As bucetas mais bonitas do mundo

As bucetas mais bonitas do mundo

por Flavio Testa, exceto em:

Abujamra, Elza, Gal, Lenine, Pedro Luis, Caetano e filhos, Ceumar e cia por Raphael Pousa

Dingo Bells por Rodrigo Fonseca

Mahmundi por Ana Laura Diaz

Dois álbuns desta lista possuem o mesmo título. Mahmed e Duda Beat sentem muito. Duas obras relevantes que se encontram através do título e que reflete o que foi 2018. Um ano para sentir muito. Sentir muito, com o caldeirão de emoções – nem sempre as melhores emoções – que foi parte da tônica coletiva neste país.

Sentir muito também porque muita coisa precisou ser dita e as narrações dentro dos álbuns foi outra constante, bateu recorde neste ano. A pegada social, a luta das minorias e das pautas progressistas tomou conta do universo de um número relevante de artistas, cada um construindo seu mundo e a realidade em que se envolve.

A turma de 2018 é fortíssima, seguindo a tendência que já se registra pelo quinto ano consecutivo, mas que data lá do começo da década. A pluralidade musical segue firme. A evolução em qualidade permanece e o mercado brasileiro rende nomes fortes que cada vez ganham mais amplificação no exterior, dentro de seus nichos.

Anos difíceis, politicamente contundentes costuma mrender material farto e inspiração para a arte. Isto dentro de uma realidade de múltiplas conexões, onde diversos atores trabalham nos bastidores. As articulações entre estes diversos eixos segue firme. A profissionalização dentro do independente, coisa restrita aos grandes players de gravadoras e produtoras até pouco tempo atrás. Seja na produção de eventos, de selos, assessorias de empresas e apoios públicos e privado. O resultado artístico é a soma de todos estes fatores. Gente talentosa sempre há de existir. Que os incentivos permaneçam, porque os frutos já estão sendo colhidos. Conforme esta lista mostra.

Ansiosos por 2019! Parabéns classe de 2018. A obra-prima cinematográfica do ano, Roma de Alfonso Cuarón, ilustra a lista.


50. Mahmed – Sinto Muito

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A banda potiguar nos traz mais um registro engenhoso que conduz o ouvinte a uma montanha-russa de novas dinâmicas. A narração é um elemento surpresa que entra no álbum e fecha com essa urgência verbal, característica marcante de 2018.


49. Huey – Ma

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Poucas bandas conseguiram manter-se em altíssimo nível ao ponto de fazer a lista desta publicação em todos os seus lançamentos. Huey é uma delas.


48. Lupe de Lupe – Vocação

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Dentro das narrações, Lupe de Lupe é hors concour. Já fazia antes de ser tendência. E faz dentro das suas músicas, em meio aos riffs caóticos, dinâmicas desgrenhadas e energia genuinamente undergroud. “O Brasil Quer Mais” é uma música que deve ser ouvida ao tentar se explicar o que aconteceu conosco neste ano.


47. Bixiga 70 – Quebra Cabeça

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O título reflete bem a obra da Bixiga 70, um dos carro-chefes da vanguarda brasileira.


46. Teto Preto – Pedra Preta

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Transgressora, valendo-se de subgêneros underground e mais dissonantes da música eletrônica. É como se o Atari Teenage Riot tivesse renascido brasileiro em 2018.


45. Disaster Cities -LOWA

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A banda mezzo chapecoense mezzo paulistana chega em um registro vigoroso, onde não tem uma ponta aberta. Mantém a energia e a intensidade do começo ao fim. Novas dinâmicas e um traço de psicodelia parecem fermentar o caldeirão de grandiosidade dos caras.


44. Juliano Gauche – Afastamento

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Elegância rítmica, melodias soturnas e dono de uma voz única, Juliano Gauche entrega um álbum que consegue pintar paisagens sensuais dentro de um indie pop moderno.


43. Garbo – jovens inseguros vivendo no futuro

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Dentro do que foi dito na introdução sobre uma nova geração de artistas que conquistam logo de cara, e de uma qualidade que impressiona, está Garbo. Talvez a melhor novidade deste ano em um álbum de estreia. Garbo resume sua geração em uma atmosfera slow tempo e dono de letras que impressionam pela capacidade de estabelecer este desenho, inseguro e ansioso. Apoiado em sintetizadores e batidas mansas, da escola de James Blake e Grimes, o pop do artista traz uma refrescante fórmula de infundir com elegância eletrônica em R&B, resultando em música popular inteligente sem tentar ser pretensioso. Aliás, o disco se caracteriza muito mais pela simplicidade do que pela luxuosidade. Ainda que a vibe codeína seja uma tendência, é uma obra que vai muito além e se propõe à pluralidade, provoca diversas sensações e emoções. É inevitável não se apaixonar por este álbum.


