O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer

No entanto, antes de comemorar, de fato, este atributo, façamos uma análise cautelosa de como a água doce superficial se distribui no país: 68% localiza-se na região Norte, 16% na região Centro-Oeste, 7% na região Sul, 6% na região Sudeste e 3% na região Nordeste. Agravando este contexto de desigual distribuição da água, temos o fator populacional, que além de se concentrar historicamente próximo ao litoral, é também maior nos grandes centros urbanos localizados na região Sudeste, a exemplo das duas maiores metrópoles brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro). Para se ter uma ideia, em termos de distribuição espacial, 42,03% da população brasileira vive na região Sudeste, 27,68% na região Nordeste, 14,33% na região Sul, 8,28% na região Norte e 7,67% na região Centro-Oeste, de acordo com dados de 2017 do IBGE.

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer

E o que isso representa? Apesar do Brasil ser um país abundante em água, esse recurso não é bem distribuído para sua população por questões geográfica, demográfica, econômica e social. Assim, a quantidade e a qualidade de água que chega à população acaba comprometida, em grande parte não atendendo à demanda populacional, principalmente nas regiões mais carentes onde os serviços de saneamento básico são mais precários ou mesmo inexistentes. O que vai de encontro com o entendimento de que a água é um direito humano necessário a sobrevivência.

No último ano (2017), a Lei das Águas (Lei nº 9.433), que estabeleceu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), completou 20 anos. Os fundamentos trazidos por essa lei são: a compreensão de que a água é um bem público, isto é, a água não pode ser privatizada; a sua gestão é baseada em usos múltiplos, ou seja, para o abastecimento da população, para a geração de energia, para a irrigação de lavouras, para a utilização na indústria e etc.; além de ser também descentralizada, isto é, a gestão desse importante recurso deveria envolver a participação de usuários, da sociedade civil e do governo. A Lei das Águas, ainda institui uma importante disposição para situações de escassez hídrica: nesse cenário, o consumo humano e de animais é prioritário.

Assista o vídeo e saiba mais sobre a Lei das Águas.

É essencial destacar que a unidade territorial utilizada para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos é a bacia hidrográfica. O que vai de encontro à dificuldade em se estabelecer instrumentos possibilitadores de uma gestão adequada dessas bacias. O fato das bacias hidrográficas abrangerem diversos territórios e municípios é um fato que dificulta a administração e implementação de políticas públicas voltadas para recursos hídricos. Em outras palavras, pelo fato de cada município tratar de forma diferenciada seus recursos hídricos, não há um consenso para a governança conjunta das bacias hidrográficas.

Isso significa que apesar de possuirmos uma certa base legislativa e políticas públicas voltadas para uma melhor gestão dos recursos hídricos, na prática, divergências relacionadas a gestão de municipalidades entravam a melhor execução da Política Nacional de Recursos Hídricos a nível da unidade territorial de gestão desses recursos, a saber as bacias hídricas que se localizam em diversos municípios de uma mesma região, podendo estar presentes em mais de uma mesma região.

Aos pés da estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte (CE), a prece tenta alcançar as nuvens. Há quem reze, há quem apenas olhe. “Que o inverno seja rigoroso” é pedido uníssono, em diferentes sotaques nordestinos de olho no céu. A gente vem aqui para pedir chuva. Sem chuva, falta comida, falta tudo”, diz Maria Silva, de 77 anos, acompanhada da família, que mora na vizinha cidade do Barro. Nos primeiros meses do ano, é tempo de chuva (ou deveria ser). No entanto, nos últimos seis anos, nem mesmo as orações fizeram chover o necessário no sertão, o que aumentou a expectativa "no semiárido" para 2018. “É nossa esperança. Mas não sabemos. Tem que chover na cabeça do rio [Salgado]”, diz Cícero Gomes, 52 anos, agricultor da região. Ele visitava a colina onde está a estátua para admirar o horizonte (mais verde do que no final do ano passado).

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Maria Silva, aposentada: "tem que rezar para chover".

Enquanto olham o horizonte, pingos de chuva caem. Não se protegem. O rio é, no caso, como a veia que leva água para açudes e barragens. Esses últimos são as artérias, que formam a Sub-Bacia do Salgado, a qual integra a do Jaguaribe, e forma a Bacia Atlântico Nordeste Oriental – uma das regiões hidrográficas do Brasil. Cada nuvem, cada chuva, faz diferença nessa história.

Ao todo, o território brasileiro é cortado por 12 regiões hidrográficas que orientam o planejamento e a gestão dos recursos hídricos. São elas: Amazônica, Tocantins Araguaia, Atlântico Nordeste Ocidental, Atlântico Nordeste Oriental, do Paraguai, do Paraná, do Parnaíba, do São Francisco, do Atlântico Leste, do Atlântico Sudeste, Atlântico Sul e do Uruguai. Os redutos de água englobam diferentes unidades da Federação e, algumas vezes, também são divididos com outros países. As áreas estão mapeadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

“Em um país com 12 regiões hidrográficas, tão difícil quanto gerenciar a escassez, é gerenciar a abundância”, diz Jefferson Nascimento de Oliveira, professor na área de recursos hídricos da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A sensação de abundância de recursos hídricos é reforçada pela presença de três das bacias hidrográficas que contêm o maior volume de água doce do mundo – Amazonas, São Francisco e Paraná.

