Em quais cidades italianas o Renascimento Cultural foi mais forte explique o motivo?

O Renascimento Cultural foi um movimento laico (não eclesial), racional e científico ocorrido na Europa entre os séculos XIV e XVI, que influenciou profundamente o mundo ocidental desde então. Mas em que consistia este movimento e por que foi tão importante?

A importância do Renascimento se deu principalmente pelo fato de ter sido apresentado como uma ruptura com o mundo medieval que estava agonizando na Europa, pautando suas características na cultura greco-romana da Antiguidade Clássica. Dessa forma, o Renascimento foi uma ruptura com a Idade Média, mas que dependeu do trabalho de muitos eruditos deste período para florescer, devido ao trabalho de preservação e reprodução das obras dos pensadores da Antiguidade.

Em contraste com a Idade Média, que produziu uma cultura profundamente religiosa, o Renascimento tinha como elemento central o Humanismo, que valorizava o ser humano, a criação privilegiada de Deus. Dessa forma, o Renascimento pregava o antropocentrismo, que consistia em entender o universo tendo o homem como seu centro, e não mais Deus, como pregado pelo teocentrismo medieval. Frente a esse entendimento do mundo, o homem deveria usar sua razão para conhecer a natureza e as demais coisas existentes. A razão seria ainda um dom de Deus, que aproximava o homem dele através da criatividade e da genialidade, assemelhando as capacidades de ambos, já que Deus criou o homem, o homem poderia criar uma infinidade de coisas.

O Renascimento se desenvolveu primeiramente em algumas cidades italianas, propagando-se posteriormente para o resto da Europa, esse movimento se desenvolveu em várias áreas do conhecimento. Na ciência, destacaram-se Nicolau Copérnico (1473-1543), Giordano Bruno (1548-1600) e Galileu Galilei (1564-1642) pelo desenvolvimento da teoria heliocêntrica, cuja ideia se baseava na centralidade do Sol no universo. Essa ideia era contrária a da igreja que acreditava desde a Antiguidade que a Terra era o centro do universo. Essa concepção ilustrou o renascimento científico, retirando a explicação do mundo e da natureza das mãos da igreja, buscando explicações através de experimentos e do uso da razão.

Na arquitetura, destacou-se Filippo Brunelleschi, que passou a utilizar o cálculo matemático como base de projetos de construção, retomando aspectos arquitetônicos greco-romanos. Na área da política e da organização do Estado, temos Nicolau Maquiavel (1469-1527), que escreveu O Príncipe, uma obra em que ele deu orientações de como um monarca deveria governar para manter um poder forte e centralizado. O termo maquiavélico surgiu do nome desse pensador, apesar de hoje se referir a um aspecto negativo.

Na Literatura, vários foram os escritores que se destacaram, como Dante Alighieri (1265-1321) com a obra A Divina Comédia, Erasmo de Roterdã (1466-1536) com o Elogio da Loucura, Rabelais com Gargantua e Pantagruel, William Shakespeare com muitas peças teatrais, dentre vários outros.

Mas a área da produção artística que mais enche os olhos dos observadores contemporâneos são as pinturas e as esculturas produzidas no período. Pode-se destacar Leonardo da Vinci, com uma grande variedade de atividades, sendo a principal obra a Monalisa. Tem-se ainda Sandro Botticelli, com a genial obra Nascimento de Vênus, em que mistura elementos pagãos e religiosos, nessa obra sua busca pela beleza alcançou o ponto máximo. Há ainda Michelangelo Buonarotti, que trabalhou como pintor e escultor, sobressaindo o teto que pintou na Capela Sistina, no Vaticano, e a escultura Pietá, em que Maria tem nos braços seu filho Jesus. Por fim, pode-se ainda falar de Piter Brueghel, que retratava temas do cotidiano da sociedade, incluindo festas populares e os homens do povo, como é possível ver na tela Dança dos Camponeses, de 1568.


Por Tales Pinto
​Graduado em História

História

Fatores econômicos do Renascimento Italiano

Vários fatores explicam ter sido a Itália o berço do Renascimento. Em primeiro lugar, as cidades italianas conheceram um extraordinário desenvolvimento comercial a partir do século XII, transformando-se nos principais centros da economia europeia. Foi justamente ali que se iniciou o pré-capitalismo e, com ele, a intensificação da vida urbana, que modificaria as bases da sociedade. A vida nas cidades estreitou os contatos entre as pessoas, favorecendo o intercâmbio de ideias, a difusão de conhecimentos e uma nova maneira de ver o mundo.

O Renascimento pode ser considerado como a manifestação cultural dessa nova composição social, na qual o enriquecimento tanto de governantes como de particulares possibilitou a prática do mecenato. Sob a proteção direta de ricos patrocinadores (os mecenas), a vida cultural tendeu a expressar os valores correspondentes aos interesses da classe que emergira com o novo sistema — ou seja, a burguesia. Em suma, o Renascimento é a expressão de uma nova mentalidade, gerada pelo pré-capitalismo.

