Quando foi realizada a semana da arte moderna

Este mês a Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, completa 100 anos. O centenário deve ser lembrado em provas de vestibulares e Enem e, por isso, o Atualidades vai trazer um resumo do evento e sua importância para a arte no Brasil.

A Semana de Arte Moderna é considerada o marco oficial do Modernismo no Brasil. Ela foi realizada no Theatro Municipal de São Paulo e reuniu artistas de diversas áreas, como pintores, escritores, músicos e escultores, para expor suas artes com forte influência das vanguardas europeias.

Apesar dessa influência, os artistas brasileiros possuíam um desejo de autenticidade. Os modernistas estavam dispostos a não mais imitar as artes francesas, italianas e portuguesas, com o propósito de construir um perfil cultural norteador da identidade nacional e, assim, atualizar a arte brasileira. 

Nomes

Entre os nomes que estiveram presentes na Semana de Arte Moderna estão Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Di Cavalcanti. Eles uniam-se pelo sentimento incômodo de estagnação artística. Para eles, a arte brasileira não passava de uma “cópia sem coragem e sem talento” presa às influências da cultura ocidental. 

Segundo Jéssica Vasconcelos Dorta, professora de Redação do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante, a Semana de Arte Moderna marcou o início da construção de uma nova mentalidade, fundamentada na renovação da linguagem artística. “Além de evidenciar o desejo de modificar o padrão estético em vigor, os artistas encontraram no evento uma oportunidade adequada para comemorar os 100 anos da Independência política do Brasil”.

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Repercussão

Na época, a Semana de Arte Moderna foi bastante criticada pela elite conservadora de São Paulo. Entre os críticos estava o escritor Monteiro Lobato. As manchetes dos jornais também condenavam o evento, que foi visto como um “delírio coletivo”.

No entanto, a professora Jéssica Dorta destaca que, apesar das críticas, a Semana de Arte Moderna foi fundamental para criar um movimento que, ao longo dos anos, causou a ruptura com o passado academicista e gerou uma renovação intelectual e artística no Brasil.

Vestibulares e Enem

O centenário da Semana de Arte Moderna é uma grande aposta para as questões de vestibulares esse ano. Para Jéssica Dorta, é importante compreender a Semana como a primeira fase pública do movimento moderno brasileiro. “Naquele momento, apesar da repercussão negativa, um interesse pela vida intelectual foi despertado em São Paulo e, posteriormente, em grande parte do país”. 

A professora também recomenda aos vestibulandos atentar-se às vanguardas europeias, como o Cubismo, Futurismo, Expressionismo, Dadaísmo e Surrealismo, que sempre aparecem no Enem. Temas relacionados à arte podem aparecer em questões de Linguagens e Códigos e Ciências Humanas.

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um evento que oficializou o modernismo no Brasil. Artistas de diversas áreas reuniram suas obras entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, em São Paulo, para amostragem do que havia de mais novo no universo da arte.

Contexto histórico

O ano de 1922 era o centenário da Independência do Brasil. Para os artistas envolvidos na programação da Semana, havia um nacionalismo preponderante: a proposta era atualizar a intelectualidade brasileira e muni-la de uma consciência nacional, pautada por uma necessidade de “redescobrir” o Brasil, que se transformava e se modernizava aos passos lentos da República Velha, sem perder os velhos padrões oligárquicos coloniais, agora com a roupagem da burguesia industrial.

As primeiras indústrias que chegavam a São Paulo e a produção de café eram os principais eixos de giro financeiro, motivo pelo qual a cidade foi escolhida para sediar o evento, que contou com o patrocínio de diversos membros da alta sociedade paulistana.

Ao mesmo tempo, estava presente o internacionalismo das vanguardas europeias, que influenciaram diretamente os artistas envolvidos na Semana. Novos formatos, materiais e um novo entendimento do que era a arte e a produção artística dominavam a Europa do início do século, e chegavam ao Brasil em nova roupagem: a do uso dessas novas linguagens e da atualização das ideias artísticas em prol de uma renovação da arte brasileira.

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O acontecimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o rastro de morte e destruição que assolou a Europa também marcaram profundamente as relações sociais e a percepção filosófica da humanidade, o que impactou diretamente as produções artísticas do período.

Leia também: Modernismo em Portugal: orfismo e presencismo

Como foi a Semana de Arte Moderna

Quando foi realizada a semana da arte moderna
Anúncio de um dos festivais da Semana de Arte Moderna de 1922.

Graça Aranha era intelectual conhecido e, embora não fosse modernista, apadrinhou o movimento, cuja ideia original não se sabe de quem foi. Alguns pesquisadores apontam para o pintor Di Cavalcanti, que teria pensado pela primeira vez em fazer, em São Paulo, algo parecido com os festivais culturais de Deauville.

“Diversos intelectuais de São Paulo, devido à iniciativa do escritor Graça Aranha, resolveram organizar uma Semana de Arte Moderna, dando ao nosso público a perfeita demonstração do que há em nosso meio de escultura, pintura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual.”

Correio Paulistano, 29 jan. 1922.

Independentemente disso, além de promover o encontro entre as várias tendências estéticas que floresciam em São Paulo e no Rio de Janeiro desde o início do século, a Semana instituiu-se também como programa que consolidou grupos novos, bem como novas publicações em livros e revistas, tornando a arte moderna uma realidade cultural. Trata-se de um marco para uma nova maneira de pensar as produções artísticas e intelectuais brasileiras, até então dominadas oficialmente pela estética parnasiana.