Apesar de tantos recursos hídricos, eles não são igualmente distribuídos pelo território brasileiro. “Nós somos detentores de 12% da disponibilidade de água doce no mundo, mas essa água está em grande parte no Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Ainda assim, não temos água em abundância em regiões metropolitanas ou temos a água, mas ela não é de boa qualidade”, detalha o especialista.

Ao todo, 80% da água superficial do país estão na Região Hidrográfica Amazônica que, por sua vez, apresenta baixa densidade demográfica e pouca demanda para uso. Por outro lado, no Semiárido, mais de 24 milhões de habitantes, distribuídos por 1.133 municípios entre o norte de Minas Gerais e a Região Nordeste, enfrentam uma realidade distinta, com períodos críticos de prolongadas estiagens.

“Nós temos uma questão de escala, somos um país continental, com a maior disponibilidade hídrica. No entanto, descendo as escalas de região, estado e microbacias temos um contraste entre a disponibilidade e as demandas”, explica o coordenador de Hidráulica e Irrigação da Unesp, o engenheiro Fernando Braz Tangerino Hernandez.

Para o coordenador do relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos de 2017 e de Gestão da Informação da Agência Nacional de Águas (ANA), Alexandre Lima de Figueiredo Teixeira, a "falsa sensação" de abundância e conforto de água no Brasil é eliminada, justamente, ao se analisar a distribuição dos recursos hídricos no território nacional. “No Nordeste semiárido, temos uma área vulnerável pela baixa disponibilidade. No caso de bacias em regiões mais metropolitanas, além da maior demanda e disponibilidade, há a concentração urbana que gera uma alta poluição dos corpos de água, inviabilizando os mananciais para abastecimento. No Sul e Centro-Oeste, a demanda de água para irrigação é alta”, afirma.

A ideia é reforçada pelo geólogo e especialista em recursos hídricos da Universidade Federal do Pará (UFPA), Ronaldo Mendes. “O cenário de contrastes exige cuidados especiais, organização e planejamento na gestão da utilização da água, tanto pelos governos quanto pela sociedade civil”, destaca. “Cada bacia hidrográfica tem sua capacidade de abastecimento e a utilização do recurso deve estar atenta a disponibilidade hídrica”, alerta.

Diante de um país tão rico em água doce, os desafios de gestão não estão espalhados de forma genérica por todo o território. O engenheiro e professor de Recursos Hídricos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Canedo, avalia que o semiárido nordestino, por exemplo, teve parte de seus problemas de escassez atualmente mitigados com a transposição do Rio São Francisco. Com relação à qualidade da água, no entanto, o especialista pondera que o Brasil está em uma situação bastante desagradável. “Boa parte dos recursos hídricos em áreas urbanas se perdem porque a água está em estado extremamente degradado. No interior, a água sofre uma degradação parcial, merece atenção, mas ainda não chega a ser calamitosa”, compara Canedo.

RegiãoHidrográficaAmazônicaRegião Hidrográfica Tocantins-AraguaiaRegião Hidrográficado ParaguaiRegião do Atlântico Nordeste OcidentalRegião HidrográficaAtlântico NordesteOrientalRegião Hidrográficado ParanáRegião Hidrográfica do ParnaíbaRegião Hidrográficado São FranciscoRegião Hidrográficado Atlântico LesteRegião Hidrográficado Atlântico SudesteRegião Hidrográficado Atlântico SulRegião Hidrográficado Uruguai

Região Hidrográfica Amazônica

Área: 7.008.370 km²

Passa por: Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Rio Branco Boavista (RR) - Fotógrafo: Rui Faquini - Banco de Imagens ANA

A Região Amazônica é considerada a rede hidrográfica mais extensa do mundo, segundo a Agência Nacional de Águas. Ela ocupa uma área total de 7.008.370 km², desde as , nos Andes Peruanos; até sua foz, no Oceano Atlântico. Mais de 64% desse total ficam em território brasileiro e o restante está dividido entre a Colômbia (16,14%), Bolívia (15,61%), Equador (2,31%), Guiana (1,35%), Peru (0,60%) e Venezuela (0,11%).

De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, a Região Hidrográfica Amazônica representa cerca de 40% do território brasileiro e possui mais de 60% de toda a disponibilidade hídrica do País.

A rede Amazônica é compartilhada por sete estados: Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso. Os principais rios são: Javari, Purus, Madeira, Tapajós e Xingú (pela margem direita) e Iça, Japurá, Negro, Trombetas, Paru e o Jarí (pela margem esquerda).

Apesar da grande extensão e disponibilidade hídrica, a ocupação populacional da Região Hidrográfica Amazônica é baixa. As chuvas na Amazônia, provindas essencialmente do Oceano Atlântico, apresentam uma forte reciclagem - cerca de 50% - principalmente na porção central da do Amazonas, por da própria floresta.

