É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?
Sistemas energ�ticos requisitados
na modalidade de t�nis de campo
Universidade do Sul de Santa Catarina, Palho�a - SC.
N�cleo de Estudos e Pesquisa em Ciencias da Sa�de e Esporte.
T�cnica de T�nis de Campo.
 
Maria Let�cia Pinto da Luz
[email protected]
(Brasil)
 


Resumo
     Sabe-se que a modalidade de t�nis de campo � extremamente complexa, que exige de todas as capacidades f�sicas, fundamentadas na efici�ncia dos sistemas energ�ticos. Para que um tenista possa obter um bom rendimento, � necess�rio que seja elaborado um programa de treinamento de acordo com as caracter�sticas e necessidades individuais e da modalidade. Assim, a presente revis�o bibliogr�fica, teve como objetivo descrever, caracterizar e analisar os sistemas energ�ticos do organismo requisitados na modalidade de t�nis de campo. A partir disto, tornou-se poss�vel concluir que a modalidade em quest�o � predominantemente aer�bia, onde as principais a��es desempenhadas pelo jogador s�o anaer�bias, tornando fundamental para o bom rendimento o sistema ATP-PC e o sistema aer�bio.
    Unitermos: T�nis de campo. Sistemas energ�ticos.

http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 119 - Abril de 2008

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Introdu��o

    Ao observar uma partida de t�nis, � poss�vel perceber que se trata de uma modalidade que requer uma atividade motora bastante complexa, tanto do ponto de vista motor quanto metab�lico, que exige notavelmente os sistemas energ�ticos. Sendo assim, para que o atleta adquira condi��es e esteja apto a desempenhar as a��es necess�rias para o rendimento em uma partida, � fundamental que seja preparado e submetido a um programa de treinamento bem planejado.

    De acordo com Hernandez e Olmos (1998), o conhecimento do funcionamento fisiol�gico das capacidades f�sicas condicionais e coordenativas e dos sistemas energ�ticos requisitados na modalidade em quest�o, � fundamental para a escolha dos conte�dos e controle das vari�veis existentes no treinamento. Naturalmente, esta afirma��o motiva o interesse em estudar e conhecer mais profundamente este assunto, aliado � escassez de pesquisas e literatura na �rea do t�nis de campo.

    Anselmi (2004) realizou uma an�lise das diferentes vias metab�licas implicadas e das capacidades f�sicas observadas em treinamentos e competi��es de t�nis. Este estudo tinha como objetivo atingir um maior conhecimento para que haja uma maior aproxima��o entre as necessidades reais do atleta com o que o preparador f�sico pode oferec�-lo. Com base nisto, acredita-se que pode-se realizar uma melhor sele��o e um maior desenvolvimento de jogadores jovens com efic�cia, proporcionar melhores adapta��es, aprofundar a individualiza��o do treinamento, afastar ou diminuir o risco de les�es e proteger a sa�de f�sica e psicol�gica dos atletas.

    Com o passar dos anos, o t�nis de campo tornou-se uma modalidade extremamente din�mica, que requer uma prepara��o elaborada para que o atleta consiga desenvolver sua t�cnica e t�tica proposta durante uma partida. Segundo Perez et al (2002), a tend�ncia atual do jogo � aumentar cada vez mais a velocidade, o que significa que o tempo de bola em m�dia, v� de um lado para outro da quadra mais rapidamente. Isto obriga os jogadores a se movimentarem com maior rapidez, golpearem com mais for�a e tomarem decis�es em menos tempo. Al�m disso, afirma tamb�m que esta m�dia de tempo vai aumentando � medida que o jogo se torna mais intenso.

    Para que o jogador consiga manter um alto n�vel de desempenho � necess�ria uma prepara��o, embasamento e aperfei�oamento das capacidades f�sicas condicionais e coordenativas. Capacidades estas essenciais para a execu��o das a��es durante o jogo. Para isto, � preciso que ocorra o fornecimento de energia necess�ria para a realiza��o destes movimentos. Assim, os sistemas energ�ticos e vias metab�licas utilizadas s�o fundamentais para que haja este abastecimento energ�tico.

    De acordo com Anselmi (2004), o t�nis de campo � uma modalidade que utiliza diferentes vias metab�licas, sendo requisitadas tanto os sistemas aer�bios como anaer�bios. Ochoa (2004), afirma que as capacidades f�sicas condicionais e coordenativas se apresentam como a base da inicia��o da maioria das modalidades esportivas individuais e em equipe, pois proporcionam o desenvolvimento de habilidades b�sicas para a execu��o de movimentos. A presente revis�o bibliogr�fica, tem o objetivo de abordar e caracterizar os sistemas de obten��o de energia do organismo requisitados na modalidade de t�nis de campo.


