Como é eleito o presidente do Brasil

O petista Luiz Inácio Lula da Silva, 77 anos, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), acaba de ser eleito matematicamente o novo presidente da República do Brasil nas eleições 2022. Com 98,86% das urnas apuradas, alcançou 50,83% dos votos válidos às 20h, sendo impossível ser ultrapassado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem concorreu no segundo turno da disputa presidencial.

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Lula recebeu apoio neste segundo turno de uma ampla frente, que reuniu dez partidos políticos e antigos adversários, incluindo candidatos à presidência no primeiro turno, como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Esta é a terceira vez que Lula chega ao Palácio do Planalto.

Líder das pesquisas desde o primeiro turno, Lula consolidou com forte apoio de eleitores da região Nordeste, historicamente sua principal base eleitoral. O resultado na região, contudo, foi alvo de preocupação mais cedo, depois de denúncias apontarem que operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em cidades nordestinas estavam coibindo passageiros de transportes de passageiros. O caso gerou questionamentos nas redes sociais sobre o impacto que tais ações teriam nas votações.

Promessas de campanha

Entre os desafios prioritários do novo governo, destacados durante a campanha eleitoral de Lula, estão a recuperação do crescimento econômico, reinserção do Brasil como participante importante no cenário internacional, combate à fome de 33 milhões de brasileiros e promoção de uma reconciliação política para o país fragilizado após um processo eleitoral polarizado e bastante virulento.

Mais cedo, ao votar em São Bernardo do Campo (SP), Lula deixou claro que, logo de início, pretende tirar o Brasil do isolamento internacional. Prometeu, antes da posse, visitar um país da América do Sul, os Estados Unidos, a China e também a União Europeia.

“Eu não consigo enxergar o Brasil separado da América do Sul. Vamos reconstruir, se outros presidentes quiserem, o Mercosul. A relação multilateral é muito importante para troca de ideias no campo comercial, da política, da cultura. Juntos nós somos fortes”, alegou.

Desafios para o próximo presidente

Devido ao clima de acirramento e polarização do país, uma das principais dificuldades enfrentadas pelo novo presidente do Brasil será fazer o processo de transição. A montagem do governo, que já vinha sendo desenhada nos bastidores, será acelerada a partir desta semana.

Terceira colocada na disputa presidencial do primeiro turno, a senadora Simone Tebet (MDB), que apoiou o petista de maneira enfática na segunda etapa da eleição, é dada como nome certo na Esplanada. A principal aposta é para o Ministério da Agricultura.

Outra apoiadora que deve ocupar um ministério é a deputada eleita Marina Silva (Rede). O ex-presidente aposta que o gesto será um aceno internacional importante pelo histórico de defesa do meio ambiente e combate ao desmatamento da Amazônia.

Principal aliado do PT no plano nacional, o PSB - partido do candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin - pode ser contemplado com dois ministérios. Além do espaço reservado ao partido, o ex-governador Flávio Dino (PSB), senador eleito pelo Maranhão, deve figurar na Esplanada na cota pessoal de Lula.

Interlocutores das duas siglas indicam que o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, pode ser indicado para a pasta de Ciência e Tecnologia, em caso de vitória do petista - um espaço sempre ocupado pelo PSB em gestões petistas. Há também a especulação de que ele pode ir para Controladoria-Geral da União (CGU).

Já o ex-governador Márcio França (PSB), que abriu mão da disputa pelo governo paulista num acordo com o PT para colocar o ex-prefeito Fernando Haddad na cabeça da chapa, também é cotado para eventual ministério lulista. Outros nomes que figuram como possíveis ministeriáveis são os senadores eleitos Flávio Dino (PCdoB) e Camilo Santana (PT).

Aos 77 anos, este será o terceiro mandato de Lula. O ex-sindicalista e ex-metalúrgico foi o 35º presidente do Brasil, ficando no cargo por dois períodos, de 2003 a 2011.

Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República neste domingo com 55% dos votos válidos. Ele venceu o petista Fernando Haddad, que alcançou quase 45% dos votos válidos. Com 62 anos, o capitão reformado é atualmente deputado federal e vai ser o primeiro militar eleito pelo voto popular desde 1945, quando o general Dutra foi eleito.

Em seu discurso após a vitória, Bolsonaro afirmou que vai respeitar a Constituição:

"Liberdade é um princípio fundamental, liberdade de ir e vir, liberdade de empreender e liberdade política e religiosa, liberdade de informar e ter opinião, liberdade de fazer escolha e ser respeitado, este é o país de todos nós, brasileiros natos ou de coração. Brasil de diversas cores e opiniões. Como defensor da liberdade, vou guiar um governo que proteja os direitos do cidadão que cumpre o seu dever e respeita as leis, elas são para todos, porque assim será nosso governo: constitucional e democrático."

Fernando Haddad também discursou após a divulgação da vitória de Bolsonaro. Ele destacou a importância do papel da oposição na defesa da democracia e da liberdade:

"Entendemos a democracia não apenas do ponto de vista formal, embora seja muito importante lembrar no Brasil de hoje. São os direitos civis, os direitos políticos, são os direitos trabalhistas, são os direitos sociais que estão em jogo. Temos uma tarefa enorme que é em nome da democracia defender o pensamento e as liberdades desses 45 milhões de brasileiros que nos acompanharam até aqui."

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, em entrevista coletiva na noite deste domingo, fez um contundente discurso em defesa da democracia e da Constituição:

"Desejo aos candidatos eleitos Jair Bolsonaro e general Mourão os votos que atuem com a responsabilidade necessária para o desempenho da grave e elevada missão de presidir a nação brasileira. O presidente tem como o primeiro ato o de jurar a Constituição. Devem eles presidente e vice-presidente eleitos fidelidade à Constituição."

Dias Toffoli pediu serenidade e união ao presidente eleito e respeito às oposições. Ele também defendeu o trabalho da Justiça Eleitoral e, ainda, a segurança e integridade das urnas eletrônicas.

Quem foi o primeiro Presidente a ser eleito no Brasil?

Observação: Foi o primeiro Presidente eleito pelo voto popular depois de 25 anos de regime de exceção. Seu curto período de Governo foi marcado por escândalos de corrupção o que levou a Câmara dos Deputados a autorizar a abertura do processo de Impeachment em 02.10.1992 e Collor foi afastado do poder.

Quais são os critérios para se candidatar a Presidente?

35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; • 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado; • 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito e Vice-Prefeito; • 18 anos para Vereador.

Qual foi o Presidente mais votado da história do Brasil?

Lista dos candidatos mais votados em eleições presidenciais brasileiras.

Quem tem mais poder que o Presidente?

79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.