Ricardo Torrico Erro – Ter passado décadas empregando o clorofluorcarbono em geladeiras, aparelhos de ar-condicionado e aerossóis. Quem – Indústria de equipamentos de refrigeração. Quando – A partir da década de 1930. Consequências – Os cientistas foram descobrir meio século depois que a substância não só destruía a camada de ozônio como já tinha feito um rombo gigantesco nela. Por mais de 5 décadas, o clorofluorcarbono
(CFC) representou uma ameaça silenciosa à vida na Terra. O gás foi sintetizado em 1928, nos EUA, e fez um tremendo sucesso na indústria porque era versátil, barato e fácil de estocar. Passou a ser largamente empregado como gás refrigerante em geladeiras, aparelhos de ar-condicionado e propelentes de aerossol. E assim foi até a década de 1970, quando suspeitou-se que, ao escapar para a atmosfera, ele estava abrindo um rombo enorme na camada de ozônio. O debate científico durou mais de 10 anos a partir de 1974, quando a tese foi proposta pela primeira vez, até que o geofísico inglês Joe Farman finalmente comprovasse o fenômeno numa expedição à Antártida – o continente gelado era o que mais estava sofrendo com o fenômeno em meados dos anos 80. O buraco estava lá, tinha quase 30 milhões de quilômetros quadrados e não parava de aumentar. O jeito foi banir o CFC, decisão ratificada em 1987 numa convenção internacional em Viena pela proteção da camada de ozônio. Hoje, o protocolo de banimento do gás tem 191 países signatários. E o esforço tem dado certo: na última década, a velocidade da destruição diminuiu – embora os cientistas calculem que ainda serão necessários 50 anos para que a camada se recupere satisfatoriamente. Males do Sol sem filtro O problema do CFC é que, além de ser 15 mil vezes mais nocivo ao ozônio que o dióxido de carbono (CO2), ele permanece muitos anos na atmosfera. Já o problema da destruição da camada é que, com um buraco aberto nela, a humanidade fica exposta aos males do Sol sem filtro: câncer e mais uma variedade de doenças. A agricultura, os recifes de coral, as populações de plâncton… Tudo isso também sofre – e morre – por causa da maior incidência de raios ultravioleta. Ela altera ambientes, provoca distúrbios ecológicos, fustiga a resistência das espécies e ainda favorece o aquecimento global. Quase 6 por meia dúzia Continua após a publicidade O substituto para CFC encontrado até aqui não é lá grande coisa. Batizado hidroclorofluorcarbono (HCFC), ele é bem menos nocivo à camada de ozônio, mas também provoca algum estrago. O mais promissor candidato a ocupar seu lugar num futuro próximo é o hidrofluorcarbono (HFC), que não tem cloro em sua composição e, portanto, não ameaça nosso escudo natural. No Brasil a ideia é banir o HCFC até 2040 (leia mais no quadro à esquerda). Rumo ao banimento • A produção do gás foi proibida por aqui em 1999, e sua importação, em 2007. Àquela altura, o País já consumia pouco, apenas 318 toneladas de CFC. No início dos anos 90, eram 11 000. Para o bem e para o mal • O DDT demora de 4 a 30 anos para se dissipar depois de contaminar a água ou o solo. • A substância é classificada como “moderadamente” perigosa pela Organização Mundial de Saúde (OMS). • Com sua proibição, milhões de pessoas podem ter morrido de malária, principalmente na África. Ruim para mosquitos, pior para humanos Outro inimigo do meio ambiente que foi celebrado pela indústria e pela ciência foi o diclorodifeniltricloroetano, ou DDT. Ao longo de décadas, o pesticida foi maciçamente usado por autoridades de saúde no combate aos mosquitos da dengue e da malária. Como a eficiência era sua maior qualidade, não deu outra: países como Itália e Espanha erradicaram a malária. E o Brasil alcançou a erradicação da dengue, anunciada com pompa em 1950 pelo então presidente, Eurico Gaspar Dutra. O produto conquistou o mercado doméstico, tornando-se tão popular que acabou dando origem ao verbo “dedetizar”. Em 1962, no entanto, acendeu-se uma luz vermelha. Estudos indicavam que o DDT podia contaminar seriamente o ambiente, pondo em risco a saúde da flora e da fauna desses locais. E pior: seu efeito acumulativo no organismo humano podia levar a doenças graves, entre elas o câncer. Quem deu o alerta foi a bióloga americana Rachel Sprind no livro Primavera Silenciosa (Ed. Gaia). Mas aí já era tarde – um número incalculável de vítimas já estava contaminado ao redor do mundo. Continua após a publicidade
Ricardo Torrico Erro – Ter passado décadas empregando o clorofluorcarbono em geladeiras, aparelhos de ar-condicionado e aerossóis. Quem – Indústria de equipamentos de refrigeração. Quando – A partir da década de 1930. Consequências – Os cientistas foram descobrir meio século depois que a substância não só destruía a camada de ozônio como já tinha feito […] Transforme sua curiosidade em conhecimento. Assine a Super e continue lendoQual o principal motivo da exclusão do uso do CFC?O CFC foi criado em 1928, sendo composto por carbono, flúor e cloro. A principal razão que leva este produto a ser substituído é a forma como ele afeta negativamente a camada de ozônio — que tem o papel de amenizar os efeitos nocivos dos raios solares.
Porque CFC foi substituído?A maior razão para se substituir o produto é o modo como este composto aerossol prejudica a camada de ozônio, estrutura gasosa cuja função é reduzir as consequências nocivas dos raios solares na Terra. Contudo, esses perigos só foram identificados meio século depois de sintetização do CFC para fins comerciais.
Quando os CFCs foram proibidos?O Protocolo de Montreal, assinado em 1987, determinou o fim do uso da substância, mas com prazo até 1996 para os países desenvolvidos e somente em 2010 para os em desenvolvimento. O Brasil proibiu a importação do CFC em 2007.
Por que os CFCs causam a destruição da camada de ozônio?A quebra dos gases CFCs é danosa ao processo natural de formação do ozônio. Quando um desses gases (CFCl3) se fragmenta, um átomo de cloro é liberado e reage com o ozônio. O resultado é a formação de uma molécula de oxigênio e de uma molécula de monóxido de cloro.
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