Referencial te�rico

1. Sistemas energ�ticos envolvidos na modalidade de t�nis de campo

1.1. Bioenerg�tica

    Antes de dar in�cio � revis�o sobre os sistemas energ�ticos existentes no organismo humano, � de extrema import�ncia salientar que muitas das informa��es aqui encontradas foram buscadas e elaboradas a partir das experi�ncias e estudos realizados no decorrer das disciplinas de Bioqu�mica Aplicada ao Esporte e Fisiologia Aplicada ao Esporte do Curso de Educa��o F�sica e Esporte da Universidade do Sul de Santa Catarina.

    Todo movimento ou atividade desempenhada diariamente requer uma quantidade de energia (capacidade de realizar trabalho) suficiente para que o corpo responda com sucesso. Entra a�, o estudo da Bioenerg�tica, que pode ser entendida como energia para a vida obtida atrav�s da ingest�o de alimentos que s�o metabolisados a partir de rea��es qu�micas anaer�bias (aus�ncia de O2) e aer�bias (presen�a de O2). Hernandez e Olmos (1998), afirmam que para que o trabalho muscular seja executado, � necess�rio que ocorra o fornecimento de energia suficiente para a realiza��o do objetivo.

    A Bioenerg�tica refere-se �s fontes energ�ticas para a atividade muscular. Estas fontes de energia prov�m dos nutrientes ingeridos atrav�s da alimenta��o. Assim, a energia necessita ser convertida em adenosina trifosfato (ATP), antes que possa ser aproveitada pelo organismo na a��o muscular. Com isto, Hernandez e Olmos (1998) afirmam que o objetivo b�sico das rea��es � promover a s�ntese de ATP, mol�cula que fornece energia para todos os processos existentes no organismo humano. Com base nisto, o corpo processa tr�s tipos de sistemas para produ��o de energia, que diferem de maneira consider�vel em complexidade, regula��o, capacidade, e tipos de exerc�cios predominantes. Cada um deles � utilizado de acordo com a intensidade e a dura��o do est�mulo. S�o classificados em: Sistema Fosfag�nio ou ATP-PC; Sistema Glicol�tico Aer�bio ou Anaer�bio; e Sistema Oxidativo (aer�bio). (FOX et al, 1991)

    De acordo com Groppel e Roetert (1992), o t�nis de campo � uma modalidade que exige em termos energ�ticos a utiliza��o mista de substratos. Os movimentos de explos�o e rapidez executados em uma partida s�o derivados da ress�ntese bioqu�mica de ATP-PC. Por�m, o tempo de dura��o do jogo pode levar aproximadamente de 30 minutos a 5-6 horas solicitando de maneira consider�vel o sistema aer�bio. Al�m disto, a freq��ncia card�aca m�dia que ser� abordada mais adiante indica o requerimento do sistema oxidativo. Fox et al (1991), afirma que a distribui��o energ�tica no t�nis � em propor��es: 70% ATP-PC; 20% anaer�bio al�tico; e 10% aer�bio.

    � importante ressaltar que posteriormente ser�o relatadas diferentes abordagens em rela��o � classifica��o e predomin�ncia de substratos na modalidade de t�nis de campo. A partir disto, autores caracterizam as a��es executadas em uma partida de t�nis de maneiras distintas, determinando quais os sistemas predominantes no esporte em quest�o.

    Ao analisar o que ocorre durante uma partida de t�nis, levando em considera��o o rendimento f�sico do tenista, a Associa��o dos Tenistas Profissionais - ATP publicou estat�sticas em 1988, em pesquisa realizada com os 150 primeiros classificados do ranking. Neste estudo, foi constatado que a dura��o m�dia de um ponto durante uma partida de t�nis � entre 6-10 segundos, onde a dist�ncia m�dia percorrida em cada ponto � de 8-12 metros. Assim, em um jogo de cinco sets, o jogador disputa em m�dia 310 pontos, percorrendo uma dist�ncia total de 4250 metros. Outro fato investigado foi a freq��ncia card�aca m�dia, onde foi visto que as mulheres mant�m a Fc m�dia em 153bpm, enquanto que os homens mant�m a Fc m�dia em 145bpm. Estes dados comprovam que a modalidade de t�nis de campo � predominantemente aer�bia, devido a Fc m�dia encontrada e o tempo de dura��o de uma partida. Por um outro lado, as a��es que o atleta desempenha ao longo do jogo requerem de maneira acentuada o sistema anaer�bio.

