Qual a importância das plantas que atraem insetos para o manejo ecológico?

Consorciar plantas companheiras é uma alternativa para a agricultura orgânica.

Você sabia que algumas plantas podem ser plantadas juntas? E que esse plantio pode ser benéfico? Consorciar plantas companheiras é uma ótima forma de evitar agrotóxicos e outras substâncias químicas, contribuir para a biodiversidade e aumentar o rendimento de uma produção vegetal.

Os agrotóxicos e pesticidas são péssimos para o meio ambiente e para a saúde de quem se alimenta de vegetais que foram “dedetizados”. Há formas alternativas para tentar manter o desenvolvimento de uma plantação. Uma das formas é uma técnica batizada como “plantio consorciado“.

Acredita-se que o método é utilizado desde a antiguidade. Registros de tribos indígenas americanas, por exemplo, mostram o uso da técnica entre 8 a 10 mil anos atrás.

O que são plantas companheiras e plantio consorciado

De acordo com o estudo publicado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o plantio consorciado é um sistema no qual duas ou mais espécies de são cultivadas em conjunto, permitindo uma interação biológica benéfica para todas as espécies cultivadas. Espécies que têm essa relação são conhecidas como plantas companheiras. O consórcio permite otimizar o uso de recursos ambientais, como nutrientes, água e radiação solar, uma vez que as espécies de plantas possuem ciclos de crescimento diferentes. Dessa forma, as plantas companheiras não competem por espaço, luz e nutrientes e nem apresentam efeitos tóxicos (alelopáticos) umas sobre as outras.

O consorciar plantas companheiras passa a ser uma alternativa tecnológica para o pequeno produtor rural, uma vez que o segundo cultivo torna-se uma nova fonte de renda, fortalecendo a estabilidade financeira, e tendencia a aumentar a produtividade da cultura e diminuir a quantidade de agrotóxicos. Uma das finalidades do consórcio de plantas companheiras é o manejo ecológico de insetos e pragas que atacam culturas mais vulneráveis, como a de tomate e de morango, por exemplo.

Segundo a Embrapa, o tomate é uma das hortaliças mais consumidas no mundo, se destacando no Brasil tanto na produção de agricultura familiar quanto na de grande escala. Devido ao grande impacto que o cultivo de tomate tem na produção alimentar, vários estudos estão sendo conduzidos para descobrir quais plantas são suas companheiras. A Embrapa identifica as principais pragas encontradas no tomateiro, como insetos causadores de danos diretos, a traça-do-tomateiro, ácaros e insetos transmissores de doenças, como mosca-branca, tripes e pulgões.

Plantas companheiras

Um possível companheiro do tomate é o coentro que, de acordo com o relatório publicado pela Embrapa, atua como repelente natural de pragas devido ao forte odor que exala, reduzindo a colonização por insetos. O resultado do estudo mostrou que, quando plantado junto do tomate, o coentro colaborou para a diminuição da densidade populacional de ovos, lagartas, e outras espécies de insetos adultos da traça-do-tomateiro. Também produziu o incremento de inimigos naturais da pragas em quantidade e variedade de espécie, como aranhas, formigas e joaninhas – atraídos pelas flores do coentro, sem contar que se alimentam das traças-do-tomateiro.

Outra planta companheira do tomate que atua de forma semelhante ao coentro é o manjericão. Essa combinação vem sendo associada à redução da mosca-branca, transmissora de um vírus prejudicial ao crescimento da planta. De maneira parecida ao coentro, a flor do manjericão atrai os predadores da mosca para a plantação.

Em outro relatório publicado pela Embrapa é apresentada a eficiência da arruda no consórcio com o tomate por ela possuir uma substância chamada cumarina, que não é apelativa ao paladar das pragas por ter um gosto muito forte. Além disso, a cumarina é uma inibidora natural do processo de germinação, inibindo espécies indesejáveis de crescerem no entorno.

O cultivo de plantas companheiras é uma alternativa para o controle biológico de pragas e uma ferramenta para a agricultura orgânica.

Assista o vídeo (em inglês) para verificar como consorciar o tomate com o manjericão.

Com o objetivo de construir bases para a produção agrícola cada vez mais sustentável na região da Zona da Mata Mineira, foi realizado um dia de campo sobre manejo ecológico de insetos, no município de Canaã, no dia 4 de agosto. O pesquisador  Walter Matrangolo, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), apresentou conceitos sobre ecologia e sobre controle biológico de insetos, que se baseia no uso de organismos vivos para suprimir a população de uma praga e torná-la menos abundante ou menos danosa.

