Quais os riscos que encontramos nos serviços de saúde?

HEALTHCARE PROFESSIONALS: MAIN RISKS AND RISK FACTORS, OCCUPATIONAL DISEASES AND RECOMMENDED PROTECTIVE MEASURES

TIPO DE ARTIGO: Revisão Bibliográfica Integrativa

AUTORES: Santos M(1), Almeida A(2).

RESUMO

Introdução/ enquadramento/ objetivos

Os profissionais de saúde executam inúmeras tarefas sujeitas a fatores de risco/ riscos muito variados; contudo, se alguns são facilmente percetíveis para a maioria, outros são ignorados. Pretende-se com esta revisão bibliográfica sumarizar o que de mais recente e pertinente se escreveu sobre o tema.

Metodologia

Foi realizada uma pesquisa em março de 2016 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina, Academic Search Complete e RCAAP”.

Conteúdo

A nível de riscos químicos, destacam-se os citostáticos, ou seja, medicamentos capazes de alterar as células, usados nos tratamentos oncológicos, no sentido de serem destruídas as células cancerígenas; contudo, a afinidade pelo alvo e/ou a forma de administração não garantem uma precisão absoluta, pelo que também são destruídas células normais. A maioria dos fármacos usados em Oncologia está por isso, curiosamente, classificada como carcinogénica.

Para além disso, a generalidade dos profissionais de saúde está sujeita a patamares razoáveis de stress laboral, bullying, burnout e violência; condições estas com implicações na saúde física e emocional dos funcionários, bem como no absentismo, satisfação e produtividade. A nível organizacional destacam-se também as alterações cronobiológicas secundárias aos horários prolongados, trabalho por turnos rotativos e/ou noturnos, envelhecimento dos funcionários e alterações nutricionais/ endocrinológicas inerentes.

No contexto dos riscos biológicos destacam-se as hepatites B e C, bem como o HIV e, com particular importância nacional, a tuberculose.

Na dimensão ergonómica realçam-se as lesões músculo-esqueléticas.

Por fim, a nível de riscos físicos, são mencionadas as radiações ionizantes e as mais banalizadas (segundo alguns autores, incorretamente) radiações não- ionizantes.

Conclusões

A revisão identificou não só que a generalidade dos trabalhadores deste setor não se apercebe da importância ou intensidade de alguns riscos, pelo que, por vezes, menospreza algumas medidas de proteção coletiva e/ou individual; como também a realidade portuguesa não está suficientemente retratada, pelo que seria pertinente motivar os profissionais da saúde ocupacional que trabalhem no ramo (ou venham a trabalhar) para investigar aspetos relevantes do tema, divulgando as conclusões obtidas através da publicação de artigos.

Palavras-chave: pessoal de saúde, saúde do trabalhador e medicina do trabalho.

ABSTRACT

Introduction

Health professionals perform numerous tasks subject to varied risk factors/ risks; however, if some are easily noticeable, others are ignored. The aim of this literature review is to summarize the most recent and relevant knowledge.

Methodology

In March 2016 a survey  was performed in the databases: “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina, Academic Search Complete and RCAAP”.

Content

At chemical risk level, the cytostatics stands out, since these drugs, used in oncological treatment, are capable of disrupting the cells; however the affinity for the target and/ or mode of administration cannot guarantee complete accuracy, so that normal cells are also destroyed. Most drugs used in oncology are therefore classified as carcinogenic.

In addition, the majority of these professionals are subject to reasonable levels of work stress, bullying, burnout and violence; these conditions have implications for physical and emotional health of employees as well as absenteeism, satisfaction and productivity. At organizational level there are also chronobiological changes to long hours working, shift rotating/ nocturnal work, aging workers and inherent nutritional/ endocrine disorders.

In the context of the biological risks it stands out hepatitis B and C, HIV and (particularly with national importance) tuberculosis.

At ergonomic dimension there are muscle-skeletal injuries.

Finally, it is mentioned ionizing radiation and more trivialized (according to some authors, incorrectly) non-ionizing radiation.

Conclusions

The review identified not only that the majority of workers in this sector are unaware of the importance or intensity of some risks, as sometimes neglect some  collective and/ or individual safeguards; Furthermore, as well as the situation in Portugal is not sufficiently depicted, it would be relevant to motivate occupational health professionals working in the field (or that will work) to investigate relevant aspects of the issue and disseminate the results through the publication of articles.

Key-words: health personnel, occupational health and occupational medicine.

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

Os profissionais de saúde (PS) executam inúmeras tarefas sujeitas a fatores de risco/ riscos muito variados; contudo, se alguns são facilmente percetíveis para a maioria, outros são ignorados. Pretende-se com esta revisão bibliográfica resumir o que me mais relevante e recente se publicou sobre o tema.

METODOLOGIA

Pergunta protocolar: Quais os principais riscos e fatores de risco existentes para os PS, eventuais doenças profissionais associadas e medidas de proteção recomendadas?

Em função da metodologia PICo, foram considerados:

P (population): profissionais de saúde

I (interest): adquirir mais conhecimentos sobre os principais riscos e fatores de risco existentes para os PS, eventuais doenças profissionais associadas e medidas de proteção recomendadas, segundo os dados mais recentemente publicados

C (context): saúde ocupacional nas instituições prestadoras de cuidados de saúde

Foi realizada uma revisão bibliográfica em março de 2016 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e Academic Search Complete”. Utilizando a conjugação de palavras/ expressões-chave “nurse” e “physician” com “occupational health” foram obtidos 839 e 483 artigos; em função da língua original (portuguesa, inglesa ou espanhola) e da pertinência para o objetivo desta revisão, foram selecionados 205 e 103 após a leitura do resumo e, após a consulta do trabalho na íntegra, manteve-se o interesse em 60 e 25 documentos, respetivamente.

Contudo, como praticamente não se encontram estudos relativos à realidade portuguesa nestas bases de dados indexadas, os autores procuraram trabalhos inseridos no RCAAP (Repositório Científico de Acesso Aberto em Portugal). Aqui, utilizando as palavras-chave “médicos” e “enfermeiros” conjugadas com “saúde ocupacional”, foram obtidos 7 e 13 documentos; após a leitura do resumo dos mesmos foram selecionados 3 e 4 trabalhos, com a leitura do resumo; após a consulta na íntegra manteve-se o interesse em 3 e 3 artigos, respetivamente. Nesta sub-pesquisa apenas foram considerados artigos nacionais e foram eliminados os trabalhos repetidos.

O resumo da metodologia aplicada nesta revisão pode ser consultado nos fluxogramas de 1ª e 2ª fases. Habitualmente os autores inserem um quadro que resume e classifica metodologicamente cada artigo utilizado na revisão; contudo, como no presente artigo tal se reporta a 91 documentos, os autores optaram por, excecionalmente, não o fazer, dado tal inserção tornar esta revisão extremamente longa e morosa.

CONTEÚDO

Os PSs estão expostos a fatores de risco de naturezas diferentes; neste artigo dar-se-á particular destaque aos agentes químicos, físicos, biológicos, ergonómicos e psicossocio/ organizacionais.

AGENTES QUÍMICOS

-Citostáticos

São medicamentos usados nos tratamentos oncológicos, no sentido de serem destruídas as células cancerígenas; contudo, a afinidade pelo alvo e/ou a forma de administração não garantem uma precisão absoluta, pelo que também são alteradas/ destruídas células normais. A maioria dos fármacos usados em Oncologia está por isso, curiosamente, classificada como carcinogénica1-3.

A indústria farmacêutica tenta apresentar a substância no estado/ forma que exija menos manipulação e, por isso, apresente menor risco para os PS (por exemplo, no estado líquido e em embalagens de plástico, em vez de no estado sólido e em recipientes de vidro)4,5; até porque as doses destes fármacos são meticulosamente adaptadas às caraterísticas de cada paciente, por vezes, até variando de dia para dia4.

O uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) pode ficar comprometido não só pela recusa do próprio profissional (por ignorância, incúria), como pela sua inexistência (sobretudo em instituições/ países com menos recursos económicos)- até porque alguns destes exemplares (como fatos completos com sistema de apoio respiratório incluído) são (teoricamente) dispendiosos4. A não perceção da gravidade do risco, o vazio semiológico (conjunto de sinais e sintomas) no momento do contato e o diagnóstico das consequências apenas muitos anos depois, podem também contribuir para a não adesão ao uso dos EPI4,6.  Apesar dos profissionais estarem razoavelmente bem informados, o uso de EPIs é baixo em alguns serviços. O decisão final de usar ou não resulta do balanço entre variáveis como anos de experiência, noção de perigo e risco, autoeficácia, barreiras para o uso, conflitos de interesses e influência da instituição e/ ou colegas7. Sem o uso dos EPI, o contacto pode ocorrer através da pele, mucosas e córnea ou por inalação3,4,5; a via oral é menos frequente4,5. Até os aerossóis produzidos pelo pó das luvas que contatem com citostáticos apresentam risco de contaminação5.

