A palavra ERRO é proveniente do termo em latim „ERRARE“, perder-se, andar sem destino, cometer inadequação. Show Significado: Ato de errar, inexatidão, apartamento, desvio do bom caminho, engano, desacerto, incorreção, pecado, ilusão... (Dicionário Aurélio Online) Como vemos, o erro possui uma multiplicidade de conceitos, que podem ser de inclusão, de construção ou de uma ideologia da incompetência do outro, refletindo diretamente no processo de aprendizagem, sendo fator decisivo para o sucesso ou fracasso. O conceito de erro é fundamental no processo avaliativo. IDEIAS SOBRE O ERRO Erro como fonte de castigo x Erro como fonte de aprendizagem ERRO COMO FONTE DE CASTIGO A visão culposa do erro. O erro é considerado um pecado e motivo de condenação através de castigos físicos (incluimos neste termo “castigos físicos” tantos as punições corporais quanto as psicológicas). Neste ponto de vista, a postura do professor na sala de aula é a de quem detém os conhecimentos e os repassa para o aluno. O aluno é quem recebe os conhecimentos e deve armazená-los. O papel deste no processo de aprendizagem é basicamente o de passividade. Nesta visão, diante do erro o professor deve punir erros de comportamentos e dificuldades de aprendizagem através de castigos físicos e/ou psicológicos. A punição física em escolas remonta a história antiga conhecida sendo praticada, por exemplo: nas escolas dos sumérios, na Índia antiga ou no Império chinês. A primeira justificativa teórica da punição corporal é encontrada entre os hebreus do Antigo Testamento. Na idade média métodos educativos rígidos foram utilizados em escolas de conventos e de mosteiros, onde crianças eram punidas por seus menores erros com "chicotadas até a morte”. Em meados do século XIX surgiram em vários países da Europa e América leis para coibir abusos físicos nas escolas. Apesar disso, o uso de instrumentos de castigos (ex: palmatórias, réguas, etc) eram comuns em todo o mundo como forma de forçar as crianças a “entrarem no eixo” ou “aprenderem a qualquer custo”. O erro está sempre relacionado à condenação e castigo porque decorre de uma culpa. A ideia da culpa está relacionada, entre outras coisas, com a concepção filosófica-religiosa de que somos frutos do pecado que nos acompanha desde o nosso nascimento até a nossa função cultural. “As condutas dos alunos consideradas como erros têm dado margem, na prática escolar, tanto no passado como no presente, às mais variadas formas de castigo por parte do professor, indo desde as mais visíveis até as mais sutis. À medida que se avançou no tempo, os castigos escolares foram perdendo o seu caráter de agressão física, tornando-se mais tênues, mas não desprovidos de violência.” (Luckesi, Cipriano- Prática Escolar: do Erro Como Fonte de Castigo ao Erro Como Fonte de Virtude). CONSEQUÊNCIAS DO USO DO CASTIGO DIANTE DO ERRO A violência através do castigo corporal destrói a harmonia social na sala de aula em termos de relação aluno-professor e aluno-aluno, e ameaça as relações futuras que a criança irá ter. Ela corrói a confiança das crianças e a autoestima, e aprova a falta de autocontrole como forma aceitável para dominar os outros. Ainda hoje, em 2016, muitos países fazem uso de castigos corporais* (incluindo-se neste termo: castigos corporais físicos e/ou psicológicos) em sala de aula e de acordo com a UNESCO somente 15 dos 190 países mais ricos do mundo aboliram o uso de castigos na escola. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, em 19 dos seus 50 Estados o castigo físico é permitido (tanto na escola quanto em casa). (https://de.wikipedia.org/wiki/K%C3%B6rperstrafe#Z.C3.BCchtigungsrecht_an_Schulen ) O castigo corporal perdura em grande parte porque os professores acreditam que ele dá resultado: é eficaz. Mas será mesmo? Uma análise alargada da investigação feita em duas décadas mostrou que o único resultado positivo do castigo corporal é a submissão imediata, enquanto as consequências negativas ultrapassam largamente este resultado. O recurso ao castigo corporal raramente proporciona o efeito desejado. Pelo contrário, pode ter consequências terríveis e negativas para a criança e para si. Quando recorremos ao castigo corporal, os resultados são imprevisíveis. Eles podem ser a tristeza, baixa autoestima, ira, raiva, comportamento agressivo, desejo de vingança, agudização de estados de depressão, ansiedade, uso de drogas, abuso