    Portanto, o t�nis deve ser considerado um esporte que pode ser classificado como aer�bio e anaer�bio. Assim, confirma-se que pode ser aer�bio em fun��o da dura��o da partida. Por outro lado, diz-se que � anaer�bio j� que a dura��o m�dia de um ponto se encontra entre 6-10 segundos. Assim, afirma que pode-se estabelecer como sistema fundamental no t�nis de campo o ATP-PC, pois o ATP � a �nica forma utiliz�vel de energia para contra��o muscular. (PEREZ et al, 2002)


    Sistema Fosfag�nio ou ATP-PC

    No organismo humano, a energia � encontrada em forma de adenosina trifosfato - ATP. O mesmo � composto quimicamente por uma adenosina ligada a tr�s fosfatos (adenosina----P----P----P), onde vale salientar que a energia encontra-se na liga��o. � ent�o formado por uma base nitrogenada (adenina), um monossacar�deo de cinco carbonos (pentose) e tr�s fosfatos.

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?

    Nas fases iniciais de qualquer exerc�cio, a produ��o de energia � anaer�bia, mesmo que a intensidade n�o seja extremamente elevada, pois os mecanismos de capta��o, transporte e utiliza��o de oxig�nio levam algum tempo para aumentar a efici�ncia. Assim, a fonte energ�tica imediata para as a��es � proveniente da quebra ou desintegra��o do composto exposto acima. Isto acontece pela a��o da enzima Atpase, fazendo com que a rea��o seja a seguinte:

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    � poss�vel perceber que na rea��o acima, o ATP catalisado pela enzima Atpase tornou-se um ADP, mais um fosfato inorg�nico, mais a energia liberada na quebra, suficiente para exerc�cios que duram de dois a tr�s segundos. � importante salientar que esta rea��o � revers�vel. Outra fonte de energia � a fosfocreatina - creatina ligada ao fosfato (PC), armazenada nas c�lulas musculares onde pela a��o da enzima creatinaquinase � transformada em creatina, mais o fosfato inorg�nico, mais a energia liberada na quebra. Esta �ltima � destinada � ress�ntese de ATP, visto que a adenosina trisfosfato possui uma rea��o revers�vel, o que torna poss�vel ser efetuado o caminho contr�rio.

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?

    Este sistema � conhecido como ATP-PC ou sistema fosfag�nio e � utilizado em exerc�cios que exigem muito mais o fornecimento r�pido de energia em por��o satisfat�ria, do que um abastecimento que produz grande quantidade de energia de forma lenta. O ATP e a PC s�o muito semelhantes pelo fato de que ambos, quando seus fosfatos s�o removidos, fornecem uma boa quantidade de energia rapidamente. Assim, estas duas rea��es citadas individualmente anteriormente, podem ser entendidas simultaneamente da seguinte forma:

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?

    A �nica maneira da PC ser sintetizada novamente a partir de Pi (fosfato inorg�nico) e C (creatina) � pela energia liberada na quebra do ATP. Isto ocorre durante a recupera��o ap�s o exerc�cio. Os n�veis de fosfocreatina nunca chegam a 0% no organismo, pois o m�ximo que se consegue utiliz�-la ou deplet�-la � 80% em atividades de alta intensidade. Assim, a recupera��o do substrato tem dura��o aproximada de tr�s a cinco minutos. Quando gasto parcialmente, demora-se em m�dia de 30 a 60 segundos para recuper�-lo.

    Vale ressaltar que o ATP armazenado no m�sculo � suficiente para contra��es de dois a tr�s segundos. Quando � degradado, o organismo utiliza a fosfocreatina que possui a energia que ressintetiza o composto adenosina trifosfato. Ent�o, pode-se considerar que este sistema gera energia para 8-10 segundos de exerc�cios em alta intensidade. Hernandez e Olmos (1998) afirmam que em fun��o de este sistema ocorrer sem a necessidade ou presen�a de oxig�nio, pode receber a denomina��o de via anaer�bia al�tica, onde o termo al�tico � citado pela decorr�ncia da n�o forma��o de �cido l�tico durante a evolu��o destas rea��es. Em fun��o disto, o fator limitante n�o � a fadiga causada pela dissocia��o do �cido l�tico em lactato, e sim as quantidades de fosfocreatina armazenadas na musculatura.