A preparação do produto deve ocorrer sempre numa câmara de fluxo laminar ou então, alternativamente, devem ser usados os fatos com proteção respiratória5,7 ou viseira7. Por vezes, a preparação final ou, pelo menos, a administração é realizada na enfermaria, onde também passam a existir outros pacientes expostos8, outros PS ou até visitas, se for permitida a sua presença nestes momentos. Ainda assim, na fase de preparação o risco é maior porque as substâncias estão numa concentração superior e o contacto é mais direto. O transporte dos citostáticos deve ser muito criterioso e devidamente identificado5.

As luvas devem ser adequadas a estas substâncias, grossas, compridas e sem pó interior; nas atividades de maior risco aconselha-se inclusive o uso de dois pares5-7, sendo que o par interno deverá ficar por debaixo do manguito e o externo por cima; elas deverão ser trocadas se ocorrer qualquer derrame ou, pelo menos, de trinta em trinta minutos; lavar as mãos antes e depois da colocação das luvas é necessário e, obviamente, devem-se procurar defeitos físicos no momento da colocação. Os manguitos devem ser constituídos por material adequado, compridos e ter elástico nas pontas; não está aconselhada e reutilização deste material e antes da colocação também devem ser procurados defeitos físicos. Se forem de pano a contaminação pode ser superior, pela maior absorção. São geralmente ainda necessários óculos de proteção5,6. Outros autores recomendaram o uso de viseiras de proteção facial, em vez dos óculos, dado estas terem uma área de cobertura mais alargada5, bem como proteção respiratória específica6.

Todos os EPI e outros objetos contaminados deverão ser metidos em recipientes adequados e rapidamente fechados. É também fundamental que todos lavem muito bem as mãos antes e depois de manusearem citostáticos, bem como antes de comerem, beberem ou fumarem5.

Existem várias classes de profissionais que contactam com os citostáticos, mas considera-se que o risco é superior nos farmacêuticos hospitalares e, sobretudo, nos enfermeiros1,3,4,6,9; há um estudo japonês que justifica tal pelo facto de os primeiros cumprirem as guidelines com maior rigor6,8,10. Elas minimizam o risco 1,4,5,10 mas nem todos os profissionais as aceitam como válidas.

As trabalhadoras grávidas, a amamentar ou simplesmente a tentar engravidar não devem realizar qualquer tarefa associada a citostáticos5, dado o risco de teratogenicidade e/ ou aborto5,9. Estas funcionárias deverão pedir uma consulta com a Medicina do Trabalho (que será classificada de ocasional, a pedido do trabalhador); informando o médico da sua condição, este emitirá uma nova ficha de aptidão na qual a chefia passa a conhecer esse condicionamento da trabalhadora, sem quaisquer outras informações, de forma a respeitar o sigilo médico.

Por vezes, alguns trabalhadores referem semiologia a curto prazo, como cefaleia, náusea, vómito6, reações alérgicas cutâneas e broncoespasmo (dificuldade respiratória), sobretudo em locais com ventilação desadequada e até alterações oftalmológicas5. A longo prazo alguns acreditam que pode ocorrer aumento da prevalência de alterações reprodutivas e de algumas patologias oncológicas6.

A monitorização biológica dos trabalhadores envolvidos não é consensual entre investigadores, devido à controvérsia na escolha dos marcadores, cut-offs e respetiva interpretação10.

Os produtos excretados pelos pacientes (como urina, fezes e suor)1,5 podem contribuir para o risco10, sobretudo nas primeiras 48 horas, apesar de os princípios ativos estarem obviamente mais diluídos; em iguais circunstâncias encontram-se as casas de banho utilizadas pelos pacientes e até móveis, camas e lençóis que tenham estado em contacto com estes. A lavagem da roupa deve ser feita em separado e quer estes profissionais, quer os auxiliares de enfermagem, devem usar os EPI adequados durante o seu manuseamento5.

-Outros agentes químicos

Alguns PS (sobretudo os que trabalham em laboratório) podem contatar com ácidos, aldeídos e outros agentes químicos nocivos3,11, como o peróxido de hidrogénio (água oxigenada), por exemplo.

Existem também artigos onde se descrevem os efeitos secundários à exposição aos produtos anestésicos3 nos blocos operatórios, quer pelos sistemas de administração dos fármacos, quer indiretamente, pela expiração do paciente, por exemplo; daí que, entre outras medidas, uma boa ventilação seja capaz de diminuir o risco12. O anestésico halogenado mais usado é o sevoflurano; o seu principal metabolito é excretado via urinária, devendo a colheita da mesmo ocorrer no final do dia de trabalho3.

Os dentistas e respetivos técnicos e assistentes contatam com alguma frequência com produtos como prata, cobre, estanho e mercúrio (sendo este último claramente nefro e neurotóxico, atingindo também o sistema reprodutor), sobretudo entre 1945 e a década de 80. Alguns estudos concluíram que nestes profissionais eram mais prevalentes as alterações de memória e concentração, fadiga e perturbações do sono (com particular destaque para as primeiras). Também neste setor se destacam os anestésicos como, por exemplo, o óxido nitroso13.

Em qualquer subsetor não devem ser esquecidos os agentes desinfetantes e esterilizantes3.

Nos serviços de anatomia patológica é frequente a exposição a formaldeído e xilenos; o primeiro é carcinogénico e um dos seus metabolitos é excretado via urinária mas, como este se pode originar de outras formas, não é um bom marcador de exposição ocupacional. Já em relação aos xilenos, a análise da urina é uma boa opção3.

FATORES PSICO-SOCIO-ORGANIZACIONAIS

-Stress

As profissões associadas à saúde estão, genericamente, associadas a stress laboral14-16. Existem alguns estudos que quantificaram que, por exemplo, na enfermagem, cerca de ¼ dos indivíduos apresenta stress, depressão e/ou ansiedade12,14. Considera-se que a etiologia residirá (sobretudo nesta classe específica) na elevada carga de trabalho14,15,17-20, falta de controlo/ autonomia14,16,18,19,21 (intra e inter classe), falta de apoio da instituição/ colegas14,15,16,18,20,21, relações laborais conflituosas13,16,18/ bullying14, má adaptação à mudança14,17, pacientes/ familiares abusivos ou violentos14,20, turnos prolongados/ rotativos15,17-20, responsabilidade do cargo16,17, falta de equipamentos adequados18,22 ou até privatização da saúde e as mudanças que tal implica19. Para além disso, muito frequentemente os PS têm de se confrontar com o sofrimento dos pacientes/ famílias e até com a morte17,18,23,24. Outros estudos também acrescentam a pouca colaboração entre médicos e enfermeiros, recursos humanos desadequados, estacionamento difícil, ausência de área restrita para repouso dos enfermeiros e ausência de progressão na carreira20. Alguns autores consideram que o stress laboral entre profissionais de saúde é mais prevalente no sexo feminino15,25.

Um estudo entre enfermeiros portugueses quantificou que 52% destes apresentavam stress; 33% associou tal à morte de pacientes, 23% a outras situações de emergência, 18% ao pouco apoio emocional, 15% devido à elevada carga de trabalho e 12% devido ao contato com pacientes e/ ou familiares pouco colaborantes. As estratégias de coping mais utilizadas nesta amostra foram o autocontrolo e a procura de apoio social. Outros fatores que poderão atenuar o stress em enfermeiros serão as pausas em ambientes calmos e agradáveis, massagens, turnos não prolongados e melhoria na capacidade de comunicação16.

Um estudo chinês concluiu que a ansiedade e a depressão são comuns entre médicos (27 e 28% isolada e respetivamente, ainda que 18% apresente ambas), secundária sobretudo à relação com o paciente. A suavização da carga de trabalho. A melhoria na relação com o paciente e o desenvolvimento de um estilo de vida mais saudável, atenuam a ansiedade e a depressão, segundo estes autores25.

A mudança de paradigma que está a ocorrer na enfermagem da maioria dos países mais desenvolvidos (destacando agora o cliente e não a doença, deixando de seguir simplesmente as prescrições/ indicações médicas) poderá fazer com que o profissional se sinta mais perturbado pelo quociente entre o que consegue fazer e o que entende que deveria ser feito; este stress poderá ser ainda mais intenso em profissionais com mais anos de serviço e mais habituados a outras formas de trabalhar, rotineiras e menos interventivas17.