42. Igapó de Almas – Laborioso Vinho

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O segundo disco de estúdio da banda potiguar capitaneada por Henrique Lopes é uma intrincada fórmula de experimentações bem torneadas, sem exageros e sempre procurando novas paisagens e emoções no ouvinte. Este disco é uma prova viva sobre a maturidade artística que a cena cria em algumas capitais onde ela existe de forma organizada há mais tempo. O disco soa orgânico e coeso, com leve tom psicodélico. Essencialmente tropical, dentro de arranjos originais, como uma forma de saudar a diversidade musical e um contraponto aos tempos claustrofóbicos de urgência musical.


41. Lenine – Lenine em Trânsito

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Lenine é dos artistas mais inventivos e interessantes dos últimos anos na MPB. E um ponto crucial que não há em muitos artistas, quando atinge um certo nível de sucesso, é ousadia. O pernambucano a teve desde o inicio. Gravar um disco ao vivo, com inéditas não é para qualquer artista, muito menos para qualquer público. Transitando em sonoridade “noise”, de texturas que faz qualquer corpo mexer, é dos discos mais interessantes do ano. Com uma pegada hard, hora dinamitando tudo o que está em volta, com auxílio de metais e guitarras distorcidas. Destaque para a grande poesia (outra vertente desse cabra) “É o que me interessa”.


40. Almir Sater e Renato Teixeira – AR

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A longa parceria de Almir Sater com Renato Teixeira têm nos rendido bons discos recentemente. Seja o primeiro AR de 2015, ou o de agora. AR2 é um passeio pelo violão e as cantigas caipiras de história e de vida. É um retorno às raízes interioranas da música brasileira. O tom de viagem e saudade que não precisa muito mais do que ambos, seus violões e suas vozes. Mesmo assim, o disco é muito maior que isto, em um bucolismo orquestrado com uma banda por trás. Não é exagero dizer que vemos na figura de ambos o genuíno folk brasileiro. Destaque para “Flor do Vidigal”, “Assim os Dias Passarão”, “Touro Moucho” e “Festa na Floresta”. Com a cabeça longe, passeando pelas paisagens de interior que o disco invoca, é possível flagrar-se imaginando um festival que tivesse na mesma programação Neil Young, Crosby, Stills, Nash, Sater e Teixeira.


39. Paes- Mundo Moderno

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Em seu segundo álbum de estúdio, o artista pernambucano, Paes retorna após 5 anos. Esta temporalidade, calma, orgânica e sem pressa caracteriza muito bem Mundo Moderno, que segue estruturas mais brandas, dentro de um entroncamento pouco óbvio em seus arranjos e desdobramentos harmônicos.  A questão do timbre também se destaca aqui. Canções simples de estruturas pouco óbvias, onde a voz melancólica do artista conflita com dinâmicas que ganham cordas impositivas, um baixo vivo e uma guitarra cativante, dentro destes padrões de um pop mais brando. O piano elétrico também marca posição. Paes é uma resposta gostosa e brasileira para bandas que nos costumamos a admirar, inevitável não citar The War on Drugs, de Granduciel. A questão do espaço é também utilizada de maneira muito criativa. O álbum termina e nos convida de imediato para a segunda audição.


38. Ava Rocha – Trança

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Em Trança, Ava Rocha já determina na primeira faixa as características de tribalismo urbano que permeiam o disco. Ritualístico, o transe vai se fundir com leve lisergia nos versos que vem a seguir, mais próximos de uma MPB tradicional, que remete a Bethânia. Disco elegante e cheio de alternativas, naturalistas e bem enraizadas em vertentes tradicionais brasileiras. Canções profundamente submersas em atmosfera obscura e densa rivalizam com canções mais imediatas e coléricas. Ava Rocha reúne todas essas faces de maneira sinérgica e extremamente envolvente.


37. Craca e Dani Nega – O Desmanche

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Em seu álbum de estreia, a dupla consegue ser um disco dilacerante, fundamental (essencial) em questões sociais de minorias. Tudo isso é envolto em musicalidade experimental, riquíssima, explorando batidas eletrônicas e do hip hop. Criativo, explora a música negra e brasileira de uma forma deliciosamente diversa. Ainda conta com participações do quilate de Juçara Marçal, Luedji Luna e Roberta Estrela D’alva.


36. Molho Negro – Normal

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Em Normal, a banda paraense de rock pesadão, Molho Negro pavimenta seu caminho dentro do alternativo nacional. Riffs vigorosos intercalados com boas dinâmicas melódicas. Vocal energético e uma coleção de boas letras. Cada vez mais maduro e diverso o arsenal da banda que não consegue cativar o ouvinte através de uma agressividade pop que foge do lugar comum, armadilha constante dentro deste gênero.


35. Caio Prado – Incendeia

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Em seu segundo álbum de estúdio, o carioca Caio Prado confirma sua posição de expoente da nova MPB, o compositor que declara James Blake como grande referência é bem-sucedido ao infusionar estas influências com matrizes africanas clássicas, como o funk e o soul. Os timbres de guitarra e sintetizadores modernos se fundem em uma proposta bem calculada entre o clássico, o conteporâneo e o brasileiro.