    Segundo Perez et al (2002), a concentra��o de ATP no organismo � bastante escassa, alcan�ando aproximadamente at� cinco segundos de contra��o muscular intensa. Uma das considera��es importantes do sistema ATP-PC � seu alto grau de localiza��o no qual � definido por seu combust�vel, a fosfocreatina, que se encontra reservada espec�fica e unicamente nas fibras musculares. Isto significa que o sistema apenas � estimulado com o trabalho particular de cada m�sculo e que na maioria das situa��es n�o provocar� mudan�as em outros m�sculos n�o envolvidos na contra��o. A fosfocreatina � constitu�da pela creatina (amino�cido) unida por uma liga��o de alta energia de 10Kcal � um f�sforo.

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    A creatina pode ser ingerida em pequenas quantidades atrav�s da ingest�o de carnes e peixes ou pode ser sintetizada endogenamente atrav�s de amino�cidos precursores a concentra��o de PCr no interior da fibra muscular � de tr�s a cinco vezes maior que a concentra��o de ATP. Perez et al (2002) afirma que no momento que come�a a ruptura do ATP para produ��o de energia mec�nica, a fosforila��o do substrato � produzida principalmente pela PCr, na qual a liga��o de alta energia � destru�da pela creatinaquinase, separando para um lado a creatina e para outro o f�sforo. Assim, a energia qu�mica contida na liga��o � liberada para produzir a uni�o do f�sforo da fosfocreatina ao ADP para que haja ent�o a ress�ntese de ATP.

    Com base nestas afirma��es, em exerc�cios de alta intensidade o sistema ATP-PC � o que mais r�pido produz a fosforila��o de ATP, pois a PCr � armazenada no citosol da c�lula, muito pr�xima aos s�tios ativos de utiliza��o de energia. Tamb�m pois a hidr�lise da PCr produzida pela creatinaquinase � rapidamente ativada pela acumula��o de ADP e n�o � necess�rio a ocorr�ncia de v�rias rea��es enzim�ticas antes que a energia seja transferida para a restitui��o do ATP. Vale ressaltar que por um outro lado, a diminui��o do Ph, causada pela acumula��o de �cido l�tico, pode ser um fator inibidor desta enzima. Pode-se observar no gr�fico apresentado abaixo, como variam as concentra��es de PCr e ATP durante a contra��o muscular intensa. � importante perceber que quando as concentra��es de PCr chegam a n�veis baixos, as concentra��es de ATP se mant�m muito altas, enquanto que quando os n�veis de PCr caem em torno de 10%, o ATP fica aproximadamente em 90%.

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?

    Um outro fator bastante relevante � que para que haja a ress�ntese de PCr, tamb�m � necess�ria a provis�o de energia fornecida pelo ATP, sustentada por outros sistemas energ�ticos, como o sistema anaer�bio l�tico e principalmente o aer�bio. Assim, o autor citado acima diz que corredores de resist�ncia podem apresentar um encurtamento do tempo de ress�ntese da PCr, que reflete em uma melhor capacidade oxidativa dos m�sculos. A partir disto, pode-se estabelecer uma rela��o entre a ress�ntese de PCr e o VO2. Assim, ressalta-se a import�ncia do treinamento aer�bio na modalidade de t�nis de campo.


    Sistema Aer�bio

    Para Perez et al (2002), o t�nis de campo � considerado um esporte ac�clico, onde pode-se afirmar que durante o desenvolvimento do jogo, o gesto motor realizado difere em cada ocasi�o em que � executado. Para ele, existe dentre os fundamentos realizados, um movimento que se enquadra dentro das caracter�sticas c�clicas, o saque. Segundo Anselmi (2004), a modalidade em quest�o utiliza e requer diferentes vias metab�licas, sendo fundamentalmente um esporte de importante base aer�bia com participa��o de vias anaer�bias, especialmente al�ticas. Assim, pode-se considerar que a intensidade e din�mica crescente dos jogos de t�nis de alto n�vel � que determina um maior ou menor compromisso l�tico. Isto se explica pois quando o n�vel de jogo e rendimento � alto, a din�mica de jogo e velocidade dos pontos � bastante grande, com muita intensidade e em fun��o disto, com menor dura��o. Como foi citado anteriormente, para que se produza a contra��o muscular � necess�rio um aporte cont�nuo de energia na fibra muscular e para sua recupera��o. Com isto, o autor afirma que durante uma partida de t�nis, o abastecimento energ�tico na fibra muscular � principalmente aer�bio, onde ao analisar a tabela abaixo, esta afirma��o pode ser confirmada a partir do controle da freq��ncia card�aca.

