e consequentemente absorvida. Resposta: A

B

Indigência é descaso com a educação, abandono. Resposta: C

C

Resposta: A O adjetivo boa enfatiza o substantivo preta. No caso, “muito boa preta” significa “preta sem dúvida”, “confirmadamente preta”. Consistem em mexericos, “fofocas”.

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D E

F

Não, pois os diálogos revelam, com crueza, objetividade, costumes nada idealizados da província: o hábito do mexerico e o preconceito. Resposta: E

G Resposta: C

Módulo 20 – Raça: “conceito” e preconceito

1

B

C

D

E F

semanticamente, com beneditino — o monge beneditino vive em clausura, ou seja, isolado, afastado do mundo (claustro significa “cela, lugar de recolhimento”). Isso indica o distanciamento da vida que se impõe como norma ao monge e, por analogia, ao poeta parnasiano, no seu afã de atingir a perfeição da forma, assim como o monge busca a perfeição da alma.

O preconceito contra o negro.

Tanto o texto de Drauzio Varella como o de Kabengele Munanga tratam do quão inapropriada é a utilização de um “conceito” de raça para classificar a diversidade de tipos humanos — em especial quando, erroneamente, se acaba estabelecendo uma “hierarquia racial” —, já que essa diversidade pode ser estudada segundo variados critérios, o que impede uma conceituação unívoca de raça. Segundo Kabengele Munanga, “os conceitos e as classificações servem de ferramentas para operacionalizar o pensamento”. Em outras palavras, os dados empíricos observados (a diversidade na aparência física dos seres humanos, por exemplo) são “traduzidos” em conceitos e classificações, pois é desse modo que o pensamento humano lida com os fenômenos do mundo, estabelecendo relações de semelhança ou de diferença entre os objetos observados. Nas ciências, a conceituação e a classificação são condições sem as quais o fazer científico perderia sua consistência. Segundo o autor, no segundo parágrafo, bem como no último, o conceito de raça é nocivo quando utilizado para hierarquizar os grupos humanos, levando ao racismo e à crença na superioridade de uma raça em relação a outra(s).

B

C

francesa – Le Parnasse Contemporain

E

objetiva (impassível)

F

descrição

G

I. C

H

Resposta: B

B

C

Módulos 21 e 22 – Parnasianismo: introdução

1

Beneditino sugere que o poeta deve fazer da poesia a sua religião, dedicar-se a ela com a mesma intensidade e exclusividade de um monge. Claustro é um termo relacionado,

362

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II. I

III. I

IV. C

V. C

Módulo 23 – Olavo Bilac: “A um Poeta”

1

Ao classificar os grupos humanos em grupos “raciais” hierarquizados, atribuindo à raça branca superioridade perante as demais, os cientistas dos séculos XVIII e XIX deram início a posturas discriminatórias, racistas.

No plano formal, a forma fixa do soneto, com rimas interpoladas nos quartetos e alternadas nos tercetos; o emprego de rimas ricas e enjambements; a observância do padrão culto da língua na seleção vocabular e na organização sintática. No plano do conteúdo, o exercício de metapoesia, em defesa do ideário parnasiano de assimilação dos ideais da arte clássica; a contenção emocional, o distanciamento da vida cotidiana; a defesa dos ideais de perfeição formal e da arte pela arte.

D

Critérios morfológicos, como o formato do nariz, do queixo e do crânio, por exemplo, e critérios químicos (como o grupo sanguíneo e fatores da hemoglobina). Resposta: C

Templo grego sugere a retomada parnasiana dos ideais clássicos de sobriedade, beleza, equilíbrio; andaimes e edifício estabelecem relação entre a construção do texto poético e a de uma obra arquitetônica.