Os participantes, cerca de 90 produtores rurais, foram convidados a observar fotografias de insetos abrigados pela leguminosa perene cratília (Cratylia argentea) e escolher algumas que trouxessem uma lembrança particular ou despertasse interesse. Após 15 minutos, foi solicitado que os produtores falassem sobre as fotos escolhidas. A partir das considerações e dos questionamentos dos participantes, foram dadas explicações sobre os organismos presentes nas fotos, que são agentes de controle biológico, ou seja, insetos benéficos, considerados inimigos naturais de pragas.

Walter Matrangolo explica que enquanto alguns organismos podem prejudicar uma planta e até levá-la à morte, como os chamados insetos fitófagos, outros seres podem controlar essas populações e impedir que destruam lavouras. “São muitos os insetos que se nutrem de outros insetos, impedindo que ocorram explosões populacionais”, comenta o pesquisador. Alguns dos participantes do dia de campo reconheceram parte dos insetos das fotos sem, no entanto, terem o conhecimento do papel ecológico que eles desempenham.

“Abordar os conceitos ecológicos a partir da curiosidade dos produtores favoreceu o entendimento dos potenciais serviços ambientais que esses organismos promovem em sistemas agrobiodiversos. Foi possível criar um ambiente de diálogo sobre a importância desse conhecimento para evitar enganos frequentes, como a aplicação de agrotóxicos por causa da presença de insetos que são, na verdade, organismos benéficos nas áreas de cultivo, erroneamente tratados como pragas”, explicou Matrangolo. 

O pesquisador apresentou o conceito de controle biológico conservativo. A prática baseia-se no entendimento de que os agroecossistemas podem ser manejados com o objetivo de conservar e aumentar as populações de inimigos naturais e assim ampliar o controle natural das pragas. Plantas como a cratília, por exemplo, são capazes de nutrir muitos agentes de controle biológico e abelhas da região com o néctar e o pólen que produzem.

O dia de campo foi uma promoção da empresa Matas de Minas, do grupo AgroAlimentos, que integra vários agricultores familiares produtores de frutas e hortaliças, inclusive milho-doce e milho-verde, em parceria com a Embrapa. O evento integra as atividades do projeto “Sistema de produção de milho orgânico na região Central de Minas Gerais”, desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo, com participação direta de membros do setor produtivo.

Marcelo Guilherme da Silva, diretor presidente da Matas de Minas, afirma que o dia de campo busca estimular uma produção sustentável. “Essa ação visa promover uma estratégia de redução de inseticidas a partir do controle biológico e de um somatório de estratégias. Além disso, busca impulsionar uma maior viabilidade econômica da produção das propriedades rurais”. Marcelo Guilherme conta que a agricultura familiar na região é integrada com a produção de aves. “Todos os produtores praticamente trabalham com milho. Dessa forma, o dia de campo visou também qualificar a produção de milho na região”.

O pesquisador Walter Matrangolo explica que a dinâmica realizada no evento tem o intuito de estimular a percepção da biodiversidade de insetos, muitas vezes, desconhecida. “É importante conhecer para conservar os amigos naturais. Ampliar a percepção ambiental é uma estratégia de melhoria da produção”, afirma o pesquisador.

O dia de campo foi realizado na Fazenda Papagaio, da agricultora Ana Maria Bittencourt. Além de produtores de Canaã, teve também presença de agricultores de São Miguel do Anta, Ervália, Viçosa, Santo Antônio do Grama, Guaraciaba, Teixeiras, Coimbra, Pedra do Anta, Amparo do Serra e Goianá, municípios da Zona da Mata Mineira que têm como base de sua economia a agricultura familiar.

Qual a importância das plantas repelentes para o manejo ecológico?

O controle da população de insetos nas lavouras pode ser feito pelo uso de plantas repelentes que possuem sabor e ou cheiro forte e, por isso, impedem a aproximação das pragas que causam danos às culturas.

Qual é a importância ecológica dos insetos?

Os insetos servem de alimento para mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. Caso fossem eliminados por completo de uma área, o desequilíbrio ecológico seria enorme, pois afetaria uma grande quantidade de seres vivos.

Qual a importância dos insetos na reprodução da planta?

Além do papel na cadeia alimentar, muitos insetos, tais como borboletas e abelhas, são fundamentais para a reprodução de algumas plantas. Os insetos são importantes polinizadores, ou seja, atuam transferindo o grão de pólen de uma planta para outra, garantindo sua fecundação.

O que é o manejo ecológico de insetos

O manejo agroecológico de pragas busca promover o equilíbrio do sistema, reduzindo a população de insetos praga e aumentando a população de insetos benéficos. No entanto, ainda existe a possibilidade de surgimento de populações de pragas. Para estes casos, há necessidade de adoção de métodos de controle.