Fonte:MMA

Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia

Área: 918.273 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Rio Tocantins (TO) - Fotógrafo: Rui Faquini - Banco de Imagens ANA

Como o próprio nome diz, os dois principais rios dessa rede são o Tocantins e o Araguaia. A Região Hidrográfica tem uma área de 918.273km², o que corresponde a aproximadamente 10,8% do território brasileiro.

Ela é compartilhada por seis unidades da federação: Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal. Grande parte situada na Região Centro-Oeste, desde as nascentes dos rios Araguaia e Tocantins até a sua confluência, e daí, para , adentra na Região Norte até a sua foz.

De acordo com a ANA, estão presentes os biomas Floresta Amazônica, ao norte e noroeste; e Cerrado, nas demais áreas. A

Dentre os , seu principal é o rio Araguaia, com cerca de 2.600 quilômetros de extensão. Nele, se encontra a Ilha do Bananal, maior ilha fluvial do mundo, que possui 350 quilômetros de comprimento e 80 quilômetros de largura. O rio Tocantins nasce no Planalto de Goiás, a cerca de 1000 metros de altitude, sendo formado pelo Rio das Almas e pelo rio Maranhão, com extensão total aproximada de 1.960 quilômetros até a sua foz no Oceano Atlântico. Na margem direita do Tocantins, destacam-se os rios Bagagem, Tocantinzinho, Paranã, dos Sonos, Manoel Alves Grande e Farinha; na margem esquerda, os rios Santa Teresa e Itacaúnas.

Os solos nessa são geralmente profundos e bem drenados, com baixa fertilidade natural e boas características físicas, geralmente em relevo plano a suavemente ondulado.

A área dela alcança 411 municípios. A maior parte da população concentra-se nas unidades hidrográficas do Tocantins e litoral do Pará.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do Paraguai

Área: 1.095.000 km²

Passa por: Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Fazenda Acurizal (MS) - Zig Koch - Banco de imagens ANA

A Região Hidrográfica Paraguai ocupa 4,3% do território brasileiro, entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que inclui a maior parte do Pantanal matogrossense.

O rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, no Mato Grosso. Ao longo do seu percurso rumo ao sul, recebe vários afluentes importantes como o Cuiabá, o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Negro. A abrange uma área de 1.095.000 km², sendo 33% no Brasil e o restante na Argentina, Bolívia e Paraguai.

A região se divide em duas áreas hidrográficas principais: Planalto (215.963 km²), com terras acima de 200 metros de altitude, e Pantanal (147.629 km²), que são terras abaixo de 200 metros de altitude, com baixa capacidade de drenagem e sujeitas a grandes inundações. Considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, o Pantanal funciona como um grande reservatório que retém a maior parte da água oriunda do Planalto e regulariza a vazão do rio Paraguai.

Os principais temas para a gestão das águas nessa região são a erosão, , navegação, hidroeletricidade e poluição hídrica, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA).

Fonte: MMA

Região do Atlântico Nordeste Ocidental

Área: 274.300 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Lago Cajarí (MA) - Zig Koch - Banco de imagens ANA

A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental possui uma área aproximada de 274.300 km², o que corresponde a 3% do território nacional. A maior parte está localizada no estado do Maranhão e uma pequena parcela do Pará. A rede passa por 235 municípios, e compreende porções dos biomas Caatinga, Cerrado e Amazônico. Unidades de Conservação e Terras Indígenas ocupam 28% de seu território.

Segundo balanço hídrico feito pela Agência Nacional de Águas, a qualidade da água da maioria dos trechos de rios analisados (84%) se encontra em boas ou ótimas condições. Os problemas relacionados à qualidade da água estão localizados, principalmente, na Região Metropolitana de São Luís e em núcleos ribeirinhos, devido ao lançamento de esgotos domésticos e industriais, sem o devido tratamento.

Em relação à demanda versus disponibilidade hídrica, a ANA verificou que 36% da extensão dos rios encontravam-se em situação preocupante, crítica ou muito crítica, e os outros 64% de trechos de rios analisados, em situação confortável ou excelente.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

Área: 286.800 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Lago do Açude Orós (CE) - Zig Koch - Banco de imagens ANA

A Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental ocupa 286.800 km² ou 3,4% do território nacional, e está localizada em seis estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, passando por 874 municípios. Os dados são da Agência Nacional de Águas (ANA).

O Atlântico Nordeste Oriental não tem grandes rios e, por isso, apresenta baixa disponibilidade de água em relação à demanda local, principalmente em períodos de estiagem. Seus principais rios são Jaguaribe, Piranhas Açu, Capibaribe, Paraíba e Acaraú.

Quase a totalidade de sua área pertencente ao semiárido nordestino. De acordo com a ANA, esta região, além dos baixos índices pluviométricos, se caracteriza por apresentar temperaturas elevadas durante todo ano, baixas amplitudes térmicas, forte e altas taxas de . No que se refere à disponibilidade de águas subterrâneas, o semiárido também tem áreas com fraco potencial hidrogeológico.

