Qual o sistema que sofre alteração no processo de envelhecimento?

Índice

  • 1 Introdução
  • 2 Composição corporal
  • 3 Alterações anatômicas
    • 3.1 Pele, fâneros e músculos
    • 3.2 Sistema cardiovascular e respiratório
    • 3.3 Sistema nervoso
    • 3.4 Sono
    • 3.5 Marcha, postura e equilíbrio
  • 4 Alterações cognitivas e comportamentais
  • 5 Conclusão
    • 5.1 Referências:

Introdução

 A senescência é o conjunto de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas que ocorrem no organismo humano ao longo da vida e que não configuram doença. Assim, o ato de envelhecer caracteriza-se pelo conjunto dessas modificações previsíveis e progressivas. Esse processo não se dá de maneira uniforme entre as pessoas, uma vez que, no mesmo indivíduo, um órgão pode sofre mais comprometimento do que o outro; bem como questões genéticas, de estilo de vida e exposições ambientais também influenciam no processo de envelhecimento de cada pessoa.

As doenças são umas das principais causadoras de perdas de reservas orgânicas e da aceleração do envelhecimento, causando um declínio gradativo dos vários sistemas orgânicos. Entender a fisiologia do envelhecimento permite conhecer a diferença entre as alterações orgânicas e as patológicas, dando subsídios para saber o momento e a maneira correta de intervir quando necessário. É de suma importância entender as peculiaridades da fisiologia do envelhecimento e distinguir entre os tipos de alterações que ocorrem no organismo do idoso para, desse modo, promover o cuidado adequado da população sexagenária.

Composição corporal

Não existe um consenso em relação ao período exato de início do envelhecimento, como já foi supracitado, depende de vários fatores. Entretanto, sabe-se que, por volta dos 25 anos, já se pode observar modificações na composição corporal.

  • Ocorre uma diminuição na celularidade, reduzindo continuamente as funções dos órgãos.
  • Tem-se a diminuição de água intracelular, de modo que o organismo do idoso fica fisiologicamente desidratado. Com isso, deve-se ficar atento ao prescrever fármacos hidrossolúveis, pois eles ficarão em maior concentração no organismo, podendo acontecer, mais facilmente, efeitos indesejados da medicação.
  • Ocorre uma diminuição da musculatura decorrente da redução da quantidade de fibras tipo II, de contração rápida. Com isso, tem-se a diminuição da força muscular.
  • Há um aumento proporcional de gordura, principalmente, na região de cintura pélvica. Com isso, deve-se também tomar certos cuidados ao prescrever medicações lipossolúveis, especialmente as de ação central, pois terão tempo de ação aumentado devido a essa alteração anatômica.

Alterações anatômicas

Pele, fâneros e músculos

Tem-se a diminuição de glândulas sebáceas, tornando a pele seca, redução de fibras tanto elásticas quanto colágenas, causando certa flacidez e a formação de rugas. Além disso, após os 30 anos, o número de melanócitos diminui entre 8 e 20% a cada década.  O aumento da incidência de câncer de pele na população idosa ocorre devido a esse fato associados ao alentecimento da reposição das células da epiderme, ao tempo de exposição a raios UV e ao arrefecimento das células mediadoras da resposta imunológica na pele, células de Langerhans.

Ademais, há a diminuição da vascularização, causando certa palidez e redução da temperatura da pele, fato que aumenta a frequência de dermatites no idoso.

O idoso pode apresentar certa dificuldade no controle da termorregulação, uma vez que se tem diminuição do número de glândulas sudoríparas, dos vasos sanguíneos da derme e da espessura do tecido subcutâneo.

As unhas se tornam quebradiças e finas.

O número dos corpúsculos de Pacini e Meissner diminui, com isso o idoso fica mais predisposto a lesões e tem uma redução da destreza, já que esses corpúsculos são responsáveis pela sensação de pressão e tato leve.

A força muscular se torna máxima quando o indivíduo atinge os 30 anos e a partir dessa idade sofre perda de 15% a cada década a partir dos 50 anos. Tal perda pode chegar até 30% a cada década aos 70 anos e até 50% aos 80. Tal redução decorre tanto no número quanto no volume da fibra.

