Como pode ocorrer a relação entre o desenvolvimento econômico e social de um país e a demanda por consumo de água?

Seminário aborda relação da água com o desenvolvimento econômico

Como pode ocorrer a relação entre o desenvolvimento econômico e social de um país e a demanda por consumo de água?

Em um país como o Brasil, onde o crescimento econômico é um desafio constante e uma prioridade do governo, a ampla disponibilidade de recursos naturais lhe dá vantagens comparativas e competitivas. No entanto, um importante requisito de um modelo de desenvolvimento econômico promissor a médio e longo prazo é a sustentabilidade ambiental. Esta última é definida pela capacidade de utilização dos recursos naturais por gerações futuras em níveis iguais ou superiores aos atuais.

O recurso natural água é um insumo indispensável para realização das principais atividades econômicas do país. Por isso, a necessidade de considerar a gestão dos recursos hídricos uma prática indispensável ao alcance do tão preconizado desenvolvimento sustentável.

Embora o Brasil seja detentor de grandes reservas de água doce, abriga em seu território regiões hidrográficas com baixa disponibilidade hídrica e bacias que, mesmo contempladas por considerável disponibilidade de água, concentram demandas elevadas ou comprometimento qualitativo dos recursos hídricos, caracterizando graves quadros de escassez.

De fato, em diversas localidades, o consumo humano de água doce já enseja o colapso dos sistemas de abastecimento, o que leva a sociedade a aplicar esforços redobrados na correta gestão dos recursos hídricos. Parte desse cenário negativo é efeito imediato das baixas disponibilidades hídricas locais, como regiões áridas e semi-áridas, ou de áreas densamente povoadas situadas em trechos de rios a montante, nos quais as vazões não respondem aos patamares das demandas.

Em particular no semi-árido brasileiro, a disponibilidade hídrica já se configura no principal fator limitante do desenvolvimento socioeconômico, o que leva o poder público a sempre buscar novas alternativas de produção de água e conservação da disponibilidade hídrica. Nesse sentido, projetos e obras vêm sendo desenvolvidos, a exemplo da construção dos grandes açudes e adutoras, ou mesmo de projetos regionais.

Assim, por um lado o país encontra-se em fase de prosperidade do ponto de vista econômico, com mercado interno em expansão e investimentos externos crescentes,  caracterizando um relevante aumento da demanda pelos recursos hídricos .  Como contraponto, a disponibilidade hídrica no país, aparentemente elevada, é na realidade um fator limitante, considerando a relatividade dada por sua má distribuição espacial, pela sazonalidade e pelos usos múltiplos, importantes na caracterização de problemas e, sobretudo, das potencialidades de desenvolvimento econômico.

Diante desse quadro, é necessário dialogar sobre o impacto que o desenvolvimento das  atividades produtivas poderão acarretar na quantidade e a qualidade das águas do nosso país, de modo a balizar a implementação da política nacional de recursos hídricos. Um aspecto importante deste  diálogo é o planejamento estratégico e a inclusão da dimensão ambiental neste, considerando as decisões tomadas pelos agentes econômicos e suas implicações para as bacias hidrográficas.

Neste contexto, o Plano Nacional de Recursos Hídricos- PNRH, instrumento orientador de implementação da política nacional de recursos hídricos, é um plano de caráter estratégico, que na sua primeira versão, aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos em janeiro de 2006 (Resolução no 58 ),  trata do tema desenvolvimento econômico de forma direta e indireta,  em vários de seus programas. Como exemplo podem ser citados os programas I, III, IV, V, VI e VII, que tratam respectivamente: de estudos estratégicos; da sustentabilidade ambiental que no caso da água te haver com a implementação dos instrumentos de gestão da Lei no 9433, especialmente o enquadramento; de tecnologias de reuso; de como a água tem sido considerada um elemento estruturante das demais políticas setoriais e convergências possíveis entre os processos de planejamento setorial e de planejamento de recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável; dos usos múltiplos; e do uso racional e eficiente da água pelos vários setores usuários.

