Como um daltônico ver o mundo?

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Daltonismo: como é enxergar o mundo com outras cores?

Atravessar um semáforo, escolher uma fruta no mercado, admirar uma paisagem…essas são atividades que fazem parte do nosso cotidiano. Mas, já imaginou como seria enxergar o mundo com cores diferentes? Essa é a realidade de quem apresenta daltonismo.

Chamado como discromatopsia pela classe médica, o daltonismo é um distúrbio da visão que atinge mais de 8 milhões de brasileiros e 5% da população mundial.

O distúrbio interfere na percepção de todas ou algumas tonalidades de cores primárias como o azul, verde e vermelho. Geralmente, o daltonismo ocorre de forma hereditária e afeta 20 vezes mais os homens. Isso porque a discromatopsia está ligada ao cromossomo x.

Portanto, para que a doença se manifeste na mulher (XX), seria necessário que ambos os genes X fossem afetados. Já nos homens (XY), apenas um cromossomo é suficiente.

Além disso, o daltonismo também pode ocorrer de forma adquirida, devido à causas secundárias como lesões no nervo óptico, na retina ou no córtex cerebral, região do cérebro responsável pela percepção das imagens. No entanto, casos adquiridos são raros.

O distúrbio foi descoberto no século XVIII pelo químico John Dalton, o primeiro cientista a estudar a anomalia de que ele mesmo era portador.

Além do preto e branco: como os daltônicos enxergam?

Como um daltônico ver o mundo?
A forma como o daltônico enxerga depende de como a doença se manifesta

Muitas pessoas acreditam que todos os daltônicos enxergam em preto e branco. No entanto, existem tipos de daltonismo diferentes ou grupos de discromatopsias, chamadas de Monocromacias, Dicromacias e Tricromacias Anômalas.

Para entender como funciona cada tipo de daltonismo, precisamos entender como as cores são registradas pelos nossos olhos. Nesse processo, a retina possui papel fundamental.

A retina tem a função de registrar a imagem captada, decodificá-la e enviá-la ao cérebro. Para registrar as imagens, a retina produz os fotoreceptores, que são responsáveis pela percepção da luz e formam uma camada única de células na parede interna do olho, sendo 2 tipos: 

  • Bastonetes – responsáveis pela visão noturna, distribuídos em toda a retina periférica;
  • Cones – responsáveis pela visão diurna e distinção de cores, distribuídos na mácula (região de visão central da retina).

Além disso, há três tipos de cones, e cada um deles é responsável por perceber as cores primárias da luz: vermelho, verde e azul (RGB). Dessa forma, todas as cores que enxergamos derivam da combinação dessas três cores.

A pessoa que não apresenta daltonismo tem a capacidade de discernir as inúmeras  tonalidades intermediárias das cores primárias. No entanto, o daltonismo ocorre quando os cones oculares não funcionam adequadamente. Dessa forma, as imagens são vistas com o mesmo filtro, o que dificulta sua percepção. Isso significa que, dependendo de como funcionam os cones, os daltônicos perceberão a luz de uma forma ou de outra.

Em alguns casos, o daltonismo pode ser parcial, ou seja, a pessoa acometida percebe as cores em uma tonalidade mais fraca. Enquanto, na forma completa, o indivíduo não enxerga uma cor específica ou todas as cores. Nesse caso, ele enxerga em preto e branco ou em tons pastéis.

Portanto, os tipos de daltonismo são classificados de acordo com a dificuldade para enxergar um determinado conjunto de cores e só pode ser diagnosticado por um oftalmologista.

Veja, a seguir, como os daltônicos enxergam, conforme o tipo de recepção alterada:

Dicromacias

As dicromacias são o tipo de daltonismo mais frequente, causada pela ausência do funcionamento de um dos três tipos de cones. Nesse caso, a pessoa não consegue identificar uma das seguintes cores: vermelha, verde ou azul.

  • PROTAN: quando a pessoa não percebe o vermelho, é chamada de protanopia. Nesse caso, o indivíduo pode enxergar tons de marrom, verde ou cinza para substituir o pigmento vermelho.
  • DEUTAN: quando a pessoa não identifica a cor verde é denominada deuteranopia. Nesse caso, os tons vistos são em tons marrom, ou seja, na imagem de uma árvore, por exemplo, não há distinção de cor entre as folhas e o tronco e sim uma pequena diferença de tonalidade.
  • TRITAN: a deficiência do cone que capta o azul é chamada de tritanopia. Esse tipo de daltonismo é raro. Nesse caso, o indivíduo é incapaz de enxergar as cores azul e amarelo. O azul aparece em tonalidades diferentes e o amarelo vira um rosa-claro. Além disso, eles não enxergam objetos na cor laranja.
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Tipos de Dicromacias

Tricromacias

As Tricromacias são um tipo de dicromacia mais leve. Nesse caso, todos os cones funcionam, mas apresentam uma sensibilidade alterada. Dessa forma, a pessoa possui uma leve dificuldade em distinguir as cores.