sexual, abuso infantil, maus-tratos dos pais, delinquência infantil, e,naturalmente, mais castigo corporal. A longo prazo, têm sido demonstrado que as crianças que tenham sofrido castigos corporais têm maior propensão para desenvolver comportamento antissocial e recorrem de imediato à violência, criando assim um contínuo do abuso físico de uma geração para a seguinte. Utilizando violência, nós ensinamos violência. Fonte: http://docplayer.com.br/15059502-Publicado-por-unesco-departamento-regional-para-a-asia-e-pacifico-920-sukhumvit-rd-prakanong-bangkok-10110-tailandia.html REPENSANDO O ERRO Uma nova forma de pensar o erro: O ERRO COMO FONTE DE CONHECIMENTO
Ao longo da história vários educadores e estudiosos se posicionaram contra castigos físicos e em favor de uma mudança no paradigma da educação vigente em sua época, tais como: Comênius, Pestalozzi, Maria Montessori, Jean Piaget, Vygotsky, Waldorf, Freinet, dentre outros. Com o passar dos anos, vários outros pesquisadores e pedagogos repensaram a forma de educar influenciando a sociedade e as instituições escolares, no sentido de considerar o erro como fonte de virtude, de aprendizado. “JEAN PIAGET (1978) estudou o caminho do raciocínio das crianças através do resgate da lógica dos erros, resgatando o percurso da evolução do pensamento. Com alguns questionamentos, ele descobriu como trabalhar a partir do erro. “É errando que se aprende (dito popular)”, vai ao encontro da noção de Piaget quando afirma que o conhecimento é um processo de fazer e refazer. O aluno não chega a uma resposta à toa, ele tem um raciocínio, o que pode acontecer é um desvio de pensamento. Segundo HOFFMAN (2002) o erro não deve ser visto como um pecado, mas como respostas do aluno a certas situações. O erro passa a representar um indício, entre muitos outros, do processo de construção de conhecimentos e ganha relevância por sinalizar que o aluno está seguindo trajetos diferentes (originais, criativos, novos...) daqueles propostos e esperados pelo professor. Assim sendo. O erro aporta aspectos significativos para o processo de investigação. Segundo VASCONCELOS apud DALTO (1995), uma das dificuldades em se trabalhar os erros dos alunos, encontra-se justamente na dificuldade que o próprio educador tem em trabalhar os seus erros, em decorrência de uma formação distorcida, onde não havia lugar para o erro.” http://edutec-net.blogspot.ch/2008/10/o-papel-do-erro-na-aprendizagem.html Durante o processo de construção do conhecimento, a criança tem que “experimentar” várias vezes antes de obter um determinado conhecimento. Tanto o “sucesso/insucesso” como “acerto/erro” pode ser utilizado como fonte de virtude... O fato de não se chegar à solução bem-sucedida indica, no caso o trampolim para um novo salto. Trata-se de valorizar o erro, mas não aceitá-lo. O PAPEL DO ERRO O ponto fundamental é transformar o erro em algo observável para a criança, de modo que ela possa ver o porquê da discordância com o que seria correto, os motivos que a levaram a esse erro e quais são os caminhos para fazer o certo. O ERRO DO ALUNO: RIQUEZA DIAGNÓSTICA O erro do aluno é, talvez, a maior riqueza diagnóstica de seu caminho pela aprendizagem e o professor deve buscá-lo, não para punir ou sancionar (como acontece), mas para do mesmo fazer o caminho do acerto. Para isso é preciso interrogar, perguntar, indagar, sugerir situações-problema, lançar desafios! Aprender é reestruturar o sistema de compreensão de si mesmo, do outro e do mundo. O aprendizado escolar precisa ser voltado a despertar o interesse do aluno, sua curiosidade, seu espírito de investigação e seu desenvolvimento da capacidade para resolver problemas cotidianos. Ao oferecer um ensino cheio de motivações, o professor estará ampliando o desenvolvimento educacional do aluno; Augusto Cury (2003, p.97) sabiamente escreve que: “... o professor tem que educar com emoção (...) por trás de cada aluno (...) há uma criança que precisa de afeto. (...) Paciência é o seu segredo, a educação do afeto é sua meta”. É de suma importância conscientizar o educador sobre sua postura pedagógica, afim de que este exerça o papel de mediador da construção do conhecimento. O professor desempenha dois tipos de ações pedagógicas:
PAPEL DO EDUCADOR
Deve ter:
