Tomar muito tempo o mesmo anticoncepcional perde o efeito

Sim. Tanto a cartela de anticoncepcional quanto qualquer outro medicamento não pode ser deixado no carro, porque isso pode alterar a efetividade do produto e a redução da sua segurança para quem está tomando. Temperaturas elevadas podem degradar a substância ativa e outros componentes da formulação do medicamento, e o resultado pode não ser o esperado.

É bom ter em mente que as condições de armazenamento são importantes para manter a estabilidade do remédio. Temperatura e umidade elevadas, além do oxigênio, presença de luz são pontos que poderão alterar significativamente a integridade do produto. Por isso a necessidade de deixá-lo dentro da embalagem original e em ambientes sem as variações citadas.

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Aliás, até banheiros e cozinhas (quando próximo de fogão, sobre a geladeira ou micro-ondas) não são bons locais para deixar remédios, já que o produto pode sofrer variações de umidade e calor. Armazenar na bolsa ou mochila de uso diário também não é indicado. Nestes locais, além das mudanças de temperatura, os medicamentos também podem causar acidentes, caso fiquem ao alcance de crianças e animais. Por isso, o ideal é colocar os produtos em um local específico, dentro de um armário, em uma parte em que os pequenos não consigam mexer.

E sabe aquela famosa caixinha de plástico com divisórias de dias da semana para você deixar os medicamentos? Então, só é recomendada para uso no mesmo dia, ou em situações de emergência (uma viagem, por exemplo). A embalagem original do medicamento tem o chamado dessecante, que serve para retirar a umidade do interior do produto. Portanto, ao deixar o remédio fora desse pacote, aumenta-se —e muito — a chance de sofrer alterações por conta da umidade relativa do ar. Sem esquecer que estas caixinhas de plástico podem causar confusão entre produtos.

Então, agora já sabe: seja qual for o medicamento que você estiver tomando, evite deixá-lo fora da própria embalagem e mantenha-o sempre em um local sem alteração de temperatura e umidade.

Fontes: Gerson Antônio Pianetti, professor da Faculdade de Farmácia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); Heloisa Olivan, farmacêutica e bioquímica especialista em desenvolvimento nutracêuticos e cosméticos; Maria Aparecida Nicoletti, farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da FCF-USP (Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo).

Tomar muito tempo o mesmo anticoncepcional perde o efeito

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Seis em cada dez brasileiras não tomam a pílula no mesmo horário todos os dias. E ainda mais grave: quase 40% delas não consideram necessário esse cuidado.

Se você é mulher, é bem provável que já tenha se esquecido de tomar a pílula anticoncepcional no dia correto ou no horário habitual. Pois saiba que você não está sozinha.

Segundo a pesquisa global “Millennials e Contracepção — Por que nos esquecemos?”, realizada pela Bayer em 9 países com 4,5 mil mulheres, e que no Brasil contou com apoio do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as brasileiras são as que mais esquecem de tomar a pílula. Enquanto a média mundial ficou em 39%, aqui 58% das entrevistadas afirmaram ter esquecido de tomar o anticoncepcional  pelo menos uma vez no último mês. Entre os motivos apontados estão estresse e ter guardado o medicamento em local pouco visível.

Veja também: Conheça os principais métodos contraceptivos, seus riscos e benefícios 

Outro dado importante é que 6 em cada 10 brasileiras não tomam a pílula no mesmo horário todos os dias. E ainda mais grave: quase 40% delas não consideram esse cuidado necessário.

A ginecologista Marta Finotti, doutora em Medicina Reprodutiva e Ginecologia Endócrina pela Universidade Federal de Goiás (UFG), complementa os dados da pesquisa dizendo que  a falta de informação — principalmente das pacientes jovens — ainda é um grande problema. “Muitas garotas chegam ao consultório pensando que não é necessário tomar a pílula todos os dias, mas somente quando têm relação sexual. Isso ocorre porque em geral quem indica a pílula é uma amiga, não um médico. Então, a menina toma o anticoncepcional escondido da mãe, com medo de represália, e não tem ninguém para orientá-la.”