Os PS alegam também problemas nas relações interpessoais devido, por exemplo, ao autoritarismo da maioria dos indivíduos com postos de chefia. Como autodefesa não é raro os profissionais deixarem de ter iniciativas ou fazerem sugestões, achando até que os próprios colegas o podem querer prejudicar26.

Patamares elevados de stress laboral contribuem para a diminuição da saúde física e emocional dos PS17,18. Alguns estudos quantificam que o stress laboral pode justificar cerca de 50 a 60% do absentismo destes profissionais27.

As estratégias de “empowerment” atenuam os efeitos do stress laboral, diminuindo assim o risco de burnout, uma vez que aumentam a motivação e satisfação do trabalhador. Tal poderá ser conseguido, por exemplo, proporcionando mais informação acerca das decisões da empresa, política e objetivos globais (para que o funcionário entenda o porquê das decisões), bem como maior apoio emocional entre colegas e por parte da chefia15,28,29.

Profissionais com traços de neuroticismo, personalidade tipo A ou D, locus de controlo externo e/ ou pessimistas têm geralmente stress mais intenso; por sua vez, indivíduos com maior coerência, autoestima e autoeficácia, atenuam melhor as consequências/ gravidade do stress. A personalidade tipo D caracteriza-se pela existência de emoções negativas não exprimidas, ou seja, há uma certa inibição social, tensão e insegurança; considera-se que estes indivíduos também apresentam uma maior prevalência não só de alterações psicossomáticas, disforia, ansiedade e irritabilidade, mas também cardiovasculares18, curiosamente, tal como a personalidade tipo A.

A prática de exercício atenua a ansiedade e a depressão25.

Os médicos apresentam baixa procura de cuidados de saúde (como pacientes), sobretudo no foro da saúde mental; aqui são também frequentes o autodiagnóstico e a automedicação, devido a traços de personalidade propensos a tal comportamento, receio de perda de confidencialidade e/ ou estigmatização30.

–Bullying

O bullying caracteriza-se por existir um ou mais elementos da equipa que, de forma sistemática, atua num ou mais colegas, para os humilhar, denegrir e perturbar, repetitivamente31,32, ao longo de meses a anos33. Contudo, uma parte considerável destas situações nem sequer é declarada oficialmente32. Ainda assim alguns autores quantificam que cerca de 85% dos enfermeiros sejam vítimas ou, pelo menos, assistam a atos de bullying; nesta classe profissional mais frequentemente o abusador e a vítima são ambos enfermeiros34. O bullying também pode atingir outros funcionários não diretamente envolvidos, uma vez que estes podem se sentir incomodados ao imaginar o que a vítima sente e/ ou porque colocam a hipótese de tal poder vir a acontecer com eles também, no futuro35. Trata-se de um comportamento razoavelmente frequente entre os PS31-33,36, estando por isso tão enraizado, a ponto de alguns até consideram como culturalmente aceite31,34,35. Aliás, até não é raro um indivíduo passar de vítima a abusador31,35, posteriormente, com colegas mais novos31,32,35,37. O bulling é mais frequente em contextos laborais onde a exigência é maior, a autonomia menor e mais diminuto o apoio social38. A motivação para realizar bulling pode estar associada a sentimentos de inveja/ ciúme/ medo ou com a ambição de atingir determinado objetivo, bem como ambientes laborais mais conflituosos e geradores de maior insatisfação33.

Como principais consequências são citadas a menor produtividade, maior absentismo, maior probabilidade de troca de posto de trabalho/ instituição ou até profissão, mais acidentes e erros e pior saúde física e emocional31,32,34,35,37, bem como pior imagem externa da instituição34. Aumentam também as queixas psicossomáticas, como tontura, gastralgia, cefaleia, dorsalgia, fadiga e insónia33,35. Alguns autores consideram que o bullying pode originar consequências equivalentes às causas típicas do stress pós-traumático32,35,37. 10% das vítimas de bullying afirmaram ter, no momento, ponderado a hipótese de suicídio35. Esta situação tem também a capacidade de influenciar inclusive a vida emocional extraprofissional. A maioria das vítimas reage com ansiedade, diminuição da autoconfiança e autoestima, isolamento social, depressão ou até agressividade32. Alguns podem mesmo ponderar abandonar a profissão ou poderão exercê-la com menos empenho e qualidade33.

Existem vários subtipos de bullying laboral: humilhação das capacidades profissionais e/ ou motivação e iniciativas, ofensas e insultos pessoais, isolamento social e/ ou profissional, retenção de informação e excesso de trabalho (pela carga e/ou impossibilidade de cumprir o prazo imposto)32,33. No entanto, ele pode ser constituído por atitudes mais subtis que, à primeira análise não são consideradas como claramente hostis (como, por exemplo, espalhar boatos pessoais e/ou profissionais)33,35. O bullying pode ser vertical descendente (das chefias), horizontal (dos colegas) ou vertical ascendente (de subordinados)33.

É da responsabilidade da instituição criar programas de prevenção relativos a esta situação ou outras geradoras de ansiedade e/ou violência27,35,37, deixando bem claro que tais comportamentos não serão tolerados35.

Alguns autores também realçam que existem características dos trabalhadores que aumentam a probabilidade de estes se transformarem em vitimas de bullying, nomeadamente a ansiedade, depressão, obsessividade e/ ou agressividade, bem como baixas competências sociais e/ ou profissionais, além de pouco sentido de humor33.

-Violência

O setor da saúde é o que apresenta mais situações de violência física e emocional, em contexto laboral39. Uma parte dos PS não se sente em segurança ao desempenhar as suas tarefas, dada a violência a que podem estar sujeitos, sobretudo quando estão envolvidos pacientes e/ ou familiares sob o efeito de substâncias psicoativas e/ ou ansiosos38,40,41. Um estudo chinês quantificou que cerca de 75% dos médicos referiu pelo menos um episódio de violência laboral. Médicos nestas condições têm um risco sete vezes superior de apresentar ansiedade e quatro vezes maior probabilidade de terem depressão25. As principais situações de violência associam-se a desorientação cognitiva, exigência em ter alta, uso de agulhas, dor e mobilização de pacientes. Se os profissionais de saúde estiverem treinados na identificação destas situações, poderão eventualmente ser diminuídos os episódios de violência39. Contudo, se as situações de violência relacionadas com os pacientes e/ ou seus familiares geralmente geram o apoio social dos colegas de trabalho e da instituição, quando o distúrbio ocorre entre colegas, a maioria considera que tal apenas diz respeito aos envolvidos e prefere não se envolver42.

Alguns autores consideram que os enfermeiros38 e os auxiliares de enfermagem são os profissionais de saúde mais frequentemente alvo de violência, no setor da saúde39,43.

Alguns trabalhos quantificaram que 64% dos enfermeiros já foram alvo de violência em contexto laboral, por vezes, originada por outros enfermeiros (sobretudo quando hierarquicamente superiores). Alguns trabalhos acrescentam que os administrativos, dado serem considerados como hierarquicamente abaixo (pelo seu menor nível educacional), são ainda um alvo mais frequente de violência ocupacional (ainda que menos investigados)38.

Um estudo nacional (com uma amostra de quase 200 enfermeiros) concluiu que os atos de violência são mais frequentes nos profissionais com mais idade e a laborar em locais específicos, como o Serviço de Urgência (sobretudo para as situações de violência física). Esta também se demonstrou inversamente proporcional ao apoio organizacional. Os profissionais alvo de violência laboral apresentaram maiores prevalências de ansiedade e depressão44.

Num estudo dentro do contexto de trabalho deste setor num país árabe, concluiu-se que, numa amostra de quase 450 enfermeiras, 37 e 18% referiam abusos verbais e/ ou físicos, geralmente da parte dos pacientes e seus familiares; tal era mais frequente no Serviço de Urgência e dirigido essencialmente às profissionais mais jovens. Contudo, só 35% destas é que reportava tal situação; das que não o faziam, 57% referiu que foi por sentirem que não valia a pena e 34% porque achavam que conseguiam resolver a situação sozinhas. Mais de metade destas ponderaram a hipótese de abandonar a profissão. 64% considerava que os abusos poderiam ser justificados pela má imagem social que a profissão tem e 60% por acharem que a instituição de saúde não dava apoio em situações de conflito45.

A violência e a ansiedade geradas podem ser minoradas através da maior autonomia laboral e apoio social (proveniente de colegas, chefias, família e/ ou amigos)38.