Vale ressaltar que a prática de exercícios físicos regulares, independente da idade, ajuda a aumentar a massa, força e velocidade muscular, bem como previne perda óssea, quedas, e melhora a função articular, além de diminuir fatores de risco para doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer e melhora o ritmo do sono.

Sistema cardiovascular e respiratório

Algumas das principais alterações na anatomia e fisiologia cardiovascular são: o aumento de gordura, espessamento fibroso, substituição do tecido muscular por conjuntivo e perda progressiva de miócitos. Todas essas modificações levam a uma diminuição da capacidade contrátil que culmina no aumento do coração. Ademais, ocorre hipertrofia do ventrículo esquerdo, de forma que provoca um aumento de pressão arterial dependente da idade.

Ainda no sistema cardiovascular, deve-se destacar o aumento da rigidez das paredes arteriais, fenômeno que contribui para diversas alterações, como o aumento do diâmetro e da espessura das paredes vasculares, levando a um aumento de tensão e rigidez da parede arterial, bem como aumento da resistência periférica. Além disso, ocorre uma redução da resposta a catecolaminas e da resposta dos vasos ao reflexo barorreceptor.

No aparelho respiratório, o enrijecimento da parede torácica associado ao enfraquecimento da musculatura, como já foi supracitado, resulta na redução das pressões máximas de expiração e inspiração, fato que leva o idoso a uma certa dificuldade de executar a dinâmica respiratória. Ademais, há uma diminuição da sensibilidade a PCO2, PO2 e ao pH nos quimiorreceptores carotídeos e aórticos. Isso acaba limitando um pouco a adaptação do idoso ao exercício físico. Todas essas modificações ocorrem de maneira lenta e gradual. Ressalta-se que o único músculo que não sofre com as alterações citadas em relação à força muscular é o diafragma, que permanece com a mesma massa muscular que indivíduos jovens.

Sistema nervoso

Ocorre atrofia e hipotrofia dos sulcos corticais, redução do volume do córtex, espessamento das meninges, redução do número de neurônios, diminuição de neurotransmissores e das sinapses. Em resposta ao dano neural, há um processo de gliose, aumento das células gliais, como uma resposta compensatória cujo escopo é proteger a função neuronal e a plasticidade.

 Há uma diminuição da sensibilidade dos sentidos, de modo que o idoso pode apresentar perda de nitidez das cores, alentecimento na capacidade de adaptação noturna, perda da discriminação de sons mais baixos e redução da sensibilidade ao sal. Também ocorre a diminuição da sensação vibratória, do tato e da dor, uma vez que se tem a redução da mielina nos nervos sensoriais.

Sono

O ciclo sono-vigília modifica-se com o avanço da idade. Existe uma tendência do idoso para dormir e acordar cedo. Queixas relacionadas à insônia, sonolência diurna, despertar noturno e sono não reparador são frequentes nos consultórios. Isso ocorre devido a um aumento dos estágios 1 e 2 do sono não-REM, período de fácil despertar, e diminuição dos estágios 3 e 4, períodos de sono profundo. Com isso, o idoso passa a ter um sono cujos períodos de fácil despertar são mais longos e períodos de sono profundo mais curtos. Além disso, períodos de apneia do sono são mais frequentes em idosos do que em adultos jovens, isso torna o sono entrecortado o que também contribui para as queixas frequentes em consultórios.

Marcha, postura e equilíbrio

De um modo geral, a marcha tende a se alterar com o avanço da idade. Entretanto, na maioria das vezes, mulheres sejam adultas jovens sejam idosas, tem desempenho pior quando comparada com homens. Com o avanço da idade existe uma tendência de hesitação no andar, menor balanço dos braços ao caminhar e passos menores. Ademais, idosos tendem a se virar em bloco ao mudar de direção.