34. Heavy Baile – Carne de Pescoço

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Leo Justi, Tchelinho e cia refletem a melhor infusão entre o funk carioca e as tendências norte-americanas de música eletrônica, mais especificamente a cena de Baltimore. Com participações de alto quilate MC Carol, BaianaSystem, Lia Clark e outros reproduz com exatidão a diversidade sonoro de DNA autêntico da cena urbana carioca, de batidas densas.


33. Daniel Groove – Levante

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Mais um representante de Fortaleza, que nos dá mostra sobre a força dos músicos cearenses da atual geração. Daniel vem numa sequência imparável de bons discos que já renderam elogio da crítica, apresentações em festivais do porte de um Lollapalooza entre outros feitos, conquistado com muito mérito dentro de uma discografia que merece atenção. Em sua última empreitada, Levante faz um blend de tons vocais paisagísticos que dividem o vento beira-mar de Fortaleza com um piano bar de megalópole. Os timbres e solos de guitarra constrões uma narrativa vigorasa dentro da harmonia. Canções introspectivas que funcionam para uma tarde de cerveja na praia, ou uma noite de solidão e vinho no apartamento. Um dos últimos toques do nosso saudosa Miranda como co-produtor. Não que a comparação seja necessária, mas é o Father John Misty brasileiro.


32. Dingo Bells – Todo Mundo Vai Mudar

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Em Todo Mundo Vai Mudar a banda gaúcha Dingo Bells canta sobre as incoerências da nossa sociedade e da única certeza no mundo moderno, a mudança, enquanto abraça o pop. Usando a poesia para abordar temas cotidianos como convidar os amigos para jantar, e com muitos cuidados nos arranjos e timbres, faz um som acessível e expande seus horizontes, entregando uma obra consistente e marcante.


31. Gilberto Gil – OKOKOK

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O que precisa um dos maiores gênios da nossa música fazer depois de nos presentear com quase tudo? Nos trazer de bandeja um disco sobre a passagem do tempo, do seu tempo em específico, mas que todos chegarão lá. Gil está crente da sua passagem, fala da morte, no amor, da amizade, da recuperação, da família. Traduzir das quimeras que vão sendo desfeitas na ultima parte da vida não é para um ser humano comum. Gil não o é. Depois de anos sem lançar um disco com músicas inéditas, o baiano vem com músicas ligadas na atualidade como a que dá nome ao disco; a impecável versão 2 de Pela Internet; uma pérola para a médica que cuidou de sua saúde recentemente e outra para seu cardiologista. Destaque para a direção música de Bem Gil que trás quase tudo o que Gil fez sonoramente na sua vida musical.


30. Rashid – Crise

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Se dentro da crítica social, Djonga vence pela raiva e o xingamento, Rashid vence pela argumentação. A lucidez e fluência do rapper em expor o Brasil atual que oprime minorias, principalmente os mais pobres é um 10/10. Tudo isso dentro de harmonias soul e uma toada deliciosa. Assertividade e urgência das ruas, com grande artisticidade da cultura musical negra.


29. Marcelo D2 – Amar é para os fortes

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D2 por ser militante e fazer um bagulho meio sinestésico. Ele continua em busca da batida perfeita, no fim das contas.

28. Mahmundi – Para Dias Ruins 

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Assim como o nome do álbum, Mahmundi aborda o estado de espírito do fim de um relacionamento, desde o momento em que demonstra a “Alegria” de ter alguém ao seu lado, passando pelo sentimento de abandono, vontade de reatar, até para finalmente chegar ao amor próprio e vontade de superar o ocorrido.

Intensa e intimista nas suas letras, a artista entrega uma obra de vivências pessoais. Quanto à  sonoridade, Mahmundi aprofunda toda sua brasilidade experimental, já demonstrada em seu álbum de estreia. O novo álbum aborda ritmos inspirados no soul com pitadas de bossa nova, misturando batidas eletrônicas e jazz, criando uma trilha sonora extremamente agradável de se escutar em momentos reflexivos.


27. Marrakesh – Cold as Kitchen Floor

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O que antes era regra no indie nacional, agora é minoria. Poucas são as bandas criando música relevante que se mantém escrevendo em inglês. É inegável que se pode perder algumas oportunidades de emocionar, ao abandonar uma melhor comunicação em língua materna, portanto o desafio é maior. Em Cold As Kitchen Floor, os curitibanos do Marrakesh cumprem a missão com sobra. A obra emociona e vem cheia de alternativas, atualizada com as melhores tendências guitarrísticas e sintetizadas do indie atual. Voltando-se em dinâmicas arrastadas e distorcidas, empresta em alguma instância do trap até o paisagismo de escala sintetizada de M83, Washed Out e Wild Nothing. Um álbum que não deve em nada para a forte safra internacional.