–Burnout

O termo surgiu em 197946.Um profissional em fase de burnout poderá ser considerado pelos colegas e/ ou pacientes como distante, frio e/ ou incompetente22. Este estado pode ser caraterizado pela exaustão emocional/ física, despersonalização e/ ou sentimentos de incompetência e depressão25,30,46,47,48. Poderá ser atingido após a evolução/ intensificação do stress laboral e tem apenas aspetos negativos22,49, enquanto o stress poderá criar oportunidades de adaptação/ progressão e, por isso, conter aspetos positivos também22,46 (eustress versus distress)46. Trata-se de uma situação razoavelmente frequente nos PS24,25,46,50, sobretudo nos enfermeiros (alguns autores quantificam-no, nesta classe, como sendo de 25%)50.

Para atenuar o risco de burnout, os PSs devem ser encorajados a exprimir os seus sentimentos e frustrações. A nível da organização do trabalho, alguns autores defendem a rotatividade de tarefas, para aumentar a motivação e diminuir a monotonia51, orientada por uma chefia com conhecimentos e personalidade adequadas. Se o bem-estar físico e emocional dos PS estiver potenciado, o absentismo diminui e aumentam a produtividade14,17,18,25,47,52 e a satisfação dos pacientes14,17,25,47,52, ocorrendo também diminuição da situações de pedido de reforma antecipada18. A equipa de Saúde Ocupacional deverá proporcionar ferramentas para que os profissionais de saúde lidem melhor com as adversidades, reagindo com menos stress e mais adaptabilidade17. Alguns autores consideram que são também fatores de proteção em relação ao burnout a idade mais avançada, a existência de filhos, sensação de serem valorizados, otimismo, satisfação com o empregador e com a remuneração48.

Alguns trabalhos concluíram que os níveis de fadiga física e emocional encontrados numa amostra com mais de 200 enfermeiros estavam correlacionados com o absentismo laboral, sobretudo em ambientes conflituosos e/ ou com tarefas exigentes53.

Algumas investigações defendem que o burnout está associado a patologia cardiovascular; há mesmo quem tenha quantificado que a diabetes é 1,84 vezes mais frequente, mesmo ajustando variáveis pertinentes, como idade, género, índice de massa corporal48,54, tabagismo, alcoolismo e sedentarismo54. Esta condição associa-se não só a maiores índices de patologia física, mas também emocional48, como já se mencionou.

No Reino Unido, por sua vez, a prevalência de depressão entre médicos está estimada entre 10 e 20%. O risco de suicídio nesta classe é também superior ao da população geral52.

Alguns estudos demonstram que os médicos apresentam prevalência superior de dependência do álcool e outras substâncias psicoativas (quando comparados com a população geral); aliás, a dependência pode surgir com a tentativa de atenuar farmacologicamente em alguns sintomas do burnout30,52; segundo algumas investigações, estas condições parecem ser um pouco mais prevalentes no sexo masculino52. Outros artigos também destacam as benzodiazepinas, os opiáceos e os estimulantes30.

Alterações cronobiológicas: trabalho por turnos rotativos, horários prolongados e trabalhadores mais idosos

O principal pace-maker circadiano reside nos núcleos supraquiasmáticos do hipotálamo55, que integram a informação externa e interna. A retina liga-se a estes através do feixe retino-hipotalámico, levando informação à glândula pineal, onde se produz melatonina (a partir da serotonina), marcador do tempo a nível circadiano. A produção aumenta à noite e diminui durante o dia, com a exposição à luz. O sono geralmente inicia-se quando a sua produção/ libertação aumenta, diminuindo a temperatura corporal. A tentativa de dormir fora deste timming levará a sonos mais breves e menos reparadores. Por vezes, a exposição a luz normal a intensa durante o turno de trabalho ou até domicílio perturbará ainda mais os ritmos circadianos. Durante a noite a secreção de cortisol e adrenalina é baixa, acontecendo o oposto durante o dia; assim, os trabalhadores noturnos que tentam dormir durante o dia, devido também a estas duas hormonas, o sono será mais curto e menos reparador. Profissionalmente, durante a noite, terão pior desempenho56,57.

Na primeira noite de trabalho geralmente não se verifica diminuição considerável do desempenho mas, nas noites seguintes, este diminui consideravelmente; nomeadamente a nível de atraso de raciocínio, tempos de reação maiores, maior propensão para cometer erros, pior memória, menor vigilância58, menor motivação e maior laxidez56. Tempos de reação mais prolongados ocorrem no nadir (valor mínimo) do ciclo da temperatura corporal. Encontram-se alterações circadianas também na velocidade das operações aritméticas, perceção do tempo, expressividade verbal e vigilância. Após 17 a 19 horas acordado, o desempenho é equivalente a uma alcoolémia de 5%; se se atingirem as 20- 25 horas, tal valor passa para 10%, sobretudo para postos com tarefas complexas. O maior risco de acidentes laborais situa-se durante a noite e/ ou madrugada, mas o risco é decrescente do turno da noite para o da tarde e manhã. Na segunda noite o risco é 6% mais elevado e na 3ª e 4ªs noites 17 e 36%, respetivamente. Acredita-se que a partir da quinta noite já não exista um acréscimo de risco significativo. Nos turnos diurnos essa evolução é de 2, 7 e 17%. O risco é também superior nos turnos de doze versus oito horas. A destacar também que, a qualquer hora do dia, as pausas diminuem o risco de acidentes de trabalho. As sestas durante os turnos aliviam a fadiga e a sonolência; devendo tal ser incentivado pelos gestores durante os turnos noturnos e não proibido, como acontece na generalidade das empresas; uma sesta em local barulhento proporciona um pior desempenho do que quando esta ocorre em contexto calmo; o efeito parece ser proporcional à duração da mesma. A privação de sono não só aumenta o risco do trabalhador cometer erros59, como diminui a probabilidade de os detetar nos colegas56,60. Contudo, as sestas também podem criar desorientações que só revertem desde alguns minutos até cerca de quatro horas depois, em alguns indivíduos, o que também aumenta o risco de acidentes e erros. No entanto, há também um decréscimo de risco em 10% por cada pausa que o PS faça, pelo que estas deveriam ser incentivadas pela própria instituição61. Médicos que fazem dois ou mais turnos noturnos por semana apresentam mais ansiedade e depressão25.

Alguns autores (ainda que de forma não consensual) defendem que a existência de turnos noturnos fixos em vez de rotativos, poderá minimizar o impacto na saúde e bem-estar. Verificou-se, por exemplo, que o tempo de sono diurno era superior nos primeiros; contudo, a adaptação total é muito rara (porventura na ordem dos 3%) e manifestada pelo ajustamento da secreção de melatonina e temperatura interna. Existe uma grande variabilidade individual na tolerância ao trabalho por turnos; alguns dos fatores eventualmente justificativos para tal são as diferenças de idade, experiência profissional, personalidade, ritmo circadiano e a flexibilidade pessoal no padrão de sono. A estação do ano também interfere com a tolerância, na medida em que no inverno é mais frequente a depressão e o stress (devido à menor luminosidade, em quantidade e qualidade), enquanto no verão o sono é geralmente menos satisfatório, devido ao calor. Outros artigos também mencionam o horário específico e as preferências individuais (matutinos versus vespertinos). Por exemplo, acredita-se que fará uma grande diferença o turno das 18- 6 horas para outro que funcione das 19- 7 horas (devido à exposição à luz matinal). Acredita-se que os indivíduos, na generalidade, têm maior capacidade laboral entre as 8 e as 18 horas; trabalhando fora deste horário poderá surgir um “jet-leg social”, por comparação semiológica ao distúrbio causado por viagens longas, com travessia por vários fusos horários. A fadiga está correlacionada com a existência de turnos noturnos55,64.

No trabalho por turnos é mais frequente a patologia gastrointestinal, nomeadamente as úlceras péptica e duodenal, bem como alterações do sono65 (que se podem tornar crónicas), doença cardiovascular57 (incluindo dislipidemia, ou seja, alterações no colesterol e triglicerídeos) e diabetes. Este potencia também a probabilidade de existirem atritos familiares devido ao isolamento e à menor capacidade de ter um papel adequado neste contexto; são assim também mais frequentes a baixa autoestima, ansiedade e irritabilidade; bem como a síndroma depressiva15. Alguns estudos defendem que a mortalidade dos trabalhadores por turnos noturnos (presentemente ou no passado apenas) é superior à dos trabalhadores que só fazem ou fizeram turnos diurnos e regulares. A Agência Internacional de Pesquisa para o Cancro (IARC)14 classificou o trabalho por turnos como “provavelmente carcinogénico”, desde 2007, em função do desequilíbrio circadiano que isso implica, com particular destaque para a supressão de melatonina, secundária à exposição à luz. Os ciclos celulares de apoptose e reparo de DNA, ou seja, a origem, evolução, tratamento e prognóstico oncológicos também variam com os ritmos circadianos.