D

Sim, pois é um soneto, composto com versos de 12 sílabas (alexandrinos), com a seguinte distribuição de rimas: ABBAABBA-CDE-CDE. O poema apresenta uma reflexão sobre a linguagem, sobre o ato de escrever, insuficiente para exprimir todas as emoções, ideias, pensamentos. 1) “Ah! Quem há de exprimir, alma impotente e escrava, / O que a boca não diz, o que a mão não escreve?” 2) “Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...” 3) “O Pensamento ferve e é um turbilhão de lava: / A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...” 4) “E a Palavra pesada abafa a Ideia leve.” Em certo sentido não, se considerarmos que o próprio poema revela a consciência do poeta sobre as limitações da linguagem e, consequentemente, da poesia.

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E F

Não, pois nele se observa envolvimento do poeta, pelo uso de linguagem carregada de emoção.

Descrição. Descreve-se o palácio onde se encontra Nero.

C

O poema faz referência à Antiguidade Clássica.

E

1

Sim, pois apresenta versos alexandrinos (12 sílabas métricas), todos rimados.

B

D

B

Não. Observa-se, ao contrário, atitude objetiva, sobressaindo no texto o objeto descrito. Resposta: E

“Segredantes vozes” (v. 2); “de contemplativas vagas visões” (vv. 3 e 4); “aladas alegrias sugestivas” (v. 5).

Módulo 27 – Camilo Pessanha

Resposta: D

Módulo 24 – Olavo Bilac: “Língua Portuguesa”

1

H

F Resposta: D

C

Módulos 25 e 26 – Simbolismo: introdução

É a metáfora do outono na expressão “Outono do seu riso magoado”, na qual se associam um elemento da natureza e o estado de alma de uma das figuras humanas presentes no poema. Trata-se de uma emoção (mágoa) e algo objetivo (outono): o elemento subjetivo é expresso por meio do elemento objetivo. A esse processo, muito frequente na poesia a partir do Simbolismo, um grande poeta do século XX, T. S. Eliot, chamou correlativo objetivo. Resposta: B

A personagem é o próprio eu, representado por meio de sinédoques (partes pelo todo: “meu olhar cansado”, “meu vão cuidado”, “meu coração vazio”). Resposta: C

Trata-se da expressão “sol gelado”, em que o adjetivo gelado contraria o substantivo sol. Resposta: E

1

Le Parnasse Contemporain

B

Mallarmé – Verlaine – Rimbaud – decadentes

C

Resposta: D

E

Todas são verdadeiras.

A primeira estrofe de “Antífona” apresenta linguagem sugestiva, enigmática, principalmente no terceiro verso, no qual se evocam “formas vagas, fluidas, cristalinas”. Há, em toda a estrofe, vocábulos e construções que não permitem uma leitura objetiva, denotativa, aproximando-se os versos esteticamente da afirmação de Mallarmé.

F

Resposta: D

D

E

descrever – simbolistas – sugeri-los

F

Resposta: B

G

O poeta, por meio de sensações vagas e sugestivas, metaforiza sua dor (verso 11), transcendendo-a e transformando-a em luz, claridade, brilho (sensação ligada à visão). Assim, relacionam-se à área semântica da palavra brilho: “luz”; “luares”; “radiante”; “branca”; “fúlgidas”; “astros louros”; “Sol”; “clarões”; “chama das estrelas”; “dardejando”; “luminosas sensações de chama”. Observese que, por meio do jogo de sinestesias, o poeta metaforiza sua dor em brilho, luz (entendimento, aceitação), que ascende ao Sol, à chama das estrelas. Estão também presentes as sensações olfativa (“aroma”) e sonora (“vozes”).

D

Nos versos, de Camilo Pessanha, há aliteração da sibilante /s/. Resposta: B

Módulos 28 e 29 – Cruz e Sousa: “Antífona”

1 B

C D

Sugere-se um mundo de sensualidade, de encantos femininos, causadores de prazer e dor.