26. Maria Beraldo – Cavala

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Em Cavala, Maria une a brasilidade à profundidade de ecos vocais e batidas da escola da Grimes. Letras atuais, empoderamento como tônica, onde a cereja do bolo é a versão totalmente 2018 de Eu Te amo do Chico Buarque. É um disco absolutamente sensual intercalado com momentos de introspecção. Simplicidade harmônica como pano defundo para a forte personalidade da artista, com outros de maior complexidade, caso de “Maria”.


25. André Abujamra – Omindá

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A união das almas do mundo pelas águas, a beleza de um trabalho também começa com um subtítulo. Esse, até o momento, é o grande lançamento do ano, de uma beleza cortante. A real grandeza, com Cordeiro de Nanã no seu miolo, abre o disco com toques afros, árabes e com tudo que traduz um disco feito em 13 países. Um disco dedicado aos pais e à sua vida. Com requintes épicos, o disco é um encontro com vários artistas pelo mundo, o que remete ao título.


24. Anelis Assumpção – Taurina

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Anelis é a melhor coisa que aconteceu na MPB nestes últimos anos e isso basta. Obra plural e desafiadora, deliciosa para qualquer ouvido, cheia de questionamentos, mas sempre com uma sensação de otimismo e bons momentos, permeada em influências de samba, bossa e toques de jazz, dentro de arranjos engenhosos e muito bem aparados. A poesia abre algumas canções e ganha peso dentro de composições que na voz se expande em multiversos. A dona do melhor álbum brasileiro em 2014, a artista volta em 2018 com protagonismo certeiro.


23. Marcelo Cabral – Motor

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Parte fundamental da engrenagem desta nova vanguarda paulista, Marcelo Cabral lança disco solo no mesmo ano que seus párias Romulo Fróes e Rodrigo Campos, o que só demonstra a força deste ano na música. Arranjos volumosos, timbrística grave e versos emergentes, evocam um clima de profundidade e imersão logo na primeira faixa, “Cadê”. A dinâmica se abranda entre a ressaca e a sutileza da espuma do mar. Dissonância também mostra a sua cara por aqui, em uma tônica de ansiedade e TDAH. “Motor” lembra “Construção” do Chico desta forma, duplamente neurótica, ansiosa como os dias atuais e aflita.


22. Gal Costa –  A Pele do Futuro

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Com raríssimas exceções, o grande artista se mede na capacidade de ousar (acho que já escrevi isso aqui algumas vezes). Gal não precisa provar mais nada para ninguém, só aumentar o seu leque de gravações e discos. A pele do futuro, disco de numero 30, namora com a disco music dos anos 70, mais para os 80. Impossível ficar parado com Sublime, música de Dani Black, que abre o disco. Premia com sua voz compositores da nova geração como Silva, Omar Salomão, Emicida. Mas tem à sua voz antigos, Gil, Erasmo, Adriana Calcanhotto e outros. O nome do disco vem de Viagem passageira, do Gil. Música de auto-análise sobre a passagem do tempo e analogamente o quanto pele “resiste” a esse tempo. Uma grande pérola de Gil. Cuidando de longe, boa música em dueto com Marília Mendonça, para extirpar preconceitos musicais. Mas a grande música é Minha mãe, dueto que faz com Maria Bethânia depois de anos. Impossível terminar essa música se os olhos cheios d´água. Gal está ai, do alto de seus 73 anos, ainda uma das maiores vozes que temos.


21. Odradek – Pentimento

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E quem diria que o math rock em toda extensão da sua angularidade ainda seria capaz de render um disco entre os melhores brasileiros de 2018? Para o prazer dos carentes fãs de Slint e toda a geração que criou uma marca única no rock noventista, o Odradek coloca sua estaca como um dos melhores representantes do gênero na atualidade.


20. Edgar – Ultrassom

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Edgar é genial, verborrágico, industrial, inanimado, mais cientista do que artista, calculadamente sinestésico, o sentido de vanguarda e de leitura acurada do nosso tempo corre nas veias deste cara.


19. Lau e Eu – Selma

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O disco já emociona na primeira faixa, com a mensagem de Selma, avó do artista. Logo o ouvinte já é avisado sobre o que virá a seguir: temas emocionais, familiares, confessionais. A voz melancólica do artista, acompanhada por um baixo que preenche os espaços, é uma cama de conforto por linhas melódicas e mansas de guitarra. A atmosfera intimista e de introspecção são bem embaladas em um clima de otimismo que sempre alcança o seu clima em dinâmicas mais diretas, valorizando os refrões. “Estar Vivo é Bom” é o exemplo perfeito destas dinâmicas, onde tudo acontece em perfeita harmonia. Lauckson tem apenas 19 anos, e nos presenteia com um álbum que dicotomiza maturidade e novidades para a música brasileira, coisa que para alguém da sua idade é apenas natural. A interpretação vocal – arrastada/narrada – do artista e a timbragem atual dos sintetizadores e guitarra, envelopada pelos instrumentos rítmicos é sensacional. Sem contar as incursões de rap, que nos causa a sensação de estar escutando música de 2018.