A combinação de pouca disponibilidade hídrica e baixos índices de coleta e tratamento de esgotos contribui para a baixa qualidade das águas dos rios da região. Outros fatores que influenciam para a queda da qualidade são: perenidade dos rios, sazonalidade da estação chuvosa e do período de seca, e a baixa capacidade de .

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do Paraná

Área: 879.873 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Cataratas do Iguaçu (PR) - Fotógrafo: Zig Koch - Banco de imagens ANA

A bacia do Paraná possui uma área de aproximadamente 879.873 km², 10% do território nacional. Ela abrange sete unidades da federação: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal. A região onde está localizada é de grande importância para o Brasil pois apresenta o maior desenvolvimento econômico do país e concentra 32% da população brasileira.

Essa região hidrográfica se subdivide em seis grandes rios: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê, apresentando uma vazão média correspondente a 6,5% do total do país. O principal formador da bacia é rio Paraná, que possui extensão de 2.750 quilômetros até sua foz, e tem como principais afluentes o Paranaíba e o Grande.

A bacia do Paraná possui a maior capacidade de produção (59,3% do total nacional) e demanda (75% do consumo nacional) de energia do país. Existem 176 usinas hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo.

Nessa bacia, 48% dos municípios são abastecidos por superficiais ou mistos. Outros 46% utilizam exclusivamente água subterrânea e 6% são atendidos por sistemas integrados, de acordo com a ANA.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do Parnaíba

Área: 333.056 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Delta do Parnaíba (PI) - Fotógrafo: Zig Koch - Banco de imagens ANA

A Região Hidrográfica Parnaíba é uma das mais importantes da Região Nordeste do Brasil. A Bacia ocupa uma área de 333.056 km², o que corresponde a 3,9% do território nacional, abrangendo porções dos estados do Piauí (77%), Maranhão (19%) e Ceará (4%). A maior parte do estado do Piauí (99%) está inserida na bacia do Parnaíba. Apenas o município de Luiz Correia não se encontra dentro da .

Os principais rios da região são: Parnaíba, Canindé, das Balsas, Piauí, Poti, Longá, Itaueira e Uruçuí Preto. Suas águas atravessam diferentes biomas, como: o Cerrado, no Alto Parnaíba; a Caatinga, no Médio e Baixo Parnaíba; e o Costeiro, no Baixo Parnaíba. Desta forma, são diferenciadas as características hidrológicas de cada uma das regiões.

O Parnaíba alcança 293 municípios (222 no Piaui, 42 no Maranhão, e 29 no Ceará). O principal uso da água na região é a irrigação, responsável por 73% da demanda hídrica, seguida do uso urbano, com 16%.

Nela, a utilização média de água por hectare é superior à média do Brasil. Um dos motivos é a intensa perda de água para a atmosfera, causada pela evaporação a partir do solo e pela transpiração das plantas.

Segundo a ANA, essa região apresenta grandes diferenças interregionais em termos de desenvolvimento econômico, social e no que se refere à disponibilidade hídrica. A baixa oferta de água tem sido historicamente apontada como um dos principais motivos associados ao baixo índice de desenvolvimento econômico e social, sobretudo, nas áreas mais afastadas da região litorânea, da Zona da Mata e do rio Parnaíba.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do São Francisco

Área: 638.466 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Rio São Francisco, Paulo Afonso (BA) - Fotógrafo: Zig Koch - Banco de Imagens ANA

A Região Hidrográfica São Francisco possui aproximadamente 638.466 km², o que corresponde a 7,5% do território nacional. A bacia passa por sete unidades da federação: Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás, e Distrito Federal. Conhecido como o rio da integração nacional, o São Francisco percorre cerca de 2.800 quilômetros.

O São Francisco nasce em Minas Gerais, na Serra da Canastra, e sua foz é no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe.

Ao todo, 58% do território da bacia estão localizados na região do semiárido brasileiro. Essa área apresenta períodos críticos de prolongadas estiagens, resultado de baixa e alta .

As hidrelétricas da região do São Francisco são responsáveis por grande parte do abastecimento de energia da Região Nordeste. São 33 usinas em operação, nove delas no próprio São Francisco. Além disso, as barragens também são usadas para abastecimento, lazer e irrigação. Segundo dados do Inmet, a precipitação média anual é de 1.003 mm, muito abaixo da média nacional, que é de 1.761 mm.

Em relação ao uso da água, a maior parte, 77%, é utilizada para irrigação. A demanda urbana corresponde a 11% do uso, concentrada principalmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Já as demandas industrial, animal e rural representam 7%, 4% e 1%, respectivamente.

A região tem um alto índice de atendimento urbano de água, com cerca de 98,5% da população urbana tendo acesso à rede de água, de acordo com o Ministério das Cidades.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do Atlântico Leste

Área: 388.160 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Chapada Diamantina (BA) - Zig Kcoh - Banco de Imagens ANA

A Região Hidrográfica Atlântico Leste possui, aproximadamente, 388.160 km², o que corresponde a 8% do território brasileiro. A bacia abrange 491 municípios, distribuídos em quatro estados: Bahia (69%); Minas Gerais (26%); Sergipe (4%), e Espírito Santo (1%).