O que fazer se esquecer de tomar a pílula

As pílulas que contêm somente progesterona devem ser tomadas rigorosamente no mesmo horário. Já as pílulas combinadas de estrogênio e progesterona oferecem uma flexibilidade maior: se esquecer, você pode tomar até 3 a 4 horas depois do horário estabelecido.

Algumas pílulas trazem a informação de 12 horas de tolerância em caso de atraso. Contudo, a demora não deve se tornar um hábito, pois a eficácia do método é comprometida gradativamente conforme passam as horas, mesmo que você se mantenha no limite do atraso. “Os hormônios possuem meia-vida e duram um certo período no organismo, então, mudanças de horário podem comprometer a eficácia”, reforça a ginecologista. Lembre-se: 12 horas é considerado o período máximo de atraso. A recomendação dos ginecologistas é não extrapolar as 2 horas para não cultivar um hábito de esquecimento.

Caso você esqueça por mais tempo, será necessário iniciar todo o ciclo novamente, como se fosse a primeira pílula da cartela, pois nesse caso não é possível estimar com precisão o risco de gravidez. Conforme explica a médica, esse risco vai depender da fase do ciclo em que você estiver. “Se a mulher esquecer no início do ciclo, o risco de uma gravidez não planejada será incrivelmente maior, porque o eixo hipotálamo–hipófise–ovariano não terá sido bloqueado. Agora se ela já tiver tomado a pílula durante sete a dez dias e esquecer na segunda fase do ciclo, o risco será um pouco menor, porque o eixo já estará bloqueado. Então, depende da fase do ciclo.”

Aqui vai um alerta: se você se esquecer de tomar a pílula anticoncepcional com muita frequência, considere conversar com seu ginecologista para utilizar métodos de contracepção de longa duração, como implantes, DIU de cobre e sistema intrauterino (SIU, também conhecido como DIU medicado ou DIU hormonal). Saiba mais clicando aqui.

Dicas para se proteger

  • Sempre tome o medicamento no mesmo horário ou bem próximo do horário estabelecido. Coloque o celular para despertar, deixe a cartela sempre à mão e fixe um horário que seja fácil memorizar (por exemplo, relacionados a momentos do cotidiano, como depois do almoço ou após o jantar);
  • Prevenção dupla (anticoncepcional + camisinha) sempre é a melhor opção, pois além de aumentar a eficácia do método e diminuir o risco de uma gravidez não programada, também evita as IST (infecções sexualmente transmissíveis), como sífilis e aids;
  • Se você teve uma relação sem usar pílula nem preservativos, tenha em mente que é preciso utilizar a pílula do dia seguinte o quanto antes, se quiser evitar uma gravidez. Depois de tomar o contraceptivo de emergência, espere menstruar e comece uma nova cartela de pílula anticoncepcional convencional. Importante: a pílula do dia seguinte deve ser usada somente em emergências, nunca use continuamente, como uma pílula tradicional.

Vídeo: Dr. Drauzio responde dúvidas frequentes sobre a pílula anticoncepcional

O que acontece quando toma anticoncepcional por muito tempo?

De acordo com o Nacional Cancer Institute (NCI), o uso deste método pode diminuir ligeiramente o risco de câncer de endométrio e de ovário, mas seu uso a longo prazo pode aumentar ligeiramente o risco de câncer de mama, fígado e colo do útero.

Pode tomar o mesmo anticoncepcional por quantos anos?

Tomar o mesmo anticoncepcional por 4 anos perde o efeito? De forma alguma. Embora seja esperado alterações no padrão de sangramento durante o longo uso de anticoncepcionais, sendo possível até mesmo a ausência de menstruação entre as cartelas, a eficácia dos mesmos não é afetada.

O que faz o anticoncepcional perde o efeito?

Tomar antibióticos, como rifampicina ou rifapentina, ter doença intestinal como a doença de Crohn, vomitar ou ter diarreia após tomar a pílula ou tomar certos chás pode cortar o efeito da pílula anticoncepcional ou diminuir sua eficácia, aumentando o risco de uma gravidez indesejada.