Tendo sido construído sob à ótica de uma visão de processo, devendo ser continuamente ajustado e adequado à realidade temporal que acompanha sua implementação, o PNRH encontra-se neste momento, submetido à sua primeira revisão. Uma das vertentes estabelecidas para o desenvolvimento desta revisão, é a de aprofundamento de alguns temas que foram se mostrando marcantes e que merecem ser melhor detalhados pelo PNRH. Dentre eles, estão os temas deste Seminário, que abordam a relação da  água com o desenvolvimento econômico do país.

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Que o nosso planeta tem grande quantidade de água, todos sabem, mas você sabia que apenas 3% é doce e disponível para consumo humano? Isso é preocupante, visto que ela é um recurso essencial para a manutenção da nossa vida e para o desenvolvimento sustentável.

Além disso, a demanda de água aumenta a cada dia, assim como a poluição das reservas de água doce. Para muitos países, a escassez de água é um problema grave. Por isso, políticas públicas são necessárias para manutenção da sua qualidade e preservação.

Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março. A instituição também divulgou, alguns anos depois, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — entre eles, assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento básico para todos.

Vários países estão planejando formas de contribuir com esses objetivos, inclusive o Brasil. Embora essas ações sejam focadas em políticas públicas, todos podem e devem contribuir. Quer saber como? Continue lendo o post!

Qual é o papel da água no desenvolvimento sustentável?

O desenvolvimento sustentável é um conceito que envolve fatores econômicos, culturais, sociais e ambientais de uma sociedade. Segundo a ex-primeira-ministra norueguesa Gro Brundtland, a definição para esse conceito é: “Desenvolvimento sustentável quer dizer ser capaz de dar conta das demandas atuais sem que isso prejudique a capacidade das próximas gerações de satisfazerem as próprias necessidades”.

Como já falamos, a água é um recurso escasso e finito, indispensável para todos os seres vivos, com papel fundamental no desenvolvimento econômico por fazer parte do processo da maioria das indústrias e ser insumo fundamental para agricultura. Dessa forma, a sua preservação e disponibilidade é fundamental para manutenção da vida e do bom funcionamento da economia.

Além disso, a qualidade da água tem papel de destaque na sustentabilidade. A poluição de nossos mananciais, além de ter um impacto de destruição dos ecossistemas, pode trazer graves riscos à saúde das populações em locais onde não haja tratamento adequado da água. O saneamento básico, especialmente o acesso à água tratada e a coleta e o tratamento de esgoto são fundamentais para evitar esses riscos.

É importante que haja um ciclo sustentável da água desde sua captação e tratamento para distribuição e, posteriormente, das águas usadas nas residências e indústrias – o tratamento de esgoto – antes do seu lançamento nos corpos hídricos Dessa forma, garante-se a disponibilidade e a qualidade desse recurso para as futuras gerações.

Quais são os desafios para o acesso à água no futuro?

Segundo a ONU, cerca de 5 bilhões de pessoas podem sofrer com a falta de água em 2050. Um dos principais motivos disso é a má administração dos recursos hídricos, aliado ao crescimento populacional e às mudanças climáticas enfrentadas pelo planeta.

A falta de saneamento básico é resultado da carência de investimentos no setor. No Brasil, 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável e menos da metade do esgoto gerado é tratado. O lançamento desse esgoto sem tratamento no meio ambiente polui os mananciais e tem grande impacto na vida aquática.

Além disso, a despoluição de um rio tem um custo muito alto e só é possível se os lançamentos de esgoto doméstico e efluentes industriais forem tratados antes de serem lançados nos rios. Ou seja, a despoluição dos rios depende de investimentos em saneamento.

O desmatamento florestal e as construções próximas às nascentes de rios também contribuem para a degradação desse recurso. Portanto, os desafios para o acesso universal à água são complexos e envolvem mudança de hábitos e nas políticas públicas.

Como utilizar os recursos hídricos de forma sustentável?

Para assegurar que tenhamos água para as futuras gerações, ações colaborativas são necessárias. O governo deve assegurar a manutenção e a ampliação do acesso à água, assim como da coleta e do tratamento de esgoto.

Além disso, é preciso incentivar ações para preservação ambiental, reflorestamento em áreas de nascente, zoneamento urbano, uso de práticas sustentáveis na agricultura e redução de emissão de gases do efeito estufa. O uso excessivo do recurso na agricultura contribui fortemente para a escassez de água.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a agricultura e a pecuária são as atividades que mais consomem água no mundo, cerca de 70% do consumo mundial.