É formada por um conjunto de bacias hidrográficas costeiras que vertem para o litoral, com uma acentuada diversidade em termos de porte. Ela está dividida em oito unidades hidrográficas: Vaza Barris; Litorânea BA-SE; Itapicuru; Litorânea BA, Paraguaçu; Contas; Pardo Jequitinhonha, e Litorânea ES-BA.

Os principais rios são Vaza-Barris, Barba do Tubarão, Real, Itapicuru-açu, Itapicuru, Inhambupe, Jacuípe, Salgado, Pojuca, Capivari, Paraguaçu, São João, Salto, Gavião, Conguji, Contas, Pardo, Itacambiruçu, Araçaí, Jequitinhonha, Prado ou Jucurucu, Alcobaça ou Itanhaém, Mucuri, Cibrão, e São Mateus.

A demanda total de água na região corresponde a cerca de 5% da demanda nacional. De acordo com a ANA, as principais demandas de recursos hídricos no Atlântico Leste são: 47% para irrigação, 31% para o abastecimento urbano de água, 10% para uso industrial, 8% para a animal, 4% para o abastecimento da população rural.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste

Área: 229.972 km²

Localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Áreas de restinga inundáveis (ES) - Fotógrafo: Zig Koch - Banco de Imagens ANA

A Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste possui grande importância no cenário econômico nacional. Está distribuída pelos estados de Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e o litoral do Paraná. Devido à alta diversidade de atividades econômicas e significativo parque industrial, a região da bacia constitui uma das áreas mais desenvolvidas do país, além de ser a mais populosa.

Com 229.972 km² de extensão, o que equivale a 2,7% do território brasileiro, seus principais rios são o Paraíba do Sul e Doce, com respectivamente 1.150 e 853 quilômetros. Além desses, vários outros rios de menor porte formam as seguintes bacias: São Mateus, Santa Maria, Reis Magos, Benevente, Itabapoana, Itapemirim, Jacu, Ribeira e litorais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Considerando o ano de 2010 como referência, os principais usos consuntivos de água na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste foram: 49% para abastecimento urbano, 27% para irrigação, 20% para a indústria, 3% para dessedentação animal e 1% para abastecimento rural.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do Atlântico Sul

Área: 185.856 km²

Inteiramente localizada em território brasileiro

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
Lagoa Malvas (RS) - Fotógrafo: Zig Koch - Banco de Imagens ANA

A Região Hidrográfica Atlântico Sul tem início na divisa dos estados de São Paulo e Paraná e se estende até o Arroio Chuí, no extremo sul do país. Com uma área total de 185.856 km² (2% do território nacional), abrange os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A rede tem grande importância no país por abrigar um expressivo contingente populacional, pelo desenvolvimento econômico e pela importância turística.

O Atlântico Sul está dividido em três unidades hidrográficas: Guaíba, Litorânea/RS e Litorânea/SC – PR. Predominam rios de pequeno porte, que escoam diretamente para o mar. As exceções mais importantes são os rios Itajaí e Capivari, em Santa Catarina, que têm maior volume de água. Na região do Rio Grande do Sul, são encontrados rios de grande porte, como o Taquari-Antas, Jacuí, Vacacaí e Camaquã.

Apesar de enfrentar algumas questões importantes relacionadas à qualidade da água, o maior problema do Atlântico Sul é quantitativo: 61% da demanda/disponibilidade hídrica por extensão de rios está em situação preocupante, crítica ou muito crítica.

Fonte: MMA

Região Hidrográfica do Uruguai

Área: 274.300 km²

Passa por: Brasil, Argentina e Uruguai

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Rio Ibicui (RS) - Fotógrafo: Zig Koch - Banco de Imagens ANA

A Região Hidrográfica do Uruguai tem grande importância para o país devido às atividades agroindustriais e ao grande potencial hidrelétrico. Com as bacias do Paraná e de Paraguai, forma-se a grande região hidrográfica da Bacia do Prata. A região tem, em território brasileiro, aproximadamente 274.300 km² (3% do território nacional) e abrange os estados do Rio Grande do Sul (74%) e Santa Catarina (26%).

O rio Uruguai origina-se da confluência dos rios Pelotas e do Peixe e assume, nesse trecho, a direção leste-oeste, dividindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Após a sua confluência com o rio Peperi-Guaçu, segue na direção sudoeste, servindo de fronteira entre Brasil e Argentina. Após receber a afluência do rio Quaraí, que limita o Brasil e o Uruguai, na região sudoeste do estado do Rio Grande do Sul, toma a direção sul, passando a dividir a Argentina e o Uruguai, até sua foz no rio da Prata.