É importante que o professor tenha claro, que certos erros, depois de um tempo de escolaridade, são inaceitáveis. As correções não podem ser todas da mesma natureza, porque os conteúdos não o são. Em cada situação há diferentes formas de fazer com que o aluno saiba o que errou e porque errou. A CORREÇÃO DOS ERROS A correção dos erros na perspectiva construtivista tem como objetivos:
É necessário o acompanhamento, a reconstrução do conhecimento. A correção precisa ser interativa, estando o professor e o aluno comprometidos com a aprendizagem. (CARVALHO, 2001, p. 69). ... A correção durante o processo de aprendizagem – a que se espera do professor – é fundamental para o desenvolvimento do aprendiz. DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS X DESEMPENHO DO PROFESSOR Luckesi (1996) diz que o processo de avaliar tem, basicamente, três passos:
Manter um pé na realidade da turma também é útil. Um bom caminho é reservar um tempo para conversar com cada aluno. O exemplo encaixa-se bem no modelo proposto por Luckesi. Esse é o primeiro passo, a chamada avaliação inicial ou diagnóstica. O segundo, batizado de avaliação processual ou reguladora, é o conjunto de aferições feito no decorrer do processo de ensino/aprendizagem e servem para mostrar ao professor se determinada tática pedagógica está ou não dando resultados (em caso negativo, não perca tempo: busque alternativas e troque ideias com os colegas e a coordenação). O terceiro é conhecido como avaliação somativa ou integradora, momento em que o mestre estabelece o conceito final com base em tudo o que observou e anotou durante o processo. A avaliação é uma prática constante no processo de ensino e aprendizagem. Alguns educadores, como o espanhol Zabala e o suíço Perrenoud, defendem ainda que os detalhes da avaliação final permaneçam na privacidade aluno/professor.
Exemplo de Avaliação Inicial e Diagnóstica: No exemplo abaixo veremos que o professor distribuiu uma mesma atividade para uma criança realizar em três momentos distintos do ano letivo: início, meio e fim, para avaliar seu desenvolvimento no processo de aquisição da linguagem. Hipóteses de escrita de uma aluna (1°ano) no início, meio e fim do ano letivo: Pode-se notar a evolução da escrita da aluna. Percebe-se também que na terceira avaliação diagnóstica o valor sonoro utilizado pela aluna correspondeu ao do idioma alemão. (PeteKa, Maum, televisaum, ganela, etc). Fica aí uma sugestão de avaliação diagnóstica... O professor poderá entregar uma atividade como essa, sem anotações para que a criança a preencha como sondagem. Ex: Apresentar os valores sonoros em português: sons nasais, abertos (lápis), diferenças e pronúncias.
A avaliação construtivista, visa principalmente ajudar os professores a planejar a continuidade de seu trabalho, relacionando-o ao desenvolvimento dos alunos, procurando dar-lhes reais condições de superação de obstáculos e desenvolver seu autoconhecimento e autonomia. O educador deve observar, anotar, replanejar, envolver todos os alunos nas atividades de classe, fazer uma avaliação precisa e abrangente. E o que fazer com os resultados? Segundo os especialistas, não se pode perder de vista que eles interessam a quatro públicos:
Os pais e os professores devem ter boa vontade e paciência para trabalhar juntos, em prol do desenvolvimento escolar do aluno. Tipos de Correções:
Todas essas estratégias devem ser acompanhadas pelo uso intensivo de feedback, ressaltando respostas corretas e apresentando feedback detalhados sobre processos e resultados. SUGESTÕES QUE O PROFESSOR PODE UTILIZAR PARA AJUDAR SEUS ALUNOS A FAZER AS PROVAS
O PAPEL DO EDUCADOR DIANTE DO ERRO: É urgente uma reeducação do educador: Refletir sobre suas práticas educativo-avaliativas, que possam considerar o sujeito que aprende como um todo e que possam respeitar, principalmente, o “como” aprender de cada educando, incluindo aí o respeito às heranças étnico culturais, às vivências, às limitações cognitivas, afetivas e estruturais que cada um traz para a escola e repensar no “erro” como indicativo de problemas a serem trabalhados, tanto no aluno como nele mesmo, professor, e não como fonte de diferenças de aprendizado para a qual não há outra forma de agir, que não seja com a punição, a exclusão e a repetência. O erro proposto é que seja trabalhado como uma privilegiada oportunidade de interação entre o educando e o professor, de modo a superar suas hipóteses em direção a outras mais complexas e abrangentes. Bibliografia
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