18. Laranja Oliva – Carta da Terra

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A banda de Limeira chega ao seu segundo e mais puljante álbum. O disco é de uma versatilidade deliciosa e onde a Laranja Oliva consegue entregar os seus temperos de uma forma ôrganica. Do hardcore ao funk soul. Dos teclados românticos ao reggae.

Poucas bandas conseguem colocar isto de forma tão concisa sem ficar descabido ou soar prolixa. Ainda se mantendo globalista e verdadeira no tema, aliado a um DNA musical genuinamente brasileiro.

Aliás a questão orgânica não fica apenas no quesito técnico e o Laranja Oliva conceitualmente lançou um registro preocupado com o impacto ambiental. Através de ações que mitiguem o impacto ambiental inerente à produção.

O álbum segue a tendência narrativa de 2018, com trechos de textos de Leonardo Boff. O maior sucesso do álbum é sempre apresentar uma surpresa e entregar uma mensagem focada em uma das preocupações mais pujantes dos tempos modernos: o ambientalismo e aquecimento global. Excelente nos depararmos com uma obra que consiga conciliar mensagem sem soar cansativa na militância.

É um álbum preocupado em trazer o ouvinte para a conscientização, mas através de uma forma lúdica e prazerosa.


17. Djonga – O Menino Que Queria ser Deus

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Djonga continua a sua empreitada feroz de rimas pesadas em seu flow único dentro da cena do rap brasileiro. O mineiro se aprofunda em beats cavernosos, e linhas melódicas que causam o contraste que eleva a força pop do álbum para maiores audiências. Aqui, o artista emplaca o segundo disco entre os melhores do ano, em dois anos consecutivos. Além de manter a profundidade artística, a linguagem se aproxima ainda mais da galera mais nova, quebra pontes e o resultado disso é a consolidação de Djonga como um artista grande da tal cena brasileira.


16. Adorável Clichê – O que existe dentro de mim

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Paisagens sonoras bem construídas, emocional nas letras e nos arranjos. Essencialmente jovial e dicotomiza sensações de bem-estar com guitarras de sublimação. A banda de Blumenau é um retrato perfeito da capacidade do indie rock se reinventar e partir para novas personalidades, soando atual, e até mesmo vanguardista. O final do disco é um dos melhores finais de disco deste ano. Hipnótico, vigoroso e niilista.


15. Bemti – era dois

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Disco extremamente emocional de identificação imediata. Confessional, Bemti estreia solo fisgando o ouvinte na primeira audição. Uma das maiores capacidades que um músico pode ter é a capacidade de aparar, de síntese musical. De não ser prolixo e saber se comunicar. A obra é próxima da perfeição neste ponto. E ajuste fino musical não significa ser simplório. Pois, o disco se desenrola em uma riqueza harmônica e de arranjos, de tal modo que traz opções, tem sempre um novo elemento, uma virada ou um instrumento/voz (Hooker, por exemplo) diferente.

Encantador, profundamente pop e diverso por todo o caminho.


14. Tuyo – Pra Curar

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A banda paranaense fez um dos álbuns mais deliciosos e contemporâneos deste ano, com uma linguagem atual nos versos, amparada na eletrônica de paisagens, beats sensuais, violões dedilhados e vozes etéreas, hora sussurrada, hora potente que desembocam em lindas harmonias ao longo de 10 canções. É uma viagem de contemplação e sossego. Se a gente pudesse conferir um rótulo de synthpop/indie pop brasileiro que fosse algo muito mais nosso, do que uma cópia deles. Seria algo pela praia do Tuyo.


13. E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – Fundação

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Dentro do ano das narrações, pode ser a contramão manter-se fiel a proposta instrumental. De fato é, mas aí que ela ganha mais peso.

Eatnmptd é um oásis dentro dessa lista tanto pela questão circunstancial, quanto pela entrega que os músicos mais uma vez fazem em cima de sua obra.

Como Mogwai é. O disco é uma montanha russa emocional através de dissonâncias e riffs angulares. Brincam com as dinâmicas de uma forma libertadora.

Lava a alma do começo ao fim.


12. Cora – El Rapto

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O disco definitivo do dream pop brasileiro em 2018 é baseado no mito grego de Perséfone, com alternativas que vão bem além do gênero. Registre-se. As dinâmicas contrastam essa paisagem de outro mundo, letras poéticas, com uma agressividade mundana, de guitarra colérica, urgente e por vezes dissonante. Entre os melhores representantes do rock alternativo atual. Poético, genuinamente feminino e imediato. Cantado em português, inglês e espanhol.


11. Mulamba – Mulamba

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A faixa “Mulamba” do álbum e banda autointitulada é o maior hit do país este ano. A música perfeita. A música que a banda vai ter que tocar até enjoar, até quando este tempo para o bem, para o mesmo ou para o mal, parecer tão distante do tempo atual. Um retrato justo, gigante e genial deste tempo. Só pela faixa o álbum já vale.