Fonte: MMA

NORDESTE

É justamente no semiárido nordestino que Marias e Cíceros rezam todos os anos para que as chuvas caiam e o sustento de suas famílias seja garantido. O professor da Unesp Jefferson Nascimento de Oliveira lembra que o problema é antigo: “Em algumas regiões como o Nordeste, a gente sempre teve essa demanda por água. Pelas características geográficas da região, enfrentamos uma escassez natural deste recurso. Diferentemente de outras regiões, onde o desafio é o gerenciamento dos recursos hídricos”.

O Nordeste é banhado pelas regiões hidrográficas do Atlântico Nordeste Ocidental, Atlântico Nordeste Oriental, Atlântico Leste, Parnaíba, São Francisco e Tocantins-Araguaia. Os nove estados ocupam 1.554.257 km², dos quais 969 mil km² correspondem ao chamado Polígono das Secas, onde predominam condições climáticas semiáridas. De acordo com o IBGE, a baixa capacidade de produção de água subterrânea no Nordeste é decorrência da falta de chuvas.

O Relatório da Conjuntura Recursos Hídricos de 2017, da ANA, aponta que em dezembro de 2016, 132 cidades do Nordeste Setentrional, onde estão 1,46 milhão de habitantes, encontravam-se em colapso de abastecimento. No Semiárido, mais de 24 milhões de habitantes, distribuídos por 1.133 municípios entre o norte de Minas Gerais e a região Nordeste, enfrentam períodos críticos de prolongadas estiagens.

Segundo o relatório, os fatores que contribuem para o balanço hídrico desfavorável na área do Polígono das Secas são: baixos índices e irregularidade de chuvas, reduzida disponibilidade de águas subterrâneas, temperaturas elevadas durante todo o ano, forte insolação e altas taxas de evapotranspiração.

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer

Francisco Lima, agricultor familiar: "esses foram os piores anos".

O documento da ANA aponta, ainda, que na maioria dos rios do Nordeste só é possível garantir uma oferta contínua de água com o uso de açudes e reservatórios. Isso ocorre uma vez que os rios naturalmente secam durante os meses de estiagem, tanto devido à baixa pluviosidade quanto à baixa espessura de solo. “Em outras regiões, os reservatórios são utilizados para aumentar a garantia de atendimento a demandas contínuas, como o abastecimento humano. Nessa região, cerca de 67% do abastecimento público urbano do Nordeste Setentrional é realizado por água superficial armazenada em açudes, quando chove”, diz o texto do relatório da ANA.

Um dos principais polos econômicos dessa região é Iguatu, Ceará. A cidade, que traz no nome “água boa” (do tupi), vive contradições principalmente no segmento rural. Os agricultores lamentam a escassez. Francisco de Lima, de 64 anos, perdeu a plantação da área arrendada porque o pequeno açude perto de casa se transformou em terra. “Esses são os piores anos que já vi”, lamenta.

NORTE

Se no Nordeste é necessário encontrar alternativas em meio à estiagem, o Norte tem cenário oposto. Nessa região, sobra água em áreas com baixa densidade demográfica e pouca demanda para uso.

O Norte brasileiro é banhado por três regiões hidrográficas: a Tocantins-Araguaia, a Atlântico Norte e a Amazônica. Esta última constituída, entre outras, pela Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, que possui a mais extensa rede hidrográfica do mundo, ocupando uma área total de 6.110.000 km². De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a bacia Amazônica, sozinha, escoa um quinto do volume de água doce do mundo, o que representa mais de 60% de toda a disponibilidade hídrica do País.

O Norte do Brasil conta com outras importantes fontes hídricas superficiais como Tapajós, Negro, Solimões, Madeira e Juruá. Além disso, possui ainda o de Alter do Chão, no Pará, que é um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo.

De acordo com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), “todos os estados do Norte do país são considerados abundantes em termos de disponibilidade hídrica, capazes de ofertar, a cada um de seus habitantes, um grande volume de água”.

SUDESTE

O Sudeste brasileiro é banhado pelas regiões hidrográficas do Paraná e do Atlântico Sudeste. De acordo com o Relatório da Conjuntura dos Recursos Hídricos de 2017, a região se caracteriza pela elevada concentração urbana, o que acarreta a necessidade de novos mananciais para o abastecimento. Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), viviam no Sudeste mais de 80 milhões de pessoas, quantidade que corresponde a 42,2% da população total do país.

Com alta densidade demográfica, esta é a região que apresenta o maior consumo de água médio per capita do país. Os brasileiros usam em média 166,29 litros de água por dia, segundo dados do Ministério das Cidades de 2013. No entanto, a média utilizada no Sudeste é maior que a nacional. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o gasto de água médio em 2013 foi 50% maior do que a média nacional, chegando a 253 litros de água por dia. O estado de São Paulo também consome acima da média nacional, 187,97 litros por dia.

O Rio de Janeiro está totalmente inserido na Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste, apresentando boa disponibilidade hídrica superficial e baixa presença de sistemas aquíferos significativos. Dos mananciais utilizados, destaca-se o Paraíba do Sul, cuja a bacia abastece 57 municípios fluminenses ao longo do seu percurso. Somente o Rio Paraíba do Sul abastece 17 municípios e nove cidades da região metropolitana.