Mas consumo consciente é dever de todos, e cada pessoa pode contribuir para a preservação desse recurso, utilizando-o com responsabilidade. Com algumas ações simples, é possível reduzir consideravelmente o consumo de água, são elas:

  • tomar banhos mais rápidos, fechando o chuveiro para se ensaboar ou lavar os cabelos;
  • escovar os dentes sem deixar a torneira aberta;
  • não lavar roupas em excesso, utilizar roupas mais de uma vez caso elas não estejam sujas;
  • na limpeza de quintal e calçada, priorizar o uso de vassoura ou reaproveitar água da máquina de lavar roupas;
  • instalar torneiras e registros com menor fluxo de água, incluindo válvula de descarga;
  • fazer reparo de vazamentos assim que detectados;
  • não consumir excessivamente — os produtos industrializados consomem muita água em seus processos de produção;
  • reutilizar e reciclar;
  • regar jardins e plantas em horários em que não haja muita incidência solar e priorizar o uso de regador, em vez de mangueira;
  • utilizar adequadamente os serviços de esgotamento sanitário, como não jogar lixo no ralo da pia e vaso sanitário, interligar-se corretamente nas redes de esgoto e de drenagem de águas pluviais.

Quais são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)?

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram criados em 2015 durante um encontro realizado em Nova Iorque, que reuniu mais de 70 países, incluindo o Brasil.

Nesse evento, foram definidos 17 objetivos globais para o combate à pobreza, a promoção do bem-estar e prosperidade, a proteção do meio ambiente, além de ações para enfrentar as mudanças climáticas. Os objetivos são:

  • erradicação da pobreza;
  • fome zero e agricultura sustentável;
  • saúde e bem-estar;
  • educação de qualidade;
  • igualdade de gênero;
  • água potável e saneamento;
  • energia limpa e acessível;
  • trabalho decente e crescimento econômico;
  • indústria, inovação e infraestrutura;
  • redução das desigualdades;
  • cidades e comunidades sustentáveis;
  • consumo e produção responsáveis;
  • ação contra a mudança do clima;
  • vida na água;
  • vida terrestre;
  • paz, justiça e instituições eficazes;
  • parcerias e meios de implementação.

Como foi possível ver, vários objetivos têm a gestão da água como questão vital para que possam se concretizar. Dessa forma, seu consumo responsável é essencial para alcançá-los.

Agora você já sabe como a água é fundamental para o desenvolvimento sustentável. Neste Dia Mundial da Água, tente colocar em prática as nossas dicas. Afinal, para alcançar os ODS é necessário que a população mude e repense seus hábitos!

Lembre-se de que vivemos todos em um único planeta e preservá-lo é sinônimo de vida e bem-estar para todos os seres vivos. Um dos pontos levantados neste post foi a importância do saneamento básico e como ele influencia a nossa saúde. Se interessou pelo assunto? Quer saber mais? Então, leia este post e tire suas dúvidas!

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Este post foi produzido com base na entrevista realizada com Stéphanie Lucchesi, Coordenadora de Projetos em Qualidade da BRK Ambiental.

Qual a importância da água para o desenvolvimento econômico?

A água tem papel fundamental não só para matar a sede, mas principalmente, para produzir alimentos e outros confortos da humanidade, tal qual a energia elétrica. A falta de água atinge todos os setores da economia e é capaz de gerar impactos significativos no PIB de um país.

Qual a relação entre desenvolvimento econômico e desenvolvimento social?

O desafio do desenvolvimento econômico perpassa pelas questões sociais, visto que as demandas emergem da cultura, crença, política, relações sociais e até mesmo do próprio processo histórico que distanciou nações pelo seu processo de crescimento econômico no sentido da industrialização.

Qual a relação do desenvolvimento econômico com o crescimento econômico?

Enquanto o crescimento econômico significa que durante um ou vários períodos, ocorreu um aumento sustentado de uma unidade econômica, o desenvolvimento econômico vai além, impactando diretamente a qualidade de vida das pessoas e a sociedade em geral.

Qual a relação do desenvolvimento econômico com o crescimento econômico Quais as diferenças entre esses termos?

Crescimento econômico: crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo. Desenvolvimento econômico: alterações de composição do produto e alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social.