Mas ainda o disco oferece opções, sempre de forma forte e vigorosa, seja através dos ritmos tribais ou através dos riffs. Dentro da característica da narrativa na introdução das faixas, este é um ótimo representante.

“Espia Escuta” tem uma letra e uma das melhores guitarras do ano. Guitar rock e feminismo brasileiro. Do caralho nada. Da buceta! O álbum não se entrega em gêneros musicais e abre a caixa de ferramentas em arranjos tão grandiosos quanto versáteis, explorando com excelência todo o potencial instrumental de suas mulheres.


10. Elza Soares – Deus é Mulher

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O que dizer da maior cantora viva do Brasil, que do alto de seus quase 90 anos, expõe-se a gravar artistas de uma geração praticamente 50 anos mais novos que ela? Elza é Deus nesse país. O que essa geração fez para resgatar a força da voz e presença de Elza no cenário música é das coisas mais emocionantes que ocorreram nos ultimos anos. Não há nada a falar sobre esse disco, apenas agradecer e escutar.


9. Catavento – Ansiedade na Cidade

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Catavento é a banda mais proeminente da já nacionalmente conhecida cena de Caxias do Sul. Em Ansiedade na Cidade, a Catavento chega ao seu terceiro álbum de estúdio com um salto significativo na qualidade da obra, onde destaca-se o cuidado com os elementos e a nuance na música. Também virada para essa cena neopsicodélica brasileira, apenas como base para arranjos macios que artesanalmente se desenvolvem, sem pressa, em paisagens sonoras de emoção e bem-estar. Em 2014, li um excelente artigo do Romulo Fróes na Ilustríssima resumindo uma tendência que aponta outro grande potencial deste disco da Catavento, e não apenas pela guitarra.

“Já definitivamente incorporada ao vocabulário da música brasileira no século 21, a guitarra passa a ser utilizada menos pelas suas possibilidades harmônicas e melódicas e mais por suas qualidades timbrísticas. Qualidades estas que definiram a sonoridade que, em certa medida, identifica a geração de artistas surgidas neste século.”

Se a timbragem se sobressai com alguma influência da cena neopsicodélica gringa, é na grandiosidade e possibilidade dos arranjos que o disco se consolida como um dos principais candidatos do ano. O caráter genuíno salta na primeira audição. E define com exatidão um dos melhores momentos da música brasileira em profundidade e proposição artística.


8. Clau Aniz – Filha de Mil Mulheres

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Clau Aniz entrega uma sonoridade elegante, prolífica em influências e muito coesa. Arranjos luxuosos, progressivos e bem orquestrados que passam por percussões tribais, um trompete de energia jazzística e uma guitarra que se liquifaz dentro da harmonia. A voz aveludada da cantora, desenha os contornos atmosféricos com a mesma profundidade que encontramos na obra de Sharon Van Etten e Mazzy Star. Artisticamente é um dos discos mais surpreendentes do ano, consegue ser clássico ao passo que é atual.


7. John Filme – Kol Cover + Caleb 

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A união de dois EPs valem por um disco. E essa é a banda de rock alternativa brasileira que eu preciso que vocês conheçam. Ainda longe dos holofotes da tal cena. Essa é a melhor banda que você vai descobrir a partir de agora. Com personalidade de anti-herói, John Filme tem a essência do rock alternativo dos anos 90, apesar de não se importarem com isso e não se apegarem em rótulos. A displicência da banda é o maior contraste desta lista, onde todo mundo joga sério e tem um recado pra passar. É uma banda de molecada que já passou dos 20, mas ainda continua sendo adolescente. Tudo de uma maneira genuína. A música deles se comunica com o regionalismo de Chapecó, tema recorrente e que faz o resto do Brasil não captar totalmente a mensagem.

É impossível não ouvir os EPs e não se lembrar dos momentos mais descompromissados de outras bandas como Butthole Surfers, Smashing Pumpkins e Guided By Voices.

É a reinvenção e a declaração da capacidade autofágica e metamórfica do indie rock se reinventar em algo completamente novo.

O líder da banda, Akira Fukai é uma espécie de geniozinho que não para de compor e produzir por conta própria, no melhor estilo Robert Pollard ou Lê Almeida. Mas, sozinho, Akira não é a metade da força que é como John Filme. E aí entra Fernando Paludo, que cria uma simbiose de bromance irreverente.  Jivago é o último membro que entrou e deu corpo nesta relação. É aquela banda clássica, formada por aí, que não passou por nenhum grande tratamento externo, mas que funciona maravilhosamente bem.

Composições diretas, carismáticas e energéticas. O elemento de doçura melódica e riqueza de dinâmicas se aprofundou nestes trabalhos. É um baú sem fundo. Não tenho dúvidas que é uma questão de tempo pra ser figurinha carimbada dentro da cena alternativa nacional. Alguns festivais mais atentos, como o Locomotiva, já sacaram isso.