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?

    O sistema aer�bio � um complexo de v�rios componente distintos. Isto ocorre em fun��o da sua habilidade de utilizar como substratos carboidratos, gorduras e prote�nas e tamb�m porque existe a produ��o de CO2 e �gua como produto final. Assim, este sistema tem uma capacidade maior de produzir ATP. A complexidade e necessidade por constante suprimento de O2 � que podem ser considerados os fatores limitantes deste sistema para a produ��o de energia. Assim, vale salientar que para o tenista, � de fundamental import�ncia ter um bom n�vel de resist�ncia aer�bia, pois desta maneira adquire condi��es �timas para que haja a devida capta��o, transporte e utiliza��o do O2, permitindo uma excelente recupera��o entre pontos.

    As vias aer�bias envolvem a oxida��o completa dos substratos em di�xido de carbono (CO2) e �gua (H2O), produzindo energia em forma de ATP. Os principais combust�veis metab�licos s�o: o glicog�nio / glicose e os �cidos graxos. Estima-se que a contribui��o energ�tica das prote�nas durante o exerc�cio varia entre 5% e 15%, j� que exerce a fun��o principal de estrutura��o e repara��o dos tecidos. Assim, quando necess�rio este substrato poder� ser utilizado mediante ao processo de glicogen�lise, onde ocorre a degrada��o dos amino�cidos em glicose pelo f�gado. Poder� tamb�m ser aproveitado pela convers�o dos amino�cidos em acetil-coa, na qual poder� ser convertido em �cido graxo e participar do ciclo de krebs.

    As rea��es qu�micas que produzem ATP na presen�a de O2 s�o efetuadas a partir de tr�s vias metab�licas: a glic�lise, o ciclo de krebs e a cadeia respirat�ria. Assim, o metabolismo aer�bio pode produzir uma quantidade de energia suficiente para gerar 36-38 ATPs a partir de cada mol�cula de glicose, oxidada totalmente em CO2 e H2O. Tamb�m pode produzir 130 mol�culas de ATPs a partir de aproximadamente 256g de gordura.

    A limita��o deste sistema se d� pelo fato de que apenas pode ocorrer na presen�a de oxig�nio. Isto implica que esportes explosivos de curta dura��o com caracter�sticas anaer�bias n�o podem depender apenas deste sistema para produzir ATP. Este fato se explica, pois a forma��o de ATP � lenta, visto que para ser sintetizado � necess�rio ocorrer tr�s rea��es qu�micas (glic�lise, ciclo de cori, cadeia respirat�ria). O processo na realidade � mais lento, pois ocorre apenas quando o oxig�nio chega � fibra muscular, tendo que passar por v�rias estruturas anat�micas do organismo. Assim, neste espa�o de tempo, o organismo utiliza outras vias para obten��o de energia, onde primeiramente mobiliza as reservas musculares de ATP e logo, quando esta fonte se esgota, entra o sistema ATP-PC (fosfocreatina) ou anaer�bio al�tico. Se a necessidade energ�tica for cont�nua, exigindo uma alta demanda de energia, entra em funcionamento o sistema aer�bio l�tico.


    Glic�lise

    O sistema glicol�tico � utilizado em atividades de at� tr�s minutos, sendo um processo um pouco mais lento que o sistema fosfag�nio. No organismo, os carboidratos ingeridos podem ser encontrados na forma de a�ucares simples, entendidos como glicose. Esta pode ser utilizada imediatamente a partir da corrente sangu�nea ou pode ser armazenada no f�gado ou na fibra muscular em forma de glicog�nio.

    A glic�lise � composta por dez rea��es sucessivas, dividida em duas fases. A primeira � a fase preparat�ria e a segunda, a fase compensat�ria. Na fase inicial, s�o gastos um ou dois ATPs, onde esta varia��o pode ocorrer de acordo com o primeiro substrato utilizado no sistema. Pode ser iniciado a partir da glicose sangu�nea, que necessita entrar na fibra muscular e para isto gasta um (1) ATP para ser fosfatada. Esta rea��o importante � catalisada pela enzima fosfofrutoquinase. J� quando a glic�lise � iniciada a partir do glicog�nio muscular, n�o � necess�rio gastar um (1) ATP, pois a mol�cula j� encontra-se no interior da fibra muscular. Assim, ap�s v�rias rea��es ocorre a forma��o de piruvato, pela a��o da enzima piruvatoquinase. A partir da�, pode haver a produ��o de �cido l�tico e logo de lactato, ou este piruvato pode entrar na mitoc�ndria. Ent�o, considerando que na fase compensat�ria s�o sintetizados quatro ATPs, este sistema pode ser capaz de gerar dois a tr�s ATPs.