Os grupos sinonímicos são “lágrimas” / “prantos”, “lamentos” / “ais” e “tormentos” / “luto” / “convulsões” / “dores”. O emprego desses grupos sinonímicos resulta em um efeito de intensidade, obtido pela acumulação de palavras de sentidos próximos.

“Virgens” metaforiza a carnalidade, e “Estrelas”, o misticismo, a transcendência.

O poema organiza-se em torno do campo semântico de brilho e brancura: “bruma”, “Estrelas”, “branca espuma”, “brilhos”, “fúlgidos”, “sidéreas latescências”. Essas palavras criam uma ambiência de pureza e espiritualidade.

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Módulo 30 – Cruz e Sousa: “Lésbia”

1 B C D E

F

G H

A expressão é “soturnidade de alta noite”, que sugere uma atmosfera sombria, lúgubre.

D E

O narrador descreve suas sensações durante a caminhada. O narrador descreve a expressão e os atos da figura feminina que o acompanha na caminhada. Ele descreve as duas personagens em conjunto, as semelhanças da sensação que experimentam. O sexto parágrafo (“Eram em torno... braços amados!”), o sétimo (“Em cima... gangrenas.”) e o nono (“Longe... de um eclipse.”). Não, pois ele descreve a paisagem de maneira imprecisa e vaga, transfigurada por suas sensações; ele se detém naquilo que a paisagem evoca e não em seus detalhes objetivos. A descrição da paisagem harmoniza-se com a descrição das personagens, reforçando, evocando suas sensações. Resposta: B

F G

B C

Tratam do anseio, desejo ou “sonho” de transcender, superar a divisão entre o mundo material, terreno, e o mundo imaterial, espiritual. Esse anseio, em “Ismália”, é loucura, desvario que culmina na ascensão espiritual e morte física.

364

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“Pobre lua nova... da cor de uma menina sem vida”; “Pobre lua nova... com o corpo cheio de pó de arroz, como um anjo que saiu do banho”; “Dentro das nuvens tens uma cova”... etc. Resposta: B

1

“Sombras, sombras que são da alma doente!”

B

“Movendo os pés doirados, lentamente.”

C

D

E

Exprime a divisão (a “esquizofrenia”) de Ismália. Os elementos do mundo terreno são “mar”, “descer” e “corpo”.

A lua metaforiza a morte da amada e a sua permanência no plano espiritual — a transformação da lua nova (a “meninalua”) na lua cheia (“senhora”, “deusa da noite”). Observese a idealização e o platonismo, expressos na recorrência à cor branca e em expressões como: “visão de asceta”, “noivados de neve”, “grinaldas brancas de areia”.

Módulo 32 – Pedro Kilkerry: “O Verme e a Estrela”

Módulo 31 – Alphonsus de Guimaraens

1

Os elementos do mundo espiritual são “céu”, “subir” e “alma”.

F

A atribuição ao muro de qualidades humanas (“magro”, “abrindo as órbitas”, “Pestaneja, estremece... o muro sente!”) corresponde à figura de linguagem chamada prosopopeia (personificação). Faltam seis versos, correspondentes aos dois tercetos do soneto (de estilo italiano), que se compõe de 14 versos distribuídos em quatro estrofes. Os versos têm dez sílabas métricas (versos decassílabos): Mo/ven/do os/ pés/ doi/ra/dos,/ len/ta;/men(te), Ho/ras/ bran/cas/ lá/ vão,/ de a/mor /e /ro(sas). ABBA-ABBA.

G Resposta: C

Qual o vocativo presente na primeira estrofe do fragmento a que personagens esses Vocativos estão relacionados?

Resposta verificada por especialistas O vocativo existente na primeira estrofe é "gloria de mandar, vã cobiça". > É a esse termo que o eu lírico dirige sua voz.

Quem é o sujeito do período formado pelos dois primeiros versos da última?

Resposta verificada por especialistas. O sujeito do período composto pelas primeiras duas estrofes do texto em tela é "nós" - sujeito oculto.