6. Luiza Lian – Azul Moderno

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Azul Moderno consolida Luiza Lian como uma das cantautoras mais interessantes deste país. O disco tem um tom mais brando que o anterior. A ambiência é sensorial, de notada força vanguardista, Luiza não cansa de experimentar no que tem de mais atual dentro da música. Todos estes elementos quando se encontram dentro do arranjo, transformam-se em um passo além de musicalidade na Nova MPB. A mansidão e o vigor vocal de Luiza fecha perfeitamente com as batidas densas e os sintetizadores de meia luz.


5. El Efecto – Memórias do Fogo

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Atualmente uma das bandas mais interessantes do Brasil em romper barreiras de gênero musical, fazendo uma sonoridade híbrida e riquíssima, onde se destaca a infusão de brasilidades com guitarras volumosas do hard rock. A chance disso dar errado e ficar aquele tipo de rock progressivo “over” é gigante, mas não é o que acontece por aqui. O desenvolvimento de cada elemento tem uma razão na música. Tédio não é o caso ao ouvir este disco. A banda carioca continua em seu quinto álbum, “Memórias do Fogo”, percorrendo um caminho delicioso entre música imediata e soluções criativas. Ouvir El Efecto é se lembrar de que não existe sempre o mesmo jeito de se fazer música popular. Dinâmicas, arranjos, harmonias engebradas em diversidade instrumental. Tudo existe na obra. É um disco que te completa por ser barra alta em volume artístico e acessibilidade.


4. ÀTTØØXXÁ – LUVBOX

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ÀTTØØXXÁ chega a um disco brilhante ao comungar elegância sonora e apelo comercial. É a prova que não é preciso se prender nas convenções de gravadora sobre o que é popular.

É um disco que se comunica perfeitamente com as massas, sem deixar de lado um lado sensual e inteligente de se fazer música. “Viajei no gosto da sua boca” com beat pesadão que se convertem naquilo que há de mais popularesco da eletrônica do drop. Agrada aos gregos críticos barbudos do café moderno até os troianos bombados da balada topzeira.

Recheado de hits, sem a preguiça da fórmula fácil do falso artista esculpido pelo produtor. “Só Vem” com Rincon Sapiência e a pegada do trap é puro néctar.


3. Baco Exu do Blues – Bluesman

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O Kanye West da Bahia é o Lamar. Ainda que ele não se importe com a intromissão, explico. As produções são mais justas. Mais inventivas e menos grandiosas. Enquanto o baiano se vale de raízes da matriz afrobrasileira do samba, o norte-americano traz o jazz. E os dois se abraçam no blues. O álbum não tem luxuosidade, mas inventividade.

Baco é um estandarte do próximo passo do hip hop brasileiro. Veio para comandar e dizer como vai ser. Cirúrgico e visceral nas críticas, o disco crava-se como obra-prima genuinamente brasileira, amparado africanidade e ritmos latinos de amplificação e correlação global. O aprofundamento histórico do bluesman, contada no disco, é fora de série. Cerebral sem deixar de ser emocional.

As participações fecham o contorno de ouro na obra.


2. Duda Beat – Sinto Muito

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Sofrência com uma eletrônica pop elegante da escola Grimes e uma característica regional, seja na voz ou na timbrística da aparelhagem e do tecnobrega. Elegante com brega, parece papo furado da sopa de letrinhas, que o escriba se propõe. Mas, é exatamente por estas características que o primeiro álbum de Duda Beat toma o hype da cena musical brasileira como um trovão. Dinâmicas e mais dinâmicas, cada virada é uma nova surpresa. A artista dinamiza forças, que não são exatamente antagônicas -ela prova que não- mas pouco prováveis e que ninguém antes tinha experimentado. Jaloo até chegou bem perto disso, no primeiro álbum, mas se deixou levar demais pela influência da produção cosmopolita do sudeste. De forma que o disco ficou bom, mas um tanto pasteurizado e alinhado demais com a produção “gringa”. Aqui, Duda experimenta tanto com uma maior gama de alternativas, quanto com maior personalidade pra cima das mesmas e, assim, cria uma nova marca sonora, que vai muito além dos beats.


1. Carne Doce – Tônus

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Em Tônus, o Carne Doce encontra o seu auge de profundidade artística, ainda deixando em aberto o quão profundo é este poço. As letras de Salma elevam o tom confessional e de abertura ao seu mundo particular. Os vocais ficam mais mansos e intimistas. Os timbres e os encontros harmonicos continuam sendo o maior trunfo da banda, que ganha novas cores dentro desta paleta. É um disco que não se explica apenas pelo disco, mas dentro de uma discografia. O Carne Doce é uma das bandas mais consistentes neste sentido, é flagrante o degrau, a casa, a tela que eles estão pintando com todas estas cores. A questão visual ganha novo capítulo em Tônus, e mostra a versatilidade da banda auto-gerenciável e acessível. Quando você faz o exercício de se projetar no futuro, é impossível não imaginar o Carne Doce como marca de um tempo. Um tempo que eles mesmos vão dizer quando termina, dentro da finitude da existência.