  • 1. Glic�lise Anaer�bia ou Sistema Anaer�bio L�tico
    Quando a demanda energ�tica � cont�nua e o sistema fosfag�nio � esgotado, d�-se in�cio a um processo qu�mico denominado glic�lise anaer�bia. Este processo qu�mico ocorre independentemente da presen�a de oxig�nio, proporcionando a energia necess�ria para s�ntese de ATP. Como a necessidade energ�tica � superior a quantidade que o sistema aer�bio pode fornecer, os carboidratos s�o degradados, produzindo res�duos na forma de �cido l�tico e etanol. Quando esta quantidade de �cido l�tico atinge n�veis altos no m�sculo e no sangue, produz a fadiga muscular, que muitas vezes impede que o atleta continue o exerc�cio. Como foi abordado anteriormente, na aus�ncia de oxig�nio, a partir do momento que ocorre a forma��o do piruvato, que pela a��o da desidrogenase l�tica � transformado em �cido l�tico, que � rapidamente dissociado em lactato. Nesta rea��o ocorre a libera��o de um H+ para dentro da c�lula, que � considerado o fator causador da fadiga.
    � importante salientar que para o tenista, este sistema tamb�m � fundamental, visto que muitas vezes, a dura��o do ponto pode ser semelhante ao tempo do processo em quest�o. Isto pode ser confirmado, pois a m�dia de tempo de pontos constatada pela Associa��o dos Tenistas Profissionais - ATP de 6-10 segundos foi elaborada a partir da an�lise de jogadores de alto n�vel, onde pode-se considerar que a din�mica de jogo � muito elevada. Sendo assim, a glic�lise anaer�bia pode ser muitas vezes requisitada durante uma partida de t�nis de campo.

  • 2. Glic�lise Aer�bia
    O processo aer�bio deste sistema ocorre apenas da presen�a de oxig�nio. Ap�s a forma��o do piruvato, este entra na mitoc�ndria pelos poros existentes na membrana externa. Assim, � transformado em acetil-coa pela a��o do complexo piruvato desidrogenase, e com isto, o acetil-coa � o primeiro substrato do ciclo de krebs. A partir dele, � poss�vel a forma��o de 12 ATPs. Logo, ocorre tamb�m a cadeia respirat�ria, dando origem a CO2 e H2O a partir dos H+ que entram na mitoc�ndria na presen�a de oxig�nio.


    Ciclo de Krebs

    De acordo com Lenningher (1980), o ciclo de krebs ou ciclo de cori � um processo que ocorre no interior da mitoc�ndria, que consiste em oito rea��es sucessivas. � um sistema enzim�tico circular, onde o primeiro substrato � o Acetil-Coa, proveniente do metabolismo de amino�cidos, de �cidos graxos e da glic�lise. H� cada volta no ciclo, ocorre a forma��o de tr�s NADH, um FADH2 e um GTP. Assim, vale salientar que fora do ciclo cada NADH d� origem a tr�s ATPs, cada FAHD2 d� origem a dois ATPs e cada GTP d� origem a um ATP. Sendo assim, este processo � capaz de gerar 12 ATPs por volta.


    Cadeia Respirat�ria

    Lenningher (1980), afirma que a cadeia de transporte de el�trons ou cadeia de transfer�ncia de el�trons ou cadeia respirat�ria ocorre na membrana interna da mitoc�ndria e consiste em uma s�rie de rea��es de �xi-redu��o, onde os el�trons s�o transferidos de uma mol�cula para outra. Neste processo, existe um agente redutor, que � a mol�cula que doa o el�tron e um agente oxidante, que � a mol�cula que aceita o el�tron. Com isto, estes el�trons podem ser transferidos na forma de �on hidreto, que possui 2e.

    Ap�s este transporte realizado pelas prote�nas carreadoras, tamb�m na mitoc�ndria ocorre a fosforila��o oxidativa. Assim, a respira��o � acoplada a partir de um intermedi�rio - ATP. Este processo capacita os organismos aer�bios a captar muito mais energia livre dos substratos.


