Por que a Mata Atlântica é a vegetação mais devastada?

O Brasil enfrenta uma grave crise hídrica que tem afetado a geração de energia elétrica. Uma das explicações para o fenômeno climático é a degradação ambiental.

Nesta quarta-feira (15/9), o MapBiomas, iniciativa do Observatório do Clima que monitora a devastação da vegetação, divulgou um dado alarmante: a cobertura florestal caiu para 25,8% na Mata Atlântica em 2020. Para se ter dimensão da queda de cobertura florestal, em 1985, o índice atingia 27,5%.

O bioma está em importantes bacias hidrográficas do país. São nessas áreas onde vivem mais de 70% dos brasileiros.

Segundo o estudo, 25% do bioma é ocupado por pastagens; 16,5% por mosaicos de agricultura e pastagem; 15% por agricultura; e 10,5% por formações naturais.

Nos últimos 36 anos, aponta o levantamento, 12 estados perderam vegetação nativa (veja o ranking na lista abaixo).

Os estados de São Paulo, Sergipe e Mato Grosso do Sul têm apenas 26% de cobertura vegetal da Mata Atlântica – entre florestas primárias e secundárias. Alagoas tem somente 16% e Goiás, 15%.

A década de maior recuperação de áreas florestais ocorreu entre 2000 e 2010, quando a Mata Atlântica ganhou 5.754 km², informa o MapBiomas. Por duas décadas, desde 2000, o estado de São Paulo manteve o crescimento da área de florestas.

Veja os estados que mais perderam cobertura de Mata Atlântica:

  • Bahia – 9.642 km²
  • Rio Grande do Sul – 6.899 km²
  • Santa Catarina – 6.359 km²
  • Paraná – 3.744 km²
“Estabilidade enganosa”

O MapBiomas explica que a cobertura florestal se manteve estável nos últimos 30 anos, após um longo período de desmatamento. Mas essa estabilidade é considerada “enganosa” pelo pesquisadores.

Para os especialistas, ela está relacionada a uma situação de perdas de florestas mais maduras e regeneração de vegetações mais jovens. Essas perdas podem ser observadas, por exemplo, em florestas de araucárias no Paraná.

“A aparente estabilidade da cobertura florestal da Mata Atlântica é enganosa porque existe uma diferença de qualidade entre uma mata madura, rica em biodiversidade e com carbono estocado, de uma área em recuperação”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, em comunicado divulgado pela entidade.

Considerada um dos biomas mais ameaçados do planeta, a Mata Atlântica é o domínio de natureza mais devastado do Brasil. Ela estende-se do Piauí ao Rio Grande do Sul e correspondia a, aproximadamente, 15% do território nacional, no entanto, a intensa devastação desse bioma para plantação de cana-de-açúcar, café, mineração e outras atividades econômicas reduziu drasticamente essa cobertura vegetal, restando, atualmente, apenas 7% da mata original, localizada principalmente na Serra do Mar.

A Mata Atlântica é composta por um conjunto de fisionomias e formações florestais, com estruturas e interações ecológicas distintas em cada região, ela está na faixa de transição com os mais importantes biomas do Brasil: caatinga, cerrado, mangues, campestres e planaltos de araucárias.

Seu clima predominante é o tropical úmido, no entanto, existem outros microclimas ao longo da mata. Apresenta temperaturas médias elevadas durante o ano todo e a média de umidade relativa do ar também é elevada. As precipitações pluviométricas são regulares e bem distribuídas nesse bioma. Quanto ao relevo, é caracterizado por planaltos e serras.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A importância hidrográfica da Mata Atlântica é grande, pois essa região abriga sete das nove maiores bacias hidrográficas do país, entre elas estão: Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco.

Esse bioma é um dos mais ricos do mundo em espécies da flora e da fauna. Sua vegetação é bem diversificada e é representada pela peroba, ipê, quaresmeira, cedro, jambo, jatobá, imbaúba, jequitibá-rosa, jacarandá, pau-brasil, entre outras. Esses dois últimos (jacarandá e pau-brasil) são o principal alvo da atividade madeireira, fato que ocasionou sua redução e quase extinção.

Por que a Mata Atlântica é a vegetação mais devastada?
Mico-leão

A fauna possui várias espécies distintas, sendo várias delas endêmicas, ou seja, são encontradas apenas na Mata Atlântica. Entre os animais desse bioma estão: tamanduá, tatu-canastra, onça-pintada, lontra, mico-leão, macaco-muriqui, anta, veado, quati, cutia, bicho-preguiça, gambá, mono-carvoeiro, araponga, jacutinga, jacu, macuco, entre tantos outros.

Existe uma grande necessidade de políticas públicas para a preservação da Mata Atlântica, visto que da área original desse bioma (1,3 milhão de km²) só restam 52.000 km². Outro fator é a quantidade de espécies ameaçadas de extinção: das 200 espécies vegetais brasileiras ameaçadas, 117 são desse bioma. Conforme dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Mata Atlântica abriga 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil.


Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia

Por que a Mata Atlântica é uma das vegetações mais devastadas do Brasil aponte uma consequência desse fato?

No último ano, de acordo com dados do MapBiomas, cerca de 10 mil hectares da Mata Atlântica foram derrubados. Entre as principais causas dos desmatamento nesse bioma, estão a extração de recursos naturais, a utilização de madeira para produção de carvão vegetal e celulose, e, ainda, o avanço da urbanização.

Porque a Mata Atlântica foi muito desmatada?

Nesses locais, a derrubada se deve principalmente ao aumento de áreas de cultivo. "Ainda temos desmatamento porque há uma grande pressão da expansão da agricultura e das cidades, causada pela especulação imobiliária em volta das grandes cidades e do litoral", detalha Pinto, lamentando a alta registrada em dez estados.