Quando foi realizada a semana da arte moderna
O Theatro Municipal de São Paulo sediou a Semana de Arte Moderna de 1922. [1]

As apresentações e mostras da Semana aconteceram no Theatro Municipal de São Paulo, em cujo saguão instalou-se uma exposição de obras de pintura e escultura que escandalizaram o público brasileiro, desacostumado à nova proposta estética da arte no século XX. Congregando áreas diversas, o evento promoveu três festivais, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro.

A abertura da Semana ocorreu com a conferência “A emoção estética da arte moderna”, proferida por Graça Aranha, ilustrada com versos de Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho e com músicas executadas pelo maestro Ernani Braga. Heitor Villa-Lobos apresentou composições para música de câmara.

O próprio Ronald de Carvalho também conferenciou sob o título “A pintura e a escultura moderna no Brasil”, ao que se seguiram as apresentações de piano de Ernani Braga e de três danças africanas de Villa-Lobos.

O festival do dia 15 foi marcado pelas palestras de Mario de Andrade – trecho do que depois se tornaria o livro “A Escrava que Não é Isaura”, uma defesa do abrasileiramento da língua portuguesa – e de Paulo Menotti del Picchia, que versava sobre arte e estética e provocou grande algazarra e um sem número de vaias.

Houve um sarau do qual participaram diversos escritores, embora nem todos tenham conseguido falar, devido à grande balbúrdia que se tinha estabelecido. A calma apenas se reestabeleceu depois, com as apresentações de dança de Yvonne Daumerie e o piano de Guiomar Novais.

O encerramento, no dia 17, ocorreu com as apresentações de peças musicais de Villa-Lobos, executadas pelos diversos músicos participantes.

Principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922

  • Escritores: Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Plínio Salgado, Álvaro Moreyra, Elysio de Carvalho, Luiz Aranha, Ribeiro Couto, Tácito de Almeida, Agenor Barbosa, Afonso Schmidt, Sérgio Milliet.
  • Pintores: Emiliano Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Zaina Aita, Ferrignac, Yan de Almeida Prado, John Graz, Vicente do Rego Monteiro, Antonio Paim Vieira.
  • Escultores: Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso, Haarberg.
  • Arquitetos: Georg Przyrembel, Antonio Moya.
  • Músicos: Heitor Villa-Lobos, Lucília Guimarães Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Ernani Braga Paulina de Ambrósio,  Alfredo Gomes, Fructuoso Vianna.

Consequências da Semana de Arte Moderna

A Semana foi um divisor de águas para a arte brasileira. Paulo Mendes de Almeida a define como “um clamor em coro, um movimento de grupo, [...] um safanão naquele adormecido em berço esplêndido Brasil”.

O evento teve duplo campo de atuação: a divulgação da arte moderna que já se fazia no país, por meio das conferências, exposições e debates públicos, levando aos jornais o trabalho dos artistas, e o solo fértil para uma revolução artística e literária, que culminou nas inúmeras produções que se seguiram ao evento.

Foi a partir de 1922 e até o fim da década que surgiram obras fundamentais para a inteligência do modernismo, como Memórias Sentimentais de João Miramar (1923), de Oswald de Andrade; O Ritmo Dissoluto (1924), de Manuel Bandeira; Manifesto Pau-Brasil (1925), também de Oswald de Andrade, entre outras inúmeras publicações, além da circulação de revistas e periódicos, que difundiam poemas, artigos e demais produções modernistas.

Nas palavras de Mario de Andrade, o modernismo que se propunha na Semana “é,  a meu ver,  a  fusão  de  três  princípios  fundamentais:   o  direito  permanente  à  pesquisa  estética;  a  atualização da  inteligência  artística  brasileira;  e  a  estabilização  de  uma consciência  criadora  nacional”.

Leia também: Primeira fase do modernismo brasileiro: antropofagia cultural 

Resumo

  • A Semana de Arte Moderna foi a primeira expressão do modernismo nacional;
  • Aconteceu em São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922;
  • Congregou diversas áreas artísticas: estavam presentes escritores, pintores, escultores, arquitetos e músicos;
  • Pinturas e esculturas ficaram expostas durante a Semana no saguão do Theatro Municipal, e seu conteúdo escandalizou a sociedade da época;
  • Nos dias 13, 15 e 17, aconteceram conferências e palestras sobre estética, além de declamações e apresentações de música e dança;
  • Foi um marco para a arte e a intelectualidade nacionais, promovendo a divulgação da nova forma de pensar e produzir, atualizando a inteligência brasileira;
  • A Semana fundamentou o terreno para o modernismo de 1920, no qual se consolidou uma revolução artística e literária.

Crédito de imagem

[1] Alf Ribeiro / Shutterstock

Onde e quando aconteceu a Semana de Arte Moderna de 1922?

Em 1922, entre os dias 13 e 17 de fevereiro, no famoso Teatro Municipal de São Paulo, intelectuais e artistas ligados a elite cafeicultora paulista se reuniram para apresentar uma arte que tinha como objetivo romper com os padrões artísticos vigentes até então – o evento ficou conhecido como “Semana de Arte Moderna“.

Quando e onde foi realizada a Semana da Arte Moderna quantos dias durou?

Marco do modernismo no Brasil, a Semana de Arte Moderna foi realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo.

Quando se realizou a Semana de Arte Moderna?

A Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922,​​​​​​ foi o evento que deu visibilidade para uma das escolas literárias mais inovadoras e importantes da história da literatura brasileira – o modernismo.

O que aconteceu na Semana de Arte Moderna de 1922?

A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922. O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e palestras.