A maioria dos estudos associa ao trabalho por turnos maior frequência de tabagismo, sendo aqui também mais difícil a cessação porque, por exemplo, as alterações do sono tornam-se mais comuns e intensas com a abstinência, tal como a fadiga e a desconcentração. Para além disso, o próprio horário de trabalho pode dificultar os acessos às consultas de cessação e os colegas têm também maior probabilidade de serem igualmente fumadores, o que constitui uma motivação para continuar. A legislação que proíbe o consumo no local de trabalho não é homogénea entre países e o cumprimento varia muito entre empresas e trabalhadores. Para além disso, os efeitos da nicotina podem “adaptar” melhor o trabalhador a este tipo de horário. Há também maior prevalência no consumo de álcool, hipnóticos/ ansiolíticos e café. O consumo de cafeina e nicotina diminuem a capacidade de dormir e, simultaneamente, potencia a concentração e a capacidade de trabalho64.

Um sono adequado associa-se a melhor qualidade de vida, memória e humor, bem como sistema imune mais fortalecido, melhor nível de alerta e de tempo de reação.

A generalidade dos indivíduos sente maior sonolência e menor capacidade de desempenho entre as três e as sete horas, bem como entre as treze e as dezasseis horas, sendo aqui também mais frequentes os erros e os acidentes55.

Um estudo tailandês quantificou que 59% dos enfermeiros estudados (numa amostra de quase 700) apresentava insónia, estando esta estatisticamente correlacionada com patamares mais elevados de ansiedade, depressão e mau ambiente laboral58.

O exercício potencia a tolerância ao trabalho por turnos25,64. Já a idade faz o oposto; a personalidade também poderá ter alguma interação64. Em alguns países os profissionais menos jovens (por exemplo, com mais de 55 anos) são dispensados de fazer noite; contudo, nem sempre estão reunidas condições para que isso seja possível55.

Apesar de serem mais frequentes os erros nos turnos de doze horas, tal permite que os profissionais tenham globalmente mais qualidade de vida, dado conciliarem melhor o trabalho com as suas responsabilidades familiares e domésticas, pois só precisam de fazer três turnos por semana36,59,62,63. Estes turnos já são frequentes em países como Reino Unido, EUA, Austrália e Nova Zelândia, por exemplo56,59,66. Na maioria dos países os turnos são de oito horas, ou então de oito, seis e dez horas (para manhãs, tardes e noites, respetivamente). A generalidade dos enfermeiros faz rotação rápida manhã- tarde-noite- descanso57.

Num estudo nacional 62% dos enfermeiros avaliados afirmou que preferiria trabalhar em turnos fixos versus rotativos57.

Alterações cronobiológicas aplicadas à nutrição, no contexto da saúde ocupacional

A ingestão alimentar tem um papel importante na ritmicidade circadiana, permitindo que se coma na altura do dia mais apropriada, servindo este processo também como sincronizador para outros órgãos/ funções64.

O trabalhador tem obrigatoriamente que adequar a sua ingestão com o horário laboral. Alguns autores defendem que os hábitos alimentares dos trabalhadores variam não só com o horário65, mas também com a estação do ano (maior ingestão no inverno, privilegiando os carbohidratos e lípidos; apesar de não existirem diferenças no índice de massa corporal, eventualmente pelo maior gasto energético dessa estação).

A insulina, por exemplo, tem o seu nadir de sensibilidade durante a noite (por diminuição da sensibilidade também da célula beta pancreática). Contudo, também se acredita que a tolerância à glicose depende da interação sono- vigília. Para além disso, durante a noite, também há menor produção de suco gástrico e biliar57.

Ao trabalho noturno estão associadas maiores prevalências de indigestão, menor interesse pela comida e alteração na escolha/ padrão alimentar65. Tal poderá ser atenuado parcialmente preferindo as refeições quentes às frias, apesar de ser mais frequente o consumo das últimas. Além disso, estes trabalhadores consomem mais “snacks”; até porque durante a noite existem menos serviços de restauração abertos (na instituição de saúde e fora dela). Daí que, frequentemente, se associe o trabalho por turnos ao aumento do risco cardiovascular57, nomeadamente 1,4 vezes superior, mesmo após ajustamento com o estilo de vida, tensão arterial e perfil lipídico. O excesso de peso/ obesidade é também mais frequente nestes trabalhadores64,67.

A síndroma metabólica pode ser definida como sendo a conjugação (total ou parcial) de vários fatores de risco cardiovasculares, nomeadamente a dislipidemia (hipertrigliceridemia e/ ou aumento do colesterol total e/ ou do colesterol LDL e/ ou diminuição do colesterol HDL), hipertensão arterial, tolerância diminuída à glicose/ hiperinsulinemia/ Diabetes Mellitus e obesidade abdominal. Os parâmetros considerados são sensivelmente os mesmos, mas a importância dada a cada um e o valor de cut- off variam razoavelmente, entre as diversas definições existentes. Alguns autores defendem que o trabalho com turnos noturnos (e/ ou alternância diurno/ noturno) aumenta a incidência e gravidade desta síndroma56,65.

AGENTES BIOLÓGICOS

-acidentes com agulhas ou outros instrumentos corto-perfurantes

Apesar de ser possível a contaminação por contato com sangue infetado, o principal risco de infeção em acidentes no setor da saúde está associado às lesões percutâneas com este tipo de objetos30.

As principais doenças que podem ser transmitidas neste contexto são as hepatites (B e C) e o VIH11,30,68-73. O risco de transmissão é de 6 a 30% para hepatite B (sem vacina), 2 a 10% para a hepatite C e 0,3% para o HIV74. Além do atingimento da saúde física do trabalhador e da sua família, poderão também existir ainda custos legais (para a instituição)68. A picada por agulhas ou outros instrumentos corto-perfurantes é um dos principais acidentes entre profissionais de saúde74. Alguns autores defendem que estes são mais frequentes nos indivíduos menos experientes68,74, cansados e/ ou ansiosos. Entre classes, verifica-se que os enfermeiros são os mais atingidos (45%), seguidos dos técnicos e médicos (com 20% cada)74. A generalidade dos países recomenda, quando necessário, a vacinação dos profissionais de saúde para a hepatite B69 (em alguns países esta é feita durante a infância, em toda a população).

Estudos norte-americanos estimaram a ocorrência anual de 600.000 a 800.000 acidentes neste contexto; na União europeia calcula-se que esse valor poderá ser de um milhão74. Contudo, acredita-se que a maioria destes acidentes de trabalho não é oficializada11,68,69,74; os argumentos mais utilizados são o fato de a agulha não ter sido utilizada no paciente ou então se considerar que o risco infecioso é muito baixo68,74; vergonha por achar que a culpa é sua11,68; desconhecimento relativo às burocracias da declaração e falta de tempo68,74. Outros ainda, por sua vez, receiam os resultados dos testes que teriam que fazer, pelo que se defendem com a atitude de negação ou então acham que os procedimentos protocolados não têm utilidade, pelo que decidem não os iniciar11. A declaração ou não resulta então do balanço entre a perceção do perigo, benefícios e desvantagens inerentes à oficialização do acidente. Acredita-se que, entre os PS, são os enfermeiros quem mais oficializa estes acidentes, seguidos dos auxiliares de enfermagem; quem menos declara são, genericamente, os médicos73. Em estudos Jamaicanos e Chineses, 47 e 86% dos profissionais, respetivamente, assinalou já ter tido um acidente neste contexto, por exemplo69,70. Ainda assim existem serviços onde este tipo de acidentes é mais frequente, como as urgências, cuidados intensivos, cirurgias, ginecologia/ obstetrícia, pediatria e oncologia/ hospital de dia. As tarefas mais frequentemente associadas a lesões com agulhas são a abertura e o encapsulamento da agulha, preparação da medicação e a abertura das ampolas, para os enfermeiros68, bem como colheitas de sangue venoso; os baldes para depósito de agulhas utilizadas diminuem os acidentes em 80%. Por sua vez, na classe médica, as picadas ocorrem mais frequentemente nas suturas e cirurgias11. No caso dos dentistas e respetivos assistentes, estes acidentes são mais frequentes no ato de anestesiar localmente, encapsular agulhas e desinfeção/ esterilização dos instrumentos71. Em alguns países (como é o caso da Austrália) existe uma linha telefónica a funcionar 24 horas por dia, para apoiar os acidentados, orientada por enfermeiros seniores68.