    Oxida��o de �cidos graxos - beta-oxida��o

    Para Hernandez e Olmos (1998), uma forma de fornecimento de energia atrav�s de rea��es aer�bias � a oxida��o dos �cidos graxos, derivados de gordura estocados no organismo humano. Este processo � denominado beta-oxida��o e produz quantidades grandes de energia, por�m de forma mais demorada. De acordo com Anselmi (2004), a oxida��o dos substratos - glicose e �cido graxo - libera a energia utilizada para a ress�ntese de ATP. Como mostra o gr�fico abaixo, ap�s os primeiros momentos da partida, os lip�dios aportam a maior quantidade de energia requerida pelos m�sculos. � importante perceber que o ponto mais alto do gr�fico se d� no momento em que a intensidade do exerc�cio se encontra entre 65% e 85% da Fc m�xima. Isto indica uma intensidade moderada - alta, considerada a partir dos princ�pios da prescri��o do treinamento, uma freq��ncia card�aca alvo ou ideal para perda / queima de gordura e emagrecimento. Como foi citado anteriormente, a Fc m�dia atingida pelo tenista durante uma partida, fica em torno de 155bpm e 163 bpm, o que salienta de maneira consider�vel a utiliza��o da gordura como um importante substrato para o fornecimento energ�tico ao longo do jogo.

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?

    O treinamento aer�bio favorece a utiliza��o do �cido graxo e incrementa a capacidade de mobiliza��o das reservas de gordura dentro do m�sculo. Isto faz com que a energia esteja dispon�vel para ser utilizada em maiores quantidades e mais rapidamente, visto que o processo de metabolismo de �cido graxo � encurtado. Este fato pode ser explicado, pois a gordura � armazenada no organismo em forma de triglicer�deos ( tr�s mol�culas de �cido graxo ligadas a uma mol�cula de glicerol) no tecido adiposo e nos m�sculos. Para serem liberados e utilizados, � necess�rio haver a quebra desta liga��o. Esta rea��o � catalisada pela enzima lipase, que � estimulada pelas catecolaminas e horm�nio do crescimento. No tecido adiposo, ap�s ser efetuada a quebra desta liga��o, o glicerol dirige-se ao f�gado e ent�o � transformado em glicose. J� os tr�s �cidos graxos liberados v�o para o sangue atrav�s do aux�lio de transporte de albuminas (prote�nas carreadoras). Assim, seguem ao m�sculo e no interior da fibra, entram na mitoc�ndria. Ent�o � realizada a beta-oxida��o, que da origem a 35 ATPs e oito Acetil-Coa, primeiros substratos do Ciclo de Krebs, que da origem a mais 96 ATPs. Ap�s estes processos, ocorre a cadeia respirat�ria, dando origem a mol�culas de di�xido de carbono e �gua. Os triglicer�deos intramusculares, quando s�o degradados liberam o glicerol que da mesma maneira dirige-se ao f�gado para ser transformado em glicose. Os �cidos graxos, como j� se encontram no interior da c�lula muscular, s�o utilizados diretamente, fazendo com que o processo seja mais simples e r�pido. Ent�o, a partir do m�sculo o caminho � o mesmo - mitoc�ndria - beta-oxida��o (acetil-Coa) - ciclo de krebs - cadeia respirat�ria - produ��o de CO2 e H2O.

    Ao analisar as afirma��es expostas acima, pode-se constatar que a oxida��o dos �cidos graxos ou beta-oxida��o proporciona o aporte de altas quantidades de energia em tempo mais prolongado. Assim, quando o tenista � submetido a partidas que ocupam um longo per�odo, este sistema torna-se essencial para que haja o fornecimento de energia suficiente para contra��o dos m�sculos e recupera��o.

    Ap�s descrever estes sistemas, pode-se considerar que na modalidade de t�nis de campo, o tenista desempenha / executa a��es de extrema velocidade e acelera��o com mudan�as de dire��o. Estas a��es desenvolvidas em cada ponto, requerem de maneira acentuada o sistema fosfag�nio ou ATP-PC e o sistema glicol�tico anaer�bio. Estes processos proporcionam um fornecimento relativamente bom de energia e com alta velocidade. Em contrapartida, o jogador muitas vezes necessita estar em atividade em partidas que duram muitas horas, solicitando um aporte cont�nuo de energia ao longo do jogo. Isto faz com que seja requisitado o sistema aer�bio, que fornece uma quantidade grande de ATP, por�m de maneira bastante lenta.

