Qual a importância do tombamento da cidade de Ouro Preto como Patrimônio Cultural da Humanidade?

Descrição

A cidade de Ouro Preto localiza-se no Estado de Minas Gerais, a sul de Belo Horizonte.
As primeiras referências à existência de ouro na região de Ouro Preto surgem no século XVII, quando um mulato de nome Duarte Nunes, ao retirar a gamela que mergulhara nas águas de um rio, observou algumas pedras escuras que estranhamente brilhavam. As ditas pedras chegaram à mão do então governador do Rio de Janeiro, Artur de Sá Meneses, o qual constatou que se tratava de ouro coberto de uma fina camada de óxido de ferro. Em finais do século XVII, uma expedição chegou ao local do achado e, em capela improvisada, foi rezada a primeira missa. Em 1711 já ali existiam diversos arraiais que foram reunidos num só núcleo, a que se deu o nome de Vila Rica de Albuquerque em homenagem a António de Albuquerque, então governador da capitania de S. Paulo e Minas do Ouro. D. João V abreviou o nome para Vila Rica e, mais tarde, o povo alteraria o nome para Ouro Preto, originalmente o nome de um dos arraiais que compunham a vila.
Ouro Preto destaca-se da generalidade das cidades mineiras do Brasil pela sua condição de sede do governo provincial, pela implantação da Casa dos Contos (a maior casa da Câmara e Cadeia da Colónia), a vida religiosa, o requinte da sociedade educada pelo culto das letras e artes.
Ouro Preto foi o primeiro centro histórico brasileiro a receber a denominação de Património Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Ouro Preto distingue-se das restantes cidades mineiras pela nobreza dos materiais empregues na construção do aglomerado urbano e apresenta uma arquitectura vernacular idêntica à das povoações portuguesas do Minho e Alto Douro. A predominância das construções em pedra e a riqueza patente nas igrejas são exemplos do ambiente de prosperidade material e cultural que ali se vivia. Do centro histórico de Ouro Preto, destacam-se edifícios como o antigo Palácio dos Governadores, a antiga Casa da Câmara e Cadeia, a Casa dos Contos, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Igreja de Nossa Senhora do Pilar e a Igreja de S. Francisco de Assis.
A construção do antigo Palácio dos Governadores teve início em 1741, por ordem de Gomes Freire de Andrade, sob traçado do Sargento-mor Engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim. Trata-se de um edifício com carácter defensivo, localizado numa plataforma da muralha da cidade e acessível por uma rampa guarnecida de guaritas.
A antiga Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto foi edificada ao longo de várias campanhas de obras executadas a partir da segunda metade do século XVIII. Aqui se realizavam todos os serviços relacionados com a gestão administrativa, política e judiciária de Ouro Preto. Actualmente, o edifício é sede do Museu da Inconfidência.
A Casa dos Contos, construída no último quartel do século XVIII, teve várias funções ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX. Residência magnífica, a Casa dos Contos apresenta grande familiaridade com os solares do norte de Portugal.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída no último quartel do século XVIII, apresenta um traçado erudito e fortemente influenciado pelas igrejas germânicas e borrominianas, permanecendo até hoje incerto o nome do seu autor. A construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar resultou da iniciativa de duas irmandades associadas: Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora do Pilar, fundadas em 1729. Exteriormente, a igreja apresenta estrutura de alvenaria e pedra, guardando no interior exemplos extraordinários do dourado barroco colonial. Estes podem ser admirados no pequeno museu que a paróquia criou e onde estão em exibição alfaias e pratarias de grande qualidade.
A Igreja de S. Francisco de Assis, iniciada em 1766, reune o melhor da arquitectura barroca da cidade de Ouro Preto. Embora não existam documentos que, taxativamente comprovem as autorias, alguns estudiosos defendem que o inteiro projecto plástico, arquitectónico e escultórico, são atribuíveis a António Francisco Lisboa, escultor natural desta cidade mineira, e conhecido pelo cognome de «Aleijadinho» (1730-1814).

Outras ligações:
UNESCO - Historic Town of Ouro Preto

Museu Virtual de Ouro Preto

Bibliografia

Dias, Pedro, Arte de Portugal no Mundo, Brasil - Arquitectura Civil e Religiosa, Lisboa, Editor Público – Comunicação Social, S.A., 2008.

Guia dos Bens Tombados. Brasil, Coordenação de Maria Elisa Carrazzoni, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura com o Apoio Cultural da Caixa Econômica Federal, 1987.

Guia dos Bens Tombados. Minas Gerais, Coordenação de Wladimir Alves de Souza, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, com o Apoio Cultural de Credi-Real – Banco de Crédito Real de Minas Gerais, 1984.

Jorge, Fernando, O Aleijadinho: sua vida, sua obra, seu génio, S. Paulo, 2ª ed., Bruno Buccini Editor e Edições Leia, 1961.

Junior, Augusto de Lima, O Aleijadinho e a arte colonial, Rio de Janeiro, Edição do Autor, 1942.

Lemos, A. Vieira de, António Francisco Lisboa O Aleijadinho, Época, Vida e Obra, Porto, Grupo de Estudos Brasileiros do Porto, 1972.

Património da Humanidade, World Heritage e Sites in Brazil, Pesquisa e Texto Percival Tirapeli, São Paulo, Metalivros, 2000.

Tiraveli, Percival, "Le Baroque religieux a l’apogée de la periode mineur" in Les Dossiers d’Archeologie, Numero 169, Mars 1992, pp. 40-43.

Qual a importância do tombamento da cidade de Ouro Preto?

Em 1938, a cidade foi tombada como Patrimônio Nacional, a fim de amparar as tradições culturais lançadas pelos modernistas, mantendo em sua memória os fatos históricos do Brasil que foram ali vividos.

Qual a importância do tombamento para o patrimônio?

Tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder público com o objetivo de preservar, através da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados”.

Por que a cidade de Ouro Preto é um Patrimônio Histórico e cultural da humanidade?

Seu traçado urbano colonial mantém-se intacto e o mesmo ocorre com os exemplares da arquitetura religiosa e civil mais expressivos, e as suas obras de arte preservadas. Entre o patrimônio protegido está a Igreja São Francisco de Assis (considerada uma obra-prima).