Relativamente ao uso de EPI, considera-se que o sexo feminino é mais cumpridor. Globalmente, a maioria usa regularmente, pelo menos, luvas. As principais justificações assinaladas para a menor adesão ao uso dos EPI foram a suposta interferência com a capacidade de executar algumas tarefas, receio de ofender os pacientes e desconforto associado ao uso prolongado11. Alguns autores defendem que o uso de dois pares de luvas atenua um pouco mais o risco74.

Pode também ocorrer contágio infecioso através de outros tipos de contato com fluidos corporais, como a projeção destes junto à cabeceira do paciente e/ ou durante procedimentos cirúrgicos ou partos11. Os microrganismos responsáveis pelas hepatites B e C, bem como VIH, estão mais concentrados no sangue e nos fluidos corporais hemorrágicos; mesmo sem a presença de sangue, são também destacados para a hepatite B e HIV os líquidos amniótico, cerebrospinal, pericárdio, peritoneal, pleural e sinovial. O contato com órgãos infetados em cirurgia ou pos-mortem, como médico, enfermeiro ou até técnico de laboratório, também detém risco73.

A transmissão ocupacional de hepatite B ocorre sobretudo por exposição percutânea, mucosa ou através de contato com pele não íntegra45,73. Este vírus é muito resistente; considera-se que ele consegue sobreviver em superfícies inanimadas por uma semana ou mais (como móveis, monitores…). O vírus é eliminado ou atenuado com germicidas ou com o aquecimento a 98ºC, por cerca de dois minutos. O período de incubação varia de 4 a 28 semanas; a semiologia pode ser suave ou até inexistente; quanto o indivíduo a manifesta destaca-se a anorexia (falta de apetite), mal-estar, icterícia (tom amarelado da pele e mucosas), fadiga, desconforto abdominal, náusea e vómito. A maioria recupera e desenvolve anticorpos protetores; a infeção crónica ocorre apenas em 2 a 10% dos infetados adultos, situação essa que pode levar a insuficiência e/ ou neoplasia hepáticas73.

Por sua vez, a hepatite C é a causa mais frequente de cirrose e de transplante hepático. A semiologia pode surgir apenas 10 a 20 anos depois. A transmissão ocorre praticamente por contato com sangue e via percutânea; menos frequentemente através do contato com mucosas ou pele não íntegra. A resistência deste vírus é superior à do HIV, mas inferior à da hepatite B; é também destruído por germicidas. O período de incubação varia de 2 a 6 semanas. 60 a 80% dos infetados são assintomáticos; 20 a 30% apresentam icterícia e 10 a 20% sintomas gripais inespecíficos (fadiga, náusea, mialgia- dor muscular, anorexia e desconforto abdominal). 85% dos casos evoluem para doença crónica (cirrose, insuficiência hepática)73.

O maior risco de contágio em relação ao VIH também reside no contato com sangue ou outros fluidos corporais hemorrágicos; contudo, para se manter viável necessita de condições de temperatura, humidade e pH mais rigorosas, pelo que se torna pouco resistente73.

-tuberculose

Estima-se que um terço da população mundial já tenha tido contato com este microrganismo e que 5 a 10% ultrapasse a fase de latência75. O risco de um PS adquirir tuberculose é proporcional à prevalência/ incidência da população onde se insere76 ou discretamente superior30; alguns também consideram como razoavelmente dependente da própria idade77. O risco fica potenciado pela desadequação da ventilação, inexistência ou não uso dos EPI adequados77,78 e/ ou quartos de isolamento. Quer os indivíduos com suspeita de tuberculose, quer os PS nas suas proximidades, devem usar máscaras com porosidade adequada49. O risco mais relevante para os profissionais associa-se ao contato próximo com indivíduos afetados, sem o diagnóstico oficializado75. Um estudo espanhol quantificou que em PS a incidência desta patologia é de 1,1 e 5,8%/ ano, em países desenvolvidos versus não desenvolvidos, respetivamente. A nível de serviços, este trabalho destacou a urgência, pneumologia, medicina interna, microbiologia e a anatomia patológica30.

O desenvolvimento dos antibióticos fez com que se banalizasse o risco de adquirir algumas infeções; para além disso, o aumento do número de indivíduos com alterações imunes (como VIH positivos, por exemplo) voltou a aumentar os casos de tuberculose76,78, algumas vezes até com multirresistências. Portugal é um país com elevadas incidência e prevalência desta doença. Mesmo a infeção latente, anos mais tarde, pode ativar-se. Antigamente, para o “diagnóstico”, usava-se o Teste da Tuberculina (ou de Mantoux), bastante limitado devido à dificuldade na leitura e elevado número de falsos positivos76. Atualmente existem testes mais promissores, baseados no doseamento do interferão gama, sintetizado pelos linfócitos T, após estimulação pelo micobacterium tuberculosis, não existindo reação cruzada com o bacilo de Calmet- Guérin (presente na respetiva vacina, dada durante a infância em alguns países), nem com a maioria dos agentes infeciosos da mesma família76,77, como acontece com o outro teste aqui mencionado. Esta técnica mais recente iniciou-se em Portugal em 2005, no Hospital de S. João. Considera-se que este método é igualmente sensível mas mais específico, ainda assim valores próximos do ponto de cut-off são difíceis de interpretar e é muito dispendioso. Contudo, quer um método, quer outro, podem apenas demonstrar contato prévio com o microrganismo em questão e não infeção atual76, Muito recentemente foram divulgados estudos que não recomendam o uso desta segunda técnica, pelas limitações atrás mencionadas, mais significativas do que inicialmente se supunha.

Um estudo realizado em contexto hospitalar, no norte do país, concluiu que cerca de 1% dos PS apresentava tuberculose ativa entre 2005 e 2009; contudo, os valores de prevalência obtidos foram na ordem dos 55 e 26%, pelos Testes da Tuberculina e do interferão, respetivamente76.

Como medidas de proteção coletiva são sugeridas o fornecimento protocolar de máscara a todos os pacientes que tussam, isolar os mesmos, obter uma amostra de expetoração para análise, proporcionar exames auxiliares para os profissionais de saúde e colocar os infetados em quartos com pressão negativa75.

-outros riscos biológicos

Os PS no geral estão expostos a vários riscos biológicos, com particular incidência em alguns serviços, como é o caso da pediatria, através do contato com os fluidos corporais (como na mudança da fralda, limpeza do nariz e dos dentes). Neste contexto destacam-se a hepatite A, giardia, shigela, campilobacter, enterovírus e rotavírus; tanto mais frequentes quanto menores as medidas de higiene. No caso das profissionais grávidas, adquire particular relevância o CMV (citomagalovirus), uma vez que, além de não ter vacina, é muito facilmente transmitido pelos fluidos orgânicos (sobretudo saliva e urina) e é teratogénico. São também igualmente importantes neste contexto a varicela, rubéola e o parvovírus B1979.

Quanto à influenza, estima-se que cerca de 20% dos PS seja infetado anualmente; a disseminação fica potenciada porque neste setor os profissionais geralmente mantêm-se a trabalhar30.

Nos PS são mais frequentes as resistências bacterianas, devido à seleção de microrganismos existentes no local de trabalho e/ ou pelo uso frequente/ incorreto de antibióticos80, eventualmente pela maior acessibilidade aos mesmos.

ALERGIAS

-látex

O uso de luvas de látex entre os PS aumentou muito nos últimos anos, devido às normas entretanto desenvolvidas; por isso, aumentaram também os casos de alergia81-83. Alguns estudos quantificam-na, nesta população, como variando entre 5 e 17%. Genericamente, apesar de a semiologia não ser fatal ou sequer severa, consegue diminuir a qualidade de vida81; esta caracteriza-se por prurido, eritema e/ ou outras reações sistémicas. Estas podem ocorrer imediatamente após a exposição (reação de hipersensibilidade de tipo I) ou com algum tempo de latência (com sintomatologia tipo urticária, podendo aqui existir também queixas respiratórias). Genericamente a dermatite/ eczema podem ser irritantes ou alérgicos. A 1ª destas é influenciada não só pelo contacto com o latex, mas também com agentes de lavagem/ desinfeção, outros componentes da borracha e do próprio pó existente no interior da luva. A dermatite de contacto já é uma reação imune de hipersensibilidade retardada. A distinção entre eczema irritante e de contacto pode ser feita com maior rigor através dos testes cutâneos81,82, colocando amostras no dorso do indivíduo e avaliando a reatividade da pele nesses locais, nos dias seguintes. Estas reações podem apresentar semiologia ainda mais intensa se coexistir o uso frequente de produtos asséticos/ desinfetantes, bem como lavagem frequente das mãos (que diminui o pH e diminui a capacidade da barreira da pele por remoção dos ácidos gordos)82.