LISTAS COMPLEMENTARES

EPs

La Leuca – Dente de leite

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Direto de Florianópolis, La Leuca surpreende logo em seu primeiro EP, pela maturidade de composições vigorosas dentro do indie pop com leves asas psicodélicas.


Drik Barbosa – espelho

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O rap e o R&B impositivo de Drik Barbosa é uma das melhores novidades no gênero este ano.


Desgraça – Madrugada

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Estruturado como um EP, o power-trio formado por Vitor Brauer (Lupe de Lupe) e os alagoanos Felipe Soares (Amandinho) e Rodolfo Lima (Ximbra), traz em Madrugada uma sequência vigorosa e condizente com o trabalho pouco óbvio que essa turma se propõe. O disco do Ximbra, ano passado, ficou entre os 10 melhores em nossa lista. Lupe de Lupe e o próprio Vitor, são semi-heróis com o risco endiabrado de sua discografia, alternativa em toda a extensão da palavra. Aqui contornos de funk, com música eletrônica, hardcore e metal são os talos que todo mundo joga no lixo. Na mão destes caras, vira um banquete.


Ventre – Saudade (o corte 切り)

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Uma das melhores bandas do indie nos tempos recentes, o Ventre anunciou pausa neste ano. E quis fazer de forma triunfal. o EP Saudade é para deixar saudade, “Aquela Mancha” é uma das coisas mais bonitas deste trio. Que volte logo, porque são fundamentais nesta conta.


Jade Baraldo – A Dream

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Certamente uma grande revelação da música pop nacional. E ela se posiciona de forma elegante e cheia de dinâmicas. Provavelmente figura para constar nos melhores discos de 2019.


Irmãos Panarotto – Parangolês, bricolagens e outras que aprendemos nas aulas de artes ou Bergamotiando

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Formada pela essência da banda Repolho, a maior banda alternativa da história de SC, faz mais um lançamento como irmãos Panarotto. Ultrajante e na contramão de tudo que se espera. Um refresco, dentro das fórmulas prontas e das alternativas fáceis. Os irmãos seguem uma trajetória de quase 30 anos, sem perder a força inventiva, underground e jeca de suas composições.


homeminvisivel –  Formas Negativas

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O resgate das guitarras volumosas e tristes da shoegaze com a post-punk, é um filão ativo na atual cena underground brasileira. E dentro deste nicho, o EP Formas Negativas, estreia da banda paulista homeminvisivel é uma avalanche de dinâmicas bem construídas e timbragem emocional, que toma conta do ambiente e sublima o ouvinte.


Releitura

Ceumar, Lui Coimbra e Paulo Freire – Viola Perfumosa

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Disco que revisita o cancioneiro de Inezita Barroso, uma das maiores figuras da música caipira do nosso país. Viola Perfumosa tráz pérolas bem conhecidas como Luar do Sertão, Moda da pinga e Índia. Mas resgata outras lá da década de 1910, como a linda seresta Amo-te muito. Um disco de alto refinamento no cancioneiro caipira. Destaque para Tamba-tajá, de ouvir com os olhos marejados; da voz sempre límpida e impactante de Ceumar; do erudito violoncelo de Lui Coimbra; e da viola e violão acachapantes de Paulo Freire e Ceumar.


Pedro Luis – Vale quanto pesa – Pérolas de Luiz Melodia

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Vale quanto pesa é uma imersão de Pedro Luís pelo universo de Melodia, mostrando novos olhares sobre as mesmas canções, acrescentando diferentes cores às pérolas do homenageado. Ele faz uma singela e vigorosa interpretação de “Juventude Transviada” e uma colagem épica dos clássicos “Estácio Eu e Você”, “Pérola Negra” e “Magrelinha”. Flerta com o xote em “Cara a Cara”, com o reggae em “Vale Quanto Pesa” e a alma rocksteady do novo arranjo de “Congênito”. Milton Guedes dá um toque especial com sua gaita a “Objeto H”. Ainda na lista de grandes instrumentistas convidados está o guitarrista pernambucano Paulo Rafael, que empresta o vigor de sua guitarra à versão setentista de “Pra Aquietar”, que Pedro e banda trazem pro álbum.


Ao Vivo

Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso – Ofertório

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Caetano disse que queria fazer um show para reunir os filhos e estar perto deles no palco. Ofertório permeia músicas do pai e dos filhos. Tudo soa unissono nesse disco. A continuação de uma voz sobreposta a outra é a ligação do DNA dessa família. O patriarca exalta em voz e poesia a sua carreira, junta com o samba de prato de Moreno, e o falsete de Tom. Esse num grande momento do show, com a sua Todo homem, música minimalista, de grande força poética. Moreno volta, depois de adulto, a entoar How beautiful could a being be. O canto do povo de um lugar é universal, o canto de uma família é centrado no mundo. Um dos discos mais felizes de Caetano, impossível não ouvir e pegar-se com um sorriso no rosto.

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Flavio

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