Monocromacia

A Monocromacia é o tipo de daltonismo mais raro e ocorre quando somente um dos cones funciona. Dessa forma, a pessoa enxerga em tons de preto, branco e cinza. Além disso, a doença pode vir acompanhada de alta sensibilidade à luz (fotofobia) e nistagmo, que causa movimentos involuntários nos olhos.

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Monocromacia

Como é feito o diagnóstico do daltonismo?

Existem dois principais métodos para o diagnóstico do daltonismo congênito e o adquirido.

No caso do daltonismo congênito, o método mais utilizado é o “Teste de cores Ishihara”, criado, em 1917, pelo professor Shinobu Ishihara.

A técnica japonesa consiste na exibição de uma série de 32 cartões coloridos, cada um contendo vários círculos de cores com intensidades diferentes.

Os círculos apresentam um pontilhado em seu centro, que formam um número que o daltônico não pode identificar, mas que são facilmente perceptíveis por quem possui visão normal. Por meio desse teste é possível identificar o tipo de daltonismo e o grau da doença.

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Exemplo de lâmina de Ishiahara

Para o diagnóstico do daltonismo adquirido, a técnica mais utilizada é o Farnsworth. Nesse caso, o oftalmologista apresenta a paciente quatro bandejas plásticas, contendo cem cápsulas em tons diferentes.

É necessário posicionar as cores em ordem lógica, levando em consideração as cápsulas fixas nas extremidades da bandeja. Em caso de confusão na ordem ou posição das cores, é possível que haja daltonismo.

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Método Farnsworth

É importante lembrar que, além dos testes, o oftalmologista realiza um completo exame clínico para confirmar a doença. Dessa forma, não é possível obter o diagnóstico sem o auxílio de um especialista.

Geralmente, o daltonismo congênito é diagnosticado na infância, quando a criança começa a aprender as cores. Portanto, caso a criança apresente confusão ao identificar uma cor, principalmente vermelho ou verde, é importante realizar um acompanhamento com um oftalmologista pediatra.

Convivendo com o Daltonismo: opções de tratamento

Infelizmente, ainda não existe uma cura para o daltonismo. No entanto, o tratamento possui o objetivo de promover mais qualidade de vida ao paciente e ajudá-lo a ter mais autonomia.

Com o tratamento adequado, o daltônico pode realizar tranquilamente tarefas cotidianas como dirigir, já que é possível observar a posição das cores de um semáforo, não sendo necessário identificar as cores.

Veja, a seguir, algumas estratégias disponíveis que podem auxiliar os daltônicos:

Óculos para daltônicos

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Lentes especiais para daltônicos

Atualmente, existem óculos com lentes especiais para daltónicos, que adequa as cores de acordo com o tipo de daltonismo.

Existem 2 tipos de lentes, uma delas é indicada para pessoas que não conseguem ver as cores vermelhas (protanopia) e a outra para quem não enxerga o verde (deuteranopia). Estas lentes, entretanto, só podem ser usadas ao ar livre sob condições de luz intensa. 

No entanto, ainda não foi criada uma lente para monocromacia (deficiência em enxergar todas as cores).

Sistema de cores ADD

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Sistema de cores ADD para daltonismo

Outra alternativa para melhorar a qualidade de vida do daltônico é a aplicação de métodos educacionais, como o Sistema de Identificação de Cores, chamado ADD. Ele possui conceito semelhante a linguagem braille, para os portadores de deficiência visual, e vem sendo usado em alguns países da Europa, com resultados efetivos.

Esse sistema cataloga cada cor com um símbolo, ajudando o daltônico a ‘enxergar’ as cores, de forma simples, aumentando sua autoestima e melhorando sua qualidade de vida. Enquanto este sistema ainda não se torna obrigatório, o que se pode fazer é pedir ajuda de alguém que não seja daltônico para ajudar a escrever o símbolo adequado nas etiquetas das roupas e dos sapatos, assim como nas canetas e lápis de cor para que sempre que o daltônico veja os símbolos saiba identificar a sua cor..

E então, o que achou do artigo? Você possui daltonismo ou conhece alguém que é daltônico? Conte sua experiência nos comentários e compartilhe esse artigo para chegar ao maior número de pessoas!

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O que o daltônico não reconhece?

O distúrbio interfere na percepção de todas ou algumas tonalidades de cores primárias como o azul, verde e vermelho.

Como funciona a visão de um daltônico?

Daltonismo é um distúrbio da visão que interfere na percepção das cores. Também chamado de discromatopsia ou discromopsia, sua principal característica é a dificuldade para distinguir o vermelho e o verde e, com menos frequência, o azul e o amarelo.

Como uma pessoa daltônico enxerga o semáforo?

Semáforo para Daltônico.As pessoas com daltonismo têm dificuldade para identificar as cores dos semáforos. As cores dos semáforos de trânsito confundem muito as pessoas com daltonismo, que não conseguem identificar essas cores. esse fato tanto dificulta o movimento de pedestres como de condutores.

Que cor daltônico enxerga preto?

Daltônicos tricromatas têm dificuldade para diferenciar tonalidades de uma mesma cor e cores próximas. Ainda mais incomuns são os daltônicos acromatas, que enxergam apenas preto, branco e tons de cinza.