Dos serviços onde a intolerância ao látex foi mais significativa destacam-se as cirurgias/ blocos operatórios e unidades de cuidados intensivos, sobretudo com mais de cinco anos de trabalho81.

Por vezes, como já se disse, são os próprios aditivos da borracha que também causam reações alérgicas- é o caso do thiuram, variando a sua concentração de marca para marca. A prevalência deste tipo de alergia está quantificada entre os PS como sendo de 33%. Outros componentes da luva que também a podem causar são os carbamatos e os vulcanizadores82.

O pó contido no interior das luvas contém alérgenos e podem-se assim constituir aerossóis capazes de justificar situações de rinite, asma83 e conjuntivite. Daí que o uso de luvas sem pó (ou com menos pó) cause menos alergias82,83 (apesar de parecerem mais dispendiosas83), não só para o próprio, mas também para os colegas de trabalho.

-LESÕES MUSCULO-ESQUELÉTICAS (LMEs)

As LMEs estão especialmente relacionadas com a repetição do movimento e os danos cumulativos84. Elas constituem um problema grave em alguns PS, nomeadamente enfermeiros e auxiliares de enfermagem (devido à frequência com que elevam os pacientes, por vezes, utilizando posturas forçadas84); ainda assim, alguns autores acreditam que o problema pode estar subestimado dado o medo em ser dispensado/ não renovado o contrato se se apresentarem queixas de saúde, devido ao próprio não associar o dano ao trabalho (por ignorância ou tempo de latência mais prolongado), bem como pressão para não declarar e/ ou receio de perder os prémios oferecidos pela instituição. Ainda assim, o sexo feminino oficializa a situação com uma frequência três vezes superior85. As zonas do corpo mais atingidas são a coluna (cervical, dorsal e lombar). Estima-se que nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento a prevalência de LMEs neste setor oscile entre os 40 e os 84%84. Os enfermeiros que trabalham em serviços mais pesados a nível físico referem maior prevalência de algias. Para além disso, alguns estudos quantificaram que parte dos profissionais é obeso e/ ou está em má forma física, pelo que as queixas se poderão intensificar67.

Alguns autores descrevem que os enfermeiros a exercer em serviços de cuidados intensivos têm maior risco ergonómico, devido à postura de pé mantida mais frequente, maior mobilização de cargas e turnos mais prolongados; nesta investigação em particular a etiologia músculo-esquelética foi atribuída com maior destaque a fatores organizacionais (tipo de hospital, turno e rotatividade) versus fatores individuais84. No global, 52% dos enfermeiros refere alguma algia relacionada com questões músculo-esqueléticas86.

Além do impacto na qualidade de vida67,85,87, as LMEs levam frequentemente a maior absentismo e limitações profissionais/ pedidos de transferência de serviço67,87 e pior desempenho profissional85.

A principal tarefa de risco é o manuseamento de pacientes limitados na sua mobilidade84,87-89, o que ocorre com frequência diária na maioria dos serviços24, associada a equipamentos auxiliares desadequados ou inexistentes88. Os turnos prolongados aumentam o risco de LMEs61,84, bem como o sedentarismo84,85 e o stress laboral84,89, também potenciado pela insatisfação laboral, proximidade com a morte e sofrimento e abordagem de situações complexas84. Outros autores também mencionam a utilização excessiva das mesmas zonas anatómicas, pouco tempo de recuperação (repouso), mal-estar emocional e pouca autonomia na organização do trabalho90, turnos prolongados e/ ou rotativos, ritmo acelerado, pausas insuficientes ou inexistentes, penalização e/ ou gratificação em função da produtividade, chefias muito exigentes, formação inexistente ou desadequada, monotonia, mau ambiente de trabalho e ainda tarefas pouco motivantes e demasiado especializadas.

A semiologia que mais frequentemente acompanha estas situações é caraterizada por dor/ desconforto, parestesias, astenia, alterações do sono, ansiedade, síndroma depressivo, fadiga mental, cefaleias e vertigem. A sintomatologia será vivida com maior intensidade nos profissionais previamente mais insatisfeitos com as caraterísticas e/ ou condições do seu trabalho.

Apesar de não descrito de forma explícita na bibliografia consultada, estão descritos quatro graus de evolução para as LMEs. No grau 1 a dor/ sensação de peso ou apenas desconforto está confinada numa região e durante o ato; poderá, quando muito, ser espontânea mas não interfere com o desempenho laboral; não tem irradiação e melhora com o repouso; é geralmente suave e breve, não sendo acompanhada de sinais. O prognóstico é bom e a situação é reversível. No grau 2 a dor já atinge vários locais durante o ato laboral; é mais persistente, intensa e frequente ao longo do trabalho; ainda assim é tolerável, embora diminua a produtividade quando se exacerba. A dor pode ser mais localizada e/ ou acompanhada por calor e/ ou parestesias, sendo a recuperação mais demorada e, por vezes, surgindo fora do trabalho. Continuam a, geralmente, não existirem sinais e o prognóstico é favorável, havendo ainda a possibilidade de reverter, embora possa perdurar por alguns meses. No grau 3 a dor é mais facilmente desencadeada por outras atividades, podendo mesmo surgir em repouso, eventualmente com perda da capacidade muscular. É mais intensa, mais duradoira e a irradiação é mais definida. Já não desaparece com o repouso (quando muito, fica atenuada) e são muito frequentes as parestesias. Há diminuição marcada do desempenho laboral e podem existir alguns sinais (como o edema). O regresso ao trabalho pode ser complicado. A dor noturna torna-se frequente; a reversibilidade é menos provável e a situação poderá manter-se por meses a anos. Por fim, no grau 4, a dor pode surgir mesmo em repouso e ser muito intensa e contínua (sobretudo com o movimento), havendo perda de força notória. Podem surgir deformações e/ ou atrofias; não só ficam comprometidas as atividades profissionais, como pessoais. Nesta fase podem também surgir alterações emocionais, como ansiedade, angústia e depressão. O prognóstico é desfavorável.

A prevenção das LMEs baseia-se na conjugação da ergonomia com a Ginástica Laboral ou até com exercício mais vigoroso e regular, acrescido de rotatividade de tarefas/ fatores de risco e pausas adequadas dentro do horário laboral. Quando estas lesões não são devidamente tratadas, geralmente agravam-se e/ ou cronificam-se, resultando numa incapacidade e custos ainda superiores e/ ou até reforma antecipada. O tratamento será mais eficaz quanto mais precocemente for instituído. A não troca por outro posto de trabalho/ tarefa (sem o fator de risco em questão) pode tornar a lesão irreversível. À medida que a idade avança, as LMEs tornam-se cada vez mais frequentes; contudo, poderá aqui estar englobada uma variável confundidora, ou seja, o número de anos a trabalhar, sobretudo se se mantiverem os mesmos fatores de risco.

-quedas

As quedas são razoavelmente frequentes nos PS, por vezes, associadas a pisos humedecidos, após derrames de fluidos corporais e/ ou agentes de limpeza líquidos, associadas ou não ao transporte de cargas91. Alguns autores destacam neste contexto os enfermeiros e os auxiliares de enfermagem43.

AGENTES FÍSICOS

-Radiações ionizantes

Sabe-se que as radiações ionizantes aumentam o risco de surgirem neoplasias. Contudo, elas também podem ter aplicações úteis: fazem parte da tecnologia de vários exames de diagnóstico médico e participam em vários tratamentos (como a radioterapia e a terapêutica do hipertiroidismo, com iodo radioativo, por exemplo). Ainda que este risco não tenha sido mencionado com destaque nos numerosos trabalhos selecionados para esta revisão, os autores querem salientar que o efeito na célula depende da fase do ciclo celular em que a exposição à radiação surge, ou seja, se estiver em divisão celular pode ser fatal. O dano global dependerá da proporção de células em divisão que existam, no momento, no tecido atingido e da capacidade e velocidade de regeneração do órgão em questão. Independentemente da fase celular, se a radiação for breve e de baixa intensidade, as células sobreviventes podem proliferar com normalidade. A epiderme, medula óssea e gónadas (testículos e ovários), por exemplo, são muito sensíveis; já o pulmão e o cristalino apresentam uma sensibilidade intermediária, por exemplo.