Já o estado de São Paulo encontra-se inserido em duas das grandes regiões hidrográficas brasileiras: Paraná e Atlântico Sudeste. Entre os principais mananciais superficiais, destacam-se os rios Tietê, Mogi-Guaçu, Grande, Pardo, Piracicaba, Paranapanema e Ribeirão do Iguapé. Além dos mananciais que têm conexão com outros estados, como o Rio Paraná, na divisa com o Mato Grosso do Sul, e o Rio Paraíba do Sul cuja bacia abrange Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Apesar da elevada oferta de água superficial em São Paulo, muitos mananciais são afetados por sérios problemas de qualidade das águas”, destaca Jefferson Nascimento de Oliveira, professor na área de recursos hídricos da Unesp.

No estado do Espírito Santo, os mananciais superficiais utilizados para abastecimento público são de médio porte, a maioria deles perene. Todos os municípios são abastecidos por mananciais superficiais, com destaque para os rios Doce, Itabapoana, Itapemirim, Jucu, Itaúnas e Santa Maria. A utilização de água subterrânea ocorre de forma complementar, principalmente na região metropolitana e norte do estado, onde ocorre o aquífero Barreiras.

O estado de Minas Gerais, por sua vez, é abrangido por quatro regiões hidrográficas: São Francisco, Paraná, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. Segundo a diretora do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Marília Melo, o estado concentra em seu território as nascentes de importantes rios federais, o que lhe confere posição estratégica na gestão de recursos hídricos do país. Apesar disso, as áreas norte e nordeste do estado fazem parte do semiárido, enfrentando escassez hídrica.

SUL

A Região Sul do Brasil é abastecida pelas regiões hidrográficas do Atlântico Sul, Uruguai, Paraná e uma pequena parte do Atlântico Sudeste. Os principais desfios enfrentados em relação à gestão hídrica na região estão relacionados à qualidade da água, ao aproveitamento hidroelétrico, às cheias e à irrigação.

O Rio Grande do Sul encontra-se totalmente inserido nas regiões hidrográficas do Atlântico Sul e do Uruguai. De acordo com a ANA, o abastecimento é feito prioritariamente por fontes subterrâneas, em função da presença de dois aquíferos de grande importância, sobrepostos: o Serra Geral e o Guarani. O estado de Santa Catarina também está inserido nessas regiões hidrográficas, e tem uma pequena parcela, ao norte, na Região Hidrográfica do Paraná.

O Paraná tem uma pequena porção do extremo leste banhado pela Região do Atlântico Sul e do Atlântico Sudeste, mas em sua maior parte está inserido na Região Hidrográfica do Paraná. De acordo com a ANA, 22% dos municípios paranaenses são abastecidos exclusivamente por mananciais superficiais, eles estão concentrados nas porções leste e sul do estado.

Cerca de 56% dos municípios são abastecidos somente por mananciais subterrâneos, utilizando predominantemente os sistemas aquíferos Serra Geral, Bauru Caiuá, além do Guarani. Esses estão localizados na porção noroeste do estado. Outros 22% dos municípios são abastecidos de forma mista.

De acordo com o diretor de Gestão de Bacias Hidrográficas do Instituto das Águas do Paraná, Everton Luiz da Costa Souza, o desafio no Paraná é o gerenciamento de recursos hídricos para abastecimento humano nas regiões metropolitanas. Ele ressalta, ainda, que o estado “tem como prioritários os programas de prevenção de cheias e projetos para atender o saneamento básico”.

CENTRO-OESTE

A Região Centro-Oeste do Brasil é abastecida por cinco regiões hidrográficas. São elas: Tocantins-Araguaia, Paraná, Amazônica, Paraguai e São Francisco. As duas primeiras cobrem a maior parte dos estados da região. Os principais temas enfrentados em relação à gestão hídrica na região estão relacionados a saneamento ambiental, abastecimento urbano, qualidade da água e desmatamento.

O Distrito Federal está localizado nas cabeceiras de três regiões hidrográficas do país: Tocantins-Araguaia, Paraná e São Francisco. Em função da proximidade das nascentes, os mananciais possuem baixa disponibilidade hídrica para atender ao contingente populacional.

O manancial do Rio Descoberto forma um lago que se constitui, atualmente, na mais importante fonte hídrica de abastecimento de água do DF. De acordo com a ANA, no DF, os atuais sistemas de produção necessitam do reforço de novos mananciais para o atendimento da demanda futura.

Goiás, por sua vez, abriga nascentes de importantes regiões hidrográficas, como as do Paraná e Tocantins- Araguaia, além de conter uma pequena porção do território sobre a bacia do Rio São Francisco. Quanto aos mananciais subterrâneos, destacam-se os sistemas aquíferos Bambuí, Serra Geral e Bauru-Caiuá, do Domínio Poroso, e o Fraturado Centro-sul, explorado por vários municípios. Do total de sedes urbanas, 62% têm o seu abastecimento associado a mananciais superficiais.