Fatores sociais: os valores burgueses

O mecenato funcionava como fator de projeção social, de perpetuação da glória dos mecenas. Num período em que a hierarquia da sociedade ainda obedecia ao critério do nascimento, a burguesia precisava encontrar outra maneira de alcançar o prestígio que o sangue plebeu lhe negava. Assim, o patrocínio de atividades culturais significaria uma elevação do status social.

Fatores políticos: o poder dos príncipes e dos papas

Entretanto, não eram apenas os particulares que praticavam o mecenato. Também os príncipes italianos (governantes hereditários de cidades-Estado), e até mesmo os papas, serviram-se dele para legitimar ou ampliar seu poder.

Para se compreender esse aspecto, é preciso considerar a peculiaridade da vida política italiana.

A Itália não possuía unidade política. Nela, a existência de numerosos corpos políticos independentes havia criado uma concepção própria de governo, a qual contrastava com o crescente centralismo dos demais países europeus.

Essa fragmentação política, da qual as cidades-Estado eram a expressão típica, fora determinada pelas constantes lutas entre o Papado e o Sacro Império Romano-Germânico. Nenhum desses dois poderes universais, que ao se chocar enfraqueceram-se um ao outro, conseguiu impor-se eficazmente na Península Itálica. Disso resultou o fortalecimento dos poderes locais que, tirando proveito do confronto entre papas e imperadores, puderam conservar sua própria independência.

É dentro desse quadro que podemos compreender as sangrentas disputas entre guelfos e gibelinos. Estas duas denominações, que a princípio se aplicavam, respectivamente, aos italianos que apoiavam o Papado e aos partidários do Império, passaram depois a designar simplesmente as facções que lutavam pelo poder dentro das cidades da Itália.

A partir do século XIV, as lutas entre os partidos urbanos deram ensejo a usurpações e à ascensão de governantes tirânicos, preocupados apenas em se manter no poder. Durante o Renascimento, esses dirigentes lançaram mão do mecenato, rodeando-se de artistas e intelectuais, para fazer da produção cultural um instrumento legitimador de sua autoridade.
Nesse contexto, o papel dos intelectuais adquiriu relevo político. Eles se encarregaram de dar, ao novo tipo de Estado assim constituído, sua justificação teórica. Com Maquiavel, nasceu a ideia da razão de Estado, cuja teoria correspondia aos desejos dos tiranos locais, posto que proporcionava cobertura ideológica a suas ações políticas.

Fatores culturais: o resgate da cultura clássica

Além da estreita conexão entre fatores econômicos, sociais e políticos que explica o Renascimento, é preciso destacar a presença da Antiguidade Greco-Romana em solo italiano. Os modelos de que os renascentistas necessitavam estavam ali, ao alcance do artista e do intelectual; e não eram apenas os monumentos, as construções e a produção escultórica, mas também as obras literárias da Antiguidade.

Devemos ainda citar a influência que a civilização bizantina exerceu no início do Renascimento Italiano. Na qualidade de depositários da tradição greco-romana, os bizantinos vinham transmitindo parte desse legado aos italianos, graças aos intensos contatos comerciais entre os dois povos. A contribuição bizantina para o Renascimento Italiano ganhou maior força quando os turcos otomanos tomaram Constantinopla (1453), o que obrigou numerosos intelectuais da cidade a se refugiar na Itália.

Expansão do Renascimento

A Renascença manifestou-se primeiro nas cidades italianas, de onde se difundiu para todos os países da Europa Ocidental. Mas em nenhum deles o movimento apresentou tanta expressão quanto na Itália. Sem embargo, é importante conhecer as manifestações renascentistas da Alemanha, França, Países Baixos, Inglaterra e, menos intensamente, da Espanha e de Portugal.

Etapas do Renascimento Italiano

Já no século XIV Dante, Boccaccio e Petrarca escreveram obras com certas características renascentistas, embora ainda impregnadas de conceitos medievais. Por essa razão, os três são classificados como pré-renascentistas.

O período áureo da Renascença, na Itália, concentrou-se entre 1450 e 1550. Nos demais países da Europa, seu apogeu ocorreu na metade do século XVI.

Veja também:

  • Renascimento Comercial e o surgimento da burguesia
  • Renascimento Urbano
  • Renascimento Científico
  • Características do Renascimento

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Quais são as três cidade mais desenvolvida da Itália onde surgirá inicialmente o Renascimento?

A maioria dos estudiosos considera como o berço do Renascimento Cultural a Itália que, durante os séculos XIV e XV, passou a acumular grandes riquezas provenientes do comércio em algumas cidades como Gênova, Veneza e Florença.

Quais as cidades italianas que se deu início é o ápice do Renascimento?

Toscana, entre as cidades de Siena e Florença, foi onde o Renascimento se originou, proliferando-se mais tarde por toda a Europa.

Quais foram as cidades italianas mais importantes durante o Renascimento Cultural?

O Renascimento Cultural foi um movimento que se iniciou na Península Itálica no século XIV e se estendeu por toda a Europa até o século XVI. Esta fase coincide com a prosperidade das cidades da Península Itálica, especialmente Florença, onde a riqueza permitiu investimentos na produção de obras de arte.