Muitos dos artigos consultados mencionam estudos efetuados nos sobreviventes das bombas atómicas, tentando extrapolar as conclusões para exposições a radiações de menor intensidade, mas de forma mais contínua. Também existem estudos sobre os trabalhadores de centrais nucleares, expostos ou não a acidentes. Por vezes, também se tenta extrapolar as conclusões obtidas em estudos com animais ou quimioterápicos mas, na realidade, sabe-se muito pouco sobre as consequências da radiação menos intensa e prolongada no tempo, como é o caso da que alguns dos PS recebem.

Acredita-se que a radiação associada aos procedimentos médicos constitua 95% da produzida pelo homem. Apesar de a evolução tecnológica ter permitido diminuir a radiação que estes profissionais são expostos em cada procedimento, ainda assim, os exames são efetuados com frequência crescente e, como a radiação é invisível, inodora e indolor, alguns profissionais banalizam a sua importância. Uma das áreas onde este fator de risco é mais importante é a Cardiologia de Intervenção, por exemplo. Num serviço onde se preste também apoio oncológico, alguns dos fármacos administrados (citostáticos, atrás mencionados) imanam radiações que, pelas características inerentes, atingem com maior intensidade os dedos e mãos dos profissionais de saúde.

Genericamente, a intensidade de radiação recebida pelo profissional depende do tipo de equipamento médico utilizado, complexidade do procedimento, distância da fonte, tamanho do paciente, EPIs ou barreiras móveis (sendo estas uma das medidas mais eficazes). Por vezes, alguns profissionais evitam usar os EPI não só pelo desconforto, mas também pelo fato de argumentarem que, nessas condições, trabalharão mais lentificados, o que poderá aumentar o tempo de exposição às radiações. Para além disso, uma parte significativa da radiação que atinge o PS é proveniente da reflexão do doente.

Alguns estudos hematológicos (no sangue) encontraram incidência aumentada de danos nos PS. Estas alterações podem, de certa forma, funcionar como “dosímetro biológico”. Outros trabalhos também referem maior incidência de cataratas, cancro de mama, pele e leucemia. Contudo, alguns estudos realizados em descendentes (não expostos diretamente) de mães e pais a trabalhar neste setor e expostos a radiações, não encontraram incidências aumentadas das patologias carateristicamente associadas.

Para que cada funcionário doseie a radiação a que está exposto, podem ser utilizados dosímetros individuais: quer digitais (que fazem a leitura no momento, mas também são mais dispendiosos), quer por registo em película (mais acessíveis, simples e económicos).

A maioria dos isótopos usada nos exames auxiliares de diagnóstico têm emissão de radioatividade por apenas algumas horas, de modo que o paciente não representará um risco continuado para os PS ou outros conviventes. Ainda assim, dever-se-á evitar o contato com grávidas e crianças, além de ter cuidados especiais no manuseamento de fluidos corporais (sangue, urina, fezes). Recomenda-se o isolamento do paciente num quarto só para si e restrição na entrada do mesmo. O material contaminado deverá ser incinerado e só deve ser dada a alta quando os níveis de radioatividade baixarem, tal como já foi mencionado inicialmente.

-Radiações não-ionizantes

Ainda que este risco não tenha sido também mencionado com destaque nos numerosos trabalhos selecionados para esta revisão, os autores querem salientar que a tecnologia permitiu o desenvolvimento de produtos que aumentam a exposição aos campos eletromagnéticos (sendo os exemplos mais comuns as linhas de tensão, eletrodomésticos, ecrãs de computador, estações televisivas, telemóveis e as suas centrais). Dos efeitos agudos destacam-se as alterações de memória e na aprendizagem, segundo alguns autores. No contexto dos efeitos crónicos podem surgir leucemia ou outros cancros, perturbações emocionais, alteração da fertilidade e normal desenvolvimento da gravidez, bem como distúrbios imunológicos, neurológicos e/ ou cardíacos. Contudo, mesmo realizando a pesquisa em bases de dados conceituadas, encontram-se artigos com conclusões totalmente díspares, ou seja, existem autores que defendem a inexistência de qualquer risco comprovado, enquanto outros acreditam no oposto e, por fim, existem também investigações que alertam justamente para tal situação, ou seja, existência de resultados contraditórios, pelo que não se pode afirmar nada em concreto, com evidência científica clara e irrefutável. Aliás, ainda num passado pouco distante, se considerava que para frequências inferiores à das micro-ondas, não existia qualquer risco para a saúde. Para além disso, uma parte considerável dos estudos é realizada com base em experiências em animais, pelo que extrapolar as conclusões para os humanos poderá não ser um processo fácil ou linear. Não só as doses equivalentes serão exatas, como algumas lesões poder-se-ão desenvolver só nos animais ou só no homem. Ainda assim, a IARC classifica as radiações eletromagnéticas como “possivelmente carcinogénicas para os humanos”. Contudo, considera-se que, dentro da população global, existirão indivíduos com suscetibilidades diferentes para a radiação.

Para além do uso de aparelhos com radiações eletromagnéticas usados pela generalidade da população (como o computador, telemóvel…), os PS lidam, por exemplo, com alguns exames médicos baseados na ecografia, que fornecem também radiação não- ionizante. Esta gera energia térmica, pelo que alguns trabalhos defendem que não é totalmente isenta de riscos (sobretudo obstétrica, no 1º trimestre); argumentando até que essa caraterística é/ poderá ser mutagénica/ carcinogénica (controverso).

Qualidade de vida

Entre os PS globalmente, a situação parece ser melhor entre os médicos48. Um estudo espanhol que incidiu numa amostra de quase 1100 PS concluiu que estes apresentavam menor qualidade de vida que a população geral57.

CONCLUSÕES

Os profissionais de saúde estão expostos a inúmeros riscos/ fatores de risco e, frequentemente, têm tendência a ignorá-los ou pelo menos menosprezá-los. As equipas de Saúde Ocupacional a exercer em instituições de saúde têm particularidades específicas mas, mal consigam provar o seu valor, terão a potencialidade de conseguir resultados excecionais, minorando os riscos de saúde dos funcionários e aumentando a satisfação, produtividade e lucros da empresa.

CONFLITOS DE INTERESSE, QUESTÕES ÉTICAS E/OU LEGAIS

Nada a declarar.

AGRADECIMENTOS

Nada a declarar.

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Fluxograma 1ª fase

Quais os riscos que encontramos nos serviços de saúde?

Fluxograma 2ª fase

Quais os riscos que encontramos nos serviços de saúde?

(1)Mónica Santos

Licenciada em Medicina; Especialista em Medicina Geral e Familiar; Mestre em Ciências do Desporto; Especialista em Medicina do Trabalho; presentemente a exercer nas empresas Medicisforma, Clinae, Servinecra e Serviço Intermédico; Diretora Clínica da empresa Quercia; Diretora da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line; Endereços para correspondência: Rua Agostinho Fernando Oliveira Guedes, 42 4420-009 Gondomar; .

(2)Armando Almeida

Mestre em Enfermagem Avançada; Especialista em Enfermagem Comunitária; Pós-graduado em Supervisão Clínica e em Sistemas de Informação em Enfermagem; Docente na Escola de Enfermagem, Instituto da Ciências da Saúde- Porto, da Universidade Católica Portuguesa; Diretor Adjunto da Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line;


Santos M, Almeida A. Profissionais de Saúde: principais Riscos e Fatores de Risco, eventuais Doenças Profissionais e Medidas de Proteção recomendadas. Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional on line.2016, volume 2, s28-s52. DOI:10.31252/RPSO.26.10.2016

Quais os riscos que encontramos nos serviços de saúde?

Quais os principais riscos encontrados na área da saúde?

Riscos físicos De acordo com o Manual de Segurança no Ambiente Hospitalar da Anvisa, calor, ruído, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes e pressões anormais são os principais agentes físicos encontrados no ambiente hospitalar.

Quais são os tipos de riscos que o trabalhador dos serviços de saúde está exposto?

“Os riscos à saúde do trabalhador de enfermagem podem ser divididos nas seguintes categorias: biológicos, químicos, físicos, ergonômicos/psicossociais e acidentes”, explica Sheila.

Qual o maior risco relacionado ao profissional de saúde?

As infecções por patógenos de transmissão sanguínea são descritas como as de maior risco para os profissionais de saúde. E as doenças às quais estão expostos com maior frequência são: AIDS, hepatite B e hepatite C.

Quais os 5 tipos de riscos encontrados no ambiente hospitalar?

Principais riscos no ambiente hospitalar.
1) Riscos físicos no ambiente hospitalar..
2) Riscos químicos no ambiente hospitalar..
3) Riscos biológicos no ambiente hospitalar..
4) Riscos ergonômicos no ambiente hospitalar..
5) Riscos de acidentes no ambiente hospitalar..