    Assim, pode-se confirmar que os sistemas energ�ticos na modalidade de t�nis de campo n�o funcionam de forma isolada e sim, em uma constante intera��o. Isto � explicado, pois n�o h� participa��o de apenas um processo, n�o havendo 100% de predomin�ncia de um sistema energ�tico sobre os outros. A partir disto, ao longo da partida, de acordo com o momento, s�o solicitados sistemas e vias de aporte energ�tico mais adequados com a situa��o. Durante as a��es decorridas em cada ponto s�o solicitados principalmente o sistema fosfag�nio e a glic�lise anaer�bia, enquanto que ao longo do jogo, o sistema aer�bio � requisitado simultaneamente. Estes fatos fazem crer e salientar que o jogador de t�nis necessita ser submetido a um programa de treinamento individualizado e planejado, envolvendo o trabalho das capacidades f�sicas solicitadas de acordo com o sistema utilizado. Al�m disto, a alimenta��o torna-se important�ssima para que os substratos possam estar dispon�veis para serem metabolisados em quantidades satisfat�rias.

É considerado o primeiro sistema energético utilizado no exercício?


Conclus�es

    � importante salientar que o conhecimento do funcionamento fisiol�gico, das vias de obten��o de energia e das capacidades f�sicas condicionais e coordenativas torna-se um fator crucial e de extrema import�ncia para que seja poss�vel montar um programa de treinamento para o tenista. Isto se deve ao fato de que a modalidade requer diferentes vias energ�ticas que s�o determinadas de acordo com as a��es desempenhadas durante uma partida.

    Assim, observou-se que o t�nis de campo � uma modalidade predominantemente aer�bia em fun��o da dura��o e da freq��ncia card�aca m�dia obtida pelo tenista ao longo da partida. Por um outro lado, as a��es desempenhadas pelo jogador durante os pontos, s�o geralmente de alta intensidade e curta dura��o, envolvendo acentuadamente o sistema anaer�bio. Portanto, da mesma maneira que o esporte necessita um aporte cont�nuo de energia durante v�rias horas (4h-5h), requer um abastecimento r�pido de energia para que seja poss�vel executar cada ponto em alta intensidade. Ent�o pode-se afirmar que a modalidade de t�nis � predominantemente aer�bia, onde as principais a��es desempenhadas pelo jogador s�o anaer�bias. Assim, o sistema aer�bio garante uma boa capta��o, transporte e utiliza��o do oxig�nio, al�m de propiciar uma boa recupera��o durante os intervalos dos pontos, permitindo um abastecimento cont�nuo ao longo da partida; enquanto que o sistema anaer�bio (ATP-PC principalmente) age como fonte energ�tica imediata. Isto faz concluir que para que um tenista venha a obter bons resultados, em seu treinamento deve constar uma boa prepara��o aer�bia e anaer�bia.

    Em fun��o da possibilidade do tenista estar durante muitas horas em atividade durante uma partida e tamb�m das a��es que executa ao longo do jogo, a prepara��o e o treinamento das capacidades f�sicas condicionais tornam-se essenciais para atingir o bom rendimento. Portanto, a for�a, a velocidade, a resist�ncia e a flexibilidade s�o requeridas durante todos os momentos da partida. Sendo assim, est�o fortemente ligadas aos sistemas energ�ticos ou de obten��o de energia do organismo, pois de acordo com cada momento do jogo, s�o envolvidas determinadas capacidades que determinam a utiliza��o das vias energ�ticas.


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    Qual o primeiro sistema de produção de energia durante o exercício?

    d) O sistema ATP-CP (fosfagênio), provê energia para o inicio do exercício, em exercícios de alta intensidade e curta duração (0-10”) a) É o método mais simples e mais rápido para a formação de ATP.

    Quais são os dois primeiros sistemas energéticos?

    Os dois primeiros sistemas energéticos são denominados anaeróbios, sendo que neles a produção de energia, teoricamente, não é dependente da utilização de oxigênio (O2).

    Qual o primeiro substrato energético utilizado pelo músculo?

    Os carboidratos estocados na forma de glicogênio muscular e hepático e a glicose sanguínea são utilizados pelos músculos como fonte primária de combustível, ou seja, logo quando o indivíduo passa de um estágio de repouso e dá início ao exercício.

    Quais são as vias energéticas durante o exercício?

    São três processos comuns produtores de energia para a elaboração do ATP: 1) O sistema ATP-CP, ou fosfagênio; 2) A glicólise anaeróbia, ou sistema do ácido lático; 3) O sistema de oxigênio.