 De maneira geral, a postura se torna mais rígida, com base alargada, retificação da coluna cervical e um certo grau de cifose na coluna torácica, bem como flexão de quadril e joelhos. Todas essas alterações levam a uma situação de piora da estabilidade, e, às vezes, a quadros de instabilidade postural, situação que aumenta o risco de quedas, um dos grandes temores da geriatria devido às possíveis complicações.

Ressalta-se que a prática de exercícios físicos é uma forma de evitar e arrefecer o avanço dessas modificações do envelhecimento, além de trazer diversas outras benesses para o organismo.

Alterações cognitivas e comportamentais

As memórias processual e semântica, as habilidades de reconhecer objetos e pessoas, bem como a percepção visual permanecem bem conservadas com a senescência. Entretanto, as memórias episódica e laborativa, assim como a função executiva parecem ser as mais afetadas ao longo da vida.

A velocidade de processamento de informação e a função executiva tendem a diminuir com o avanço da idade, principalmente, após os 70 anos. Associado a isso também se tem a diminuição da capacidade de atenção e de concentração o que leva os idosos a terem mais dificuldade para aprender e assimilar novas informações, além de dificuldade para exercer múltiplas tarefas simultaneamente e para solucionar problemas. Todas essas alterações costumam ter início e avanço gradativo a partir dos 30 anos. Entretanto, no que tange a fluência verbal, torna-se comprometida após os 70 anos.

Embora todas as alterações descritas possam parecer um tanto quanto assustadoras, o sistema nervoso se mantém íntegro devido a sua neuroplasticidade e à capacidade de reparar danos, de modo que o idoso é capaz de manter-se funcionalmente estável em todos os ambientes que vive seja em casa seja no trabalho.

Conclusão

As alterações orgânicas, funcionais e psicológicas que ocorrem no organismo humano ao longo da vida são resultantes de interações complexas que envolvem o estilo de vida ao longo dos anos e fatores genéticos, de modo que o processo de envelhecimento não ocorre de maneira uniforme, mas algumas alterações são comuns e típicas de acontecerem no decurso do envelhecimento.

Dessa forma, é necessário saber quais são e como ocorrem essas mudanças estruturais e funcionais para melhor assistir o paciente, levando em consideração todos os aspectos de sua vida e do seu processo de envelhecimento, prevenindo o surgimento de doenças e arrefecendo processos patológicos que já tenham se desenvolvido, visando sempre promover a melhor qualidade de vida e bem-estar para o paciente.

Autora : Vittória Dorys – @vittoriadorys

Qual o sistema que sofre alteração no processo de envelhecimento?

O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Referências:

Tratado de Geriatria e Gerontologia. Freitas, E.V.; Py, L.; Neri, A. L.; Cançado, F. A.. X.C.; Gorzoni, M.L.; Doll, J. 4ª. Edição.

https://www.efdeportes.com/efd130/idosos-uma-revisao-sobre-a-fisiologia-do-envelhecimento.htm – Revista Digital – Buenos Aires – Año 13 – Nº 130 – Marzo de 2009

Qual o sistema que sofre alteração no processo do envelhecimento?

As alterações no envelhecimento também atingem o sistema nervoso, causando a perda neuronal, ou seja, uma diminuição das células do sistema nervoso, com consequentes alterações que refletem em todo o organismo.

Qual o sistema mais comprometido com o envelhecimento?

O sistema nervoso é o sistema fisiológico mais comprometido com o processo do envelhecimento é responsável por diferentes tipos de sensação, movimentos, funções psíquicas, entre outros 7. As alterações mais importantes, características do envelhecimento, ocorrem no cérebro. O cérebro diminui de peso e tamanho.

Como ocorre o envelhecimento do sistema nervoso?

Com o envelhecimento, o número de células nervosas. leia mais no cérebro pode diminuir, embora a perda varie muito em cada caso, dependendo da saúde da pessoa. Além disso, alguns tipos de memória são mais vulneráveis à perda, como a memória que mantém informações temporariamente.

O que acontece com o processo de envelhecimento?

Com o envelhecimento, toda pessoa passa para uma condição na qual a reserva do organismo está diminuída e há um nível de funcionamento lento, razão pela qual não se pode submetê-la a demandas excessivas.