Como e o efeito da cocaína

Tolerância e Dependência:

Com o uso abusivo da cocaína não foi evidenciado tolerância, embora haja tendência para aumentar as doses. Pode haver indução à dependência psíquica profunda, com deterioração pessoal, ocupacional e até surtos de psicose tóxica.

Não está demonstrado que ocorra dependência física, não havendo evidências de síndrome de abstinência, embora, na ausência da substância, o dependente apresente crise de natureza psíquica, com procura compulsiva da droga, irritabilidade, agressividade, confusão mental, depressão, lassidão, sono profundo e hiperfagia.

Efeitos Gerais sobre o Organismo:

A cocaína ocasiona febre devido ao aumento da produção de calor, por ação sobre o SNC e por diminuição da perda deste, devido a vasoconstrição periférica.

No uso por inalação pode levar à perfuração do septo nasal e no uso endovenoso facilita o aparecimento de infecções locais e transmissão de enfermidades como septicemias, malária, endocardite bacteriana, hepatite B e AIDS.

Efeitos sobre o SNC:

Os efeitos imediatos da administração de cocaína manifestam-se de maneira geral, por um estado de euforia, bem estar, desinibição, loquacidade, resistência ao trabalho, perda de apetite, liberação erótica e insônia.

Efeitos sobre o Comportamento:

Com o uso repetido da substância, outros efeitos imediatos vão surgindo: agressividade, perda gradual do autocontrole, diminuição crescente da força de vontade, desinteresse ao trabalho, verdadeira obstinação para conseguir por todos os meios o pó, do qual não consegue mais renunciar. Há descontrole e o que interessa é saber onde e como obter a droga, sem preocupação com as conseqüências que possam advir, com envolvimento pessoal ou da família, devido às relações com traficantes.

Nada mais interessa ao dependente: relações familiares, trabalho, alimentação ou vestuário, sua obsessão é conseguir a droga. Começa a sentir “coisas esquisitas”, alucinações táteis, como se fossem insetos andando sobre seu corpo, posteriormente alucinações visuais, auditivas e gustativas: é a psicose cocaínica.

Efeitos Tóxicos:

A intoxicação aguda pela cocaína, conhecida por “overdose”, é caracterizada por palpitações, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsão, colapso cardiovascular, parada respiratória e morte.

Morte súbita causada por “overdose” acontece também quando a cocaína é contrabandeada dentro do corpo do contrabandista.

Diversos achados arqueológicos permitem afirmar que a utilização da folha de coca é ancestral.

Já havia consumidores de folha de coca no Equador e no Perú por volta do ano 2500 a.C. e o acesso a esta esteve na origem de muitos confrontos nos séculos XII e XIII da nossa Era.

Para os Incas, era não só uma substância medicinal que servia, basicamente, para aliviar a fadiga, mas também, algo de sagrado e, como tal, incluída no panteão e nos rituais religiosos.

Depois da descoberta da América, a coca não despertou grande interesse entre os conquistadores. A sua atitude foi bastante ambígua a esse respeito: por um lado, a Igreja proibiu a mastigação da folha de coca por ser considerada um vício pagão e desprezível, mas, por outro, deu-se conta dos benefícios que isso lhe trazia, permitindo que os índios trabalhassem sob os efeitos dessa substância.

A partir dessa data, abundam as referências à utilização da coca pelos cronistas e viajantes, que louvavam os seus benefícios estimulantes e medicinais. No entanto, contrariamente ao que aconteceu com o tabaco e o quinino, não conseguiram atrair suficientemente os colonizadores para o seu consumo ou exploração comercial.

A cocaína foi isolada por Nieman e Wolter em 1858 e nos anos que se seguiram, o interesse pela substância aumentou; numa época em que a farmacologia era uma ciência incipiente e as restrições legais poucas ou nulas, rapidamente se comercializou em grande escala, convertendo-se num ingrediente fundamental de produtos, como o vinho tónico de Angelo Mariani e inumeráveis remédios caseiros, sendo inclusivamente, durante dezassete anos, a componente mais popular da Coca-Cola.

No entanto, neste mesmo período, uma importante discussão científica em relação à cocaína possibilitou avanços teóricos e conceptuais mais relevantes em torno do fenómeno da dependência. Por um lado, Sigmund Freud, seguindo as pisadas daqueles que preconizavam o uso terapêutico da cocaína, contribuiu para provar a sua utilidade como anestésico local e, ao mesmo tempo que começava a consumi-la, defendia a sua inocuidade nos seus diversos trabalhos. Por outro lado, Louis Lewin, que já tinha publicado a sua famosa monografia sobre "heroinomania", opõe-se às teses de Freud, desenvolvendo todo o modelo conceptual que temos vindo a descrever: o fenómeno da dependência das drogas. Nesse mesmo ano (1885), Freud retifica; publica os seus "apontamentos sobre a ânsia de cocaína" e começa a construir o conceito de toxicomania.

Em todo o caso, no princípio do século XX e em particular na etapa dos "despreocupados anos vinte" nos países ocidentais viveu-se uma epidemia de consumo de cocaína por aspiração nasal, até que as medidas internacionais de controlo e, de forma muito clara, a Segunda Guerra Mundial, reduziram drasticamente o seu consumo. No pós-guerra e pelo menos até aos anos 70, o seu consumo foi muito marginal obedecendo a diferentes padrões, de país para país.