Cerca de 70% do território do Mato Grosso estão inseridos na Região Hidrográfica Amazônica (Sub-bacias do Juruena, Teles Pires e Xingu). As porções leste e sul do estado encontram-se nas regiões hidrográficas do Tocantins-Araguaia e do Paraguai, respectivamente. Segundo dados da ANA, a boa disponibilidade hídrica confere equilíbrio em relação ao tipo de manancial utilizado. Do total de municípios, 43% são abastecidos exclusivamente por águas superficiais, 41% por águas subterrâneas e 16% pelos dois tipos de mananciais. O sistema aquífero Parecis é a principal fonte hídrica subterrânea na região.

Enquanto isso, Mato Grosso do Sul está inserido na Região Hidrográfica do Paraná (47,5% do território estadual), enquanto a porção ocidental fica localizada na Região Hidrográfica do Paraguai (52,5% da área total), que compreende o Pantanal Mato-grossense. O estado tem três grandes sistemas aquíferos sobrepostos: o Guarani, Serra Geral e Bauru-Caiuá. “Diante disso, a maioria das sedes municipais, aproximadamente 79%, é abastecida exclusivamente por poços. Os 21% restantes também são abastecidos por sistemas isolados, com captações em mananciais superficiais, ou de forma mista”, aponta a ANA.

Em 2016, 16% da população do Brasil viviam em áreas rurais. Segundo dados da ANA, a população rural demanda 33,8m3/s para seu abastecimento, que se dá, geralmente, por meio do uso de poços, captações isoladas ou cisternas. Já para o abastecimento urbano são necessários 488,3m3/s, cerca de 15 vezes a demanda para o abastecimento rural. Nesse caso, o abastecimento é feito por companhias estaduais, municipais ou setor privado de saneamento.

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
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Dentre os municípios brasileiros, 58% utilizam mananciais de águas superficiais de forma preponderante para o seu abastecimento, enquanto 42% têm, nos mananciais subterrâneos, suas principais fontes. Considerando os grandes centros urbanos do país, a representatividade dos mananciais superficiais é ainda maior, com 69%, conforme mostram dados da Agência Nacional de Águas.

O brasil e um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer
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Segundo o especialista em recursos hídricos da Universidade Federal do Pará (UFPA), Ronaldo Mendes, um dos problemas relacionados à disponibilidade hídrica é o desmatamento e a destruição das matas ciliares, fundamentais para a permeabilidade do solo. “Tais ações prejudicam a qualidade das águas superficiais e a disponibilidade de águas subterrâneas”, reforça Mendes.

De acordo com o coordenador do relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos de 2017 e de Gestão da Informação da Agência Nacional de Águas (ANA), Alexandre Lima de Figueiredo Teixeira, os mananciais subterrâneos podem ser considerados reservas estratégicas e representam, muitas vezes, alternativas importantes em situações críticas. “O uso desses mananciais vem crescendo ao longo dos últimos anos no país devido, dentre outros fatores, às recentes crises hídricas, as quais afetam mais intensamente os mananciais superficiais”, destaca. Teixeira complementa que a grande capacidade de armazenamento e resiliência a longos períodos de estiagem, resultantes da variabilidade climática, fazem dos aquíferos uma essencial alternativa para o enfrentamento de períodos de escassez.

Da mesma forma como ocorre com as águas superficiais, a distribuição das águas subterrâneas pelo território nacional não é uniforme, e a produtividade dos aquíferos é variável. Assim, há regiões de escassez e outras com relativa abundância. De acordo com a ANA, os sistemas aquíferos localizados nos terrenos sedimentares, que ocupam 48% da área do Brasil, têm grande potencial para armazenamento de água, pois ocorrem, em geral, em regiões com condições climáticas favoráveis. O mapeamento de 2016 da ANA aponta a existência de 37 aquíferos e sistemas aquíferos aflorantes no Brasil.

Por que muitas regiões podem sofrer com a falta de água?

O grande motivo da estiagem, segundo especialistas, é o desequilíbrio ambiental, aliado às mudanças climáticas, que têm influenciado no regime de chuvas. Além disso, fenômenos como o El Niño e La Niña — em que ocorre o aquecimento ou o resfriamento anormal das águas do Pacífico — são determinantes no regime de chuvas.

É um país com grandes reservas de água doce por que mesmo assim muitas regiões podem sofrer com a falta de água?

O principal motivo é a má distribuição de água. Há muitos problemas políticos como falta de verbas e obras inacabadas, como o canal do sertão.

Por que mesmo possuindo grande disponibilidade de água doce o Brasil enfrenta problemas com o abastecimento de água para o consumo da população?

3 resposta(s) pois não há investimentos e interesse dos governantes em supri a necessidade de água para a população mais necessitada, principalmente na zona rural nordestina, onde sofrem por estiagem.

Qual região do Brasil possui a maior reserva de água doce do planeta?

O Aqüífero Guarani é talvez o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, estendendo-se desde a Bacia Sedimentar do Paraná – Brasil, Paraguai e Uruguai – até a Bacia do Chaco – Paraná na Argentina, principalmente.