Na década de 70, começando pelos Estados Unidos, a cocaína transformou-se numa droga associada publicitariamente à imagem do êxito social, o que proporcionou uma rápida expansão em todas as classes sociais e especialmente entre os consumidores habituais e abusivos de outras substâncias como, por exemplo, a heroína, o álcool ou as anfetaminas.

Vias de Administração

Como e o efeito da cocaína

Trata-se de um pó cristalino, branco, cintilante, de sabor amargo. 

Habitualmente é consumido por via nasal, mas também pode ser absorvido por outras mucosas, por exemplo, esfregando as gengivas. 

Alguns consumidores injetam este pó, puro ou misturado em geral com heroína, o que produz frequentes problemas de úlceras, devido à rápida destruição dos tecidos cutâneos. 

O cloridrato de cocaína não se volatiliza, tornando-se por isso num produto inadequado para fumar, tanto mais que uma boa parte do mesmo é destruída a temperaturas elevadas.

Aspetos Farmacológicos

O cloridrato de cocaína adquire altas concentrações no plasma, de forma bastante rápida, sobretudo se a via de administração for intravenosa. 

O metabolismo é fundamentalmente hepático mas deve ter-se em conta que a velocidade com que a substância é absorvida é muito mais rápida do que a sua destruição, facto que leva o organismo a sofrer efeitos tóxicos com relativa facilidade. 

Efeitos Psicoativos

Efeitos imediatos 

Doses moderadas de cocaína produzem: 

    • Ausência de fadiga, sono e fome; Exaltação do estado de ânimo;
    • Maior segurança em si mesmo;
    • Prepotência: diminui as inibições e o indivíduo vê-se como uma pessoa sumamente competente e capaz;
    • Aceleração do ritmo cardíaco e aumento da tensão arterial;
    • Aumento da temperatura corporal e da sudação;
    • Sensação geral de euforia e intenso bem-estar;
    • Anestésico local.  

Quando o uso é ocasional, pode incrementar o desejo sexual e demorar a ejaculação, mas também pode dificultar a ereção.

Com doses altas, os efeitos são: 

    • Insónia, agitação;
    • Ansiedade intensa e agressividade;
    • Ilusões e alucinações (as típicas são as tácteis, como a sensação de ter insetos debaixo da pele);
    • Tremores, convulsões. 

À sensação de bem-estar inicial segue-se, em geral uma decaída, caracterizada por cansaço, apatia, irritabilidade e um comportamento impulsivo.

Efeitos a longo prazo 

Complicações psiquiátricas:

    • Irritabilidade;
    • Crises de ansiedade e pânico;
    • Diminuição da memória;
    • Diminuição da capacidade e da concentração;
    • Apatia sexual ou impotência; 
    • Transtornos alimentares (bulimia e anorexia nervosa);
    • Alterações neurológicas (cefaleias ou acidentes vasculares como o enfarte cerebral);
    • Cardiopatias (arritmias);
    • Problemas respiratórios (dispneia ou dificuldade para respirar, perfuração do tabique nasal,...);
    • Importantes consequências sobre o feto durante a gravidez (aumento da mortalidade perinatal, aborto e alterações nervosas no recém-nascido).
  • Fazemos uma referência especial para a chamada "psicose da cocaína", com características similares à psicose esquizofrénica com predomínio das alucinações auditivas e das ideias delirantes de tipo persecutório. 

A cocaína é uma substância com enorme potencial de dependência. É a que provoca a maior percentagem de dependentes depois de ser consumida em poucas ocasiões.

Devido à curta duração dos seus efeitos psicoativos e ao rápido aparecimento de sintomas de abstinência, provoca um consumo compulsivo. Apesar de não gerar uma síndrome de abstinência com sinais físicos típicos, as alterações psicológicas são notáveis: hiper-sonolência, apatia, depressão, ideias suicidas, ansiedade, irritabilidade, intenso desejo de consumo. Este estado pode conduzir ao abuso de depressores como as benzodiazepinas, o álcool e os opiáceos. 

Fonte: SICAD

Como é a sensação de usar cocaína?

Efeitos psicológicos da cocaína Os efeitos psicológicos, em geral, são os mais comuns, podendo ser: euforia, sensação de poder, ausência de medo, ansiedade, agressividade, excitação física, mental e sexual, anorexia (perda do apetite), insônias, delírios e alucinações.

O que acontece com a pessoa que cheira cocaína?

Os principais efeitos do uso da cocaína são: problemas cardíacos, transtornos psicóticos, delírios, problemas de dentição, perda da capacidade analítica, alucinações, agressividade, euforia e nervosismo extremo.

Qual a reação de uma pessoa que cheira pó?

Efeito imediato: Euforia e felicidade aparecem, provocando um prazer intenso que pode servir como gatilho para o vício. Além disso, o usuário pode ter uma crise de taquicardia, espasmos, elevação da pressão e até mesmo convulsões.

Quanto tempo dura o efeito do pó?

O efeito do pó dura, em média, de 30 a 40 minutos. Essa estimativa, no entanto, pode sofrer alterações dependendo da quantidade, de como foi consumida e da frequência que a cocaína foi utilizada. Além disso, o organismo de cada pessoa reage de maneira distinta à droga, ajudando com seu efeito.